sábado, 9 de junho de 2012

O despudor de certos ditos católicos


L. Lemos

Teve lugar em Lisboa um colóquio promovido por católicos do regime da III República, e depois noticiado pela impagável e igualmente católica do regime Agência Ecclesia. A peça desta agência é assinada por José Carlos Patrício (JCP), da qual convidamos à leitura de alguns extractos. Então «reza» assim, escrito em «acordo ortográfico», além de outros erros inadmitidos mesmo nessa grafia primitiva.

Jovens católicos têm uma importante palavra a dizer na «mudança» do país, sublinha ministra da Agricultura

Assunção Cristas participou num colóquio em Lisboa com o deputado Ricardo Baptista Leite e o padre Diogo Barata, do movimento de Schoenstatt

Lisboa, 31 mai 2012 (Ecclesia) – A Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território considera que os jovens católicos têm uma importante palavra a dizer no campo da política, enquanto agentes da «mudança» que é necessária para o país.

Em entrevista à ECCLESIA, no âmbito de um colóquio intitulado «Jovens Católicos e Política, como é possível esta equação?», Assunção Cristas sublinhou que a «política é um serviço à sociedade» que deve ter sempre um espaço aberto aos mais novos.

«Quem achar ter essa vocação e esse espaço, deste lado há muito para se fazer», desafiou a representante do executivo de Pedro Passos Coelho, católica assumida e que está inclusivamente ligada às equipas de casais de Nossa Senhora.

O colóquio, organizado pelo sector de Lisboa das Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS), teve lugar terça-feira á noite, na Igreja de São Pedro de Alcântara.

Vasco Almeida Ribeiro, responsável pela organização do evento, destacou a importância de colocar os jovens cristãos em contacto com a política, sobretudo numa altura em que «Portugal passa por dificuldades» e em que «cada vez mais é preciso escolher com cuidado acrescido aqueles que representam o país».

(…)

Daqui poderemos tirar várias conclusões.

1 – Para dar conselhos aos jovens, os organizadores do evento foram buscar a despudorada Cristas, apoiante dos chamados «casamentos» entre invertidos – o que demonstra o seu igual despudor.

2 – Os organizadores do evento foram buscar uma dita católica apesar de despudorada porque lhes interessava mais ter à mão uma ministra do que uma pessoa católica séria – para os organizadores do evento, a proximidade do poder é mais interessante do que os valores cristãos.

3 – Os organizadores do evento dizem querer apontar um caminho aos jovens mas foram buscar uma despudorada propagandista da corrupção dos jovens – para os organizadores do evento, o caminho de educação dos jovens é arranjar uma fachada católica e não o respeito pelos valores cristãos.

4 – Finalmente, os católicos do regime estão-se nas tintas para a identidade nacional e adoptam o chamado «acordo ortográfico» – o que vem confirmar o desfasamento entre a Nação esta minoria instalada na III República.

5 – E tudo isto invocando as altas qualidades da despudorada ministra, que até – vejam lá – é uma «católica assumida e que está inclusivamente ligada às equipas de casais de Nossa Senhora» – o que vem confirmar o desfasamento entre o cristianismo e esta minoria instalada na III República.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Governo marca presença em encontro
da CNAF com o Papa Bento XVI

Maria Teresa da Costa Macedo, Presidente do Conselho Superior da Milícia de São Miguel,


O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares,e o Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova, fazem parte de uma delegação portuguesa da Confederação Nacional das Associações da Família (CNAF) que, no próximo fim-de-semana de 2 e 3 de Junho, encontrar-se-á com o Papa Bento XVI, em Milão.


A deslocação da comitiva portuguesa, liderada pela representante de Portugal no Vaticano,Teresa CostaMacedo, acontece na sequência do VII Encontro Mundial das Famílias, evento marcado pela presença do Papa mas que contará igualmente com representantes de cerca de 150 países, assim como com o contributo de mais de cinco mil voluntários, revela a CNAF em comunicado.


Além dos dois membros do Governo, a comitiva nacional contará ainda com personalidades como o Chefe da Casa Real Portuguesa D. Duarte de Bragança, o Magistral da Soberana Ordem de Malta Gonçalo Portocarrero de Almada, o Director da Faculdade de Direito de Lisboa Eduardo Vera-Cruz, a ex-deputada Matilde Sousa Franco e a Vereadora da Câmara Municpal de Oeiras Elisabete Oliveira.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A liberdade da Igreja e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos


Gonçalo Portocarrero de Almada*










O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, na sua sentença de 31 de Janeiro passado contra a Roménia, violou o princípio da separação entre a Igreja e as instituições comunitárias. Com efeito, ao entender justificada, em virtude do artigo 11.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, a pretensão de alguns sacerdotes ortodoxos romenos e seus colaboradores pastorais se constituírem em sindicato, esse Tribunal não só desrespeitou a autoridade eclesial competente na matéria, como também interferiu abusivamente na vida interna dessa comunidade eclesial.

Desde tempos imemoriais, a Igreja está empenhada no reconhecimento efectivo e universal dos direitos humanos, por entender que esses deveres, faculdades e garantias decorrem, com absoluta necessidade, da irrenunciável dignidade humana. Daí a sua denúncia dos regimes contrários à justiça social e o seu empenhamento na construção de uma sociedade global cada vez mais justa e solidária.

A Igreja vive este seu compromisso social sem contudo se imiscuir ou, sequer, interferir na governação das diversas comunidades, cuja salutar autonomia não só acata como também promove, nomeadamente proibindo aos seus ministros o desempenho de actividades de carácter partidário. Tem, portanto, redobrado direito a que seja também reconhecida e respeitada a sua personalidade jurídica, bem como a sua independência em tudo o que se refere à sua organização interna.

A relação canónica que, pela ordenação sacerdotal, se estabelece entre o bispo diocesano e o seu clero é exclusivamente do foro eclesial, até porque a natureza do vínculo, embora superficialmente análogo a uma prestação de serviços, transcende enormemente essa categoria. Na realidade, a essência da relação do Ordinário com o seu presbitério é mais de carácter familiar do que laboral, é mais paternal do que patronal e, por isso, a analogia com as legítimas associações patronais e sindicais não colhe.

Uma associação sindical de padres seria tão absurda quanto uma confederação patronal de bispos, e ambas tão disparatadas quanto seria também a transposição dessas estruturas laborais para o âmbito da família, que não é, salvo melhor opinião, uma unidade colectiva de produção.  

Por outro lado, enquanto o trabalhador sindicalizado não exclui, a priori, a possibilidade de se associar, com os seus colegas, para a defesa dos seus comuns interesses profissionais, o candidato às ordens sagradas positivamente abdica desse seu eventual direito. A sua dedicação ao ministério não decorre, com efeito, de um contrato laboral, mas de uma libérrima opção de entrega pessoal. Portanto, aos que voluntariamente se entregam a Deus, mediante um vínculo de voluntária e consciente obediência, na comunhão eclesial, pode-se e deve-se exigir a correspondente responsabilidade em relação ao seu compromisso.

O Estado, certamente, pode e deve afirmar o direito universal à liberdade sindical, mas uma tal proclamação não o autoriza à sindicalização efectiva de todos os trabalhadores por conta de outrem. Para além desse respeito elementar pela liberdade individual dos trabalhadores, deve também reconhecer a sacralidade de um vínculo que dispensa o exercício dessa prerrogativa laboral. Em caso contrário, estaria a reduzir o ministério pastoral a uma simples relação laboral. Se assim fosse, também a filiação poderia ser equiparada a uma mera prestação de alimentos, ou a um peculiar arrendamento de um quarto na habitação familiar, mas é óbvio que a maternidade e a paternidade, muito embora pressuponham estes elementares deveres em relação à prole, a eles contudo não se limitam.

Se, por absurdo, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos entendesse que a proibição canónica dos padres se sindicalizarem é contrária aos direitos fundamentais, não se deveria também opor às instituições religiosas que assumem denominações contraditórias com a letra da dita convenção? Será que iria obrigar, por hipótese, as Escravas do Sagrado Coração de Maria, a designarem-se como Damas do Coração de Maria, por ser a escravatura contrária aos direitos humanos e a sacralidade do coração mariano avessa à laicidade das instituições europeias?! E os frades menores, deverão passar a maiores, tendo em conta que, juridicamente, são todos adultos e os menores não podem professar numa ordem religiosa?!

Ante estes serôdios tiques de autoritarismo estatal e de ingerência das instituições europeias no foro privado da bimilenar vida religiosa cristã, talvez valha a pena recordar a sempre actual sentença do divino Mestre: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!» (Mt 22, 21).

As feridas da Igreja XI



Na continuação do que dizia logo no início do número anterior, no qual acabei por desenvolver apenas a questão do canto na liturgia, continuando nessa mesma interpelação que fiz ao leitor no sentido de se interrogar sobre a razão que terá levado o Santo Padre a apelar ao uso do latim, debrucemo-nos agora um pouco sobre essa questão.

Basta olharmos para o último (e triste) acontecimento na nossa língua mátria, para vermos que uma língua é dinâmica, que tem vida. Sabemos que no Português há mais do que uma maneira para dizer a mesma coisa, daí as situações por vezes embaraçosas que resultam da aplicação de termos susceptíveis de alguma ambiguidade, problema mais notório quando há que interpretar o exacto sentido de uma ideia posta em letra de lei, por exemplo.

Então o que é que o uso do latim na liturgia tem a ver com isto? Tem a ver com isto, e não só, pois, são duas as razões fundamentais que clamam para o uso do latim: 

A primeira é o factor da universalidade, que permite a todo o católico, em qualquer parte do mundo, participar na liturgia celebrada numa só e mesma língua.

A segunda e mais importante razão, tem a ver com o facto de o latim, por não ser uma língua evolutiva, não permitir as variações que foram introduzidas no vernáculo. Escondida atrás dessas variações, veio a adulteração, que não deriva de uma deficiente tradução, mas de uma sub-reptícia intencionalidade, mal do qual já o próprio Papa Paulo VI se queixara em 1976, como referi no primeiro artigo.

Estas são as razões que levam o Santo Padre a falar-nos da necessidade de irmos voltando àquela que é, afinal, a língua oficial da Igreja, para que em todas as Missas de todo o mundo, todos os sacerdotes, com todos os fiéis, celebrem o cruento e salvífico Sacrifício do altar proferindo exactamente as mesmas palavras, não dando azo a supressões ou acrescentos como os que gostam de fazer muitos padres, desobedecendo às normas estabelecidas pelo Vat. II, na SC, 22, § 3.

Foi precisamente com a mudança para o idioma de cada povo, que todos fomos levados a crer que isso representava um avanço, quando na verdade não passou de uma forma ardilosa dos inimigos, usada para impedir o maior louvor ao Altíssimo, ao nos desviarem do exacto sentido das palavras veiculado pelo latim. Dessa forma, a coberto da tradução foi-lhes possível alterarem o significado teológico de algumas frases.

Basta um pouco de atenção para vermos o exemplo que salta mais à vista: na Missa em latim, o sacerdote, dirigindo-se ao povo, diz: «Dominus vobiscum!», e o povo, por sua vez, responde, com o mesmo sentido de petição a Deus e desejo de coração: «Et cum spiritu tuo!»

Com estas palavras, o sacerdote está a dizer: «O Senhor esteja convosco!», às quais o povo responde: «E com o teu espírito!»

Se meditarmos um pouco só nestas palavras, que se repetem por três vezes, logo vemos a dimensão, a profundidade, a unção do Espírito (como diriam no RC) (1) que nelas se encontra. Nesta resposta, o povo lança ao sacerdote, como forma de bênção, o seu desejo, antes feito súplica a Deus, que também nele se faça presente o mesmo Senhor, para mais digna celebração e santificação de todos.

Para uma alma enamorada por Deus, numa Missa onde o Sagrado é sentido pelos fiéis, estas palavras de bênção são suficientes para lhe escancarar a porta do coração ao Espírito Santo. Mas para impedir que isso aconteça, e impedir também que outros cheguem a esse enamoramento, tudo fora pensado. Este pequeno exemplo ilustra bem o que foi o trabalho dos inimigos da Fé dentro da Igreja.

Como dizia atrás, aproveitaram a tradução para alterarem o sentido. Senão, vejamos agora a resposta do povo em sua língua, que, em vez de dizer «e com o teu espírito», diz, «ele está no meio de nós…»

Se isto não é subversão crua e pura, então não sei o que é subversão. Como quem suscita todo o erro é o mesmo que tem estado a macaquear as coisas de Deus, com esta e outras adulterações que passam despercebidas à maioria, muito nos tem andado a gozar. Disso só se apercebe quem já lhe conheça todas as manhas e esteja mais por dentro dos vários serviços da Igreja. Uma vez que se oculta aos nossos olhos físicos, não identificamos a sua presença no seio dos vários grupos paroquiais, razão pela qual a fraternidade Cristã é a coisa mais difícil, para não dizer impossível, de encontrar. E mesmo assim, na Missa, hipocritamente dizemos «ele (2) está no meio de nos?»

Eis um triste exemplo, que lamentavelmente me diz respeito:

Um dia alertei um amigo, membro da Conferência Vicentina local, para a necessidade de repensarem o apoio que estavam a dar a uma determinada família, por mim bem conhecida. Porque nesse dia iam ter reunião, pediu-me que fosse lá com ele expor o caso. Quando eu disse que aquela família, composta por mãe e filho, cada um com suas limitações, carecia de outro tipo de apoio e não daquele que lhe estavam a dar, que era o saco com víveres, uma vez que, todos, mas todos os dias, ambos tomavam o pequeno-almoço no café, composto por uma sandes de queijo e um galão cada um, talvez por julgar que eu estava a pôr em causa o seu trabalho, vendo-se por isso ferida no seu orgulho, uma das senhoras presentes caiu-me em cima de uma forma «tão cristã», que ainda hoje nem o olhar me dirige, passados que já foram vários anos…

E este é apenas um dos vários casos que só comigo já se passaram… Por isso, conhecedor dos muitos males existentes entre pessoas e grupos, quando na Santa Missa todos dizem «ele está no meio de nós», sabendo que isso está longe da verdade, só por distração é que eu pronuncio tais palavras.

Quanto ao não sabermos o que dizemos no latim, basta termos o Ordinário da Missa com a tradução por baixo, e por outro lado, aceitarmos que o essencial da Missa é um Mistério…

Sobre isso mantenho ainda viva na memória a imagem de mim próprio quando era criança. Fixava-me, muitas vezes sem me aperceber se estaria a respirar, naquilo que para mim representava cada frase, cada momento da Santa Missa. Vejo agora que, de facto, naquele quadro tão simples, composto pelo Sagrado e pela criança interessada em perscrutar o Mistério, o não entendimento não impedia a atracção que o Espírito Santo em mim suscitava pelo Divino. É o que acontece nos corações que se deixam enamorar por Deus…
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(1) Renovamento Carismático.
(2) Propositadamente em minúscula, por não ser Ele, o Senhor, aquele que na verdade está no meio de nós.
José Augusto Santos

A traição da Irmã Lúcia


P. Gonçalo Portocarrero de Almada










A revelação do quarto segredo da mensagem de Fátima

É escandaloso, mas é verdade: decorridos quase cem anos sobre as aparições de Fátima, é possível afirmar que a principal vidente, não obstante a sua tão longa existência, não cumpriu, com eficiência, a sua missão aqui na terra.

É estranho que os jornalistas, tão argutos e corajosos na descoberta e publicitação dos «podres» da Igreja, nunca tenham denunciado este caso. Como misterioso é o silêncio que salvaguarda a memória da última vidente de Fátima, quando é por demais óbvio que defraudou as expectativas que sobre ela recaíram, nomeadamente como confidente da «Senhora mais brilhante do que o sol».

A matéria de facto é conhecida. Na segunda aparição da Cova da Iria, a Lúcia expressou um desejo comum aos três pastorinhos: «Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu». A esta súplica, a resposta de Maria não se fez esperar: «Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração».

Com efeito, a 4-4-1919, menos de dois anos depois das aparições marianas, o Beato Francisco Marto «morreu a sorrir-se», como seu pai confidenciou. Sua irmã, a Beata Jacinta, faleceria menos de um ano depois, a 20-2-1920, em Lisboa, depois de um longo martírio, vivido com exemplar espírito de penitência.

Não assim a prima Lúcia, a mais velha dos três e que, efectivamente, como Nossa Senhora tinha dito, ficou «cá mais algum tempo». Como Maria vive na eternidade de Deus, os 97 anos que tinha a Irmã Lúcia quando faleceu são só «algum tempo». Mas, se não acompanhou os seus primos no seu tão apressado trânsito para o Céu foi – recorde-se – para dar a conhecer e amar a Mãe de Deus e para estabelecer, a nível mundial, a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

No entanto, como cumpriu a Lúcia este encargo que lhe foi expressamente pedido? Que fez, para espalhar mundialmente a devoção mariana? Pois bem, fecha-se, sob rigoroso anonimato, numa instituição religiosa, em que nem sequer às outras religiosas ou às educandas pode confidenciar a revelação de que fora alvo. Pior ainda: alguns anos depois, não satisfeita com aquele regime de voluntária reclusão, pede e alcança a graça de transitar para um convento de mais estrita clausura, onde se encerra para sempre, proibida, pela respectiva regra, de contactar com o mundo exterior, salvo em muito contadas ocasiões.

Ora bem, a Senhora aparecida em Fátima, incumbiu-a da divulgação mundial da devoção ao seu Imaculado Coração. Era de supor, portanto, que a Lúcia se tivesse dedicado a fazer tournées e roadshows internacionais, percorrendo o mundo inteiro e dando entrevistas sobre os factos de que era a única testemunha sobrevivente. Era de esperar que tivesse recorrido aos meios de comunicação social, sem excluir as modernas redes sociais, para promover o culto mariano. Era razoável que tivesse frequentado os talk-shows, para assim poder ser vista e conhecida por milhões de telespectadores de todo o mundo. Era lógico que se tivesse dedicado a escrever best-sellers de palpitante actualidade: «Eu vi o inferno!», ou «A vidente de Nossa Senhora confessa toda a verdade!», ou mesmo «Os segredos de Fátima sem tabus!», ou ainda «Por fim, tudo o que quis saber sobre a conversão da Rússia!».

É quanto basta para poder concluir que, humanamente, não cumpriu a sua missão. E, contudo, são às centenas de milhares os peregrinos que, ano após ano, rumam para a Cova da Iria, correspondendo ao apelo de Nossa Senhora de Fátima. Sem propaganda nem publicidade, sem marketing nem promoções, eles são, afinal, a expressão objectiva do misterioso triunfo da Irmã Lúcia ou, melhor dizendo, da eficácia sobrenatural da sua ineficiência humana. Quem sabe se não será esta tão escandalosa demonstração do poder da oração e do sacrifício, o quarto e o mais importante segredo da mensagem de Fátima?!