A Agência Ecclesia
reproduz alegremente um artigo do cónego Rui Osório, publicado no jornal da
Diocese do Porto Voz Portucalense.
Para que seja
devidamente apreciado pelos nossos leitores, aqui reproduzimos essa peça
relativista a desculpabilizar as ideologias maçónica e modernista, além de
mentir acerca da doutrina da Igreja sobre as matérias em questão.
Aqui fica o
registo para quem de direito (canónico) e a interrogação para os católicos.
Igreja
prefere diálogo em vez do preconceito
«É
mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito», dizia Albert Einstein.
Temos
um passado negativo de suspeitas e de anátemas que, se não nega o diálogo, polui o ambiente da convivência com as diferenças dos outros. O preconceito é muito mau conselheiro.
Entre
os eventuais ou reais «inimigos», contam-se os judeus, desde a acusação,
consciente ou inconsciente, de o julgarmos «deicidas», o que, ainda
recentemente se traduzia na liturgia da Igreja Católica, na Semana Santa,
quando se rezava pelos judeus «pérfidos».
Noutro
quadrante, também se lançava o labéu sobre maçons,
com acusações fáceis e, se calhar primárias, sobre os seus propósitos, tão
suspeitos como a clandestinidade a que se dedicavam ou de que eram acusados.
Mais
modernamente, a censura, escondida ou às claras, aos modernistas, quem quer que eles sejam, e tantos julgados
inocentemente, duvidosos, como se presumia,
das suas perigosas teorias.
Há
dias, o responsável máximo da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX),
Bernard Fellay, movimento tradicionalista fundado pelo falecido arcebispo
Marcel Lefèbvre, declarou maçons, modernistas e judeus como «inimigos da Igreja».
O
diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, sentiu-se na obrigação de dizer que existe uma
«tradição do magistério de dezenas de anos dos papas e da Igreja, unida ao seu
compromisso com o diálogo inter-religioso», que demonstra que, «de maneira
alguma, é possível falar dos judeus como «inimigos da Igreja»». Destacou a
«grande importância atribuída ao diálogo com os judeus» nas últimas décadas, em
particular com a publicação do documento «Nostra Aetate», do Concílio Vaticano II.
A
obsessão crítica dos discípulos de D. Marcel Lefèbvre e as suas discordâncias
que os afastam da plena adesão à Igreja Católica não impedem que a Santa Sé
aguarde uma resposta positiva da FSSPXA à proposta de criação de uma prelatura
pessoal que permitiria o seu efetivo reconhecimento canónico.
As
feridas ainda estão longe da cicatrização. Entre as questões que separam as
duas partes, como se sabe, destaque para a aceitação do Concílio Vaticano II e
do magistério pós-conciliar dos papas em matérias como as celebrações
litúrgicas, o ecumenismo ou a liberdade religiosa.
O
Concílio Vaticano II preferiu o diálogo aos anátemas.
Nada disso supõe claudicação no rigor e no vigor doutrinal, mas vontade sincera
de ir ao encontro dos outros. Não tivesse a Igreja, por sua natureza
missionária, a pedagogia de oferecer a mensagem evangélica aberta à aculturação
na diversidade dos povos e das culturas e trairia a missão que Jesus Cristo lhe
confiou.
Os preconceitos afastam e dividem. São uma mistela
cultural que converte a fé mais numa ideologia
do que em libertadora mensagem evangélica.
Título original do artigo: «Força e fraqueza
dos preconceitos»
Cón.
Rui Osório
In Voz Portucalense, 16.1.2013
16.01.13