segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O humanismo de gulag
de Cavaco & associados

Heduíno Gomes

A propósito do falecimento de Urbano Tavares Rodrigues, Cavaco emitiu uma nota em que destaca  o «profundo humanismo» deste membro do PCP, que foi até ao fim dos seus dias apoiante deste partido do gulag (campos de trabalhos forçados soviéticos) e do holodomor (genocídio pela fome de 10 milhões de ucranianos em 1933). Calcule-se, Cavaco não diz apenas humanismo, este é «profundo» !!!


Também o Primeiro-Ministro e o Secretário de Estado da Cultura emitiram notas com poucas vergonhas dos mesmo quilate.

São assim os nossos dirigentes nacionais: hipócritas ou idiotas úteis (escolham!), sem coerência, sem princípios, sem decência, sem critérios morais e políticos nas suas opinices. Swap-democratas, swaplistas, profundo-humanistas e outras espécies, todos lado a lado, todos sentados à mesma mesa do sistema abrilista – sem o qual de facto não seriam ninguém na vida.

Mapa dos campos de concentração soviéticos (GULAG).











Posto de vigia dos campos de concentração.














Soljenitsin no gulag.




















Deportações em massa para o gulag.













Soldado armado a conduzir deportados.

















O Governo soviético, em 1932-1933, confiscou a totalidade
das colheitas na Ucrânia, provocando a fome e a morte.
















No total, foram exterminados 10 milhões de ucranianos.













As imagens do «profundo humanismo» são claras.














Hitler teve professor «profundamente humanista».
















Qualquer pessoa honesta, mesmo que temporariamente enganada,
reconhecerá a verdade da História.
Urbano Tavares Rodrigues não conhecia isto?


























domingo, 11 de agosto de 2013

Se Portugal tivesse mar…

João Quadros

«Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses». Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico. Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti?

Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.

Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano.
Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras. Fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.

Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: «tem polvo marroquino?», sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. «Queria quinhentos de polvo marroquino» – tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas postinhas de robalo de Chernobyl.

Eu, às vezes penso: O que não poupávamos se Portugal tivesse mar!