quarta-feira, 12 de julho de 2017

Como a maçonaria e outros anticlericais primários deformam a questão das hóstias sem glúten

Já existem hóstias próprias para serem consumidas por pessoas intolerantes ao glúten. 

UMA CARTA ENVIADA AOS BISPOS CATÓLICOS
ESTÁ A GERAR POLÉMICA NAS REDES SOCIAIS
SEM QUALQUER FUNDAMENTO

O «GATO FEDORENTO» RICARDO ARAÚJO PEREIRA
TAMBÉM ESCOLHEU O TEMA PARA GRACEJAR.
MAS NADA MUDOU.

AS PESSOAS COM INTOLERÂNCIA TÊM ALTERNATIVAS.

O Vaticano enviou uma carta aos bispos católicos do mundo para clarificar que elementos é que podem ou não ser usados no pão e no vinho consagrados durante a missa.

Entre outras coisas, a carta explica que não é permitido fabricar hóstias sem glúten, o que motivou uma série de artigos e de críticas nas redes sociais a indicar que o Vaticano tinha proibido as hóstias sem glúten, com prejuízo para católicos que sofram de intolerância a esta proteína, como os celíacos.

Contudo, a verdade é que nada mudou a este respeito. Há anos que a Igreja proíbe a utilização de farinha sem glúten para fabricar hóstias e há anos que existem hóstias especiais que são chamadas «sem glúten».

Há dois locais no mundo que têm licença especial do Vaticano para fabricar estas hóstias. Uma é em Portugal, no Minho, o Instituto Monsenhor Airosa.

«As que fazemos têm menos de dez partes por milhão. O glúten está numa quantidade tão diminuta que não prejudica a saúde dos celíacos, por um lado, por outro não retira integralmente as componentes do trigo»,explicava, já em Novembro de 2015, o director do instituto, Luís Gonzaga Dinis.

As paróquias onde existem casos de pessoas com doença celíaca podem usar estas hóstias sem qualquer problema, ou para toda a comunidade ou apenas para quem sofre desta condição.

A matéria usada para fabricar o pão e o vinho usados na Eucaristia são alvo de debate há séculos e a Igreja tem mantido que é necessário que o pão usado seja de trigo e que o vinho seja feito a partir de sumo de uva, sem quaisquer misturas.

Há também casos de sacerdotes que não podem ou não devem consumir álcool, a quem é permitido celebrar a Missa com uma solução que se chama mosto, que é sumo de uva fermentado apenas até ao ponto de se poder considerar vinho mas que tem uma quantidade de álcool de tal forma diminuta que não é intoxicante.

Historicamente ficou famosa uma discussão teológica sobre os «ritos chineses», envolvendo os missionários jesuítas na China, onde era muito difícil obter farinha de trigo e vinho de uva. Alguns missionários começaram a celebrar a Eucaristia com pão e vinho de arroz, mas Roma acabou por proibir a prática e essa tem sido a posição consistente desde então.

Podendo haver paróquias que não conhecem as regras e as excepções permitidas, e por isso procurando solucionar as situações recorrendo a soluções que não são permitidas, o Vaticano agora apenas recorda as regras já existentes.





Preocupações sobre a situação do mundo e da Igreja


Revista Catolicismo, 10 de Julho de 2017



«Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a fé. E eu vejo isso a estender-se também ao Brasil, porque a união entre Portugal e o Brasil é simplesmente muito estreita.»

O Emmo. cardeal Raymond Leo Burke nasceu no dia 30 de Junho de 1948 em Richland Center (Wisconsin, EUA) e cursou o seminário Holy Cross e a Catholic University of America em Washington. Completou os seus estudos de direito canónico na universidade Gregoriana de Roma em 1971. Ordenou-se sacerdote quatro anos depois. O Papa João Paulo II nomeou-o bispo de La Crosse em 1994 e arcebispo de St. Louis em 2003. Bento XVI elevou-o ao cardinalato em 2010. Durante cinco anos — até 2015 — ocupou o cargo de prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, sendo actualmente patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta. O insigne purpurado é uma voz proeminente nos ambientes conservadores, especialmente em assuntos atinentes à Igreja, à família e à situação norte-americana. Na sua recente visita ao Brasil, o cardeal Burke passou pelas capitais do Pará, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo para lançamento de seu livro O Amor Divino Encarnado – A Sagrada Eucaristia como Sacramento da Caridade [para a reportagem click aqui] —, obra que revela profunda devoção eucarística. Catolicismo obteve uma entrevista exclusiva por meio do nosso colaborador Dr. Mário Navarro da Costa, na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.


«Fiquei muito impressionado com o entusiasmo das pessoas.
Pude constatar que são fiéis católicos muito ardorosos,
desejosos de conhecer mais profundamente
a sua fé e também praticá-la.»
Catolicismo — Eminência, muito obrigado por conceder esta entrevista à revista Catolicismo. Poderia dizer aos nossos leitores se já conhecia o Brasil, qual o motivo desta visita a algumas cidades brasileiras e a sua impressão sobre o nosso País?

Cardeal Burke — Esta é a minha primeira visita ao Brasil e o propósito dela foi apresentar a tradução em português do meu livro sobre a Sagrada Eucaristia, O Amor Divino Encarnado – A Sagrada Eucaristia como Sacramento da Caridade. Então escolhemos as maiores quatro cidades nas quais o apresentaríamos. Sei que o País é muito grande e não poderia percorrê-lo todo, mas foi óptima esta primeira vinda aqui, ocasião em que percorri Belém, Brasília, Rio de Janeiro, e, finalmente, São Paulo. Fiquei muito impressionado com o entusiasmo das pessoas que vieram em grande número para a apresentação do livro. Ao falar com elas, pude constatar que são fiéis católicos muito ardorosos, desejosos de conhecer mais profundamente a sua fé e também praticá-la.


«Diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida rezei
especialmente pelo Brasil, porque estou convencido
da importância do País em relação
ao mundo inteiro, por causa de sua fé católica.»
Catolicismo — Neste ano em que comemoramos o 300.º do aniversário de Nossa Senhora Aparecida, soubemos que Vossa Eminência esteve no Santuário d’Ela.

Cardeal Burke — Sim, eu pensei: «Eu não poderia vir ao Brasil e não visitar Nossa Senhora Aparecida». Vindo do Rio de Janeiro para São Paulo, passei por Aparecida do Norte e, claro, o destaque da peregrinação foi rezar directamente diante da sua imagem. Rezei especialmente pelo Brasil, porque estou convencido da importância do País em relação ao mundo inteiro, por causa da sua fé católica. Além de rezar nessa intenção, pude celebrar a Santa Missa num altar consagrado pelo Papa João Paulo II nas intenções dos católicos brasileiros.


«Creio firmemente que os portugueses têm uma missão
muito importante a cumprir no mundo inteiro,
em proclamar e ensinar a Mensagem de Fátima.
E agora diria o mesmo em relação ao Brasil.»
Catolicismo — Nas suas viagens Vossa Eminência visita muitas paróquias e grupos católicos. Quais as preocupações gerais que habitualmente os fiéis lhe exprimem a respeito da situação do mundo e da Igreja?

Cardeal Burke — Os fiéis manifestam-se muito preocupados com a situação do mundo cada vez mais laico, com o cruel ataque a vidas humanas inocentes de nascituros indefesos através do aborto, a generalização da prática da eutanásia, e até a negação da liberdade da Igreja de prosseguir com integridade a sua missão. E, mais recentemente, esta enormidade denominada «teoria de género», pela qual as pessoas tão presunçosas pensam poder redefinir a nossa natureza sexual, que naturalmente se destina a juntar homem e mulher numa vida inteira de fiel união, à qual Deus concede o dom da vida humana. Com a introdução dessa terrível teoria, a nossa natureza sexual será reduzida a uma espécie de avenida de luxúria e de graves actos imorais.

Todos esses fiéis vêem isso, que constitui um escândalo para eles, fonte de profundas angústias, porque vêem os seus filhos e netos a crescer nesse mundo, causa de não pequenas preocupações, pois ficam sem saber se permanecerão fiéis a Nosso Senhor ou se vão cair nessa grande infelicidade da vida de pecado. Sobretudo nos nossos dias, em que tanta confusão penetra até na própria Igreja. Por exemplo, está a acontecer toda essa confusão sobre actos intrinsecamente maus quanto à possibilidade de se receber a Sagrada Comunhão sem se confessar, apesar de a pessoa se encontrar em pecado mortal.

Todas essas questões fundamentais estão a ser postas em dúvida e causam, é claro, grande angústia nas pessoas. Tenho viajado bastante, limito-me a apresentar o ensinamento básico da Igreja e as pessoas ficam gratas ao ouvi-lo. Eu digo-lhes sempre: «Nada tenho de novo a oferecer-lhes, o que tenho a oferecer-lhes é o que continua sempre novo, ou seja, as verdades da nossa Fé».


«Está-se a dar toda essa confusão sobre actos intrinsecamente maus
quanto à possibilidade de se receber a Sagrada Comunhão
sem se confessar, apesar de a pessoa continuar em pecado mortal.»
Catolicismo — A viagem de Vossa Eminência ao Brasil está-se a dar no centenário das aparições e da Mensagem de Fátima, das quais os brasileiros se sentem muito próximos — não somente pelos laços históricos e psicológicos que os unem a Portugal, mas também porque o nosso povo nutre grande devoção por Nossa Senhora. E agora também, devido ao milagre que permitiu a canonização dos bem-aventurados Francisco e Jacinta Marto, com a cura de um menino brasileiro. Vossa Eminência julga que as revelações de Fátima se referem somente ao século XX, ou elas têm actualidade para os católicos de hoje?

Cardeal Burke — Elas são absolutamente relevantes para os dias de hoje, porque estão no centro da luta fundamental à qual Nossa Senhora se refere na sua mensagem: luta da fé, luta da Igreja contra as forças do mal, contra as forças do secularismo, do ateísmo, do relativismo, que nada mais fizeram senão continuar ao longo das décadas — agora faz um século — das aparições. Por ocasião deste centenário, fui estudar de novo toda a história das aparições e da mensagem, e julgo-as mais oportunas do que nunca, julgo-as de grande importância. Sobretudo na presente crise na Igreja, em que parece haver uma confusão e uma divisão estabelecer-se, o apelo de Nossa Senhora é para mantermos a fé na sua integridade, rezar, em especial o Santo Rosário, amar e participar na santa Eucaristia, particularmente nos primeiros sábados do mês, para nos fortificarmos e permanecermos próximos de Nosso Senhor nestes tempos muito terríveis. Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a Fé. E eu vejo isso a estender-se também ao Brasil, porque a união entre Portugal e o Brasil é simplesmente muito estreita. Numa recente apresentação que fiz para o Rome Life Forum, eu disse crer firmemente que os portugueses, e especialmente os bispos portugueses, têm uma missão muito importante a cumprir no mundo inteiro, em proclamar e ensinar a Mensagem de Fátima. E agora diria o mesmo em relação ao Brasil.


«Julgo [as aparições de Fátima] mais oportunas do que nunca,
de grande importância — sobretudo na presente crise na Igreja,
 em que parece haver uma confusão e uma divisão a estabelecer-se.»
 
Catolicismo — Numa carta ao cardeal Carlo Cafarra, a irmã Lúcia afirmou: «A batalha final entre o Senhor e o reino do demónio será sobre o matrimónio e a família». E que é para não temer,«porque Nossa Senhora já esmagou a cabeça de demónio». Vossa Eminência confirma essa apreciação? Em caso positivo, a propósito de que assuntos a batalha é actualmente mais forte, e como os fiéis poderão ser bons soldados de Cristo?

Cardeal Burke — Eu acho que a luta continua a ser em grande parte a batalha pelo matrimónio e pela família. E julgo que a irmã Lúcia, ao escrever ao então padre Carlo Caffarra — agora cardeal —, ela disse para não perder a esperança. Mas não afirmou que a luta tinha acabado! Por outras palavras, sabemos que a vitória será o triunfo do Coração Imaculado de Nossa Senhora, o triunfo de Nosso Senhor, mas penso que ainda virão muitos sofrimentos. Por exemplo, a «teoria de género», que agora se está a tornar tão disseminada nos Estados Unidos. Eles impõem isso no currículo das escolas, de modo que as crianças de muito tenra idade estão a aprender que podem mudar o seu género. Essas coisas são simplesmente inimagináveis! Então eu penso que a batalha pelo matrimónio e pela família continua. Precisamos ter essa esperança que a irmã Lúcia nos encoraja a ter, mas ao mesmo tempo saber que há uma luta na qual nos sentimos engajados.


«Nossa Senhora também disse que Portugal jamais perderia a Fé.
E eu vejo isso a estender-se também ao Brasil,
 porque a união entre Portugal e o Brasil
é simplesmente muito estreita.»
Catolicismo — Vossa Eminência julga que no mundo actual é importante para os católicos a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Grignion de Montfort? Em caso afirmativo, por que razões?

Cardeal Burke — Tornamo-nos escravos de Nossa Senhora para sermos discípulos fiéis de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa Senhora pertenceu a Nosso Senhor completa e totalmente desde o primeiro instante da concepção. Foi preservada de toda mancha do pecado original. Concebeu Nosso Senhor sob a sombra do Espírito Santo e O trouxe ao mundo sob o seu Imaculado Coração. Foi a primeira e melhor discípula d’Ele. O coração d’Ela foi misticamente transpassado ao pé da cruz pela lança do soldado romano que feriu o Sagrado Coração de Jesus. E Nossa Senhora  ensina-nos a ser totalmente de Nosso Senhor. As suas últimas palavras registradas no Evangelho foram nas Bodas de Caná, quando Ela disse ao mordomo do vinho para fazer tudo o que Ele lhe mandasse. Assim, queremos ser completamente um só coração com a nossa bem-aventurada Mãe, ser escravos no melhor sentido da palavra, pois damos a Ela todo o nosso coração. Porque com Ela podemos dar todo o nosso coração ao Sagrado Coração de Jesus.


Entrevista publicada na revista «Catolicismo», n.º 799, Julho/2017