Nuno Serras Pereira
Eu não conheço o que
pensam as pessoas, que lêem este texto, de uma sociedade, de uma nação, cujas
forças policiais protegem e defendem os assassinos violentos daqueles que,
mansa e pacificamente, procuram evitar esse malfazer maligno. Mas sei, com toda
a segurança, que, como podem verificar lá para o meio desta filmagem, isso
sucede em Portugal. Perigosíssima esta vintena de gente que exige a presença de
cinco polícias para guardar o lugar onde, em média, se chacinam, numa grande carnagem,
25 pessoas, ainda miudinhas, por dia de trabalho.
Neste país
inacreditável o estado executa à morte sumária, através dos serviços de saúde
(!?) os inocentes de qualquer culpa, os concebidos - cruelmente impedidos de
nascer -, desde que a mãe infantofóbica, forçadamente ou não, o decida (como
escreveu lapidarmente Thereza Ameal: «São muitos os dramas por trás destas
decisões... (mas) São piores ainda os dramas depois destas decisões...»).
O mesmo estado
usurpando perversamente o poder que lhe foi concedido impõe totalitariamente,
violentando a consciência e a liberdade religiosa dos contribuintes, que todos
sejamos coagidos a pagar essa abortança malvada de pessoas, iguais a nós, mas
muito débeis ainda, eminentemente vulneráveis, e inteiramente indefesas; e
condenados também ao pagamento iníquo da contracepção, inclusive da abortiva.
Não lhe bastando, na sua sofreguidão sanguinária, com uma voracidade de Moloch,
seduz as mães com prémios vários – isenção de «taxas moderadoras», trinta dias
de férias com subsídio a que, no cúmulo da sua manha dissimulada, apelida de «licença de maternidade». Para o estado, essa coisa horrorosa de parir, ou dar
à luz, que pede a constituição de famílias estáveis, fundadas no matrimónio,
uno e indissolúvel, entre um homem e uma mulher, que garante o futuro de uma
nação, que é o fundamento de um desenvolvimento integral, na totalidade dos
factores constituintes da humanidade da pessoa deve ser combatida a todo o
custo com a contracepção, a esterilização, a promoção de juntamentos lascivos
entre pessoas do mesmo sexo, o divórcio expresso-sem-culpa, o filicídio sob a
forma de aborto e de infanticídio pós-parto. Temos, pois, que em Portugal, os
princípios e valores fundamentais estão tresloucadamente alterados devido a um
conjuntivo de gente invertidíssima, que goza de imenso prestígio, é incensada
pela grande comunicação social, e adulada por variegados sectores da hierarquia
da Igreja católica.
Oitenta mil pessoas,
iguais a ti e a mim, dotadas do mesmo valor e da mesma dignidade transcendente
daqueles que, cobarde e atrozmente, servindo-se da sua maior força, os
envenenaram e esquartejaram, foram desumanamente eliminados, perante a
indiferença fria da generalidade dos portugueses e o silêncio, ou as curtas
palavras inócuas, dos prelados. Todos, sem excepção, mas ainda mais estes
últimos terão de responder diante de Deus, Justo Juiz, nos dias tremendos dos
juízos, particular e universal.
Agora, agora mesmo,
é o tempo da misericórdia e da conversão, depois será tarde. Agora, e não
depois, é o tempo de fazermos penitência pública implorando o perdão de Deus
para a enormidade do nosso pecado, como povo e como católicos e cristãos,
manifestando o nosso arrependimento, desagravando e reparando as ofensas e
injúrias feitas ao Coração Misericordioso de Jesus Cristo e ao Coração Maternal
e Imaculado da sempre Virgem, Mãe de Deus e também nossa.