quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Bento XVI nega intromissão no Sínodo da Família


O Sumo Pontífice Emérito Bento XVI negou que com a revisão do seu artigo de 1972, no qual aborda o tema da comunhão aos divorciados em nova união, tenha querido intrometer-se no debate posterior ao Sínodo da Família.

Em diálogo com o jornal alemão Frankfurter Allgemeine publicado no domingo, Bento XVI disse que é «um absurdo total» considerar que reviu a sua obra para intervir no debate posterior ao Sínodo, como afirmaram alguns. Na realidade, disse, «trato de ser o mais silencioso que posso» sobre estes temas.

O Papa Emérito explicou que fez a revisão do artigo de 1972 – que o Cardeal alemão Walter Kasper utiliza para defender a sua tese – no mês de Agosto, dois meses antes da realização do Sínodo e salientou que «não há nada de novo» no que foi publicado recentemente.

Também mencionou que ele «sempre tomou a postura» de que é «impossível» para os divorciados em nova união receber a Eucaristia.  «Como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé escrevi ainda mais drasticamente», revelou.

Para ele, os divorciados católicos devem «sentir o amor da Igreja» e «não se pode acrescentar-lhes mais cargas além daquelas com as quais já têm que lutar».

«Teria gostado de ser chamado de Padre Bento»

«Depois da renúncia teria gostado que me chamassem de ‘Padre Bento’, se tivesse tido mais força nesse momento, teria pedido», é uma das afirmações mais significativas da entrevista realizada na edição dominical do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O Papa emérito concedeu a entrevista – segundo AICA talvez seja melhor qualificá-la de conversa de meia hora – com o jornalista Joerg Bremer. Entre os temas abordados por Bento XVI está também a reelaboração, em vista da publicação do quarto volume da sua Opera omnia, das conclusões do seu artigo de 1972 a propósito da indissolubilidade do matrimónio e da possibilidade de conceder a Eucaristia às pessoas divorciadas em segunda união.

O jornalista perguntou-lhe se desta maneira quis adoptar uma postura no Sínodo dos Bispos sobre a família, recentemente celebrado no Vaticano, e o Papa emérito qualificou esta afirmação como sendo um absurdo total, já que não interveio nem quis intervir nas questões tratadas no Sínodo Extraordinário sobre a Família e a revisão do volume foi feita antes do Sínodo.

O texto publicado no site do jornal («Ein Besuch bei Vater Benedikt» Uma visita ao padre Bento) não está sob a modalidade pergunta-resposta, mas está escrito de forma narrativa, tem a vantagem de seguir um discurso linear, mas apresenta o inconveniente de não especificar exactamente qual foi a pergunta e a resposta na sua integridade e contexto.

O autor da nota destaca que o Papa emérito confirmou que mantém «contactos óptimos» com o Santo Padre Francisco. «Trato de ser o mais silencioso possível».

Finalmente o Papa emérito referiu-se ao Natal, e especialmente recordou a Terra Santa, a terra de Jesus, e Bento XVI, biógrafo de Jesus, assinalou que «Jesus não era só espírito e a sua dimensão terrestre é importante para a fé dos homens».

No momento das saudações, Bento mostrou ao jornalista as medalhas e lembranças do pontificado, brincando: «Pode guardá-las se quiser, mas não alimente com isso o culto da personalidade».






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