terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Bento XVI adverte para o perigo
de «panteísmo neopagão»
que põe a natureza acima do homem

Mensagem de Bento XVI à 43.ª Jornada Mundial da Paz


Na sua mensagem à 43.ª Jornada Mundial da Paz, que se celebrará no próximo 1.º de Janeiro de 2010, intitulada «Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação», o Papa Bento XVI explicou que «uma correcta concepção da relação do homem com o meio ambiente não leva a absolutizar a natureza nem a considerá-la mais importante do que a própria pessoa».


Eis alguns extractos do texto apresentado em conferência de imprensa na Santa Sé.

«O magistério da Igreja exprime perplexidades acerca da concepção do ambiente inspirada no ecocentrismo e no biocentrismo, fá-lo porque tal concepção elimina a diferença ontológica e axiológica entre a pessoa humana e os outros seres vivos. Deste modo, chega-se realmente a eliminar a identidade e a função superior do homem, favorecendo uma visão igualitarista da 'dignidade' de todos os seres vivos».

«Assim se dá entrada a um novo panteísmo com acentos neopagãos que fazem derivar apenas da natureza, entendida em sentido puramente naturalista, a salvação para o homem. Ao contrário, a Igreja convida a colocar a questão de modo equilibrado, no respeito pela 'gramática' que o Criador inscreveu na sua obra, confiando ao homem o papel de guardião e administrador responsável da criação, papel de que certamente não deve abusar mas também não pode abdicar.»


«Com efeito, a posição contrária, que considera a técnica e o poder humano como absolutos, acaba por ser um grave atentado não só à natureza mas também à própria dignidade humana».


[A Igreja tem] «responsabilidade em relação à criação e sente que a deve exercer também em âmbito público, para defender a terra, a água e o ar, dádivas feitas por Deus Criador a todos, e antes de tudo para proteger o homem contra o perigo da destruição de si mesmo».


«A degradação da natureza está intimamente ligada à cultura que molda a convivência humana [pelo que] quando a 'ecologia humana' é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental».


«Não se pode pedir aos jovens que respeitem o ambiente se não são ajudados, em família e na sociedade, a respeitar-se a si mesmos: o livro da natureza é único, tanto sobre a vertente do ambiente como sobre a da ética pessoal, familiar e social».


«Os deveres para com o ambiente derivam dos deveres para com a pessoa considerada em si mesma e no seu relacionamento com os outros. Por isso, de bom grado encorajo a educação para uma responsabilidade ecológica, que, como indiquei na encíclica Caritas in veritate, salvaguarde uma autêntica 'ecologia humana' e consequentemente afirme, com renovada convicção, a inviolabilidade da vida humana em todas as suas fases e condições, a dignidade da pessoa e a missão insubstituível da família, onde se educa para o amor ao próximo e o respeito da natureza. É preciso preservar o património humano da sociedade».


«Este património de valores tem a sua origem e está inscrito na lei moral natural, que é fundamento do respeito da pessoa humana e da criação».


«A busca da paz por parte de todos os homens de boa vontade será, sem dúvida alguma, facilitada pelo reconhecimento comum da relação indivisível que existe entre Deus, os seres humanos e a criação inteira».


«Os cristãos, iluminados pela Revelação divina e seguindo a Tradição da Igreja, prestam a sua própria contribuição. Consideram o cosmos e as suas maravilhas à luz da obra criadora do Pai e redentora de Cristo, que, pela sua morte e ressurreição, reconciliou com Deus 'todas as criaturas, na terra e nos céus' (Cl 1, 20). Cristo crucificado e ressuscitado concedeu à humanidade o dom do seu Espírito santificador, que guia o caminho da história à espera daquele dia em que, com o regresso glorioso do Senhor, serão inaugurados 'novos céus e uma nova terra' (2 Pd 3, 13), onde habitarão a justiça e a paz para sempre».


«Proteger o ambiente natural para construir um mundo de paz é dever de toda a pessoa. Trata-se de um desafio urgente que se há-de enfrentar com renovado e concorde empenho; é uma oportunidade providencial para entregar às novas gerações a perspectiva de um futuro melhor para todos. Disto mesmo estejam cientes os responsáveis das nações e quantos, nos diversos níveis, têm a peito a sorte da humanidade: a salvaguarda da criação e a realização da paz são realidades intimamente ligadas entre si».


«Convido todos os crentes a elevarem a Deus, Criador omnipotente e Pai misericordioso, a sua oração fervorosa, para que, no coração de cada homem e de cada mulher ressoe, seja acolhido e vivido o premente apelo: Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação».


Para ler o texto completo da Mensagem de Bento XVI, carregar AQUI.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Natal para o Miliciano de São Miguel


Para o Miliciano de São Miguel, o Natal é um encontro com Deus, que continua presente entre nós.

O Natal não é um pretexto para o consumismo, que esvaziou o seu sentido profundo.

O Natal não é propriamente adornar as casas e alegrar a vida com um pouco mais de comida, nem colocar a saudade nos corações. Devemos antes deixar que a graça que recebemos no dia de nosso baptismo brilhe mais e actue durante as festas natalícias.

Cada um tem de construir o seu Natal e abrir as portas para deixar que seja o amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, quem vitaliza todo o ser da pessoa. Não há Natal sem caridade, não há Natal sem deixar lugar para Deus no nosso interior, não há Natal se vivermos de costas para as leis de Deus ou se não se respeita a vida desde o momento de sua concepção até ao final da existência.

Desejamos ao Miliciano de São Miguel e a todos os cristãos a paz nas suas vidas e nas suas famílias.

Natal não é «fábula» mas a resposta de Deus
ao homem que busca verdadeira paz


Ao presidir a oração do Ângelus dominical na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI recordou que a Igreja recorda que o Menino Deus que já está prestes a nascer no Natal, e que este especial acontecimento «não é uma fábula para as crianças, mas a resposta de Deus ao drama da humanidade em busca da verdadeira paz».
Depois de explicar que Belém, na Terra Santa, é uma cidade símbolo da paz, o Santo Padre indicou que neste lugar «e no mundo inteiro, se renovará na Igreja o mistério do Natal, profecia de paz para todo homem, que alenta os cristãos a entrarem no recôndito, nos dramas, com frequência desconhecidos e escondidos, e nos conflitos do contexto em que se vive, com os sentimentos de Jesus».