Nota do Secretariado da
Milícia de São Miguel
Foi divulgado pelos meios de comunicação a intenção de um grupo de pessoas fundar um novo partido de ideologia integralmente liberal. Na realidade, a filoxera do liberalismo já se instalou nos vários partidos, principalmente nas questões de natureza moral. Qualquer dos partidos do sistema da III República é dominado por dirigentes de cariz liberal e decadente. Esse novo partido confessadamente liberal não virá trazer nada de novo ao caos já existente.
Para melhor esclarecimento, o Secretariado da Milícia de São Miguel
publica a seguinte nota.
1 — No seu Manifesto, em geral em tom tecnocratista retocado com um pseudo-humanismo, o grupo liberal abstém-se de qualquer palavra em defesa dos valores morais da nossa Civilização, em particular da família natural.
Mais, o grupo liberal afirma o seu respeito pela «família» «independentemente da sua forma» [I, 2].
E mais adiante explicita mesmo a defesa da igualdade de direitos «independentemente de (...) orientação sexual» [I, 4, j)].
Em tais declarações, nada a estranhar pois verificamos que o grupo liberal se coloca no seu terreno ideológico e moral, reclamando afinal o campo que é naturalmente seu ao CDS dos ditos cristãos Portas e Cristas e ao PPD-PSD de Passos e dos grupos cavaquista e maçónico que presentemente o pretendem derrubar.
Com esse novo partido liberal, a ILGA pode continuar tranquila.
2 — O grupo liberal, na linha ideológica que lhe é própria, diaboliza o Estado em absoluto. O grupo liberal confunde os conceitos, a saber.
O Estado em que vivemos, criado pela III República, já liberal nos aspectos morais, socialista noutros, agressor da família natural, opressor do cidadão e do investidor na fiscalidade e na burocracia, protector de interesses ilegítimos dos grandes grupos e maná para a classe política se nutrir.
O Estado liberal integral, pretendido pelo grupo fundador, que conserva a decadência moral do Estado actual e abre completamente as portas ao esmagamento económico dos pequenos pelos grandes.
E o Estado moral e regulador, ao qual aspira qualquer pessoa de bem, que defende os fracos dos fortes, os valores da Civilização, a Nação e o bem comum, regulando sem estorvar a livre iniciativa.
Tão maus para o cidadão e para o empresário são tanto o Estado em que vivemos como o Estado liberal integral. Apenas o Estado moral e regulador serve a Civilização, a Nação e o bem comum.
3 — O grupo liberal mostra-se zeloso na defesa do europeísmo, à la Merkel, isto é, em que Portugal abdica do controlo da sua economia [IV,d)].
4 — O grupo liberal utiliza na redacção do seu Manifesto o chamado «Acordo Ortográfico», o que não deixa de ser sintomático das suas preocupações sobre a cultura e a identidade nacional.
Lisboa, 13 de Junho de 2017