quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Qual é o pecado favorito do demónio?
— Responde um exorcista...
Um exorcista tem medo? Qual é o pecado predilecto do demónio? Estes foram alguns dos temas de uma recente entrevista do sacerdote dominicano Juan José Gallego, exorcista da arquidiocese de Barcelona a um diário espanhol.
Há nove anos o Pe. Gallego foi designado exorcista, e afirmou que, na sua opinião, o demónio é um ser «totalmente amargurado».
Através de uma entrevista, realizada pelo jornal espanhol «El Mundo», o sacerdote assegurou que «a soberba» é o pecado que o demónio mais gosta.
«Sentiu medo alguma vez?», perguntou o entrevistador ao sacerdote. «Este é um ofício bastante desagradável», respondeu o Pe. Gallego. «No começo tinha muito medo. Olhava muito para atrás e via demónios em todo lado... Veja só, no outro dia estava a fazer um exorcismo. ‘Te mando! ’, ‘Te ordeno! ’... E o maligno, com uma voz tremenda, gritou: ‘Galleeeego, estás exageraaaaando!’. Então tremi».
Entretanto, o padre sabe que o demónio não é mais poderoso que Deus. O exorcista recordou que «quando me nomearam, um parente disse-me: ‘Ai, Juan José, estou toda assustada, porque no filme ‘O exorcista’ um morreu e o outro pulou pela janela’. Eu ri e respondi-lhe: ‘Mulher, não se esqueça que o demónio é criatura de Deus’».
Quando as pessoas estão possuídas, relatou, «perdem o conhecimento, falam línguas estranhas, têm uma força exagerada, mal-estar profundo, vemos senhoras educadíssimas vomitando, blasfemando».
«Um jovem durante a noite era tentado pelo demónio, queimava a camisa, entre outras coisas, e disse-me que os demónios lhe propuseram: ‘Se fizeres um pacto connosco, isso nunca mais te acontecerá’».
O Pe. Gallego também advertiu que práticas da new age «nova era» como por exemplo, o reiki e a ioga, podem ser portas de entrada para o demónio. «Ele pode meter-se um pouco por aí», assinalou.
O sacerdote espanhol lamentou que a crise económica que fustiga a Espanha há alguns anos «nos traga os demónios. Os vícios: a droga, o álcool... No fundo eles são uma possessão».
«Com a crise as pessoas sofrem mais. Estão desesperadas. Há pessoas convencidas de que o demónio está dentro delas», concluiu o Pe. Gallego.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Juramento antimodernista
Papa Pio X
Em Português
Eu, N., firmemente aceito e creio em todas e em cada uma das verdades definidas, afirmadas e declaradas pelo magistério infalível da Igreja, sobretudo aqueles princípios doutrinais que contradizem directamente os erros do tempo presente.
Primeiro: creio que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza e pode também ser demonstrado, com as luzes da razão natural, nas obras por Ele realizadas (Cf. Rm I 20), isto é, nas criaturas visíveis, como [se conhece] a causa pelos seus efeitos.
Segundo: admito e reconheço as provas exteriores da revelação, isto é, as intervenções divinas, e sobretudo os milagres e as profecias, como sinais certíssimos da origem sobrenatural da razão cristã, e as considero perfeitamente adequadas a todos os homens de todos os tempos, inclusive aquele no qual vivemos.
Terceiro: com a mesma firme fé creio que a Igreja, guardiã e mestra da palavra revelada, foi instituída imediatamente e directamente pelo próprio Cristo verdadeiro e histórico, enquanto vivia entre nós, e que foi edificada sobre Pedro, chefe da hierarquia eclesiástica, e sobre os seus sucessores através dos séculos.
Quarto: acolho sinceramente a doutrina da fé transmitida a nós pelos apóstolos através dos padres ortodoxos, sempre com o mesmo sentido e igual conteúdo, e rejeito totalmente a fantasiosa heresia da evolução dos dogmas de um significado a outro, diferente daquele que a Igreja professava primeiro; condeno de igual modo todo o erro que pretenda substituir o depósito divino confiado por Cristo à Igreja, para que o guardasse fielmente, por uma hipótese filosófica ou uma criação da consciência que se tivesse ido formando lentamente mediante esforços humanos e contínuo aperfeiçoamento, com um progresso indefinido.
Quinto: estou absolutamente convencido e sinceramente declaro que a fé não é um cego sentimento religioso que emerge da obscuridade do subconsciente por impulso do coração e inclinação da vontade moralmente educada, mas um verdadeiro assentimento do intelecto a uma verdade recebida de fora pela pregação, pelo qual, confiantes na sua autoridade supremamente veraz, nós cremos tudo aquilo que, pessoalmente, Deus, criador e senhor nosso, disse, atestou e revelou.
Submeto-me também com o devido respeito, e de todo o coração adiro a todas as condenações, declarações e prescrições da encíclica Pascendi e do decreto Lamentabili, particularmente acerca da dita história dos dogmas.
Reprovo outrossim o erro de quem sustenta que a fé proposta pela Igreja pode ser contrária à história, e que os dogmas católicos, no sentido que hoje lhes é atribuído, são inconciliáveis com as reais origens da razão cristã.
Desaprovo também e rejeito a opinião de quem pensa que o homem cristão mais instruído se reveste da dupla personalidade do crente e do histórico, como se ao histórico fosse lícito defender teses que contradizem a fé o crente ou fixar premissas das quais se conclui que os dogmas são falsos ou dúbios, desde que não sejam positivamente negados.
Condeno igualmente aquele sistema de julgar e de interpretar a sagrada Escritura que, desdenhando a tradição da Igreja, a analogia da fé e as normas da Sé apostólica, recorre ao método dos racionalistas e com desenvoltura não menos que audácia, aplica a crítica textual como regra única e suprema.
Refuto ainda a sentença de quem sustenta que o ensinamento de disciplinas histórico-teológicas ou quem delas trata por escrito deve inicialmente prescindir de qualquer ideia pré-concebida, seja quanto à origem sobrenatural da tradição católica, seja quanto à ajuda prometida por Deus para a perene salvaguarda de cada uma das verdades reveladas, e então interpretar os textos patrísticos somente sobre as bases científicas, expulsando toda autoridade religiosa, e com a mesma autonomia crítica admitida para o exame de qualquer outro documento profano.
Declaro-me enfim totalmente alheio a todos os erros dos modernistas, segundo os quais na sagrada tradição não há nada de divino ou, pior ainda, admitem-no, mas em sentido panteísta, reduzindo-o a um evento pura e simplesmente análogo àqueles ocorridos na história, pelos quais os homens com o próprio empenho, habilidade e engenho prolongam nas eras posteriores a escola inaugurada por Cristo e pelos apóstolos.
Mantenho, portanto, e até o último suspiro manterei a fé dos pais no carisma certo da verdade, que esteve, está e sempre estará na sucessão do episcopado aos apóstolos¹, não para que se assuma aquilo que pareça melhor e mais consoante à cultura própria e particular de cada época, mas para que a verdade absoluta e imutável, pregada no princípio pelos apóstolos, não seja jamais crida de modo diferente nem entendida de outro modo².
Empenho-me em observar tudo isto fielmente, integralmente e sinceramente, e em guardá-lo inviolavelmente, sem jamais disso me separar nem no ensinamento nem em género algum de discursos ou de escritos. Assim prometo, assim juro, assim me ajudem Deus e esses santos Evangelhos de Deus.
Dado em Roma, em São Pedro, em 1 de Setembro de 1910.
PIO PP. X.
Em Latim
Ego N. firmiter amplector ac recipio omnia et singula, quae ab inerranti Ecclesiae magisterio definita, adserta ac dedarata sunt, praesertim ea doctrinae capita, quae huius temporis erroribus directo adversantur.
Ac primum quidem: Deum, rerum omnium principium et finem, naturali rationis lumine per ea quae facta sunt (Rom 1,20), hoc est, per visibilia creationis opera, tamquam causam per effectus, certo cognosci, ideoque demonstrari etiam posse, profiteor.
Secundo: externa revelationis argumenta, hoc est facta divina, in primisque miracula et prophetias admitto et agnosco tamquam signa certissima divinitus ortae Christianae religionis, eademque teneo aetatum omnium atque hominum, etiam huius temporis, intellegentiae esse maxime accommodata.
Tertio: firma pariter fide credo Ecclesiam, verbi revelati custodem et magistram, per ipsum verum atque historicum Christum, cum apud nos degeret, proxime ac directo institutam eamdemque super Petrum, apostolicae hierarchiae principem, eiusque in aevum successores aedificatam.
Quarto: fidei doctrinam ab apostolis per orthodoxos patres eodem sensu eademque semper sententia ad nos usque transmissam, sincere recipio; ideoque prorsus reicio haereticum commentum evolutionis dogmatum, ab uno in alium sensum transeuntium, diversum ab eo, quem prius habuit Ecclesia; pariterque damno errorem omnem quo divino deposito, Christi sponsae tradito ab eaque fideliter custodiendo, sufficitur philosophicum inventum, vel creatio humanae conscientiae, hominum conatu sensim efformatae et in posterum indefinito progressu perficiendae.
Quinto: certissime teneo ac sincere profiteor, fidem non esse caecum sensum religionis e latebris «subconscientiae» erumpentem, sub pressione cordis et inflexionis voluntatis moraliter informatae, sed verum assensum intellectus veritati extrinsecus acceptae ex auditu, quo nempe, quae a Deo personali, creatore ac Domino nostro dicta, testata et revelata sunt, vera esse credimus, propter Dei auctoritatem summe veracis.
Me etiam, qua par est reverentia, subicio totoque animo adhaereo damnationibus, declarationibus, praescriptis omnibus, quae in encyclicis litteris Pascendi et in decreto Lamentabili continentur, praesertim circa eam quam historiam dogmatum vocant.
Idem reprobo errorem affirmantium, propositam ab Ecclesia fidem posse historiae repugnare, et catholica dogmata, quo sensu nunc intelleguntur, cum verioribus Christianae religionis originibus componi non posse.
Damno quoque ac reicio eorum sententiam, qui dicunt Christianum hominem eruditiorem induere personam duplicem, aliam credentis, aliam historici, quasi liceret historico ea retinere, quae credentis fidei contradicant, aut praemissas adstruere, ex quibus consequatur, dogmata esse aut falsa aut dubia, modo haec directo non denegentur.
Reprobo pariter eam Scripturae sanctae diiudicandae atque interpretandae rationem, quae, Ecclesiae traditione, analogia fidei et apostolicae Sedis normis posthabitis, rationalistarum commentis inhaeret, et criticam textus velut unicam supremamque regulam haud minus licenter quam temere amplectitur.
Sententiam praeterea illorum reiicio, qui tenent, doctori disciplinae historicae theologicae tradendae aut iis de rebus scribenti seponendam prius esse opinionem ante conceptam sive de supernaturali origine catholicae traditionis, sive de promissa divinitus ope ad perennem conservationem uniuscuiusque revelati veri; deinde scripta patrum singulorum interpretanda solis scientiae principiis, sacra qualibet auctoritate seclusa eaque iudicii libertate, qua profana quaevis monumenta solent investigari.
In universum denique me alienissimum ab errore profiteor, quo modernistae tenent in sacra traditione nihil inesse divini, aut, quad longe deterius, pantheistico sensu illud admittunt, ita ut nihil iam restet nisi nudum factum et simplex, communibus historice factis aequandum: hominum nempe sua industria, solertia, ingenio scholam a Christo eiusque apostolis inchoatam per subsequentes aetates continuantium.
Proinde fidem patrum firmissime retineo et ad extremum vitae spiritum retinebo, de charismate veritatis certo, quad est, fuit eritque semper in episcopatus ab apostolis successione, non ut id teneatur, quod melius et aptius videri possit secundum suam cuiusque aetatis culturam, sed ut numquam aliter credatur, numquam aliter intellegatur absoluta et immutabilis veritas ab initio per apostolos praedicata.Haec omnia spondeo me fideliter, integre sincereque servaturum et inviolabiliter custoditurum, nusquam ab us sive in docendo sive quomodolibet verbis scriptisque deflectendo. Sic spondeo, sic iuro, sic me Deus adiuvet, et haec sancta Dei Evangelia.
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Petição
Caros Amigos,
Acabei de ler e assinar a petição: «Queremos a nossa Força Aérea Portuguesa novamente no combate aos incêndios!» no endereço http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=P2013N70630
Pessoalmente concordo com esta petição e cumpro com o dever de a fazer chegar ao maior número de pessoas, que certamente saberão avaliar da sua pertinência e actualidade.
Agradeço que subscrevam a petição e que ajudem na sua divulgação através de um email para os vossos contactos.
Obrigado.
José Luis Cabral da Gama Lobo Salema
Esta mensagem foi-lhe enviada por José Luis Cabral da Gama Lobo Salema (joseluissalema@gmail.com), através do serviço http://peticaopublica.com em relação à Petição http://peticaopublica.com/?pi=P2013N70630
630 anos da batalha de Aljubarrota
A independência de Portugal como terra livre de gente livre foi confirmada com sangue e sacrifício, pela força das armas, na batalha de Aljubarrota, na tarde de 14 de Agosto de 1385. Faz 630 anos, um momento decisivo da nossa história mostrou aquilo de que fomos capazes quando estávamos unidos por uma vontade comum e sabíamos escolher chefes capazes e dignos de confiança.
Desde a Fundação da nacionalidade, no século XII, até à expulsão dos mouros do nosso território com a conquista definitiva do Algarve por D. Afonso III, em 1249, a prioridade estratégica dos reis de Portugal foi a Reconquista. No entanto, as ameaças hegemónicas de Castela e a política de casamentos entre a família real portuguesa e as dos outros reinos cristãos da Península Ibérica (Castela, Leão, Aragão e Navarra), estiveram a ponto de levar o nosso país ao mesmo destino dos outros reinos peninsulares, absorvidos pela força centrípeta dos castelhanos. As derrotas de D. Fernando nas três guerras travadas contra Juan I saldaram-se pelo desastroso casamento da sua filha e herdeira, D. Beatriz, com o rei castelhano. Por morte de D. Fernando, em 1383, Juan I veio reclamar a herança da sua rainha: o trono de Portugal.
A viúva de D. Fernando, D. Leonor Teles, seguida pela maior parte da aristocracia lusitana, seguiu as regras próprias da época do feudalismo e reconheceu sua filha D. Beatriz como sucessora, conforme estipulava o Tratado de Salvaterra de Magos, assinado por D. Fernando.
Em Dezembro de 1383, o Mestre de Avis, D. João, filho natural do rei D. Pedro I e meio-irmão de D. Fernando, encabeçou uma revolução, com o apoio do povo da capital do reino, expulsou de Lisboa os partidários de D. Leonor, D. Beatriz e dos castelhanos, depois de assassinar, em pleno palácio real, o conde João Fernandes Andeiro, um nobre galego que se tornara amante e principal conselheiro da rainha viúva.
As notícias da revolução de Lisboa puseram o país em pé-de-guerra: de Norte a Sul, muitas cidades e castelos tomaram voz pelo Mestre de Avis, já nomeado Regedor e Defensor do Reino.
Rei por vontade do povo
Após uma prolongada resistência das forças patrióticas contra as pretensões de Juan I de Castela, que entretanto invadira Portugal e pusera cerco a Lisboa durante meses (1384), até ser obrigado a retirar por um surto de peste, reuniram-se Cortes em Coimbra para resolver o problema da sucessão.
Em Março de 1385, os representantes do clero, da nobreza e do povo dividiram-se em duas facções. Os partidários de D. Beatriz primaram pela ausência, preferindo defender os seus direitos pela força das armas, ao lado do rei de Castela. Dos presentes em Coimbra, uma facção, onde se destacavam membros da alta nobreza e do alto clero, declarou-se favorável aos infantes D. João e D. Dinis, filhos do rei D. Pedro e de D. Inês de Castro, sustentando que estes deviam ser considerados filhos legítimos, uma vez que os seus pais tinham chegado a casar-se, embora clandestinamente. O outro «partido», formado sobretudo por elementos da baixa nobreza e representantes dos concelhos, apoiava o Mestre de Avis, por quem se tinham manifestado em Lisboa e outras cidades e vilas.
Contra os opositores da causa do Mestre de Avis destacaram-se os argumentos do doutor João das Regras, apoiados sem papas na língua por Nuno Álvares Pereira (hoje venerado nos altares como S. Nuno de Santa Maria). Ao fim de um mês de debates, as Cortes deliberaram que o trono estava vago, sendo assim legítimo escolher um novo rei. Por unanimidade, os participantes aclamaram então o Mestre de Avis rei de Portugal, com o nome de D. João I.
Editora Ecclesiae lança best-seller
de Michael Rose em português:
«Adeus, homens de Deus».
A editora Ecclesiae lança um livro polémico que trata da instrumentalização nos departamentos vocacionais dentro da Igreja católica dos EUA. Existem evidências que durante três décadas, candidatos verdadeiramente vocacionados foram rejeitados enquanto dissidentes dos ensinamentos católicos foram privilegiados.
Fratres pergunta: mas não é exactamente o que foi feito nos seminários brasileiros? Não se poderia falar de uma estratégia quiçá global de destruição das vocações católicas, substituindo-as por pseudo-religiosos activistas dos direitos do homem, entre os quais o gayzismo e tudo o que já recorrentemente foi condenado pela Igreja?
Uma boa descrição da obra pode ser lida aqui.
Adeus, homens de Deus – Como corromperam a Igreja católica nos EUA
Michael S. Rose
Pesquisei e escrevi este livro ao longo dos últimos dois anos, entrevistando mais de 150 pessoas, enquanto jornalista profissional de investigação para a imprensa católica. Facto é que diversos candidatos qualificados ao sacerdócio foram excluídos por razões políticas ao longo das últimas três décadas. Uma discriminação ideológica sistemática veio sendo praticada contra seminaristas que apoiam o ensinamento católico quanto à sexualidade e outros assuntos; e dissidentes dos ensinamentos católicos – inclusive quanto ao tema da homossexualidade – foram privilegiados.
Em resumo, diversas pessoas sequestraram o sacerdócio com o objectivo de transformar a Igreja católica por dentro.
O problema nos departamentos vocacionais e nos seminários é um profundo conflito espiritual, uma doença de proporções catastróficas. Portanto, este livro procura, em primeiro lugar, identificar essa doença, ou pelo menos parte dela, esperando que o seu agente causador possa ser expurgado, e o corpo, curado.
Ficha Técnica:
Número de Páginas: 290
Editora: Ecclesiae
Idioma: Português
ISBN: 978-85-84910-144
Dimensões do Livro: 16 x 23 cm
O cardeal Müller adverte o perigo de adaptar
a Igreja ao estilo de vida pagão
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Cardeal Gerhard Müller |
Numa entrevista ao jornal católico «Die Tagespost», no dia 6 de Junho, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé explicou que colocar «qualquer forma de vida» ao mesmo nível das escrituras e da tradição «não é mais do que a introdução do subjectivismo e arbitrariedade embrulhados numa terminologia religiosa sentimental.»
Os comentários do cardeal foram em parte vistos como uma crítica ao recente «concílio sombra» em que bispos e especialistas da Alemanha, França e Suíça se encontraram em Roma, no dia 25 de Maio, para discutir como a Igreja poderia adaptar a sua pastoral às experiências de vida dos dias de hoje, especialmente no que toca à ética sexual.
Segundo o site austríaco Kath.net, o bispo de Osnabrück (Alemanha), Dom Fraz-Josef Bode, participante nesse encontro e um dos representantes do episcopado alemão no próximo Sínodo da Família, disse à imprensa que «as ‘formas de vida’ das pessoas deviam ser uma fonte de informação para as verdades morais e dogmáticas».
Entretanto, o cardeal Müller indicou que estas «formas de vida» podem muitas vezes ser altamente pagãs e que a fé não pode ser o resultado de um acordo entre ideias cristãs, princípios abstractos e a prática de experiências de vida pagãs.
Ele acrescentou que Roma vai apoiar a liberdade e responsabilidade dos bispos, mas que isto vai ser ameaçado por «nostalgias de igrejas nacionais e pela discussão sobre a aceitação de aspectos sociais.»
O cardeal alemão também disse que o Papa Francisco convidou cada bispo no sínodo de Outubro como «testemunha e mestre da fé revelada».
Sobre a controversa reunião privada realizada em Roma, o cardeal disse que está certo trocar informações sobre qualquer assunto importante. Mas, acrescentou que não se pode controlar a verdade. Se este princípio fosse adoptado e considerado verdade pela Igreja, levando-a a tomar decisões com base na opinião pública, a Igreja seria «abanada até às suas fundações», advertiu.
O cardeal Müller recordou que a Igreja católica é mãe e mestra de todas as igrejas, é quem ensina e não quem é ensinada. «Ela não precisa de ninguém para lhe ensinar a fé verdadeira, porque é nela que a tradição apostólica tem estado fielmente guardada e onde será sempre preservada.»
Dignidade do matrimónio cristão
Junto à defesa que o cardeal Müller fez da doutrina católica, o cardeal Ennio Antonelli, Presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Família, publicou o documento «Crise do matrimónio e da Eucaristia», no qual oferece a sua contribuição ao próximo sínodo dos bispos, a ser realizado no mês de Outubro e analisará diferentes temas, tal como a comunhão aos divorciados em nova união.
Assim, este documento é a resposta do cardeal diante da proposta de alguns cardeais, como por exemplo o alemão Walter Kasper. Ele não foi mencionado no texto, mas há algum tempo promove que o Vaticano modifique os ensinamentos da Igreja, para que seja permitida a comunhão dos divorciados em nova união.
«O matrimónio sacramental, autêntico e consumado, é indissolúvel por vontade de Jesus Cristo. A separação dos cônjuges é contrária à vontade de Deus», recordou o cardeal Antonelli.
Por isso, «a nova união de um cônjuge separado é ilegítima e constitui uma grave desordem moral permanente; cria uma situação que contradiz objectivamente a aliança nupcial de Cristo com a Igreja, que tem o seu significado e actuação na Eucaristia».
Por esta razão, indicou o cardeal, «as pessoas divorciadas que se casaram novamente no civil não podem receber a Comunhão Eucarística, principalmente por um motivo teológico e também por um motivo de ordem pastoral».
«Se fosse permitida a Comunhão aos divorciados em nova união, os fiéis seriam induzidos ao engano e confusão a respeito da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimónio», indicou o cardeal e recordou ainda que estas pessoas devem ser acolhidas pastoralmente para que saibam que apesar da sua situação irregular, continuam a fazer parte da Igreja.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Uma nova apresentação de Bento XVI
vinda do Japão
Sandro Magister
Oriundo do Japão, um grande livro propõe uma análise original do Ratzinger teólogo e Papa. Foi escrito por um especialista de história e da cultura alemãs. E o título é Renovatio Europae Christianae.
PODE LER EM INGLÊS, FRANCÊS, ITALIANO OU CASTELHANO:
http://chiesa.espresso.
http://chiesa.espresso.
http://chiesa.espresso.
http://chiesa.espresso.
Quem são os culpados
da fuga de cérebros portugueses?
Heduíno Gomes
A propósito da saída de jovens e especialmente os nossos cientistas para o estrangeiro, fala-se muito no desperdício da nossa massa cinzenta.
De quem é a culpa? Conforme as camisolas partidárias, assim são as acusações.
Eu gostaria de ver publicada a história económica e financeira de Portugal desde o ladrão Sebastião Melo (a quem, pela maçonaria, foi erigida simplesmente a maior estátua de Lisboa, ali na Rotunda). Mas uma história objectiva, com números, sem moldá-la a preferências políticas ou maçónicas.
Uma tal obra é que nos daria a noção dos verdadeiros culpados pela situação em que Portugal se encontra. Não podemos simplisticamente imputar as responsabilidades ao governo com que se está ou ao precedente. Passos Coelho é que é o culpado, pelo menos o único? É Sócrates? ... Cavaco? Soares? Balsemão? Carneiro? ... Vasco Gonçalves? ... Marcelo? Salazar?... Afonso Costa?... Fontes?... Que fez cada um deles? Que foi feito em especial nos últimos 100 anos?
Numa tal obra veríamos quem são os verdadeiros culpados do actual atraso, quando é que se avançou, quando é que se recuou, quando é que se estagnou. Tenho a certeza absoluta de que muitas pessoas iriam ter grandes surpresas sobre méritos e desméritos. Entretanto, vai reinando a propaganda barata...
Grande parte da propaganda barata deriva das tretas «económicas» e «históricas» de Cunhal, no Rumo à Vitória (1965), e sempre repetidas pela sua máquina e até por aliados ou rivais, mesmo não-comunistas, apesar dessa fraude ter sido prontamente desmascarada por Francisco Martins Rodrigues, um comunista dissidente de Cunhal, em Revolução Popular.
Conclusão: aqui fica um desafio aos economistas isentos para se abalançarem nessa obra...
![]() |
A fraude engalanada em ciência política e económica: quando Portugal era, na média do decénio, o segundo país do mundo com a maior taxa de crescimento, Cunhal proclama a estagnação... |
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
30 perguntas-chave
sobre os sínodos da família
Juan José Pérez-Soba e Stephen Kampowski
A santidade das familias é a pastoral verdadeiramente evangelizadora
O professor espanhol Juan José Pérez-Soba, docente da Pastoral Familiar no Pontifício Instituto João Paulo II, é autor, junto com Stephen Kampowski, de O Verdadeiro Evangelho de la Família. Perspectivas para o Debate Sinodal (ler Índice general, Prólogo e Introducción).
LER MAIS EM (desculpem ser em castelhano...):
http://www.almudi.org/
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Vamos ter eleições
Heduíno Gomes
Vamos ter eleições. Vamos escolher entre dois. Liberalismo contra socialismo. Mais economicistas, menos economicistas, mais aldrabões, menos aldrabões —, liberais e socialistas.
Para quando a alternativa de um governo que defenda a Civilização, a identidade nacional e o bem comum?
Quando é que os Portugueses poderão votar pelos valores morais, por Portugal e por si próprios, e não simplesmente escolher entre dois males o menor deles?
sexta-feira, 31 de julho de 2015
O Estado social segundo Bagão Félix
J. Lemos
Na televisão, em análise ao Programa da coligação PSD-CDS, Bagão Félix revela ou talvez confirme o seu conceito de Estado social. Estando ou não de acordo com a política de Passos Coelho, há conceitos políticos que são inquestionáveis. É o caso da sustentabilidade das pensões. Ora vejamos.
O Programa de Governo defende o normal para as pensões: que, no futuro, cada um receba de pensão aquilo que capitalizou. Haverá dúvidas sobre isto? Parece que sim na cabeça do abonado Bagão.
Quando se fala em Estado social, estamos a falar do Estado cuidar dos incapazes e não de distribuição à fartazana, à custa dos impostos ou do endividamento do Estado. Haverá dúvidas sobre isto? Parece que sim na cabeça do abonado Bagão.
O católico progressista Bagão Félix — sempre, sempre, ao lado dos pobrezinhos —, tal como o BE e semelhantes, são pela distribuição à fartazana. E se cada reformado receber segundo o que capitalizou, para ele é o fim do Estado social!
Céus!
São pessoas com este pensamento piegas pseudo-católico que definem a seu modo a chamada «doutrina social da Igreja» e que, em Portugal, têm assento na canhota Comissão Nacional Justiça e Paz, de que Bagão Félix foi Presidente, e onde esteve também o mui católico bloquista José Manuel Pureza.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Juízes donos dos filhos dos outros...
Portugueses desde pequeninos
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 21 de Julho de 2015
Permitam-me uma declaração de interesses ou, melhor dizendo, de completo desinteresse: não consigo imaginar porque é que alguém publica fotografias dos filhos no Facebook. Nenhuma criatura razoavelmente saudável está interessada na fisionomia dos rebentos alheios. Ninguém, salvo eventuais maluquinhos, sente curiosidade por retratos de crianças a tentarem uma pose «gira» ou a enfardarem um Cornetto. E só um caso perdido apreciaria acompanhar reportagens informais e ilustradas sobre as aulas de bailado de petizes que mal conhece ou desconhece de todo. Quem disser o contrário é mentiroso e, até pelos padrões do Facebook, falso amigo.
Dito isto, custa perceber a recente decisão dos tribunais de Setúbal e Évora, que proibiram um casal de exibir a filha nas «redes sociais». As razões avançadas foram sobretudo duas. A primeira prende-se com a ameaça de «predadores e pedófilos», os quais pelos vistos usam as ditas «redes» para descobrir que uma criança existe e espantosamente possui um par de olhos e um nariz.
A segunda razão é um primor: «os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu belo sic prazer». No acórdão, fica lindo. No mundo real, fica a dúvida: os pais mandam ou não mandam nos filhos? Têm ou não têm legitimidade para obrigá-los a estudar ou a comer a sopa? Falta muito para as autoridades reservarem para si os encantos da amamentação? Goste-se ou não, a verdade é que nada prepara para a vida adulta tanto quanto a nacionalização precoce: tornar as crianças dependentes do Estado por lei é apenas antecipar aquilo que, crescidas, farão por vocação. Tudo está mal quando começa mal.
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 21 de Julho de 2015
Permitam-me uma declaração de interesses ou, melhor dizendo, de completo desinteresse: não consigo imaginar porque é que alguém publica fotografias dos filhos no Facebook. Nenhuma criatura razoavelmente saudável está interessada na fisionomia dos rebentos alheios. Ninguém, salvo eventuais maluquinhos, sente curiosidade por retratos de crianças a tentarem uma pose «gira» ou a enfardarem um Cornetto. E só um caso perdido apreciaria acompanhar reportagens informais e ilustradas sobre as aulas de bailado de petizes que mal conhece ou desconhece de todo. Quem disser o contrário é mentiroso e, até pelos padrões do Facebook, falso amigo.
Dito isto, custa perceber a recente decisão dos tribunais de Setúbal e Évora, que proibiram um casal de exibir a filha nas «redes sociais». As razões avançadas foram sobretudo duas. A primeira prende-se com a ameaça de «predadores e pedófilos», os quais pelos vistos usam as ditas «redes» para descobrir que uma criança existe e espantosamente possui um par de olhos e um nariz.
A segunda razão é um primor: «os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu belo sic prazer». No acórdão, fica lindo. No mundo real, fica a dúvida: os pais mandam ou não mandam nos filhos? Têm ou não têm legitimidade para obrigá-los a estudar ou a comer a sopa? Falta muito para as autoridades reservarem para si os encantos da amamentação? Goste-se ou não, a verdade é que nada prepara para a vida adulta tanto quanto a nacionalização precoce: tornar as crianças dependentes do Estado por lei é apenas antecipar aquilo que, crescidas, farão por vocação. Tudo está mal quando começa mal.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Porque resignou Bento XVI?
Corredores do Vaticano, maçonaria eclesiástica, P2, assassinato de João Paulo I...
LER EM:
http://www.fatima.org/port/
quinta-feira, 23 de julho de 2015
O aborto como «cuidados de saúde»
segundo as trupes liberalóides do PSD e do CDS
Heduíno Gomes
Acaba de ser debatido e aprovado na Assembleia da III República um diploma pelo qual os abortos praticados no Serviço Nacional de Saúde passam a estar sujeitos ao pagamento da chamada «taxa moderadora».
Não pondo em causa o mínimo dos mínimos que é as abortadeiras passarem a pagar uns míseros euros que não cobrem a despesa que provocam ao SNS, não podemos deixar passar em claro o facto de um aborto, chamado técnica ou pudicamente «interrupção voluntária de gravidez», ou simplesmente «IVG», ser considerado acto médico a integrar nos «cuidados de saúde».
No debate assistimos à histeria habitual dos frágeis, a mando, e das abortadeiras do costume. Já estamos habituados à defesa daquilo a que chamam «dignidade da mulher». Sobre isso, tudo como dantes. Toda a gente conhece os argumentos desses bárbaros e a sua desmontagem — quer a politicamente correcta, quer a realmente correcta. O que há a destacar nesse debate é a argumentação oficial das chefias dos grupos parlamentares do PSD e do CDS no que diz respeito à alteração da lei impondo o pagamento da chamada «taxa moderadora» às abortadeiras.
As chefias parlamentares liberalóides do PSD e CDS, tanto nas intervenções como no texto do diploma, dão como assente e colocam no mesmo plano uma «IVG» e uma doença a ser tratada pelo SNS! Escrevem os chefes parlamentares no Projecto de Lei: «o PSD e o CDS-PP entendem que, por uma questão de justiça e de equidade no acesso aos serviços e aos cuidados de saúde, não faz sentido diferenciar positivamente a mulher que interrompe a gravidez por opção, face a todos os outros cidadãos que estão sujeitos a critérios para efeitos de isenção do pagamento de taxa moderadora».
Cuidados
de saúde?...
Equidade?...
Aos
mesmos critérios?...
Entre
votos a favor e abstenções, a lei actual sobre o aborto foi aprovada pela
maioria socratista e companhia, incluindo na companhia alguns e algumas
inqualificáveis (chamemos-lhes simplesmente deslocados...) do PSD e do CDS.
Agora, sendo a maioria parlamentar destes dois partidos — que se dizem
civilizados e vão buscar votos ao eleitorado civilizado e até cristão —,
poderiam ter mudado as coisas e corrigido a situação. Mas preferiram permanecer
na barbárie do politicamente correcto e argumentar como
bárbaros.
A
questão do aborto reflecte bem a oposição que existe entre os valores da
Civilização e as trupes dirigentes que actualmente se encontram à frente destes
dois partidos. E também revela a falta de critério de alguns católicos (pelos
vistos bem integrados no sistema) que gritam vitória pela
imposição de uma taxa «moderadora» às abortadeiras.
(Passo
ao lado da pontuação e redacção do texto da Lei, da autoria de quem também
aprova outros abortos, como, por exemplo, o aborto ortográfico.)
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Maior rede de clínicas de aborto nos EUA
acusada de vender órgãos de fetos
Graça Andrade Ramos, RTP, 17 de Julho de 2015
Um vídeo publicado terça-feira e que
rapidamente se tornou viral nas redes sociais, mostra a directora dos serviços
médicos da Federação Planned Parenthood da América a debater, durante um almoço
com actores que fingiam ser compradores de uma empresa biológica, a melhor
forma de recolher partes dos corpos de fetos abortados.
![]() |
Sede da Planned Parenthood em Houston, Texas |
No vídeo, gravado com uma câmara oculta no dia 25 de
Julho de 2014, a dra. Deborah Nucatola, directora dos serviços médicos da
Federação Planned Parenthood da América, discute em detalhe, entre garfadas,
como podem ser recolhidas as partes que os seus interlocutores queiram comprar.
VER EM:
domingo, 12 de julho de 2015
Da democracia na Grécia
Alberto Gonçalves, 12 de Julho de 2015
No referendo do passado domingo, os gregos mostraram que não cedem aos credores, que desafiam a ditadura do grande capital, que resistem às técnicas do medo e da chantagem, que não se vergam à prepotência alemã, que representam o último bastião da democracia na Europa e que são um povo orgulhoso, inspirador, digno e corajoso. Na segunda-feira, correram a suplicar mais uns milhares de milhões, nem que para isso tenham de aceitar, ou fingir aceitar, condições piores do que as sufragadas no referendo.
Podemos criticar os gregos? Por acaso até devemos, mas não é essa a questão. A questão é que mesmo os bons sentimentos valem pouco na hora de cobrir despesas correntes e importar bens essenciais. Uma coisa é a dignidade grega merecer o apoio moral de vultos do anti-imperialismo como Fidel Castro, Vladimir Putin, o Sr. Maduro de Caracas e o Prof. Freitas da Póvoa de Varzim. Outra é usar esse apoio para comprar sabonetes ou financiar reformas antecipadas. Há dias, uma escritora chamada Hélia Correia recebeu o Prémio Camões e dedicou-o à Grécia, «sem a qual», cito com curiosidade, «não teríamos nada». Infelizmente, a Grécia também tem pouco e, com amigos destes, arrisca-se a ficar com menos: que percentagem dos cem mil euros do dito prémio a dona Hélia doou aos necessitados do Pireu? Que se saiba, exactamente a percentagem em que estamos a pensar.
Não chega. Enquanto os gregos adoptivos daqui querem ser solidários sem avançar um cêntimo do bolso deles, os gregos registados de lá preferem a solidariedade em forma de cheque. Todos os gregos? Julgo que não. Com as melhores intenções, o Expresso entrevistou uma cidadã local que desafia: «Por cada história de um grego que foge aos impostos eu conto uma de um que trabalha muito.» Ou seja, por cada história de um grego que trabalha muito há uma de um que foge aos impostos. E decerto vota no Syriza. Se atendermos à abstenção no referendo, é razoável estimar os parasitas, perdão, os patriotas em cerca de metade da população, que desfila valentia antes de rebentar contra a parede. A metade restante, que inexplicavelmente vê nos senhores do governo uma quadrilha perigosa, desgraça-se por arrastamento.
Entretanto, até se desgraçar de vez, é chamada a justificar a falta de fé. Diversos jornalistas que não exaltam suficientemente o estimável Sr. Tsipras encontram-se sob investigação do Ministério Público, do regulador estatal da imprensa e do sindicato do ramo. O crime? Defenderem o «sim» no referendo. É assim que começa, e o calibre dos simpatizantes internacionais do orgulho grego nunca deixou dúvidas sobre a essência daquilo. Esqueçam a «austeridade», a «tragédia humanitária», o euro e a Europa. O Syriza não se move pelo seu país, nem sequer pelo dinheiro indispensável ao patrocínio da anedota em que o país se tornou: o que corre no revolucionário sangue do Syriza é naturalmente um projecto de ditadura, aliás o regime em que o berço da democracia tem vivido quase sempre. De facto, metade dos gregos é digna. De pena.
No referendo do passado domingo, os gregos mostraram que não cedem aos credores, que desafiam a ditadura do grande capital, que resistem às técnicas do medo e da chantagem, que não se vergam à prepotência alemã, que representam o último bastião da democracia na Europa e que são um povo orgulhoso, inspirador, digno e corajoso. Na segunda-feira, correram a suplicar mais uns milhares de milhões, nem que para isso tenham de aceitar, ou fingir aceitar, condições piores do que as sufragadas no referendo.
Podemos criticar os gregos? Por acaso até devemos, mas não é essa a questão. A questão é que mesmo os bons sentimentos valem pouco na hora de cobrir despesas correntes e importar bens essenciais. Uma coisa é a dignidade grega merecer o apoio moral de vultos do anti-imperialismo como Fidel Castro, Vladimir Putin, o Sr. Maduro de Caracas e o Prof. Freitas da Póvoa de Varzim. Outra é usar esse apoio para comprar sabonetes ou financiar reformas antecipadas. Há dias, uma escritora chamada Hélia Correia recebeu o Prémio Camões e dedicou-o à Grécia, «sem a qual», cito com curiosidade, «não teríamos nada». Infelizmente, a Grécia também tem pouco e, com amigos destes, arrisca-se a ficar com menos: que percentagem dos cem mil euros do dito prémio a dona Hélia doou aos necessitados do Pireu? Que se saiba, exactamente a percentagem em que estamos a pensar.
Não chega. Enquanto os gregos adoptivos daqui querem ser solidários sem avançar um cêntimo do bolso deles, os gregos registados de lá preferem a solidariedade em forma de cheque. Todos os gregos? Julgo que não. Com as melhores intenções, o Expresso entrevistou uma cidadã local que desafia: «Por cada história de um grego que foge aos impostos eu conto uma de um que trabalha muito.» Ou seja, por cada história de um grego que trabalha muito há uma de um que foge aos impostos. E decerto vota no Syriza. Se atendermos à abstenção no referendo, é razoável estimar os parasitas, perdão, os patriotas em cerca de metade da população, que desfila valentia antes de rebentar contra a parede. A metade restante, que inexplicavelmente vê nos senhores do governo uma quadrilha perigosa, desgraça-se por arrastamento.
Entretanto, até se desgraçar de vez, é chamada a justificar a falta de fé. Diversos jornalistas que não exaltam suficientemente o estimável Sr. Tsipras encontram-se sob investigação do Ministério Público, do regulador estatal da imprensa e do sindicato do ramo. O crime? Defenderem o «sim» no referendo. É assim que começa, e o calibre dos simpatizantes internacionais do orgulho grego nunca deixou dúvidas sobre a essência daquilo. Esqueçam a «austeridade», a «tragédia humanitária», o euro e a Europa. O Syriza não se move pelo seu país, nem sequer pelo dinheiro indispensável ao patrocínio da anedota em que o país se tornou: o que corre no revolucionário sangue do Syriza é naturalmente um projecto de ditadura, aliás o regime em que o berço da democracia tem vivido quase sempre. De facto, metade dos gregos é digna. De pena.
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