sábado, 9 de março de 2013

Veja-se como está fiel à doutrina da Igreja
a Diocese do Porto...
e como está «bem controlada» pela
tutela eclesiástica
a Ecclesia, agência noticiosa da Igreja
portuguesa...


A Agência Ecclesia reproduz alegremente um artigo do cónego Rui Osório, publicado no jornal da Diocese do Porto Voz Portucalense.

Para que seja devidamente apreciado pelos nossos leitores, aqui reproduzimos essa peça relativista a desculpabilizar as ideologias maçónica e modernista, além de mentir acerca da doutrina da Igreja sobre as matérias em questão.

Aqui fica o registo para quem de direito (canónico) e a interrogação para os católicos.


Igreja prefere diálogo em vez do preconceito

«É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito», dizia Albert Einstein.

Temos um passado negativo de suspeitas e de anátemas que, se não nega o diálogo, polui o ambiente da convivência com as diferenças dos outros. O preconceito é muito mau conselheiro.

Entre os eventuais ou reais «inimigos», contam-se os judeus, desde a acusação, consciente ou inconsciente, de o julgarmos «deicidas», o que, ainda recentemente se traduzia na liturgia da Igreja Católica, na Semana Santa, quando se rezava pelos judeus «pérfidos».

Noutro quadrante, também se lançava o labéu sobre maçons, com acusações fáceis e, se calhar primárias, sobre os seus propósitos, tão suspeitos como a clandestinidade a que se dedicavam ou de que eram acusados.

Mais modernamente, a censura, escondida ou às claras, aos modernistas, quem quer que eles sejam, e tantos julgados inocentemente, duvidosos, como se presumia, das suas perigosas teorias.

Há dias, o responsável máximo da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX), Bernard Fellay, movimento tradicionalista fundado pelo falecido arcebispo Marcel Lefèbvre, declarou maçons, modernistas e judeus como «inimigos da Igreja».

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, sentiu-se na obrigação de dizer que existe uma «tradição do magistério de dezenas de anos dos papas e da Igreja, unida ao seu compromisso com o diálogo inter-religioso», que demonstra que, «de maneira alguma, é possível falar dos judeus como «inimigos da Igreja»». Destacou a «grande importância atribuída ao diálogo com os judeus» nas últimas décadas, em particular com a publicação do documento «Nostra Aetate», do Concílio Vaticano II.

A obsessão crítica dos discípulos de D. Marcel Lefèbvre e as suas discordâncias que os afastam da plena adesão à Igreja Católica não impedem que a Santa Sé aguarde uma resposta positiva da FSSPXA à proposta de criação de uma prelatura pessoal que permitiria o seu efetivo reconhecimento canónico.

As feridas ainda estão longe da cicatrização. Entre as questões que separam as duas partes, como se sabe, destaque para a aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos papas em matérias como as celebrações litúrgicas, o ecumenismo ou a liberdade religiosa.

O Concílio Vaticano II preferiu o diálogo aos anátemas. Nada disso supõe claudicação no rigor e no vigor doutrinal, mas vontade sincera de ir ao encontro dos outros. Não tivesse a Igreja, por sua natureza missionária, a pedagogia de oferecer a mensagem evangélica aberta à aculturação na diversidade dos povos e das culturas e trairia a missão que Jesus Cristo lhe confiou.

Os preconceitos afastam e dividem. São uma mistela cultural que converte a fé mais numa ideologia do que em libertadora mensagem evangélica.

Título original do artigo: «Força e fraqueza dos preconceitos»

Cón. Rui Osório

In Voz Portucalense, 16.1.2013
16.01.13



Livro digital sobre o Papa Bento XVI

«Dia Internacional da Mulher»...

Heduíno Gomes

Dizia um artigo de uma agência de informação católica estrangeira: «Dia Internacional da Mulher é distorcido para promover o aborto».

Ora está aqui um grande erro: o «Dia Internacional da Mulher» existe precisamente para promover o aborto e distorções da sexualidade e do papel da mulher. Não precisa de ser distorcido...

O «Dia Internacional da Mulher» foi inventado pela feminista comunista Clara Zetkin, que pregava o«amor livre» (ao que o próprio Lenin se opôs), e foi promovido intensamente pela Internacional Comunista a partir de 1919. Esta manifestação da cultura e política comunistas passou para a ONU e para a própria Igreja. O que é lamentável.

Teremos de ir a reboque da cultura dominante ou criar a nossa própria cultura?

É claro que não se trata da Agência Ecclesia, esta portuguesa. Esta agência não faz o mínimo reparo a qualquer «distorção». Simplesmente embandeira em arco com a dita cultura anticristã. Tal como a Pastoral da Cultura do Padre Tolentino.



quinta-feira, 7 de março de 2013

Pinhal, os indignados e eu

V. Figueira

Diz-se que Maria Antonieta, perante o povo de Paris que reclamava não ter pão, lhes recomendou que comessem brioches. A história não é bem assim, mas é ilustrativa de como a falta de consciência social pode levar à revolta do povo e à decapitação de alguns.

Sinceramente esta história ocorre-me a propósito da indignação do ex-presidente do BCP Filipe Pinhal e do movimento que lidera, os reformados indignados. Pinhal terá motivos para se indignar? Sem dúvida! Parece que a sua reforma de 70 mil euros ficou em 14 mil euros, sendo o resto «comido» pelo Estado. Pode o dr. Pinhal fazer da sua indignação uma bandeira e um movimento? Não! Porque essa é a demonstração da maior insensibilidade social. É ridiculamente absurdo.

Posso falar por mim. Ganho hoje menos do que há 20 anos, não estou reformado e trabalho talvez mais. Porque os impostos me atacaram, porque abdiquei de parte do meu salário, e porque a vida me trouxe até aqui. Isso cria-me problemas? Naturalmente. Cada um tem a sua vida mais ou menos organizada para o que ganha e é expectável ganhar. Posso indignar-me? É ridículo! Ganho mais que a larga maioria das pessoas, sou um privilegiado. E no fim disto, tomara eu ganhar metade dos 14 mil euros de que o dr Pinhal se queixa agora.

Estou muito longe de defender que o trabalho tem todo o mesmo valor ou de que todos deviam receber o mesmo. Mas estou também muito longe de achar que, em momentos de enorme crise, o esforço não deve ser – mais do que proporcional – exigido sobretudo aos que mais podem. E como última nota biográfica, direi que sou daqueles que nunca foi em cantigas de facilidade, pelo que não tenho uma única dívida a um banco.

Se politicamente posso responsabilizar muita gente pelo que me aconteceu, a mim e a tantos outros, sentir-me-ia mal por actuar apenas e no momento em que as consequências de décadas me chegam ao bolso! E é isso que este senhor e outros fazem. Foram patrões, líderes, altos quadros para ganhar dinheiro e viver à grande. São ratos quando chega a tempestade, não só não resistem como pensam nada ter a ver com o nosso passado colectivo.

O dr. Pinhal (e todos os magistrados, generais e quadros superiores que o acompanham numa acção indignada pela defesa de direitos adquiridos) é igual a um maquinista da CP, mas em versão rica! Daqueles que pensa que a política não é uma arte de compromisso entre a sociedade, mas uma dádiva da sociedade ao que cada um pensa ser o seu valor. Ou seja, que a política tem de estar ao serviço da prevalência do eu. Que o indivíduo, perante uma catástrofe, não pode perder direitos, nem regalias. Que mesmo olhando à volta e vendo legiões de desempregados, de famílias a perder as casas, de miseráveis sem comida, é incapaz de abdicar do muito que tem. É outro Jardim Gonçalves! E dizem-se católicos!

Quando estes senhores viviam à sombra do Estado e das offshores, indignei-me eu muitas vezes. Mas nunca lhes cobicei, nem cobiço a riqueza. Prefiro as noites tranquilas e a liberdade de lhes dizer na cara que são dos piores exemplos que uma sociedade que quer ser justa pode ter. Tenham vergonha (ou se preferirem uma expressão mais elegante, porque em inglês, shame on you)!



quarta-feira, 6 de março de 2013

Interessante sequência de notícias

(da net)

Caros Amigos,

Ontem ouvi que a filha do Presidente de Angola era a primeira mulher milionária africana (mil milhões de dólares)...

Hoje ouvi a UNICEF dizer que precisa de... 4 milhões de dólares para ajudar as crianças angolanas sub-nutridas.

Achei interessante esta sequência de notícias.



terça-feira, 5 de março de 2013

Bento XVI:
na contramão de um catolicismo
que prefere o poder ao serviço

D. Walmor Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte
Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
03.03.13
Com reverência e grande apreço, estamos agradecidos pelo pontificado de Bento XVI que, como sucessor do apóstolo Pedro, ajudou a Igreja, em tempos de aceleradas mudanças e enormes desafios humanitários, a cumprir a sua tarefa missionária: anunciar o Evangelho da vida, para fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus Cristo.

O agradecimento reverente projecta luzes sobre um ministério exercido com extrema lealdade, humildade edificante, cultivado a partir de uma sabedoria temperada, admirável envergadura intelectual aliada a uma espiritualidade reveladora de uma profunda intimidade com Deus. Estas qualidades de Bento XVI, para além das vicissitudes humanas enfrentadas nas instituições, produzindo desafios relacionais e existenciais, traçaram para a Igreja horizontes que a capacitaram ainda mais no enfrentamento das questões fundamentais da fé no seu diálogo imprescindível com a razão.

Um caminho exigente, na contramão de uma religiosidade entendida e vivida como mágica milagreira ou como lugar da conquista e de exercícios inadequados do poder que seduz, desfigura e distancia-se da condição de todos como servos da vinha do Senhor. Há-de-se recordar que Bento XVI, em 2005, dirigindo-se pela primeira vez à multidão presente na Praça de São Pedro, delineia a consciência clara do seu entendimento sobre a sua pessoa e sobre o seu ministério iniciante como sucessor de Pedro. Ele apresenta-se – como não podia deixar de ser a apresentação dos discípulos de Jesus, sejam quais forem as circunstâncias, cargos, ofícios e responsabilidades – como simples servo da vinha do Senhor, chamado naquele momento ao exigente serviço como Papa.

Esse simples servo, com envergadura moral, intelectual e espiritual de gigante na fé, dialogou com o seu Deus, com confiança amorosa, para decidir, por iluminação própria da fé e da inteligência, que era um bem maior concluir a sua tarefa no ministério petrino. A sua renúncia causou, naturalmente, comoção e reacções de grande surpresa. Ninguém destes tempos vivera uma situação semelhante. O inusitado da renúncia de um Papa, na realidade dos tempos actuais, considerando-se os enormes desafios vividos pela Igreja Católica, no enfrentamento de questões espinhosas, como a chaga da pedofilia, ou no diálogo com o mundo, quando se pensa a secularização e o relativismo ético, projectou um oceano de conjecturas e suposições.

No turbilhão de hipóteses e análises, muitas delas inadequadas, maliciosas e até perversas, uma luz de razão e humanismo focaliza a dimensão da fé. A renúncia do Papa Bento XVI desenha no horizonte da Igreja e também da sociedade contemporânea a mais genuína e indispensável lição do Evangelho. A sua renúncia assenta, antes de tudo, na confiança no seu Mestre e Senhor e na mais qualificada conquista espiritual de simplicidade e humildade. Estas virtudes geram a coragem do desapego, a alegria da liberdade e a consciência lúcida do seu lugar, agora como orante no acompanhamento e sustento da Igreja na sua missão.

Houve quem tivesse avançado a hipótese de uma «descida da cruz». Bento XVI, sabiamente e de modo sereno, ajusta a possível incompreensão, ponderando que não desceu da cruz, mas está aos pés do crucificado. Sublinha a sua condição de discípulo e servo, jamais de Senhor e Salvador. A lição é desconcertante e interpelante. Não simplesmente porque é inusitado um Papa renunciar, mas, sobretudo, porque remete ao mais genuíno sentido de humildade e desapego para ajudar a humanidade e, particularmente, a Igreja no exercício mais essencial do seu peregrinar, aquele de fixar mais, acima de tudo, o seu olhar em Jesus, o Salvador.

Este é o ensinamento que Bento XVI nos oferece como testemunho de fé, de sábia localização da condição humana nas mãos e no coração de Deus. Uma lição simples e profunda. Deus fez de Bento XVI um instrumento para indicar ao mundo contemporâneo e à sua Igreja que o terror da falta de sentido, os absurdos das lutas pelo poder, a desqualificação humana produzida pela maledicência e pelas arbitrariedades só têm cura quando se elege este lugar de simples servo da vinha para viver e para ser. Esta lição, aprendida e vivida, dará rumo novo à sociedade e à Igreja. Estamos agradecidos, Bento XVI.