sábado, 9 de maio de 2015


Putrefactos cadáveres ambulantes


Padre Nuno Serras Pereira

O ar eclesial está pestilento. O fedor asqueroso de episcopais putrefactos cadáveres ambulantes corrompe o tecido eclesial, particularmente os pequenos, os fracos, infeccionados por quem os devia cuidar salutarmente (ver por ex: conferência episcopal alemã – em francêsespanhol, italiano inglês; e conferência episcopal suíça).

Infelizmente, é preciso dizê-lo com toda a clareza: a Igreja parece estar de pantanas, sem rei nem roque. A anarquia e a irresponsabilidade galopeiam impetuosamente, sem freio, espumando um ignóbil sentimentalismo ternurentamente irracional que acomete as consciências e as mentalidades.

O paciente, perseverante e gigantesco labor de S. João Paulo II, consolidado por Bento XVI, de reconstrucção da Igreja, que ameaçava ruína, está sendo posto em causa, minado, carcomido.

Doutrinas reveladas pela Sagrada Escritura e pela Tradição da Igreja, algumas estabelecidas pelos Concílios de Florença e de Trento são apresentadas por grande parte das mais altas autoridades eclesiáticas como se fossem questões disputadas, e estrategicamente contestadas e propagandeadas pela Inter-rede, por grandes órgãos de comunicação social, inclusive da Igreja, controlados pelos habituais multi-milionários, conjurados em eliminar o Catolicismo. A mentira é atroz. A sedução é diabólica. A anti-Palavra, a anti-Verdade, são promovidas pelos piores inimigos da Igreja, que lhe são internos, lobos vorazes que cheiram a ovelhas. O Maligno exulta de contentamentos demoníacos. Satanás preside a uma lúgubre festa no Inferno.




sexta-feira, 8 de maio de 2015


Duas brevíssimas citações

do cardeal Robert Sarah


Padre Nuno Serras Pereira

1. «Enquanto centenas de milhares de cristãos vivem todos os dias com o medo no corpo, alguns querem evitar que os divorciados recasados sofram, porque se sentiriam discriminados por serem excluídos da comunhão sacramental.»

2. «Os homens que edificam e estruturam estratégias para matar a Deus, demolir a doutrina e o ensinamento seculares da Igreja serão eles mesmos devorados, precipitados pela sua vitória na Geena eterna (Inferno).»


Em Dieu ou rien. Entretien sur la foi (Fayard, 2015)




quinta-feira, 7 de maio de 2015


Tolos ou mentirosos


Anthony Esolen

Os actuais defensores da Revolução Sexual – esse grande pântano de esgoto, miséria humana, famílias disfuncionais, entretenimento decadente e advogados – garantem que a ruptura antropológica mais radical que a humanidade alguma vez conheceu, a desvinculação entre o casamento, a procriação e os simples factos da vida, não terá qualquer efeito (nenhum, não se preocupem) sobre o casamento, a procriação, a família e a vida comunitária.

Ao que eu respondo: «Não foi isso que disseram das outras vezes?» Precisamente qual das previsões dos revolucionários sexuais é que se confirmou?

Disseram-nos que a liberalização das leis de divórcio não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, sobre as taxas de divórcio. A nova lei apenas tornaria o divórcio menos doloroso para o casal e, por isso, menos doloroso para os filhos. Porque aparentemente existem «bons» divórcios.

Através de uma demonstração milagrosa de simpatia e maturidade fora do alcance da sua idade, as crianças ficariam felizes por ver os seus pais felizes. Aliás, de outra forma a sua felicidade não seria possível. Ninguém se deu ao trabalho de perguntar como é que os pais poderiam ser felizes perante a infelicidade dos seus filhos. Mas os revolucionários enganaram-se em relação a isso. Ou então estavam a mentir, das duas, uma.

Disseram-nos que toda a gente fazia «aquilo», sendo que «aquilo» se tornou gradualmente mais imoral e antinatural, e basearam as suas afirmações em investigação levada a cabo pelo pedófilo e fraude Alfred Kinsey. Ver com bons olhos a fornicação, disseram, não mudava nada, apenas libertava as pessoas da censura e permitia-lhes fazer aberta e honestamente aquilo que até então tinham feito desonestamente e em segredo.

Em apenas uma geração a relação entre os sexos transformou-se completamente até que as raparigas e os rapazes que queriam praticar a normal virtude da prudência, e até a mais difícil virtude da castidade, se viram isolados e sós. Antigamente o coração de um rapaz entraria em sobressalto se a rapariga lhe desse um beijo. Agora, mal consegue fingir um bocado de afecto se ela não o levar ao clímax. Também aqui os revolucionários se enganaram. Ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que a pornografia era um passatempo inocente para uma minoria que gostava. Não tinha nada a ver com violência, não seria prejudicial para a cultura. Seria possível proteger os nossos filhos dela. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Vale a pena sequer comentar esta? Enganaram-se, ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que com a pílula ia haver menos crianças concebidas fora do casamento, e que a liberalização das leis do aborto não afectaria, de todo, não se preocupem, o número de mulheres que o procuram. O Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, previu o contrário. Actualmente 40% das crianças na América nascem fora de casamentos, a maior parte cresce sem um lar estável. Segundo o próprio Supremo Tribunal, o aborto tornou-se uma parte tão intrínseca da vida de uma mulher, como uma protecção de último recurso contra fazer um filho quando se faz a coisa que faz filhos, que não pode ser limitado. Mais uma vez, os revolucionários enganaram-se, ou estavam a mentir.

Talvez deva dizer que estavam a mentir outra vez, porque as provas que levaram até ao tribunal tinham sido sempre um monte de mentiras.

Disseram-nos que o facto de pequenas crianças serem introduzidas ao prazer sexual por pessoas queridas e mais velhas não tinha grande mal, a não ser que os pais reagissem de forma exagerada. Durante algum tempo tiveram de se esquecer que o tinham dito, mas agora que a Igreja Católica pôs a casa em ordem outra vez estão a esquecer-se de que se tinham esquecido e começam a cantar novamente a mesma melodia: não tem qualquer mal, nenhum, não se preocupem. Estavam, e estão, enganados, ou estavam e estão a mentir.

Não se preocupem

Disseram-nos que as leis de igualdade de género não resultariam em consequências absurdas, como o envio de mulheres para as frentes de combate, casas de banho unissexo e a normalização da homossexualidade. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Enganaram-se, ou estavam a mentir.

Em que é que acertaram? Alguma vez as relações entre homens e mulheres estiveram mais marcadas pela suspeita, raiva e vergonha? De acordo com os seus próprios testemunhos, as nossas faculdades são agora selvas incontroláveis de assédio e violação. Não era assim antes de os revolucionários meterem mãos à obra.

Disseram-nos que o aborto não conduziria à eutanásia. Agora dizem ainda bem que o aborto conduziu à eutanásia mas dizem que a eutanásia, a morte medicamente assistida, não levará à matança de idosos sem o seu consentimento. Mas por acaso isso já aconteceu. Todos os dias há idosos a serem sujeitos a asfixia lenta e supostamente indolor, em todos os hospitais do país. Não terá qualquer efeito, nenhum, não se preocupem.

Disseram-nos que o alargamento da noção (não a realidade, que é impossível, mas a pretensão) de casamento a pessoas do mesmo sexo não teria qualquer efeito, nenhum, sobre qualquer outra coisa no país. Não afectará o que os nossos filhos aprendem na escola, não afectará o número de jovens a experimentarem coisas antinaturais, não afectará a liberdade religiosa, não afectará a liberdade de expressão.

Não poderia ter qualquer efeito sobre essas coisas porque, garantiram-nos, o comportamento em questão é perfeitamente natural, levado a cabo por pessoas perfeitamente saudáveis. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, agora concordem ou sejam destruídos.

Alguma vez as previsões desta gente se confirmaram? Porque é que havemos de confiar neles agora?






Um ex-maçom explica detalhadamente

a relação entre o demónio e a maçonaria



Serge Abad-Gallardo foi membro da maçonaria durante mais de 25 anos, chegou a ser mestre de 14.º grau. Depois de uma peregrinação ao Santuário de Lourdes tudo mudou e começou o seu caminho de conversão, que logo o levou a escrever um livro. Na entrevista ao grupo ACI explica também a relação que existe entre o demónio e a maçonaria.

«Fiz parte da maçonaria e pensei que tinha que escrevê-lo primeiro para compreender mais e depois contar às pessoas. Qualquer pessoa tem a liberdade para fazer o que quiser, mas na maçonaria não se fala francamente», relata o autor do livro «Por que deixei de ser maçom», editado apenas em espanhol.

«Através do meu livro quero demonstrar que o catolicismo e a maçonaria não podem ser praticados juntos», explica o ex-maçom.

Serge é arquitecto e entrou na loja maçónica através um amigo, tentando encontrar aí as respostas às perguntas mais profundas do homem.

«Eu não pensava deixar a maçonaria. Tive alguns problemas sérios na minha vida e interrogava-me qual a resposta que a maçonaria me poderia dar a esses problemas, porém não encontrei nenhuma resposta. Entretanto no caminho com Cristo sim encontrei-a», afirmou.

Abad-Gallardo contou que o caminho para deixar a maçonaria foi difícil: «durante um ano ou ano e meio estava convencido que tinha encontrado a fé e não sabia se deveria permanecer na maçonaria, aí podia falar aos maçons sobre o Evangelho. Mas conversando com um sacerdote, ele explicou-me que não adianta tentar falar-lhes na Palavra de Deus, porque eles não estavam dispostos a escutar».

Após os repetidos comentários anticlericais de vários altos graus da maçonaria, Serge não podia ficar calado e defendia a Igreja. Além das críticas à Igreja e ao Papa descobriu que no ritual do início do ano maçónico «dava-se glória a Lúcifer». «Eles não dizem que se trata do diabo, mas usam a etimologia da palavra e dizem que é ‘o portador de luz’», explica o espanhol ao grupo ACI.

Algo parecido também ocorreu quando viu que entre os altos graus da maçonaria elogiam a serpente do livro do Génesis, a mesma que tentou a Adão e Eva cometerem o pecado original. «Dizem que a serpente trouxe a luz e o conhecimento que Deus não queria conceder ao homem. Isto é uma perversão muito grave», declara.

Conforme afirma Serge: «entre a maçonaria e o demónio há uma relação, mas não é tão directa». A maioria dos maçons não percebem a influência do demónio nos rituais maçónicos. Eles pensam, com a melhor das intenções, que estão trabalhando pela «felicidade da humanidade» ou pelo «progresso da humanidade», isto é, «não existe um culto abertamente ao diabo, mas elogiam com palavras e devemos perceber, o quanto é perigoso para um católico estar dentro de uma sociedade assim».

O ex-maçom relata: «embora poucos maçons saibam claramente da relação que a maçonaria tem com o demónio, cumprem estes ritos sabendo perfeitamente o que estão fazendo. Mas, segundo a minha experiência, a maioria deles não percebem», «não devemos esquecer que o demónio é o 'pai da mentira'».

Conforme explica, esta relação indireta com o demónio manifesta-se de muitas maneiras, mas todas confluem em afastar as pessoas que entram na maçonaria da fé e especialmente da igreja Católica. «A maçonaria tenta convencer que a fé e a Igreja são superstições e obscurantismo», recordou Serge.

Nesse sentido Serge Abad-Gallardo também explica: «o ritual maçónico influi na mente, no subconsciente e na alma das pessoas. O maçom olha para os símbolos e os rituais maçónicos como se fossem verdades profundas e esotéricas».

Apesar de que «na maçonaria não existam ritos directamente satânicos, estas cerimónias constituem uma porta de entrada para o demónio».

Uma das palavras secretas e sagradas dos mestres maçons, conforme explica Serge, é «Tubalcaïn», traduzida como «descendente directo de Caim». «Já sabemos o que Caim fez. Foi inspirado pelo demónio a matar o seu irmão por ciúmes e é o modelo para os mestres maçons», afirma Serge.

«Os rituais não mudaram, só tiveram pequenas mudanças. De facto, nos altos graus, é onde se encontra as referências mais esotéricas e ocultas, por volta do ano 1800, 70 anos depois de nascer a maçonaria em 1717».

Nessa relação entre a maçonaria e o satanismo, Serge indica ao grupo ACI: «a maioria dos maçons estão iludidos por palavras altruístas e mentirosas e por isso não percebem a relação entre ambas».

De facto, explica que numa das tábuas maçónicas, isto é, um trabalho escrito e apresentado por um maçom, é explicado que «quem fundou o satanismo moderno foi o americano Anton Szantor Lavey, um irmão (maçom) que fundou em 1966 a igreja de Satanás que actualmente é a principal organização satânica e de modelo para as demais».

«A maçonaria afasta-se de Cristo. Porque embora se fale sobre Jesus Cristo no 18.º grau dos altos graus maçónicos, não tem nada a ver com o Jesus Cristo da igreja Católica, pois mencionam-o como um sábio ou um filósofo qualquer», insiste.

«Existem maçons que vão ainda mais longe nesta blasfémia, pois excluem a divindade a Cristo e dizem que ele foi o primeiro maçom, um homem iniciado. Explicam que José e Jesus foram carpinteiros. E que a palavra 'carpinteiro' é a etimologia da palavra 'arquitecto' e todos os maçons, especialmente nos altos graus são grandes arquitectos», afirmou Serge.

Fazendo menção ao tema: «na maçonaria acreditam no 'grande arquitecto do universo', querem que acreditemos que este é o mesmo Deus do catolicismo, mas não é verdade. Às vezes conseguem enganar os católicos dizendo que ser maçom e ser católico é compatível por esta referência a Cristo».

Há dois anos Serge saiu da maçonaria, mas afirma que o controle que esta organização tem sobre a sociedade francesa é crescente. «No meu primeiro trabalho o prefeito era maçom, mas ninguém sabia, o director do seu gabinete, o encarregado do urbanismo e eu também éramos maçons e mais dois arquitectos da prefeitura onde trabalhava», recorda.

«Quando tentaram aprovar a última lei sobre a eutanásia, há um parágrafo que faz menção à ‘sedação profunda’ que é a mesma expressão que aparece numa tábua maçónica de 2004, onde mencionam este tema. Quer dizer, que as leis actuais em França estão sendo feitas nas lojas maçónicas, dez ou quinze anos antes de serem votadas», conta ao grupo ACI.

Nesse sentido afirma que «na maçonaria não existe fraternidade, nem amizade, porque tudo são redes. Todos ambicionam o poder político, social e económico».





domingo, 3 de maio de 2015


Os católicos e a autoridade papal


A propósito do unanimismo envolvendo Francisco, num interessante artigo intitulado  Eu Não Gosto Deste Papa!, o padre Nuno Serras Pereira escreve sobre a autoridade papal e a legitimidade de discordância dos católicos com o Papa. A referida unanimidade de apoio a Francisco vem dos mais variados sectores, incluindo dos tradicionalmente inimigos da Igreja e do pensamento cristão, como são os casos dos liberais, da maçonaria e até da esquerda marxista, encontrando-se fora ou dentro da própria Igreja.

Reproduzimos aqui algumas passagens do artigo, aquelas que equacionam a atitude dos católicos sobre a autoridade papal.

«Perante um aparente unanimismo, veiculado por grandes órgãos de comunicação social inimigos de Cristo e da Sua Igreja, de simpatia pelo Papa Francisco, por vezes ouvimos ou lemos as palavras que dão título a este texto: eu não gosto deste Papa!

«Não sei se escandalizarei alguém mas a verdade é que é praticamente irrelevante os gostos ou desgosto com qualquer Papa. Mais, é inteiramente legítimo e, por vezes, obrigatório (previsto no Direito Canónico e confirmado ao longo dos séculos pela vida de muitos Santos), manifestar discordância com decisões governativas ou disciplinares de um Papa; e, por vezes, com imprecisões doutrinais que o mesmo possa exprimir em situações que não comprometem a sua autoridade Magisterial – isso, por estranho que pareça a alguns, é um acto de amor para com o Sumo Pontífice. Pode mesmo acontecer que uma sentença de excomunhão decidida por um Papa seja injusta e, por isso, nula como aconteceu, por exemplo, com o dominicano Savonarola, que virtuosamente se negou a aceitá-la, acabando por ser morto cruelmente numa fogueira; mais tarde o Papa Alexandre VI, autor da mesma, reconheceu o seu erro. Nos dias de hoje admite-se a sua canonização, de Savonarola, que não daquele Papa.

«Todo o católico é livre de gostar ou não de qualquer Papa: a Fé e a Santidade não se medem pela sensibilidade. (...) »