sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


Castro foi a Moscovo


Putin foi a Cuba e ficou impressionado com o número de pessoas de sapatos com solas furadas, rasgados em cima, etc. Estranhou que, depois de passados 40 anos de «melhorias», as pessoas ainda estavam assim. Perguntou a Fidel a razão disso.

Fidel, indignado, respondeu com uma pergunta:

— E na Rússia, não é a mesma coisa? Vai-me dizer que lá toda a gente tem sapatos novos?

Putin respondeu a Fidel dizendo-lhe que fosse à Rússia para verificar. E se encontrasse um cidadão qualquer com sapatos furados, tinha a permissão para matar essa pessoa.

Fidel tomou um avião e foi para Moscovo. Quando desembarcou, depois de mais de duas semanas de vôo (o avião era de 5.º do mundo), a primeira pessoa que viu estava com sapatos rasgados e furados, parecendo ter pertencido ao avô. Não titubeou. Tirou a pistola e matou o sujeito. Afinal, tinha permissão do seu colega Putin para fazer isso.

No dia seguinte as manchetes dos jornais russos anunciaram:

ПРЕЗИДЕНТ БУШ ВАШ посла Кубы ваэропорту.
(PRESIDENTE DE CUBA MATA
O SEU EMBAIXADOR NO AEROPORTO.)






quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Bento XVI nega intromissão no Sínodo da Família


O Sumo Pontífice Emérito Bento XVI negou que com a revisão do seu artigo de 1972, no qual aborda o tema da comunhão aos divorciados em nova união, tenha querido intrometer-se no debate posterior ao Sínodo da Família.

Em diálogo com o jornal alemão Frankfurter Allgemeine publicado no domingo, Bento XVI disse que é «um absurdo total» considerar que reviu a sua obra para intervir no debate posterior ao Sínodo, como afirmaram alguns. Na realidade, disse, «trato de ser o mais silencioso que posso» sobre estes temas.

O Papa Emérito explicou que fez a revisão do artigo de 1972 – que o Cardeal alemão Walter Kasper utiliza para defender a sua tese – no mês de Agosto, dois meses antes da realização do Sínodo e salientou que «não há nada de novo» no que foi publicado recentemente.

Também mencionou que ele «sempre tomou a postura» de que é «impossível» para os divorciados em nova união receber a Eucaristia.  «Como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé escrevi ainda mais drasticamente», revelou.

Para ele, os divorciados católicos devem «sentir o amor da Igreja» e «não se pode acrescentar-lhes mais cargas além daquelas com as quais já têm que lutar».

«Teria gostado de ser chamado de Padre Bento»

«Depois da renúncia teria gostado que me chamassem de ‘Padre Bento’, se tivesse tido mais força nesse momento, teria pedido», é uma das afirmações mais significativas da entrevista realizada na edição dominical do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O Papa emérito concedeu a entrevista – segundo AICA talvez seja melhor qualificá-la de conversa de meia hora – com o jornalista Joerg Bremer. Entre os temas abordados por Bento XVI está também a reelaboração, em vista da publicação do quarto volume da sua Opera omnia, das conclusões do seu artigo de 1972 a propósito da indissolubilidade do matrimónio e da possibilidade de conceder a Eucaristia às pessoas divorciadas em segunda união.

O jornalista perguntou-lhe se desta maneira quis adoptar uma postura no Sínodo dos Bispos sobre a família, recentemente celebrado no Vaticano, e o Papa emérito qualificou esta afirmação como sendo um absurdo total, já que não interveio nem quis intervir nas questões tratadas no Sínodo Extraordinário sobre a Família e a revisão do volume foi feita antes do Sínodo.

O texto publicado no site do jornal («Ein Besuch bei Vater Benedikt» Uma visita ao padre Bento) não está sob a modalidade pergunta-resposta, mas está escrito de forma narrativa, tem a vantagem de seguir um discurso linear, mas apresenta o inconveniente de não especificar exactamente qual foi a pergunta e a resposta na sua integridade e contexto.

O autor da nota destaca que o Papa emérito confirmou que mantém «contactos óptimos» com o Santo Padre Francisco. «Trato de ser o mais silencioso possível».

Finalmente o Papa emérito referiu-se ao Natal, e especialmente recordou a Terra Santa, a terra de Jesus, e Bento XVI, biógrafo de Jesus, assinalou que «Jesus não era só espírito e a sua dimensão terrestre é importante para a fé dos homens».

No momento das saudações, Bento mostrou ao jornalista as medalhas e lembranças do pontificado, brincando: «Pode guardá-las se quiser, mas não alimente com isso o culto da personalidade».






quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Pai cubano pergunta ao filho


O pai cubano pergunta ao filho pequeno:

— O que você quer ser quando crescer?

— Estrangeiro, responde o filho.





segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


A Imaculada Conceição

e a História de Portugal


P. Francisco Couto
P. Senra Coelho

As Nações sobrevivem à erosão do tempo e permanecem vivas na história dos povos se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua espiritualidade e da sua cultura. A diluição espiritual e cultural de um povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje sem futuro.

A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.


Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de Lisboa, que durou cerca de cinco meses e terminou em princípios de Setembro de 1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por D. Nuno Álvares Pereira em Atoleiros a 6 de Abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de Abril de 1385. Em 15 de Agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Álvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.

No movimento da restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de Dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.


A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o condestável D. Nuno Álvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Condestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de acção de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646.


Esta espiritualidade imaculista foi igualmente assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de Dezembro foi celebrado como «Dia da Mãe» e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.

O dia 8 de Dezembro transcende o «Dia Santo» dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de Dezembro retoma. O feriado do dia 8 de Dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Não menos importante, e em âmbito religioso e litúrgico, o tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu pelas mãos das cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a inscreverá no calendário litúrgico romano em 1477.

De facto, o debate e a celebração desta festividade em toda a Europa é acompanhada pela História do próprio Portugal. Coimbra, como já vimos, tem um importante papel em todo este processo.

Em 8 de Dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula «Ineffabilis Deus», Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Não estamos diante de uma simples festa cristã ou de capricho religioso. O dogma resulta de tudo quanto a Igreja viveu até aqui e vive hoje em toda a sua plenitude. Faz parte da identidade da Igreja. Isso mesmo o prova o texto proclamado por Pio IX que apoia a sua argumentação nos Padres e Doutores da Igreja e na sua forma de interpretar a Sagrada Escritura. Ele, de facto, reconhece que este dogma faz parte, depois de muitos séculos, do ensinamento ordinário da Igreja.

Portugal, segundo Nuno Álvares Pereira, ou melhor, São Nuno de Santa Maria, e D. João IV isso mesmo o demonstram, não só como resultado da sua própria fé mas como expressão de um povo deveras agradecido pela sua Independência e Liberdade.

A Conceição Imaculada da Virgem é um dogma de fé segundo o qual Maria é considerada a primeira redimida pela Páscoa de Cristo.


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O P. Francisco Couto é Reitor do Santuário de Vila Viçosa e professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.

O P. Senra Coelho é professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.






Fidel faz um discurso


— E a partir de agora teremos de fazer mais sacrifícios!

Diz alguém na multidão:

— Trabalharemos o dobro!

Fidel continua..

.— E temos de entender que haverá menos alimentos!

Diz a mesma voz:

— Trabalharemos o triplo!

— E as dificuldades vão aumentar! continua Fidel.

Completa a mesma voz:

— Trabalharemos o quádruplo!

Nesse momento, Fidel pergunta ao chefe de segurança:

— Quem é esse sujeito que vai trabalhar tanto?

— O coveiro, mi Comandante!





domingo, 7 de dezembro de 2014


O acolhimento evangélico


P. Paul Scalia

A noção de acolhimento tem estado muito nas notícias católicas nos últimos tempos. O relatório intercalar do sínodo extraordinário sobre a família colocou questões, por exemplo, sobre a capacidade da Igreja de acolher homossexuais. Pouco depois, o padre jesuíta Timothy Lannon, presidente da Creighton University, explicou a sua curiosa decisão de alargar benefícios a «esposos» de funcionários homossexuais com a ainda mais curiosa frase: «Perguntei-me, o que é que Jesus faria num caso destes? Só consigo imaginar Jesus a acolher toda a gente».

Este Jesus Acolhedor é um bom trunfo. Não acolher, ou não parecer acolhedor, seria portanto equivalente a discordar de Jesus. Claro que o Jesus que «acolhia a todos» não é uma invenção do sacerdote. Pelo contrário, é profundamente real. Mais real do que muitos querem imaginar. Mas conceder benefícios a quem adopta um estilo de vida pecaminoso ultrapassa os limites do significado cristão de acolhimento. E isto leva-nos a questionar o verdadeiro significado de acolhimento cristão.

Todos nos queremos sentir acolhidos. Podemo-nos recordar de momentos em que o sentimento de acolhimento foi palpável, e por isso encorajador. Com igual facilidade, podemos apontar momentos em que nos sentimos profundamente mal acolhidos, e por isso sozinhos. Um dos efeitos do pecado é a alienação e o isolamento. Por isso, falar de Nosso Senhor como aquele que acolhe é algo que ressoa em todos os corações que desejam a reconciliação e a cura.

E Ele é, verdadeiramente, acolhedor. As suas acções e a suas palavras ecoam com acolhimento. As multidões vão ter com Ele precisamente porque se sentem acolhidas – porque Ele lhes fala de perdão; Ele dá prioridade aos pobres e excluídos; toca nos intocáveis. Em casa de Simão, o fariseu, acolhe a mulher arrependida. Zanga-se com os discípulos que impedem as crianças de vir ter com Ele. Acolhe o clamor do cego Bartimeu, mesmo quando as multidões o tentam silenciar. E numa variação do mesmo tema, faz-se acolhido em casa de Zaqueu. Os seus críticos dirigem-lhe palavras que supostamente serão um insulto: «Este homem acolhe pecadores e come à mesa com eles». (Lc 15,2)

A sua doutrina invoca esse mesmo acolhimento e inclusivismo. Entendemos a parábola do grão de mostarda como símbolo do acolhimento de todas as nações pela Igreja. Conta outra parábola de um Rei que, querendo encher a sua sala com convidados, ordena os servos: «Ide, pois, para as encruzilhadas, e convidai para a festa todos os que encontrardes». É o que eles fazem, trazendo: «Todos os que encontraram, bons e maus». (Mt. 22, 9-10). E talvez de forma mais significativa, na parábola que é vista como um resumo do Evangelho, o pai acolhe de novo em sua casa o filho pródigo.

Porém…

Jesus cura Bartimeu
Acolhimento Evangélico...
O seu acolhimento é curioso. Afinal de contas, as primeiras palavras do seu ministério são «Arrependei-vos»! e não «Bem-vindos»! Ele não acolhe aqueles que são falsos ou, mais directamente, aqueles que procuram justificar as suas próprias vidas, em vez de aderir à sua verdade. O seu acolhimento exige um mínimo de aceitação da sua verdade. Os Evangelhos narram várias vezes a sua frustração com as multidões. De vez em quando deixa mesmo escapar uma frase acusadora: «Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês e terei que suportar-vos?» (Lc 9,41) e «Esta geração é uma geração iníqua...» (Lc 11, 29)

E também não altera a sua doutrina para que as pessoas se sintam mais bem acolhidas. Quando a multidão fica ofendida com o seu ensinamento sobre a Eucaristia, é significativo que Ele os deixa partir. A belíssima parábola sobre a multidão chamada para a festa de casamento termina com a expulsão de um homem que entrou sem «veste nupcial» e a lição de Jesus: «Muitos são convidados, mas poucos os escolhidos» (Mt 22,14)

E são estas palavras que chegam ao cerne do que significa o acolhimento. Por mais que queiramos ser acolhidos e convidados, também sabemos que cada convite inclui uma expectativa e o entendimento de que não podemos fazer como nos apetecer quando entrarmos pela porta. «Muitos são convidados, mas poucos os escolhidos», porque nem todos moldam as suas vidas às exigências do convite.

Este acolhimento evangélico deve parecer muito estranho para o mundo. É um acolhimento... do arrependimento. Um convite... à mudança de coração. Ele acolhe todos os que se arrependem, que tiram proveito do seu perdão e da sua cura – todos os que, reconhecendo o seu pecado e a sua ignorância, abraçam a sua graça e verdade. É, na verdade, o acolhimento mais importante para uma humanidade pecadora: um acolhimento no seu Sagrado Coração... Isto, claro, se reconhecermos que precisamos dele.

Como o Senhor, assim a sua Igreja. Para a Igreja ser autêntica deve proclamar o convite de Jesus de forma universal e acolher todos os que desejam a graça da conversão. Mas não pode esvaziar esse acolhimento do seu significado, nem sendo demasiado severa, nem demasiado permissiva. Se os meios da graça não fossem postos à disposição de todos os que procuram Cristo, então não seria acolhimento nenhum. Mas ao mesmo tempo seria uma mentira, e por isso falta de caridade, não dar a conhecer as exigências desse acolhimento evangélico.

Defraudar tanto o convite como as exigências é não saber imitar o Bom Pastor.