Padre Nuno Serras
Pereira
O ar eclesial está
pestilento. O fedor asqueroso de episcopais putrefactos cadáveres ambulantes
corrompe o tecido eclesial, particularmente os pequenos, os fracos,
infeccionados por quem os devia cuidar salutarmente (ver por ex: conferência
episcopal alemã – em francês, espanhol, italiano e inglês;
e conferência
episcopal suíça).
Infelizmente, é preciso dizê-lo com toda a
clareza: a Igreja parece estar de pantanas, sem rei nem roque.
A anarquia e a irresponsabilidade galopeiam impetuosamente, sem freio,
espumando um ignóbil sentimentalismo ternurentamente irracional que acomete as
consciências e as mentalidades.
O paciente, perseverante e gigantesco labor de
S. João Paulo II, consolidado por Bento XVI, de reconstrucção da Igreja, que
ameaçava ruína, está sendo posto em causa, minado, carcomido.
Doutrinas reveladas pela Sagrada Escritura e
pela Tradição da Igreja, algumas estabelecidas pelos Concílios de Florença e de
Trento são apresentadas por grande parte das mais altas autoridades
eclesiáticas como se fossem questões disputadas, e estrategicamente contestadas
e propagandeadas pela Inter-rede, por grandes órgãos de comunicação social,
inclusive da Igreja, controlados pelos habituais multi-milionários, conjurados
em eliminar o Catolicismo. A mentira é atroz. A sedução é diabólica. A
anti-Palavra, a anti-Verdade, são promovidas pelos piores inimigos da Igreja,
que lhe são internos, lobos vorazes que cheiram a ovelhas. O Maligno exulta de
contentamentos demoníacos. Satanás preside a uma lúgubre festa no Inferno.
Padre Nuno Serras Pereira
1. «Enquanto
centenas de milhares de cristãos vivem todos os dias com o medo no corpo,
alguns querem evitar que os divorciados recasados sofram, porque se sentiriam
discriminados por serem excluídos da comunhão sacramental.»
2. «Os
homens que edificam e estruturam estratégias para matar a Deus, demolir a
doutrina e o ensinamento seculares da Igreja serão eles mesmos devorados,
precipitados pela sua vitória na Geena eterna (Inferno).»
Em Dieu
ou rien. Entretien sur la foi (Fayard, 2015)
Anthony Esolen
Os
actuais defensores da Revolução Sexual – esse grande pântano de esgoto, miséria
humana, famílias disfuncionais, entretenimento decadente e advogados – garantem
que a ruptura antropológica mais radical que a humanidade alguma vez conheceu,
a desvinculação entre o casamento, a procriação e os simples factos da vida,
não terá qualquer efeito (nenhum, não se preocupem) sobre o casamento, a
procriação, a família e a vida comunitária.
Ao que
eu respondo: «Não foi isso que disseram das outras vezes?» Precisamente qual
das previsões dos revolucionários sexuais é que se confirmou?
Disseram-nos
que a liberalização das leis de divórcio não teria qualquer efeito, nenhum, não
se preocupem, sobre as taxas de divórcio. A nova lei apenas tornaria o divórcio
menos doloroso para o casal e, por isso, menos doloroso para os filhos. Porque
aparentemente existem «bons» divórcios.
Através
de uma demonstração milagrosa de simpatia e maturidade fora do alcance da sua
idade, as crianças ficariam felizes por ver os seus pais felizes. Aliás, de
outra forma a sua felicidade não seria possível. Ninguém se deu ao trabalho de
perguntar como é que os pais poderiam ser felizes perante a infelicidade dos
seus filhos. Mas os revolucionários enganaram-se em relação a isso. Ou então
estavam a mentir, das duas, uma.
Disseram-nos
que toda a gente fazia «aquilo», sendo que «aquilo» se tornou gradualmente mais
imoral e antinatural, e basearam as suas afirmações em investigação levada a
cabo pelo pedófilo e fraude Alfred Kinsey. Ver com bons olhos a fornicação,
disseram, não mudava nada, apenas libertava as pessoas da censura e
permitia-lhes fazer aberta e honestamente aquilo que até então tinham feito
desonestamente e em segredo.
Em
apenas uma geração a relação entre os sexos transformou-se completamente até
que as raparigas e os rapazes que queriam praticar a normal virtude da
prudência, e até a mais difícil virtude da castidade, se viram isolados e sós.
Antigamente o coração de um rapaz entraria em sobressalto se a rapariga lhe
desse um beijo. Agora, mal consegue fingir um bocado de afecto se ela não o
levar ao clímax. Também aqui os revolucionários se enganaram. Ou então estavam
a mentir.
Disseram-nos
que a pornografia era um passatempo inocente para uma minoria que gostava. Não
tinha nada a ver com violência, não seria prejudicial para a cultura. Seria
possível proteger os nossos filhos dela. Não teria qualquer efeito, nenhum, não
se preocupem. Vale a pena sequer comentar esta? Enganaram-se, ou então estavam
a mentir.
Disseram-nos
que com a pílula ia haver menos crianças concebidas fora do casamento, e que a
liberalização das leis do aborto não afectaria, de todo, não se preocupem, o
número de mulheres que o procuram. O Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, previu o
contrário. Actualmente 40% das crianças na América nascem fora de casamentos, a
maior parte cresce sem um lar estável. Segundo o próprio Supremo Tribunal, o
aborto tornou-se uma parte tão intrínseca da vida de uma mulher, como uma
protecção de último recurso contra fazer um filho quando se faz a coisa que faz
filhos, que não pode ser limitado. Mais uma vez, os revolucionários
enganaram-se, ou estavam a mentir.
Talvez
deva dizer que estavam a mentir outra vez, porque as provas que levaram até ao
tribunal tinham sido sempre um monte de mentiras.
Disseram-nos
que o facto de pequenas crianças serem introduzidas ao prazer sexual por
pessoas queridas e mais velhas não tinha grande mal, a não ser que os pais
reagissem de forma exagerada. Durante algum tempo tiveram de se esquecer que o
tinham dito, mas agora que a Igreja Católica pôs a casa em ordem outra vez
estão a esquecer-se de que se tinham esquecido e começam a cantar novamente a
mesma melodia: não tem qualquer mal, nenhum, não se preocupem. Estavam, e
estão, enganados, ou estavam e estão a mentir.
|
Não se
preocupem |
Disseram-nos
que as leis de igualdade de género não resultariam em consequências absurdas,
como o envio de mulheres para as frentes de combate, casas de banho unissexo e
a normalização da homossexualidade. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se
preocupem. Enganaram-se, ou estavam a mentir.
Em que
é que acertaram? Alguma vez as relações entre homens e mulheres estiveram mais
marcadas pela suspeita, raiva e vergonha? De acordo com os seus próprios
testemunhos, as nossas faculdades são agora selvas incontroláveis de assédio e
violação. Não era assim antes de os revolucionários meterem mãos à obra.
Disseram-nos
que o aborto não conduziria à eutanásia. Agora dizem ainda bem que o aborto
conduziu à eutanásia mas dizem que a eutanásia, a morte medicamente assistida,
não levará à matança de idosos sem o seu consentimento. Mas por acaso isso já
aconteceu. Todos os dias há idosos a serem sujeitos a asfixia lenta e
supostamente indolor, em todos os hospitais do país. Não terá qualquer efeito, nenhum, não se preocupem.
Disseram-nos
que o alargamento da noção (não a realidade, que é impossível, mas a pretensão)
de casamento a pessoas do mesmo sexo não teria qualquer efeito, nenhum, sobre
qualquer outra coisa no país. Não afectará o que os nossos filhos aprendem na
escola, não afectará o número de jovens a experimentarem coisas antinaturais,
não afectará a liberdade religiosa, não afectará a liberdade de expressão.
Não
poderia ter qualquer efeito sobre essas coisas porque, garantiram-nos, o
comportamento em questão é perfeitamente natural, levado a cabo por pessoas
perfeitamente saudáveis. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem,
agora concordem ou sejam destruídos.
Alguma
vez as previsões desta gente se confirmaram? Porque é que havemos de confiar
neles agora?
Serge
Abad-Gallardo foi membro da maçonaria durante mais de 25 anos, chegou a ser
mestre de 14.º grau. Depois de uma peregrinação ao Santuário de Lourdes tudo
mudou e começou o seu caminho de conversão, que logo o levou a escrever um
livro. Na entrevista ao grupo ACI explica também a relação que existe entre o
demónio e a maçonaria.
«Fiz parte da maçonaria e pensei que tinha
que escrevê-lo primeiro para compreender mais e depois contar às pessoas. Qualquer
pessoa tem a liberdade para fazer o que quiser, mas na maçonaria não se fala
francamente», relata o autor do livro «Por que deixei de ser maçom»,
editado apenas em espanhol.
«Através do meu livro quero demonstrar que o
catolicismo e a maçonaria não podem ser praticados juntos», explica o
ex-maçom.
Serge
é arquitecto e entrou na loja maçónica através um amigo, tentando encontrar aí
as respostas às perguntas mais profundas do homem.
«Eu não pensava deixar a maçonaria. Tive
alguns problemas sérios na minha vida e interrogava-me qual a resposta que a
maçonaria me poderia dar a esses problemas, porém não encontrei nenhuma
resposta. Entretanto no caminho com Cristo sim encontrei-a», afirmou.
Abad-Gallardo contou que o caminho para deixar a maçonaria foi difícil: «durante um ano ou ano e meio estava
convencido que tinha encontrado a fé e não sabia se deveria permanecer na
maçonaria, aí podia falar aos maçons sobre o Evangelho. Mas conversando com um
sacerdote, ele explicou-me que não adianta tentar falar-lhes na Palavra de
Deus, porque eles não estavam dispostos a escutar».
Após
os repetidos comentários anticlericais de vários altos graus da maçonaria,
Serge não podia ficar calado e defendia a Igreja. Além das críticas à Igreja e
ao Papa descobriu que no ritual do início do ano maçónico «dava-se glória a
Lúcifer». «Eles não dizem que se trata do diabo, mas usam a etimologia da
palavra e dizem que é ‘o portador de luz’», explica o espanhol ao grupo ACI.
Algo
parecido também ocorreu quando viu que entre os altos graus da maçonaria
elogiam a serpente do livro do Génesis, a mesma que tentou a Adão e Eva
cometerem o pecado original. «Dizem que a
serpente trouxe a luz e o conhecimento que Deus não queria conceder ao homem.
Isto é uma perversão muito grave», declara.
Conforme
afirma Serge: «entre a maçonaria e o demónio há uma relação, mas não é tão directa».
A maioria dos maçons não percebem a influência do demónio nos rituais maçónicos.
Eles pensam, com a melhor das intenções, que estão trabalhando pela «felicidade
da humanidade» ou pelo «progresso da humanidade», isto é, «não existe um culto
abertamente ao diabo, mas elogiam com palavras e devemos perceber, o quanto é
perigoso para um católico estar dentro de uma sociedade assim».
O
ex-maçom relata: «embora poucos maçons
saibam claramente da relação que a maçonaria tem com o demónio, cumprem estes
ritos sabendo perfeitamente o que estão fazendo. Mas, segundo a minha
experiência, a maioria deles não percebem», «não devemos esquecer que o demónio é o 'pai da mentira'».
Conforme
explica, esta relação indireta com o demónio manifesta-se de muitas maneiras,
mas todas confluem em afastar as pessoas que entram na maçonaria da fé e
especialmente da igreja Católica. «A
maçonaria tenta convencer que a fé e a Igreja são superstições e obscurantismo»,
recordou Serge.
Nesse
sentido Serge Abad-Gallardo também explica: «o ritual maçónico influi na mente, no subconsciente e na alma das
pessoas. O maçom olha para os símbolos e os rituais maçónicos como se fossem
verdades profundas e esotéricas».
Apesar
de que «na maçonaria não existam ritos directamente satânicos, estas cerimónias
constituem uma porta de entrada para o demónio».
Uma
das palavras secretas e sagradas dos mestres maçons, conforme explica Serge, é «Tubalcaïn»,
traduzida como «descendente directo de Caim». «Já sabemos o que Caim fez. Foi inspirado pelo demónio a matar o seu
irmão por ciúmes e é o modelo para os mestres maçons», afirma Serge.
«Os
rituais não mudaram, só tiveram pequenas mudanças. De facto, nos altos graus, é
onde se encontra as referências mais esotéricas e ocultas, por volta do ano
1800, 70 anos depois de nascer a maçonaria em 1717».
Nessa
relação entre a maçonaria e o satanismo, Serge indica ao grupo ACI: «a maioria dos maçons estão iludidos por
palavras altruístas e mentirosas e por isso não percebem a relação entre ambas».
De facto,
explica que numa das tábuas maçónicas, isto é, um trabalho escrito e
apresentado por um maçom, é explicado que «quem fundou o satanismo moderno foi
o americano Anton Szantor Lavey, um irmão (maçom) que fundou em 1966 a igreja
de Satanás que actualmente é a principal organização satânica e de modelo para
as demais».
«A maçonaria afasta-se de Cristo. Porque
embora se fale sobre Jesus Cristo no 18.º grau dos altos graus maçónicos, não tem
nada a ver com o Jesus Cristo da igreja Católica, pois mencionam-o como um
sábio ou um filósofo qualquer», insiste.
«Existem maçons que vão ainda mais longe
nesta blasfémia, pois excluem a divindade a Cristo e dizem que ele foi o
primeiro maçom, um homem iniciado. Explicam que José e Jesus foram
carpinteiros. E que a palavra 'carpinteiro' é a etimologia da palavra 'arquitecto'
e todos os maçons, especialmente nos altos graus são grandes arquitectos»,
afirmou Serge.
Fazendo
menção ao tema: «na maçonaria acreditam
no 'grande arquitecto do universo', querem que acreditemos que este é o mesmo
Deus do catolicismo, mas não é verdade. Às vezes conseguem enganar os católicos
dizendo que ser maçom e ser católico é compatível por esta referência a Cristo».
Há
dois anos Serge saiu da maçonaria, mas afirma que o controle que esta
organização tem sobre a sociedade francesa é crescente. «No meu primeiro trabalho o prefeito era maçom, mas ninguém sabia, o
director do seu gabinete, o encarregado do urbanismo e eu também éramos maçons
e mais dois arquitectos da prefeitura onde trabalhava», recorda.
«Quando tentaram aprovar a última lei sobre a
eutanásia, há um parágrafo que faz menção à ‘sedação profunda’ que é a mesma
expressão que aparece numa tábua maçónica de 2004, onde mencionam este tema.
Quer dizer, que as leis actuais em França estão sendo feitas nas lojas maçónicas,
dez ou quinze anos antes de serem votadas», conta ao grupo ACI.
Nesse
sentido afirma que «na maçonaria não
existe fraternidade, nem amizade, porque tudo são redes. Todos ambicionam o
poder político, social e económico».
A propósito do unanimismo envolvendo Francisco, num interessante artigo
intitulado Eu Não Gosto Deste Papa!, o padre Nuno Serras
Pereira escreve sobre a autoridade papal e a legitimidade de discordância dos
católicos com o Papa. A referida unanimidade de apoio a Francisco vem dos mais
variados sectores, incluindo dos tradicionalmente inimigos da Igreja e do
pensamento cristão, como são os casos dos liberais, da maçonaria e até da
esquerda marxista, encontrando-se fora ou dentro da própria Igreja.
Reproduzimos aqui algumas passagens do artigo, aquelas que equacionam a
atitude dos católicos sobre a autoridade papal.
«Perante
um aparente unanimismo, veiculado por grandes órgãos de comunicação social
inimigos de Cristo e da Sua Igreja, de simpatia pelo Papa Francisco, por vezes
ouvimos ou lemos as palavras que dão título a este texto: eu não gosto deste
Papa!
«Não sei se escandalizarei alguém mas a verdade é que é praticamente
irrelevante os gostos ou desgosto com qualquer Papa. Mais, é inteiramente
legítimo e, por vezes, obrigatório (previsto no Direito Canónico e confirmado
ao longo dos séculos pela vida de muitos Santos), manifestar discordância com
decisões governativas ou disciplinares de um Papa; e, por vezes, com
imprecisões doutrinais que o mesmo possa exprimir em situações que não
comprometem a sua autoridade Magisterial – isso, por estranho que pareça a
alguns, é um acto de amor para com o Sumo Pontífice. Pode mesmo acontecer que
uma sentença de excomunhão decidida por um Papa seja injusta e, por isso, nula
como aconteceu, por exemplo, com o dominicano Savonarola, que virtuosamente se
negou a aceitá-la, acabando por ser morto cruelmente numa fogueira; mais tarde
o Papa Alexandre VI, autor da mesma, reconheceu o seu erro. Nos dias de hoje
admite-se a sua canonização, de Savonarola, que não daquele Papa.
«Todo
o católico é livre de gostar ou não de qualquer Papa: a Fé e a Santidade não se
medem pela sensibilidade. (...)
»