sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Anglicanos rejeitam a ordenação de mulheres bispo

O sínodo dos anglicanos na Inglaterra rejeitou ontem a ordenação de mulheres «bispos», postura que era apoiada pelo arcebispo de Canterbury e líder máximo da comunhão anglicana, Rowan Williams, e pelo seu recentemente designado sucessor, Justin Welby.
 
Para ser aceite, a proposta devia obter o apoio de dois terços do Sínodo Geral dos anglicanos. Embora tenha passado pelos bispos e pelos membros do clero anglicano, não teve o apoio dos leigos.
 
Conforme refere a BBC de Londres, «o debate sobre a nomeação de mulheres bispo é um dos temas que provocou mais divisões no seio da Igreja Anglicana que já votou a favor de ordenar mulheres sacerdotes há 20 anos».
 
A comunhão anglicana sofreu uma importante ruptura interna depois de algumas das suas comunidades, como a igreja episcopal dos Estados Unidos, terem aprovado a ordenação de bispos homossexuais e mulheres «bispos».
 
Em Novembro de 2009, o Papa Bento XVI publicou a constituição apostólica Anglicanorum Coetibus, na qual estabelece a forma como os anglicanos, que assim o queiram, possam ingressar na comunhão plena da Igreja Católica.
 
Em 15 de Janeiro de 2011, a Santa Sé anunciou a criação oficial do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham para a Inglaterra e Gales, como «uma estrutura canônica que permite uma reunião corporativa de tal modo que os ex-anglicanos podem ingressar na plena comunhão com a Igreja Católica preservando elementos do seu património anglicano».
 

Conservar o latim ajudará
as futuras gerações a conhecerem a fé
— afirma autoridade vaticana

O professor Ivano Dionigi, designado pelo Papa Bento XVI como presidente da nova Pontifícia Academia de Latinidade, afirma que o seu trabalho servirá para dar respostas às gerações do futuro perante qualquer dúvida de fé.

O Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, e o Secretário de estado Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, apresentaram no Palácio São Pio X, no Vaticano, a nova Academia de Latinidade.
 
Para instituir o novo organismo, no dia 10 de Novembro, o Papa Bento XVI emitiu a Carta Apostólica em forma de Motu Proprio «Latina Lingua». O seu objectivo é promover e valorizar a língua e a cultura latina.

No dia 22 de Novembro, o Prof. Dionigi, Reitor da Alma Mater Studiorum (a Universidade de Bolonha), explicou em entrevista que, embora os textos clássicos sejam sempre os mesmos, cada época tem as suas próprias perguntas, e conhecer o latim ajudará a dar respostas à nossa fé, seja qual for a época.

A Academia de Latinidade dependerá do Pontifício Conselho da Cultura e será formada por um máximo de 50 membros — académicos e estudiosos da matéria, nomeados pelo Secretário de Estado Vaticano, enquanto a nomeação do Presidente e do Secretário competirá ao Papa.

Ao instituir a academia, Bento XVI disse que desde o Pentecostes, a Igreja falou e orou em todas as línguas dos homens, e, entretanto, as comunidades cristãs dos primeiros séculos usaram amplamente o grego e o latim para a comunicação universal no mundo em que viviam. Graças a isso, levaram assim às novas gerações a Palavra de Cristo.

O Prof. Dionigi expressou que é importante que o latim seja profundamente conhecido, especialmente nas escolas e universidades religiosas, para assim poder «criar um laço entre estas disciplinas da história, das línguas modernas, com a língua latina». «O latim não é um fim, mas um meio para outras disciplinas», recorda.

Para o Dr. Dionigi, o latim é uma língua em risco de desaparecer, uma língua de poucos, com o risco de parecer um fenómeno mais ideológico que cultural, como um símbolo dos conservadores, e portanto «é necessário dinamitar este preconceito».

Acima de tudo «é necessário restaurar esta língua nos institutos religiosos e nos seminários, porque é impensável que aqueles que chegam ao grau sacerdotal, para os estudos de ética, de teologia…», observou.

«O grande trabalho para esta academia pontifícia, será relacionar o Vaticano com o mundo laico, e em particular com as universidades», concluiu.
 

Só pode amar quem odiar

Nuno Serras Pereira 

Nos dias que correm é difícil encontrar um cristão que tenha uma noção adequada de Quem é Deus no Seu Amor. E o que mais assombra é que a insistência na Misericórdia Infinita do Senhor seja o motivo ou o meio pelo qual se vem a ter essa ideia distorcida do Amor Trinitário. No entanto, se considerarmos que o anúncio da Misericórdia habitualmente não é acompanhado da proclamação de outras verdades Reveladas tais como a Justiça, e a Ira Divina, a exigência de conversão, com a consequente emenda de vida, a necessidade da penitência, da perseverança, da fidelidade até ao fim, repararemos que não há razão alguma para ficarmos assarapantados. Além disso, calar o que é o Amor, a Sua Santidade, ou seja, a incompatibilidade absoluta com o mal e o pecado; silenciar as Suas exigências, o Seu zelo pela nossa perfeição e salvação eterna é atraiçoar esse mesmo Amor. O Amor se o é o realmente tem, por isso mesmo, uma enfuriação contra todo o desamor, um verdadeiro ódio ou detestação daquilo que a Ele se opõe, estorvando os Seus desígnios de Redenção de cada pessoa humana. Daí que o Antigo Testamento (AT) afirme o ódio de Deus ao mal, narre as Suas tremebundas invectivas, O mostre rugindo fúrias contra o pecado.

Estas passagens que infundem pavor levaram alguns, entre os quais se destaca Marcião, a separar o Antigo do Novo Testamento (NT), como se naquele não estivesse latente, aquilo que neste se torna patente; chegando ao excesso herético de afirmarem a existência de dois deuses, sendo que o do AT era mau e o do NT, pelo contrário, bom. Contra esta interpretação distorcida se levantaram os Evangelistas e a demais Igreja nascente. Há um só Deus, infinitamente benigno, que Se Revela tanto na Antiga como na Nova Aliança, que Se fez homem, nascido da Virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, foi crucificado, ressuscitou, ascendeu ao Céu e de novo há-de vir a julgar os vivos e os mortos. Jesus Cristo, nosso Redentor e Juiz, é a Chave de leitura, o critério definitivo e irrenunciável de interpretação da Sagrada Escritura, pois n’Ele o Pai disse-nos tudo, Ele é a plenitude da Revelação.

Jesus Cristo «que passou fazendo o bem e exorcizando todos os que eram oprimidos pelo diabo», Revelou-Se-nos como O poderoso guerreiro, O militante infatigável, O pelejador constante contra satanás e contra o pecado, em que ele nos tinha escravizados, para nos Libertar para a verdadeira Liberdade, que é a Comunhão de Vida e Amor com Ele. E, deste modo nos mostrou, contrariamente ao que hoje se presume, que não é possível fazer o bem sem combater denodadamente o mal e o pecado.

Que o amor a Deus, o único amor do qual todo o outro amor brota, e se corrompido nele se purifica, implique necessariamente um horror e abominação do pecado é ensinamento expresso deste Senhor infinitamente benevolente e benfazejo quando, por exemplo, proclama: Ninguém pode servir a dois senhores: ou há-de odiar a um e amar o outro, ou há-de apegar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro (Cf. Mt 6, 24; Lc 16, 13). Também nos adverte que se não nos convertermos pereceremos imprevistamente de modo semelhante aos galileus chacinados por Pilatos ou os jerosolimitanos esmagados pela derrocada da torre de Siloé (Lc 13, 2-5). Será, possivelmente, da meditação desta passagem que terá surgido a oração que os nossos antepassados rezaram durante séculos implorando a Deus que os livrasse de uma morte súbita e imprevista. Esta súplica insistente e confiante brotava de uma consideração do peso da eternidade à luz da qual era vista esta vida. Para estes cristão o problema não era tanto a morte biológica, mas o Juízo de Deus, no qual se joga o destino eterno. De facto, o Mesmo Juiz que diz a uns « … vinde benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo … » (Mt 25, 34) é o Mesmo que impera a outros «Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado a satanás e aos seus anjos.» (Lc 25, 41). A Igreja, Cristo em nós, continuado e Presente na História de todos os tempos, durante séculos e séculos, apresentou o rosto de Jesus Cristo, Deus humanado, na Sua completude de Juiz Justo e Misericordioso. Era habitual, por exemplo, no púlpito, na pregação, no sermão, não só exaltar a Majestade Gloriosa de Deus, enaltecer as Suas obras, recordar os Seus prodígios em nosso favor, persuadir-nos do Seu Amor mas também trovejar cóleras contra o pecado, bramir iracundamente contra o derrancamento dos costumes, tendo como intento mover as almas ao arrependimento, em vista de uma confissão feita bem, que pudesse restabelecer a comunhão de vida e de amor com o Senhor, e com o próximo (além disso, ao desmascarem os ardis do Maligno e as manhas da natureza humana, possibilitavam o reconhecimento da culpa própria, e com ela a consciência de serem livres, e não meras vítimas inermes determinadas pelas circunstâncias). Deste modo, os penitentes aproximavam-se confundidos e temerosos, com grande atrição, dos sacerdotes para receberem a absolvição de seus pecados mortais, sendo-lhes assim perdoadas as penas eternas, devidas aos mesmos. Porém, no confessionário quem os acolhia não era já o rosto severo e rigoroso do Apocalipse, mas sim a face jubilosa, jucunda, transbordante de misericórdia, do Pai do filho pródigo. Este encontro conseguia frequentemente mover o penitente à contrição perfeita, isto é, a um arrependimento não já nascido do santo temor de Deus mas sim do santo amor.

Será recto e justo dispensar o modo como Deus nos falou na Sagrada Escritura, na Tradição da Igreja, enfim nos Seus Santos, ou seja, naqueles que Ele fez participantes da Sua Santidade?

Haverá ainda muitos cristãos que saibam que o pecado existe? E conheça a gravidade do mesmo? Que acredite no Inferno? Que saiba o que é o bem e o que é o mal? Que os saiba distinguir? Que não os troque?

Será ainda possível designar o mal e o pecado pelos seus nomes sem que as pessoas se sintam agredidas, em vez de agradecidas pela verdade/amor que lhes é comunicado?

Seja como for, a verdade permanece: é impossível amar sem odiar. E não se pode praticar o bem sem combater o mal.
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Político católico
derrota pressões do lobby gay
e vence eleição no Parlamento Europeu


Superando as fortes pressões do lobby gay e abortista contra a sua eleição, o político católico maltês Tonio Borg foi confirmado para a Comissão de Saúde e Consumo da União Europeia.

O Parlamento da União Europeia decidiu a vitória de Borg ontem, 21 de Novembro de 2012, por 386 votos a favor, 281 contra e 28 abstenções.

Conforme assinala a plataforma espanhola pró-família HazteOir (HO), esta votação «vinha precedida de uma formidável polémica internacional, provocada pela agressão de determinados lobbys radicais – financiados pela própria União Europeia».

Entre estes grupos estão a Federação Humanista Europeia, a Associação Internacional de Lésbicas e Gays (ILGA) e a multinacional abortista Federação Internacional de Planeamento Familiar (IPPF), «quiseram impor o veto ao político maltês exclusivamente por convicções morais e religiosas».

Com o caso Borg, assinala HazteOir (HO), «o verdadeiro respeito por um dos valores indisputáveis da Europa – a liberdade de consciência – foi novamente posto à prova. E o resultado, defendido por milhares de cidadãos através do alerta da HazteOir (HO), não podia ter sido mais satisfatório: venceu a liberdade. Venceram os cidadãos».

O alerta do grupo espanhol HazteOir (HO) pedindo a nomeação de Borg passou de 21 mil assinaturas no dia 20 de Novembro a 37 526 (mais de 15 mil novas assinaturas) em menos de 24 horas.

Durante as últimas semanas Borg, ministro maltês de Assuntos Exteriores foi submetido ao escrutínio do Parlamento Europeu para comprovar a sua idoneidade para o cargo.

Como parte do processo de escrutínio do Parlamento da União Europeia, Borg respondeu por escrito a cinco perguntas dos deputados e respondeu às perguntas dos representantes de três comissões parlamentares numa audiência com cerca de três horas.

 

Polémica na «Casa dos Segredos»


A Associação de Emergência Social, que combate a pobreza e exclusão, decidiu recusar uma ajuda financeira oferecida pelos produtores do programa «Casa dos Segredos», alegando não se rever no perfil do «reality show» da TVI e sublinhando que «o dinheiro não é tudo».

Os concorrentes estavam prontos para leiloar, cada um deles, duas peças de vestuário, com o objetivo de angariar fundos para aquela instituição particular de solidariedade social, mas os felizes contemplados já vieram dizer que rejeitam a iniciativa.

Num comunicado agora divulgado, a associação revela que, numa primeira fase, concordou com a ideia, sem ter tido «o cuidado de saber de que programa se tratava».

Alertada, depois, para a verdadeira natureza do «reality show», a Emergência Social concluiu que «não se revê no perfil» da «Casa dos Segredos» e anunciou que «prescinde de toda e qualquer ajuda daí proveniente».

«O programa ‘Casa dos Segredos’ não é um exemplo para as nossas crianças e jovens. Na nossa opinião, enquanto o dinheiro for mais importante do que o amor não será possível acabar com a crise de valores do mundo. O dinheiro não é tudo para nós…» – afirma-se no comunicado da Associação de Emergência Social.
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fernando Santos e a fé cristã


O treinador de futebol Fernando Santos participou esta terça-feira à noite no encontro «Fé: o grande método da razão», onde expôs o seu percurso crente e as suas convicções perante centenas de pessoas reunidas na arena do Campo Pequeno, em Lisboa.
 
«A fé pode ser vivida em qualquer parte do mundo, desde que essa seja uma convicção», começou por afirmar. «Para mim a fé é, essencialmente, uma forma de estar na vida».
 
«Devemos transmitir a fé na vivência do dia a dia, e é isso que eu procuro fazer, com naturalidade, sempre que me é permitido e dada a oportunidade de a proclamar bem alto, obviamente que o faço porque acho que esse é um dever do cristão».
 
«Não sou um ciclista não pedalante», sublinhou o selecionador da Grécia, acrescentando que na sua profissão «há várias opções religiosas, pelo que é preciso respeitar as outras, sem deixar de afirmar as nossas convicções».
 
Fernando Santos recordou a sua «travessia no escuro», desde os nove anos, quando recebeu o sacramento do Crisma, até aos 35.
 
«Nasci numa família cristã, tradicional, nada assídua às celebrações, mas que por princípio me levou ao baptismo».
 
«Entre os nove e os 10 anos fui-me afastando lentamente. Nunca me separei totalmente porque eu, desde que me lembro, sempre rezei à noite. Até porque quem recebe a graça do baptismo dificilmente se pode afastar da fé, porque ela está cá dentro –- pode germinar ou não; comigo teve alguma dificuldade em crescer...».
 
Os anos passavam e Fernando Santos lembra-se que quando tinha de ir à igreja fazia-o «sem grande convicção».
 
Um dia, ao dar boleia a um padre, as inquietações regressaram: «Começou a assaltar-me a vontade de dizer qualquer coisa; quando cheguei à porta, perguntei-lhe se não poderíamos marcar um almoço».
 
Já à volta da mesa o sacerdote ofereceu-lhe o livro «A fé explicada», que viria a tornar-se «muito importante» para o engenheiro. Passou a ir à missa, em Cascais, ao princípio «por amizade». A mulher também ia, embora «não percebesse nada» do que estava a ser celebrado.
 
O «primeiro passo» de reaproximação concluiu-se com a confissão, que o levou ao sacramento da Eucaristia.
 
Até que um dia participou num cursilho de cristandade, depois de alguma resistência. «Esse foi o momento determinante da minha vida. Foi então que saí do buraco escuro. Aí encontrei Cristo ressuscitado. Essa é que foi a grande descoberta que fiz, o momento da viragem total».
 
«Desde então fiz um compromisso com Cristo, que procuro cumprir todos os dias, pedindo-lhe que aumente a minha fé, que é muito curta».
 
Sente-se próximo dos cristãos ortodoxos, maioritários na Grécia, país onde trabalha desde 2001. «Nunca te esqueças que somos irmãos na fé», disse-lhe um sacerdote.
 
Não mistura o futebol com a fé porque o jogo é mais uma «’fezada’ do que fé». Mas não esquece o testemunho.
 
Quando havia jogos no Norte, o autocarro fazia uma paragem a meio do percurso para o café. Um dia pediu ao motorista para que a pausa fosse em Fátima. «Fui à Capelinha das Aparições e os jogadores ficaram de fora. Nas viagens seguintes passaram a ir alguns ao santuário, e foram sendo cada vez mais, até que por fim iam quase todos. Não por eu alguma vez lhes ter dito para irem. E esta é também uma forma de dar testemunho».
 
«Não mudei muito com a fé. Sou Santos mas não sou santo. Continuo a ter o meu feitio, continuo a rir pouco e a ter as minhas dificuldades. Mas procurei mudar a minha vida e a mim próprio», conversão que «passa essencialmente pela relação com quem está próximo».
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A lei de «identidade de género» e os limites
da omnipotência do legislador (2)

Pedro Vaz Patto
 
A ideologia do género
 

Mas detenhamo-nos na análise da definição e fundamentos da ideologia do género[5].
 
Parte esta teoria da distinção entre sexo e género, a qual se insere na distinção mais ampla entre natureza e cultura. O sexo representa a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher. O género representa a construção histórico-cultural da identidade masculina e feminina. Retomando a célebre frase de Simone Beauvoir, «uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher»; as gender theories consideram que «somos» homens e mulheres na base da dimensão biológica em que nascemos, mas nos «tornamos» homens e mulheres, no sentido em que adquirimos uma identidade masculina ou feminina, na base da nossa percepção psíquica e da nossa vivência interior (do nosso modo pessoal de sentir e viver a identidade pessoal no plano psicológico), por um lado, e na base da socialização (da interiorização dos comportamentos, funções e papeis que a sociedade e cultura a que pertencemos atribui aos homens e às mulheres), por outro lado. O sexo é um facto empírico, real e objectivo, de ordem biológica, genética, anatómica e morfológica, que se nos impõe desde o nascimento. A identidade de género constrói-se através de escolhas psicológicas individuais, expectativas sociais e hábitos culturais e independentemente dos dados naturais. Para estas teorias, o género assim concebido deve sobrepor-se ao sexo assim concebido; a cultura deve sobrepor-se à natureza; a uma perspectiva essencialista deve sobrepor-se uma perspectiva construtivista.
 
Como o género é uma construção social, este pode ser desconstruído e reconstruído. A diferença sexual entre homem e mulher em sentido natural e imutável está na base da opressão da mulher, relegada para a sua condição de mãe. Para a superar, impõe-se superar o dualismo sexual natural e reconduzir o género à escolha individual. O género não tem de corresponder ao sexo, corresponde a uma escolha subjectiva, ditada por instintos, impulsos, preferências e interesses, que vai para além dos dados naturais e objectivos. Convergem, neste aspecto, as teses do feminismo de género (que sustenta que o fim da opressão feminina supõe a negação da relevância das diferenças naturais entre homem e mulher, designadamente o relevo da maternidade como condição particular da mulher) e as dos movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais, e, mais especificamente, em prol da legalização do casamento homossexual e da adopção por pares homossexuais. As gender theories sustentam a irrelevância da diferença sexual na construção da identidade de género, e, por consequência, também a irrelevância dessa diferença na relações interpessoais, nas uniões conjugais e na constituição da família. Como afirma Laura Palazzani, da «diferença sexual passa-se à indiferença sexual».Se é indiferente a escolha do género a nível individual (pode escolher-se ser homem ou mulher, independentemente dos dados naturais), também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo. Daqui surge a equiparação entre uniões heterossexuais e uniões homossexuais. Ao modelo da família heterossexual, numa perspectiva «essencialista», sucedem-se vários tipos de «família», tantos quantas as preferências individuais e para além de qualquer «modelo» de referência. Deixa de se falar em «família» e passa a falar-se em «famílias» (também esta é uma inovação semântica que muitas pessoas passam a adoptar sem se aperceberem da sua conotação ideológica). Privilegiar a união heterossexual é uma forma de discriminação, um heterocentrismo opressor. Deixa de falar-se em «paternidade» e «maternidade» e passa a falar-se em «parentalidade» (mais uma evolução semântica que muitos adoptam sem se aperceberem da sua conotação ideológica).
 
Das gender theories passa-se às teorias multi-gender, post-gender e transgender Àgéneros, um continuum de identidades em cujos extremos se colocam o masculino e o feminino, o homossexual e o heterossexual, mas onde se inserem também posições intermédias, o bissexual e o transexual, assim como posições oscilantes. O movimento queer representa a ala extrema das gender theories. O seu objectivo é a desconstrução de qualquer normatividade sexual e a construção de um novo paradigma antropológico assente num «polimorfismo sexual» sem restrições. A identidade deve ser construída para além do sexo e do género, como uma subjectividade complexa e múltipla, móvel e indefinível, sem qualquer fixação estática. dualidade sexual (homem e mulher), contrapõe-se uma multiplicidade de identidades.
 
Não irei aqui desenvolver muito a análise da ideologia do género e a sua crítica. Mas a exposição que antecede é suficiente para que se compreenda o alcance ideológico dos diplomas que venho comentando. Quando neles se alude ao «sexo social desejado» e se opta pela prevalência deste sobre o sexo biológico, a opção é ideológica e não puramente «humanitária”» como poderá parecer à primeira vista. Como vimos, é a ideologia de género que sustenta essa prevalência. E também se compreende a ligação entre esta questão e as do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não é por acaso que surgem, em Portugal como em Espanha, uma na sequência da outra. São, uma e outra, decorrência da ideologia de género. Fazem parte, uma e outra, da chamada «agenda LGBT» (lesbian, gay, bissexual and transgender). É ilusório pensar que se trata apenas do fim de uma discriminação, ou do respeito pelas minorias. É um novo paradigma antropológico que está em jogo e que se quer impor desde cima, desde as instâncias políticas e jurídicas. E também é fácil compreender, a partir desta breve exposição, como esse paradigma choca com o senso comum das nossas sociedades e representa uma verdadeira revolução de mentalidades.
 
Para além da desconformidade entre o registo oficial do sexo de uma pessoa transexual e o seu sexo biológico, a ideologia de género poderá levar ao registo de uma terceira categoria, de um sexo «não determinado». Foi o que tentou fazer Norrie May-Welby no Estado australiano de Nova Gales do Sul, quando se considerou incluído (ou incluída) nessa categoria de «sexo não determinado» depois de ter cessado tratamentos hormonais tendentes à «mudança» do seu sexo de nascença[6]. Essa pretensão acabou por ser recusada pelas autoridades governamentais, não sem que essa recusa tenha motivado uma queixa junto da Human Rights Comission por violação do Australian Sex Discrimination Act de 1984.
 
Laura Palazzani caracteriza deste modo a filosofia gender: «um pensamento antimetafisico, que reduz a natureza a mero facto contingente em sentido materialista e mecanicista (a natureza como matéria orgânica extensa em movimento); um pensamento antropológico empirista que reduz o indivíduo a meros impulsos e instintos (não mediados pela razão, mas directamente ligados à vontade); um pensamento não-cognitivista, que nega a cognoscibilidade através da razão de uma verdade objectiva na natureza (com base na «lei de Hume», não se pode passar dos factos aos valores e aos direitos); um pensamento subjectivista, que nega uma relevância metafactual da natureza para o ser humano em sentido ético e jurídico, nega, portanto, a relevância normativa da natureza como ordem, radicando os valores e os direitos directamente na vontade individual (determinada pelos instintos e pelos impulsos); um pensamento relativista, que a partir da negação da existência e da cognoscibilidade de uma verdade objectiva na natureza, considera que normas e valores são equivalentes (todos temos a mesma dignidade), são variáveis (de sociedade para sociedade, de época para época, de sujeito para sujeito), não são passíveis de juízos (uma vez que não existe um critério objectivo para poder exprimir um juízo) e, portanto, são e devem ser todos toleráveis (ou seja, pragmaticamente aceitáveis e suportáveis). É esta a moldura teórica pós-moderna que conduz ao afastamento da natureza, ao «desnaturar» ou «desnaturalizar» o homem e as relações intersubjectivas na sociedade»[7].
 
[5] Ver uma exposição destas teorias, numa perspectiva crítica, em Laura Palazzani,Identità di genere. Dalla differenza alla in-diferenza sessuale nel diritto, Edizioni San Paolo, Cinisella Bálsamo (Milão), 2008, e Giulia Galeotti, Gender Genere, Chi vuole negar ela differenza maschio-femina? L´alleanza tra femminisno e Chiesa cattolica, Edizioni Viverein, Roma, 2009.
 
[6] Ver Friday Fax, edição on-line, vol. 13, nº 161, Abril de 2010.
 
[7] Op. cit., p. 44 e 45 (tradução minha).
 
 

Para acabar de vez com o equívoco (ou não)
da social-democracia e outros mitos

Heduíno Gomes

1 — Historicamente, a expressão social-democracia tem origem em França, em Fevereiro de 1849. Depois de derrotados na Revolução de 1848, os grupos revolucionários agrupam-se no Partido Democrata-Socialista ou Social-Democrata, sendo esta forma abreviada (social=socialista) a mais comum.
 
Mais tarde, nos anos 60 do século XIX, na Alemanha, surge a revista Der Sozialdemokrat, que contribuiu também para baptizar assim e organizar o movimento socialista.
 
Nem Marx nem Engels gostavam da expressão, que toleravam mas qualificavam de «elástica». Contudo, dada a sua popularidade, acabaram por aceitá-la na I Internacional. E, dada a influência de Marx e Engels no movimento socialista, nos anos 80 social-democrata já era sinónimo de marxista.
 
Lenin utilizou igualmente a designação desde o início da sua actividade política nos anos 90 e só a abandonou em Abril de 1917, rebaptizando o seu partido, o Partido Operário Social-Democrata da Rússia, entretanto adjectivado de bolchevique, em Partido Comunista da Rússia, adjectivado do mesmo modo. A sinonímia entre social-democracia e comunismo haveria de acabar definitivamente apenas com a fundação da III Internacional, ou Internacional Comunista, ou Komintern, em 1920.

Depois disto, os partidos não comunistas que vinham da II Internacional (1889) não se livraram inteiramente do marxismo, permanecendo neles conceitos marxistas sobre a sociedade, excepto a via revolucionária para atingir os objectivos.

Quando da fundação da Internacional Socialista, em 1951, as referências ao marxismo e toda a confusão ideológica com o marxismo ainda não haviam sido eliminadas. Apenas em 1959 essas referências ao marxismo haveriam de desaparecer.

Contudo, com referências ou sem referências ao marxismo, a verdade é que os macacos continuaram no sótão dos socialistas. A visão da maioria dos problemas da sociedade por socialistas — chamem-se eles sociais-democratas ou trabalhistas —, continuou inquinada pela ideologia marxista e variantes submarxistas, estatistas e colectivistas.

Por mais voltas que lhe sejam dadas, isto é que é realmente o socialismo democrático ou social-democracia. Não há disfarce possível.

2 — O partido que, entre nós, se chamava «Partido Popular Democrático» passou a chamar-se, em 1977, «Partido Social Democrata», aparecendo umas vezes grafado com hífen, outras vezes sem ele, o que são coisas bem diferentes. Mas a verdade é que os autores que assim escrevem, na maioria dos casos, nem se apercebem da diferença.

3 — A designação do partido com hífen, como vimos, significa socialista. Sem hífen, significa que o partido é social e também democrata, não necessariamente social-democrata. Portanto, a designação sem hífen presta-se ao equívoco. Esta nuance é demasiada areia para a camioneta dos aprendizes de ideólogos que pontuaram no PPD e PSD.

Alguns deles tentam forçar as palavras a seu jeito, adocicando-as (para se dizerem não socialistas) ou carregando-as (para se dizerem não liberais).

Pura manipulação das palavras, eventualmente com uma forte dose de ignorância.

4 — O mais grave dentro do PSD não é o equívoco linguístico. O mais grave é mesmo algumas pessoas terem conceitos marxistas, adocicados ou não, quer no estilo revisionista Bernstein, quer no estilo Marx original (o tecnocrata Cavaco diz que é bernsteiniano). Estes camaradas não são os 99,9% das pessoas do partido nem do seu eleitorado.

Se querem ignorar o significado das palavras, que ignorem. Se querem ser os continuadores da manipulação da linguagem, que continuem. Mas não esperem qualquer contemplação no esclarecimento ideológico e no confronto político.

5 — Segundo rezam as crónicas, o Partido Popular Democrático foi assim designado em 1974 porque, nos primeiros dias de Maio desse ano, um outro partido designado social-democrata,o efémero Partido Cristão Social Democrata, se antecipou de 48 horas na sua apresentação pública.

Como diz o ditado, há males que vêm por bem.

6 — O Programa de 1974 do Partido Popular Democrático é um inacreditável tratado de esquerdismo socialista. Na linguagem, com socialismo por todo o lado, alternado com social-democracia (o objectivo era o socialismo e a via para lá chegar seria então a social-democracia!?...), na referência ao marxismo, nos conceitos, nas políticas socializantes (economia, educação, cultura, etc.), o Programa, comparado ao «moderno» socialismo de 1959 da Internacional Socialista, é um dinossauro.

7 — Em Sá Carneiro, mesmo considerando as suas limitações de cultura política, social-democracia não era apenas um equívoco: ele era realmente socialista nos conceitos e políticas.

Mais ainda, Sá Carneiro pretendeu que o PPD se integrasse na Internacional Socialista. Só não o conseguiu porque Mário Soares já era da casa e tinha naturalmente preferência.

Mais uma vez, há males que vêm por bem.

8 — No PPD, os complexos de direita eram tais que foi colocado no Programa um ponto gravíssimo no que respeita à defesa de Portugal e do Ocidente: em plena guerra-fria, com o imperialismo soviético em expansão (Vietnam, Laos, Cambodja, África — aqui graças ao MFA) e o PCP de garras afiadas, era preconizada a saída de Portugal da NATO...

Mas que grande consciência geoestratégica!

9 — Tendo sido convidado a integrar o Partido Socialista, Sá Carneiro não aceitou, apesar do seu Programa, na essência, pouco ou nada diferir do Programa do PS — excepto na linguagem deste, mais carregada de marxismo, e, em contrapartida, na saída de Portugal da NATO por parte do PPD. Contudo, Sá Carneiro queria que o Partido integrasse a Internacional Socialista.

Fica ao cuidado dos psicólogos a tarefa de descortinar os porquês da não adesão de Sá Carneiro ao PS e, entretanto, pretender que o Partido aderisse à Internacional Socialista.

10 — Na realidade, as pessoas que aderiam ao PPD, e depois ao PSD, faziam-no fugindo ao socialismo do PS. Hoje, o fenómeno permanece. E isto acontece porque ignoram a doutrina oficial (ou oficiosa, nem se sabe) do PSD. A estas pessoas nada há a apontar. A quem há que apontar o dedo é aos mentores desta ideologia analfabeta e aos que pretendem prolongar a fraude da social-democracia.

Existe, pois, uma grande diferença entre a base do PSD e os profissionais, ou candidatos a sê-lo, dessa social-democracia ou socialismo.

11 — Ao longo dos anos, dentro do PPD e PSD, o sector com mais complexos de direita, snob ou sindicalista, alimentou a ideia de que o Partido teria de ser –– ou dizer-se… –– social-democrata. Aqueles que, no seu interior, não fossem –– ou não se dissessem… –– sociais-democratas não seriam bondosos nem amigos dos pobrezinhos.

12 — Neste labirinto ideológico laranja, também a puxar pela social-democracia, surgem os chamados «católicos progressistas», influenciados pela confusa ideologia personalista de Mounier e por alguns textos irrealistas provenientes de certos sectores «avançados» da Igreja nos anos 60.

13 — Um dos aspectos da manipulação operada pelos camaradas sociais-democratas é oporem o liberalismo à social-democracia — isto é, ao socialismo —, como se não houvesse alternativa, como se não existisse outra concepção do Estado e das políticas, na economia, na educação, na saúde, na assistência, na justiça, etc. Ou és social-democrata, ou és liberal — o que é uma estrondosa mentira!

A verdade é que a defesa da Civilização e do bem comum no mundo nada devem nem à social-democracia nem ao liberalismo. Antes pelo contrário!

14 — Curiosamente, os «herdeiros» de Sá Carneiro, dos quais Santana Lopes sempre foi o campeão, levantam a bandeira do ícone para defender supostas posições de direita (?!) — o que demonstra mais uma vez que a ideologia política no PPD e PSD sempre foi uma mentira, um monte de slogans, superficialidades e incongruências a serem utilizadas segundo as conveniências de cada barão em cada momento de luta pelo poleiro.

15 — Conclusão: dado que a designação do partido com hífen significa socialista e sem hífen se presta, no mínimo, ao equívoco, o partido deve regressar à sua primitiva designação PPD, limpar da sua linguagem a expressão social-democracia, com ou sem hífen, e repudiar tal conceito como socialista, quer de ontem, quer de hoje.

16 — Outra conclusão: o antídoto para toda esta manipulação e confusão é a formação política séria dentro do Partido. A isso todos os «grandes líderes» têm fugido. Porque será?... Sim, porque será que tantos professores universitários têm mantido o seu partido ao nível da primária?

Uma honrosa excepção: Carlos da Mota Pinto. Ele tinha um programa de reformulação do Partido contemplando a formação dos seus membros. Morreu e com ele o projecto.

 
Seguiram-se o Cavaco e os outros, e com eles se manteve a confusão, o obscurantismo e os poleiros.

Hoje, finalmente, os «grandes líderes» vão nus. É a boa ocasião para reactivar o projecto Mota Pinto.
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ideologia de género pretende destruir
a família e a sociedade,
adverte perita argentina

Com as suas origens no niilismo de Nietzche e o feminismo marxista, a ideologia de género pretende destruir totalmente a família e a sociedade, advertiu a perita argentina Chinda Concepción Brandolino, numa conferência realizada na diocese da Cidade do Este no Paraguai.

A conferência realizada a 15 de Novembro no Centro Cultural Santo Tomás de Aquino, na diocese liderada por Dom Rogelio Livieras, a doutora Brandolino tratou o tema «ideologia de género: principal ataque às famílias».

Na sua intervenção, a especialista em medicina legal e membro da Comissão Arquidiocesana da Mulher da Arquidiocese de La Plata (Argentina), revelou que uma das armas da ideologia de género é a manipulação da linguagem.

«A ideologia ou perspectiva de género provém de uma filosofia que Nietzsche expôs pela primeira vez. Esta filosofia é a que sustenta o pensamento que diz: O homem é uma paixão sem sentido que vai desde um nada a outro nada. Esta é a filosofia imperante no homem de hoje, é por isso que existe a busca do prazer, o hedonismo. Mas por sorte muitos ainda estão imbuídos do pensamento cristão, mas na Europa e noutros países este é o pensamento predominante», referiu a perita.

Ela mencionou que houve uma mudança de pensamento nos países que há trinta anos eram profundamente cristãos, «em geral todos os meios de comunicação estão imbuídos de conteúdos dialécticos marxistas e em todos eles se destaca a maldade da Igreja, procuram apresentar a mesma como uma estrutura de poder terreno e opressora, ninguém acredita no celibato, na indissolubilidade do matrimónio e na ordem natural, mas a verdadeira destruição da ordem tradicional católica só pode ser obtida de uma forma: destruindo a família».

«E para destruir totalmente a família, querem destruir a mulher através da mulher, pois ela é a única promotora da vida, os filhos no berço aprenderão o primeiro Pai-Nosso e outras orações com ela. É por isso que a mulher foi vítima dos meios de comunicação, do cinema, das telenovelas e dos programas de estudos e como se tudo isso ainda fosse pouco, também foi vítima da implementação do feminismo marxista», explicou.

A doutora disse ademais que a ideologia de género apregoa que o sexo não é uma realidade biológica e espiritual mas uma mera construção cultural, que pode ser modificada à vontade. Esta corrente manifesta que o sexo deve ser escolhido com a ajuda de um orientador sexual, sem considerar a ordem natural das coisas.

Na sua opinião, esta corrente tem dois claros objectivos contrários à pessoa humana: a destruição da família tradicional e por outro lado exercer um ferrenho controle populacional.
 
 

Mar de gente na França diz sim
ao matrimónio autêntico
e não às uniões gay

Uma maré humana de 250 mil pessoas saiu às ruas na França para expressar o seu apoio ao autêntico matrimónio, formado por um homem e uma mulher, e manifestar o seu repúdio ao projecto de uniões invertidas que actualmente está em debate nesse país.

As centenas de milhares de franceses que saíram às ruas de Paris, Toulouse (10 mil), Lyon (27 mil), Marselle (8 mil), Nantes (4 500) e Rennes (2 500) entre outras cidades francesas como Metz, Dijon e Bordeaux, expressaram o seu absoluto repúdio à proposta do presidente da França, François Hollande, de equiparar as uniões invertidas ao matrimónio.

A jornada em defesa do matrimónio e da família realizou-se no dia 17 de Novembro. Pessoas de distintos credos e sem distinção de afinidade política, levando balões azuis, brancos e cor-de-rosa, reuniram-se para recordar que as crianças têm direito a ter um pai e uma mãe.

Entre os distintos lemas que foram observados nos cartazes estiveram: «Não há nada melhor para uma criança que ter pai e mãe», «Nem progenitor A nem B: pai e mãe são iguais e complementares», «As crianças nascem com direito a ter pai e mãe», «Não ao projecto do matrimónio dos invertidos», entre outros.

Uma das manifestantes, que participou na marcha em Paris, referiu que «o matrimónio é a união entre um homem e uma mulher. Essa é a base da sociedade».

Em Lyon marcharam juntos o arcebispo local, cardeal Philippe Barbarin, e o reitor da mesquita muçulmana da cidade, Kamel Kabtane, que assinalou: «compartilhamos os mesmos valores fundamentais e devemos defendê-los juntos».

Nesta cidade os que apoiam o mal chamado «matrimónio» invertido organizaram uma violenta contra-manifestação que teve que ser controlada pela polícia, que prendeu 50 pessoas identificadas como simpatizantes de organizações pró-invertidas.

Também algumas activistas do grupo feminista «Fem» tentaram boicotar a manifestação a favor do matrimónio. Marcharam seminuas, com véus à maneira de religiosas católicas e com mensagens contrárias à Igreja pintadas no tórax.

O presidente François Hollande prometeu na sua campanha eleitoral apoiar o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo e no dia 7 de novembro apresentou o polémico projecto no conselho de ministros, que ganha cada vez mais oposição por parte do povo da França.

A religião católica não aprova o mal chamado «matrimónio» invertido porque atenta contra a natureza, sentido e significado do verdadeiro matrimónio, constituído pela união entre um homem e uma mulher, sobre a qual se forma a família.

A Santa Sé e os bispos em diversos países do mundo denunciaram que as legislações que pretendem apresentar «modelos alternativos» de vida familiar e conjugal atentam contra a célula fundamental da sociedade.

domingo, 25 de novembro de 2012

«Portugal – Tempo de Todos os Perigos»

A Associação Causa das Regras,
 tem o prazer de o convidar para o
lançamento do livro

«Portugal – Tempo de Todos os
Perigos – O Golpe de Estado e a Revolução» de
 António Marques Bessa.

O Lançamento terá lugar dia 30 de Novembro (Sexta) pelas 18h30 no Palácio da Independência
(Sala D. Antão Vaz de Almada da SHIP).

A apresentação contará com o Professor
Doutor Pinheiro Torres