quinta-feira, 8 de dezembro de 2016


«Liberté-Égalité-Fraternité»-Hypocrisie

França criminaliza sites prò-vida


O Parlamento francês aprovou na sexta-feira uma nova lei que criminaliza páginas de internet que contenham informação para tentar dissuadir mulheres de abortar.

A lei de «interferência digital» dirige-se, segundo o texto da mesma, a impedir o funcionamento de sites que «deliberadamente enganem, intimidam e/ou exerçam pressão psicológica ou moral para desencorajar o recurso ao aborto» e prevê multas até 30 mil euros para quem os operar.

A lei foi aprovada pelos partidos de esquerda, os de direita votaram contra, com Bruno Retailleau, do Partido Republicano, a criticar a lei como sendo «totalmente contrária à liberdade de expressão». O senador diz ainda que a nova lei contradiz o diploma que legalizou o aborto, em 1975, e que pede que as mulheres sejam informadas das alternativas a esta prática.

Do Partido Democrata Cristão também chegaram criticas, com Jean-Frédéric Poisson a apontar para a ironia de o Governo estar apostado em encerrar sites pró-vida enquanto se recusa a fazer o mesmo a páginas de internet que promovam uma visão fundamentalista e violenta do Islão, por exemplo.

Pelo menos dois bispos também condenaram a nova lei, nomeadamente o cardeal Vingt-Trois, de Paris que acusa o Governo de estar «obcecado» com o aborto e o arcebispo Georges Pontier, de Marselha, a dizer que a lei constitui um sério ataque aos princípios da democracia.

A nova lei surge poucos dias depois de o Governo ter proibido a transmissão de um anúncio dirigido a mulheres grávidas de crianças diagnosticadas com trissomia 21. No vídeo aparecem vários jovens com trissomia que explicam tudo o que as pessoas com esta condição podem alcançar na vida e na família, mas a entidade que regulamenta os conteúdos televisivos e, após recurso, o Conselho de Estado, consideram que o visionamento do anúncio pode perturbar a consciência de mulheres que tenham optado, na mesma situação, por abortar.






França na iminência do colapso total




Guy Millière, Institute Gatestone, 5 de Dezembro de 2016

Dr. Guy Millière, professor da Universidade
de Paris, é autor de 27 livros sobre a França
e a Europa.


A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está a começar a disparar.

Nos anos de 1970 os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo desde que ela não fosse afectada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islão. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Mostram também que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que gostariam de ver varrido da face da terra.

«É melhor sair do que fugir.» – Sammy Ghozlan, Presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Anti-semitismo. Depois foi assaltado e o seu carro incendiado. Ele foi embora.

Villiers também menciona a existência de «zonas proibidas» com milhares de armas de guerra. Acrescenta que as armas provavelmente nem sequer serão utilizadas, os islamistas já venceram.

Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno.

Em França reina a agitação descontrolada. «Migrantes» que chegam de África e do Médio Oriente semeiam a desordem e a insegurança em inúmeras cidades. O enorme bairro de lata, mais conhecido como a «selva de Calais», acaba de ser desmantelado, no entanto outros bairros de lata aparecem de repente todos os dias. Na zona leste de Paris, as ruas estão cobertas de telhas onduladas, toalhas de plástico ou de outro material e placas desconjuntadas. Violência é o lugar comum. As 572 «zonas proibidas», oficialmente denominadas «áreas urbanas sensíveis», continuam crescendo e os policias que se aproximam delas muitas vezes sofrem as consequências. Recentemente uma viatura da polícia foi emboscada, o veículo foi incendiado e os policias foram impedidos de sair. Se forem atacados, conforme as ordens dos superiores a indicação é fugir em vez de retaliar. Muitos policias, furiosos por terem que se comportar como covardes, organizaram manifestações. Não houve ataques terroristas desde o assassinato de um padre em Saint-Etienne-du-Rouvray em 26 de Julho de 2016, mas os serviços de inteligência sabem que os jihadistas que regressaram do Médio Oriente estão prontos para atacar e que os distúrbios podem explodir em qualquer lugar, a qualquer hora, sob qualquer pretexto.

Apesar de estar sobrecarregado com uma situação interna que mal consegue controlar, ainda assim o governo francês intervém em assuntos mundiais: um «estado palestino» ainda é a principal bandeira, Israel é o seu bode expiatório favorito.

Na Primavera passada, apesar de a França e dos territórios palestinos estarem em péssimo estado, o ministro das Relações Exteriores de França Jean-Marc Ayrault declarou que era «urgente» relançar o «processo de paz» e criar um estado palestino. Por conseguinte, a França convocou uma conferência internacional realizada em Paris em 3 de Junho. Nem Israel nem os palestinos foram convidados. A conferência foi um fracasso. Terminou com uma declaração insípida sobre a «imperiosa necessidade» de «avançar».

A França não parou por aí. O governo então decidiu organizar uma nova conferência em Dezembro. Desta vez juntamente com Israel e os palestinos. O primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu observando que Israel não necessita de intermediários recusou o convite. Os líderes palestinos aceitaram-o. Saeb Erekat, porta-voz da Autoridade Palestina congratulou a França acrescentando, o que não é de se estranhar, que foi a Autoridade Palestina que «sugeriu» aos franceses a realização da conferência.

Donald Trump agora é o presidente eleito dos EUA e tudo leva a crer que Newt Gingrich desempenhará um papel-chave na Administração Trump. Gingrich destacou há alguns anos que não existe um povo palestino, acrescentando na semana passada que os ajustamentos não são de modo algum um obstáculo à paz. Sendo assim, ao que tudo indica, a conferência será outro fracasso.

Diplomatas franceses, no entanto, estão elaborando juntamente com funcionários da Autoridade Palestina uma resolução da ONU para reconhecer um estado palestino dentro das «fronteiras de 1967» (as linhas de armistício de 1949), isso sem nenhum tratado de paz. Eles têm aparentemente a esperança de que o presidente dos EUA Barack Obama, ainda no exercício das suas funções, não use o veto americano no Conselho de Segurança, permitindo a aprovação da resolução. Não é possível afirmar se Barack Obama vai querer terminar a sua presidência com um gesto tão flagrantemente traiçoeiro. É quase certo que o gesto francês não vai ter êxito novamente.

Durante muitos anos a França dá a entender ter construído toda a sua política externa em cima do alinhamento com a Organização de Cooperação Islâmica (OIC em inglês): 56 países islâmicos mais os palestinos. Originalmente os sonhos franceses poderiam ter sido os de desarticular os Estados Unidos como potência mundial, distanciá-lo do acesso ao petróleo barato e aos negócios com países islâmicos ricos em petróleo, além das preces de não terem terrorismo interno. Todas as quatro esperanças não deram em nada. É óbvio também que a França tem problemas mais urgentes para resolver.

A França persiste porque está tentando desesperadamente impor limites aos problemas que provavelmente não podem ser resolvidos.

Nos anos de 1950 a França era bem diferente do que é hoje. Era amiga de Israel. A «causa palestina» não existia. A guerra na Argélia estava no auge e a grande maioria dos políticos franceses nem sequer apertaria a mão de terroristas que não se tivessem arrependido dos seus actos.

Tudo isto mudou com o fim da guerra na Argélia. Charles de Gaulle entregou a Argélia a um movimento terrorista chamado Frente de Libertação Nacional. Ele então passou a criar uma reorientação estratégica da política externa da França, inaugurando o que chamou de «política árabe de França

A França assinou acordos comerciais e militares com diversas ditaduras árabes. Para seduzir os seus novos amigos, de maneira ávida, adoptou uma política anti-Israel. Quando na década de 1970, o terrorismo na forma de sequestros de aviões foi inventado pelos palestinos e, com o assassinato dos atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972, «os palestinos» de repente tornaram-se uma «causa sagrada» e uma ferramenta útil para alavancar a posição francesa no mundo árabe, a França ao adoptar a «causa», passou a ser inflexivelmente pró-palestina.

Os palestinos começaram a usar o terrorismo internacional e a França optou por aceitar esse terrorismo, desde que não fosse afectada. Ao mesmo tempo a França acolheu a imigração em massa do mundo árabe-muçulmano, evidentemente, como parte do desejo muçulmano de expandir o Islão. A população muçulmana desde então aumentou em número, porém não se assimilou.

A França não percebeu isso naquela época, mas montou uma armadilha para si mesma e a armadilha agora está a começar a disparar.

A população muçulmana de França dá a entender que é antifrancesa em termos judaico-cristãos, valores do Iluminismo e pró-francesa apenas na medida em que a França se curva às exigências do Islão. Não obstante, os muçulmanos de França que também são pró-palestinos, teoricamente não deveria ter havido nenhum problema. Mas a França subestimou os efeitos da ascensão do Islão radical no mundo muçulmano e além dele.

Cada vez mais os muçulmanos franceses se consideram acima de tudo muçulmanos. Muitos afirmam que o Ocidente está em guerra com o Islão, vêem a França e Israel como parte do Ocidente, assim sendo estão em guerra com os dois. Vêem que a França é anti-Israel e pró-Palestina, mas também vêem que vários políticos franceses mantêm laços com Israel, de modo que provavelmente acham que a França não é anti-Israel e pró-Palestina o suficiente.

Eles vêem que a França tolera o terrorismo palestino e parecem não compreender porque é que a França combate o terrorismo islâmico noutros lugares.

Para agradar aos muçulmanos que estão em França, o governo francês pode até acreditar que não há outra escolha senão ser ainda mais pró-palestina e anti-Israel o máximo possível – muito embora, conforme as pesquisas de opinião indicam, esta política é um fracasso estrondoso.

O governo francês, sem dúvida, vê que não tem condições de impedir o que cada vez mais parece ser um desastre iminente. Este desastre já está a ocorrer.

Talvez o actual governo de França ainda alimente a esperança de poder empurrar um pouco com a barriga o desastre e evitar uma guerra civil. Talvez possam ter a esperança de que as «zonas proibidas» não expludam – pelo menos durante o mandato deste governo.

Há hoje em França seis milhões de muçulmanos, 10% da população, e a percentagem está a aumentar. Os levantamentos mostram que um terço dos muçulmanos franceses querem a aplicação plena da Lei Islâmica (Sharia). Também mostram que a maioria esmagadora dos muçulmanos franceses apoia a jihad, especialmente a jihad contra Israel, um país que eles gostariam de ver varrido da face da terra.

A principal organização muçulmana francesa, a União das Organizações Islâmicas de França, é o ramo francês da Irmandade Muçulmana, um movimento que deveria ser incluído na lista das organizações terroristas pelo seu aberto desejo de derrubar governos ocidentais.

A Irmandade Muçulmana é primordialmente financiada pelo Qatar, país que investe intensamente em França – e que conta com a comodidade de ter a sua própria base aérea dos EUA.

Os judeus estão a deixar a França em número recorde e a debandada não pára. Sammy Ghozlan, presidente da Agência Nacional de Vigilância contra o Anti-semitismo, reiterou por muitos anos que: «é melhor sair do que fugir». Foi assaltado. O seu carro foi incendiado. Ele saiu e agora vive em Israel.

O restante da população francesa vê claramente a extrema gravidade do que está a acontecer. Alguns estão furiosos e em estado de revolta, outros parecem resignados esperando o pior: a tomada da Europa pelos islamistas.

As próximas eleições francesas estão programadas para Maio de 2017. O presidente francês François Hollande perdeu toda a credibilidade e não tem nenhuma probabilidade de ser reeleito. Quem chegar ao poder terá uma tarefa difícil.

Ao que tudo indica os franceses perderam a confiança em Nicolas Sarkozy, de modo que provavelmente escolherão entre os candidatos Marine Le Pen, Alain Juppé ou François Fillon.

Marine Le Pen é a candidata da Frente Nacional de extrema-direita.

Alain Juppé é o prefeito de Bordéus e muitas vezes faz campanha na companhia de Tareq Oubrou, imã da cidade. Até recentemente, Tareq Oubrou era membro da Irmandade Muçulmana. Alain Juppé parece acreditar que a presente desordem irá perder força se a França se curvar totalmente ao Islão.

François Fillon, será provavelmente o candidato da direita moderada.

Ele indicou recentemente que «o sectarismo islâmico» cria «problemas em França». 

Ele também destacou que se um estado palestino não for estabelecido brevemente, Israel será «a principal ameaça à paz mundial.»

Há três anos o filósofo francês Alain Finkielkraut publicou o livro: A Identidade Infeliz (L'identité malheureuse), no qual descreve os perigos inerentes à islamização da França e os principais distúrbios que se originam a partir daí. Juppé escolheu um lema de campanha que se destina a contradizer Finkielkraut: «A Identidade Feliz».

Desde a publicação do livro de Alain Finkielkraut, outros livros de carácter pessimista foram publicados e tornaram-se best-sellers em França. Em Outubro de 2014 o colunista Eric Zemmour publicou O Suicídio Francês (Le suicide français). Há poucas semanas publicou outro livro: Um Mandato de Cinco Anos Para Nada (Un quinquennat despeje rien). Descreve o que vê a acontecer com a França: «invasão, colonização, explosão.»

Zemmour define a chegada de milhões de muçulmanos em França nas últimas cinco décadas como uma invasão e a recente chegada de um turbilhão de imigrantes como a continuação daquela invasão. Descreve a criação de «zonas proibidas» como a criação de territórios islâmicos em solo francês e parte integrante de um processo de colonização.

Ele escreve que as erupções de violência que se espalham são sinais de uma explosão iminente, que cedo ou tarde, a revolta vai ganhar terreno.

Outro livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã? (Les cloches sonneront-elles encore demain?), foi publicado recentemente por Philippe de Villiers, ex-membro do governo francês.

Villiers chama a atenção para o desaparecimento de igrejas em França e a sua substituição por mesquitas. Também menciona a existência de «zonas proibidas» com milhares de armas de guerra (fuzis automáticos AK-47, pistolas Tokarev, armas antitanque M80 Zolja, etc). Acrescenta que as armas provavelmente nem sequer serão utilizadas – os islamistas já venceram.

No seu novo livro: Os Sinos da Igreja Tocarão Amanhã?, Philippe de Villiers observa
o desaparecimento de igrejas em França e a sua substituição por mesquitas.
Na foto acima: em 3 de Agosto a polícia francesa retirou à força um padre e a sua congregação
da Igreja de Santa Rita em Paris antes dela ser demolida, conforme estava programado.
A líder da Frente Nacional Marine Le Pen salientou furiosamente:
«e se construíssem estacionamentos no lugar de mesquitas salafistas e não de nossas igrejas?»
(imagem: captura da tela de vídeo RT)
 

Em 13 de Novembro de 2016 a França assinalou o primeiro aniversário dos ataques de Paris. As placas foram descerradas em todos os lugares onde as pessoas foram mortas.

As placas diziam: «Em memória das vítimas feridas e assassinadas nos ataques». Nenhuma menção foi feita sobre a barbárie jihadista. À noite, a casa de espectáculos Bataclan foi reaberta com um concerto de Sting. A última canção do concerto foi «Insh' Allah»: «se Alá quiser». A direcção do Bataclan não permitiu a entrada de dois membros da banda norte-americana Eagles of Death Metal – que estavam no palco quando o ataque começou. Algumas semanas depois do ataque, Jesse Hughes, vocalista do grupo,  atreveu-se a criticar os muçulmanos que participaram no ataque. O director do Bataclan indicou acerca de Hughes: «há coisas que não dá para perdoar».


Tradução: Joseph Skilnik





domingo, 4 de dezembro de 2016


Anticomunista, graças a Deus




P. Gonçalo Portocarrero de Almada,
Observador, 3 de Dezembro de 2016

Os regimes não se medem pelas suas belezas retóricas mas pelas suas obras. O sonho revolucionário de Fidel, um terrível pesadelo para os cubanos, não o exime das atrocidades perpetradas pelo castrismo.

Apesar de esperada, a morte de Fidel Castro foi uma notícia surpreendente. Talvez porque a invulgar resistência do ancião guerrilheiro tivesse levado a crer que alcançara, como os antigos deuses, o dom da imortalidade. Mas, humano como era, embora não muito, Fidel também tinha os seus dias contados e, a estas horas, já prestou contas ao Criador. Paz à sua alma e, já agora, à nossa também. A sua morte não significa, para o seu país, o fim do comunismo mas, desaparecido o ditador, está mais próxima a tão desejada libertação de Cuba. Neste sentido, é um sinal de esperança.

Apesar de decorrida uma semana sobre a sua morte, continuam as inevitáveis reacções à sua vida e acção política, em catadupa de declarações mais ou menos hipócritas, ou mais ou menos comprometedoramente envergonhadas. É sabido que, no que se refere aos ditadores falecidos, a esquerda é como aquele detergente que lava duas vezes mais branco. A imprensa, enquanto por um lado diaboliza Adolf Hitler e Augusto Pinochet; pelo outro absolve e idealiza as atrocidades de Che Guevara e de Fidel Castro … enfim, o costume.

Não vale a pena insistir nas atrocidades protagonizadas por Fidel Castro, ou por ele consentidas, porque são já sobejamente conhecidas e foram, em sua vida, denunciadas pelos Repórteres sem Fronteiras
(O livro negro de Cuba, prefácio e introdução de José Manuel Fernandes, Aletheia, 2005). Mas vale a pena retirar uma conclusão a que nem todos se atrevem: a natureza essencialmente antidemocrática da ideologia comunista.

Há quem distinga a teoria da prática comunista: desculpam a realidade ditatorial dos regimes comunistas, à conta do alegado altruísmo do marxismo-leninismo. Uma atitude tão incoerente como seria condenar Hitler, mas ressalvando o nacional-socialismo. Os regimes políticos não se medem pelos seus encantos retóricos, mas pelas obras. O indiscutível ideal patriótico de Hitler não o desculpa dos crimes do nazismo, do mesmo modo como o sonho revolucionário de Fidel, que foi um terrível pesadelo para milhares de cubanos, o não exime das atrocidades perpetradas pelo castrismo. Como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio.

O nazismo não foi apenas um fracasso político mas, sobretudo, uma aberração ideológica. O comunismo não é apenas uma prática que nunca resultou, nem sequer economicamente, mas também uma ideologia intrinsecamente contrária à liberdade e à dignidade humana. Ou seja, não se pode ser comunista e democrata, nem humanista, como aliás a história não se cansa de provar e a trágica vida de Fidel Castro, mais uma vez, confirmou. Considerar o marxismo-leninismo como um regime democrático é já um embuste da propaganda comunista.

Mas mesmo sabendo, como ninguém minimamente honesto pode hoje ignorar, que o comunismo é uma ideologia per se antidemocrática, poucos são os que ousam dizê-lo. Todos os democratas são unânimes em excluir, em absoluto, qualquer regime fascista ou nazi mas, paradoxalmente, alguns ainda toleram o comunismo, que é analogamente antidemocrático. Ninguém tem qualquer pejo em se afirmar, sem tibiezas, antifascista, mas – muito embora seja evidente que um verdadeiro democrata não pode, sem cair em contradição, deixar de ser anticomunista – poucos são os que têm a coragem de o assumir. Quanto muito, alguns mais afoitos dirão que não são comunistas, ou que são não comunistas, mas não anticomunistas, porque uma tal afirmação parece relevar radicalismo e cheira a extremismo fascista, ou coisa que o valha. Contudo, o mesmo não se verifica quando alguém se define, sem rebuço, como antifascista, ou antinazi…

Marx e Engels invocaram a história como o garante da inevitabilidade das suas previsões políticas e económicas, mas a história não só não confirmou os seus prognósticos como os desmentiu categoricamente. Mais ainda, a história veio dar razão ao juízo profético da Igreja católica que, pela encíclica Qui pluribus, já em 1846 condenou o comunismo, precisamente por ser contrário à liberdade humana, à justiça social e ao bem comum.

Foi pena que o mundo ocidental não tivesse ouvido a voz autorizada do beato Pio IX e de todos os papas que lhe sucederam e que também condenaram, sem cobardes ambiguidades, o comunismo. Se se tivesse feito caso ao magistério da Igreja, hoje ninguém deploraria os muitos milhares de vítimas de meio século de ditadura comunista em Cuba. E, no mundo inteiro, haveria menos cem milhões de vítimas a lamentar.