sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Pio XI sobre o falso ecumenismo



«Os esforços [do falso ecumenismonão tem nenhum direito à aprovação dos católicos porque eles se apoiam sobre esta opinião errónea que todas as religiões são mais louváveis naquilo que elas revelam, e traduzem todas igualmente, se bem que de uma maneira diferente, o sentimento natural e inato que nos leva para Deus e nos inclina ao respeito diante de seu poder (…) Os infelizes infestados por esses erros sustentam que a verdade dogmática não é absoluta, mas relativa, e deve pois, adaptar-se às várias exigências dos tempos e lugares às diversas necessidades das almas».

(...)

«É manifestamente claro que a Santa Sé não pode de modo algum participar dessas assembleias (do pan-cristianismo ecuménico) que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para tais iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo».


Pio XI (1922-1939), Mortalium Animus






Que defesa da Civilização cristã
do senhor cardeal?

Parece estar na moda não julgar...


Luís Lemos

Segundo a esforçada repórter Aura Miguel da (in)coerente Rádio Renascença, o cardeal Francesco Coccopalmerio falou sobre matrimónio no Sínodo da Família, que decorre no Vaticano. E, muito tolerantemente, declarou:

«Temos de ser honestos e dizer: para nós – e não é só para a Igreja Católica, penso que é para a cultura humana em geral – o casamento é entre um homem e uma mulher.»

Até aqui, tudo bem.

E depois acrescenta este senhor, que é, nada mais, nada menos, o Presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos:

«... em relação aos casais homossexuais, não os julgamos, mas nunca, em absoluto, podemos equipará-los a um matrimónio, por motivos lógicos e de identidade. E também não os abençoamos, porque não podemos dizer que seja uma coisa boa».

Eis a lógica do senhor cardeal: não os julga; mas depois não pode dizer que seja uma coisa boa. Afinal, julga ou não julga? Ser neutra neste caso não implicará já um julgamento?!

O verbo julgar tornou-se um tabu. Ou, melhor, recusar julgar tornou-se uma arma do relativismo.

Em resumo, segundo o perspicaz cardeal, a Igreja deve ser neutra em relação ao assunto dos chamados «casamentos» entre os invertidos. O distanciamento da Igreja apenas se deve limitar a colocar aspas na palavra. Por enquanto.


A estas incoerências segue-se nas suas declarações uma suposta e genérica defesa dos valores da Civilização cristã. Ora bem. Isto, no seu conjunto e concretamente, será realmente a defesa da Civilização cristã ou a capitulação perante as forças que pretendem destruí-la?

Claro que dizemos capitulação partindo do princípio de que esta desastrosa estratégia seria fruto apenas de insanidade mental ou cobardia. A alternativa é maquinação.

«Temos de ser honestos» na análise – diz o cinzentão cardeal... Força, cardeal! Honestidade para a frente!

E a que a manobradora e actriz Aura Miguel rejubila de alegria com esta doutrina... das libertações.





quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Francisco, o sínodo e os que ficaram à porta


Sandro Magister

Dois esposos que batem à porta do sínodo

Ludmila e Stanislaw Grygiel ensinam no Instituto Pontifício de Estudos do Casamento e da Família, criado pelo Papa Karol Wojtyla, seu amigo de toda a vida.Não foram convidados. Mas eles teriam muito para dizer aos padres sinoidais. E disseram-no. Com clareza e coragem.

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quarta-feira, 8 de outubro de 2014


O aborto


Inês Teotónio Pereira

A verdade é que o ónus não está só no Estado, ele continua nas pessoas. O aborto não é um assunto encerrado. É um assunto adormecido.

O assunto parece estar resolvido: quem quer abortar aborta e quem não quer não aborta. As razões que motivam as duas opções são várias, pessoais e intransmissíveis. Cada um sabe de si. O Estado só tem de abrir as portas dos hospitais, pagar um subsídio e sair de fininho deste tema fracturante. Há cerca de sete anos os portugueses decidiram que a forma mais justa de lidar com o melindroso assunto é conceder liberdade total às mães das crianças. Decidiu-se que o Estado não se deve meter nesta relação íntima e muito menos substituir-se à mãe na decisão. E desde então pouco se tem falado do assunto.

O debate há sete anos foi aceso, intenso e apaixonado, e a emoção tomou conta da razão. À pergunta pouco directa e concisa «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?», os portugueses responderam que concordam. Falou-se do início da vida, do embrião, do feto, dos bebés, da gestação e em cada português encontrou-se um filósofo e um cientista. E o dilema adensou-se: se há vida é crime, se não há vida não é. Há vida ou não há vida? Uns dizem que sim, outros garantem que não. Mas havendo vida a anterior lei que permitia o aborto em alguns casos também não é válida. Pois, mas cada coisa a seu tempo. Havendo tantas dúvidas, não será melhor deixar que seja a mãe a decidir se o embrião é vida ou não? Afinal o corpo e o embrião são dela. Sendo uma questão de consciência, ficou resolvido que decide a mãe. E o pai, tal como o Estado, não conta.

De seguida fomos todos para casa de ombros caídos ou cantando vitória. Mas fomos todos para casa. Passaram mais de sete anos e o tema já não é palpitante. De vez em quando alguém grita (e bem) que é uma injustiça o Estado isentar as mães que abortam por opção de pagarem as taxas moderadoras, mas pronto. Pormenores. Esta é uma causa fracturante do passado.

Entretanto vamos sabendo dos números: entre 2011 e 2013 registou-se uma média anual de 19 mil abortos a pedido da mãe em que cerca de um quarto foram repetições. O porquê de tantos abortos ninguém sabe e poucos querem saber. Sim, era melhor que os números não fossem estes. Sim, era muito bom que ninguém decidisse interromper as gravidezes e que em vez de 19 mil abortos pudéssemos engrossar os números da natalidade em 19 mil. Mas o povo decidiu e a liberdade neste caso deixou de ser um valor supremo e passou a ser um valor divino. O centro da questão passou a ser a política de natalidade e família e talvez assim se dê a volta aos números.

Mas a verdade é que o ónus não está só no Estado; continua nas pessoas. O aborto não é um caso encerrado. É um caso adormecido. Quando se delegou a decisão nas mães, virou-se ao mesmo tempo as costas às que decidem abortar, encolheu-se os ombros às razões e tomou-se a decisão mais neoliberal de todas. Conceitos como o bem comum, a justiça social ou a igualdade de direitos foram arrumados na gaveta com o socialismo de Mário Soares em tempos idos do FMI.

A Igreja é a única instituição que garante em uníssono que um embrião é vida, mas ainda assim os portugueses, dos quais 81 por cento respondiam no censo de 2011 ser católicos, decidiram pela opção da mulher. Passaram sete anos e a verdade é que a lei precisa de ajustamentos, as mães precisam de aconselhamento antes de decidirem e de apoio concreto para escolherem de facto em liberdade. A decisão de 2007 não isenta ninguém, pelo contrário, responsabiliza-nos a todos. Sejam eles do sim ou do não, sejam eles políticos ou eleitores. Neste tema não há culpas, há apenas deveres. Deveres que não se esgotam no segredo das urnas ou no primeiro dia dos mandatos.





segunda-feira, 6 de outubro de 2014


Cristo hippie?!...


Heduíno Gomes

Um dia destes, foi motivo de notícia em certos meios de comunicação da Igreja uma declaração apresentada como sendo do Papa, oriunda da Rádio Vaticano, e logo reproduzida – certamente com muito gosto – pela Pastoral da Cultura do padre Tolentino, segundo a qual Jesus não iria muito à bola com «regras». Preferiria o «risco» e a «surpresa».

Eu, que naturalmente não gosto de más surpresas, fiquei desagradavelmente surpreendido com tais declarações, que entendi contra tudo o que consta no Antigo e no Novo Testamento. E ainda, achando essas declarações perigosas e deseducativas em qualquer época, mais perigosas e deseducativas as achei ao serem aventadas numa época em que a dominante é a irresponsabilidade, a permissividade , a anarquia, o relativismo...

Ao ler o texto, verifiquei, contudo, que a suposta alergia de Jesus Cristo às regras estava muito explícita no título mas não tanto no corpo da peça.

Pensei cá para comigo que coisa estaria por detrás de tal peça e de tal título, tal e qual os li.

Erro de expressão do Papa? Mas quem sou eu para julgar?

Confusão doutrinal? Mas quem sou eu para julgar?

Irresponsabilidade pastoral? Mas quem sou eu para julgar?

Deficiência auditiva do repórter, que não entendeu bem? Mas quem sou eu para julgar?

Erro de tradução? Mas quem sou eu para julgar?

Deformação voluntária ou involuntária do título original pelo redactor da Pastoral da Cultura? Mas quem sou eu para julgar?

Incompreensão minha da doutrina? E quem sou eu para me julgar?

E assim fiquei alguns dias nesta cruel dúvida.

Eis que – para minha tranquilidade, milagrosamente ou numa feliz coincidência, se é que há coincidências –, hoje, segunda-feira da 27.ª semana do Tempo Comum, recebi na minha caixa de correio electrónica o boletim diário do Evangelho Quotidiano (http://levangileauquotidien.org/main.php, para quem quiser receber, e em português), que reza assim no início da parábola do bom samaritano (Lucas, 10, 25-26):

«Naquele tempo, levantou-se um doutor da Lei e perguntou a Jesus para O experimentar: ‘Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?’
Disse-lhe Jesus: ‘Que está escrito na Lei?’»

Uf!!! Que alívio!!! Afinal Jesus, como eu já desconfiava, não era hippie!

Parece que há pessoas que andam
a frequentar muito o canal Hollywood.