sábado, 27 de março de 2010

Pedofilia, tolerância zero e maquinação

Cardeal Saraiva Martins quer tolerância zero para padres pedófilos e fala de maquinação contra Igreja

O cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da congregação para a Causa dos Santos, defendeu hoje a "tolerância zero" contra os padres pedófilos, mas salvaguardou que por detrás destes casos também há uma "maquinação" para atacar a Igreja.

José Saraiva Martins salientou que os casos de pedofilia não são específicos da Igreja, que a maior parte acontece noutros meios da sociedade e os seus autores não são sacerdotes.

"Não digo que seja a maçonaria ou qualquer outro grupo, só digo que existe uma maquinação, um objectivo muito preciso, bem claro, para atacar a Igreja", afirmou o bispo.

O cardeal português denunciou que na sociedade actual se assiste a uma progressiva descristianização e a uma indiferença religiosa e que se vai impondo uma mentalidade contra os valores cristãos.

Os casos dos padres pedófilos servem de pretexto "para atacar a Igreja", considerou.

Saraiva Martins defendeu os sacerdotes, afirmando que 99 por cento vivem uma vida de sacrifício e de compromisso com a sociedade e, portanto, é "injusto" apresentá-los "como se todos" fossem pedófilos.

Quanto a saber se a Igreja tem ocultado casos de padres pedófilos, o cardeal tentou compreender a mentalidade da altura, e o cuidado que se tentou ter para não cometer erros.

"Tolerância zero para os casos que devem ser punidos, tanto pelo código da Igreja como pelos tribunais civis", afirmou Saraiva Martins, salientando que os bispos não têm razão para esconder esses casos.
Saraiva Martins defendeu as acções e medidas do Papa Bento XVI para resolver os casos de abuso sexual e, na mesma linha, apelou a um maior rigor na escolha de candidatos ao sacerdócio e à formação contínua dos sacerdotes.

(Agência Lusa)

A elite dos cientistas e a crença em Deus

Claudio Mafra, Reflexões Radicais

Em vários dos seus livros para consumo popular, Carl Sagan ( 1934 – 1996) mostra-se surpreso com a necessidade da busca de Deus pelo homem contemporâneo. Ele achava a ciência tão maravilhosa que não via necessidade de mais nada. Os fenómenos da criação evolucionista estão à nossa disposição, belezas eternas para serem admiradas sem a necessidade de fé no sobrenatural. Ele não fazia a mínima idéia de como vivemos, nós, pobres mortais. Sendo um expoente da ciência, um astrónomo mundialmente conhecido, podia viver em um patamar de deslumbramento que poucos alcançam. Estranho que um homem tão inteligente não tenha percebido que era um privilegiado, alguém especial, absorto dia e noite com os mundos distantes, e que o complemento fama e fortuna o empurraram para mais distante ainda de uma vida espiritual. Nós não vivemos assim. Vivemos cada dia de uma maneira mais ou menos sofrida. Não nos alçamos em vôos extraordinários por outras galáxias.


Richard Dawkins é outro cientista famoso, mas sem as qualidades de suavidade e humildade de Sagan. É um militante pela causa do ateísmo. No seu livro Deus, um Delírio, mostra-se intolerante e rude. Teve a insensatez de propor a mudança do nome ateu para ILUMINADO, o que pressupõe chamar APAGADO quem acredita em Deus. Os autores do livro O Delírio de Dawkins (Alister McGrath e Joanna McGrath) falam-nos ainda mais sobre o seu comportamento agressivo: ”Educar as crianças dentro de uma tradição religiosa é uma forma de abuso infantil“. O radicalismo inconsequente não é um privilégio dos tolos, afinal. Religião pode trazer um comportamento mais sociavel, e a esperança em outra vida ajuda na procura da felicidade. Não cabe aqui, nesta pequena nota, tratar da questão, mas a China é um dos poucos lugares do mundo onde o povo não acredita em Deus. Os valores são todos materiais, e o chinês é flagrantemente infeliz. Uma elite, uma minoria pode ser atei, mas mil milhões de pessoas são um problema.

Alister e Joanna McGrath dão-nos uma ideia do mundo científico em relação à Deus: ”Em 1916, cientistas diligentes foram inquiridos sobre se acreditavam em Deus, especificamente num Deus que se comunica de modo zeloso com a humanidade e a quem se possa orar ” na expectativa de receber uma resposta. ''Os deístas não acreditam num Deus segundo essa definição. Os resultados ficaram famosos: grosso modo, 40% acreditavam nesse tipo de Deus, 40% não e 20% não tinham certeza”. Valendo-se dessa mesma pergunta a investigação foi repetida em 1997 e resultou quase exatamente no mesmo padrão, com um leve aumento dos que não acreditavam ( chegando a 45%). O número dos que acreditavam em Deus permaneceu estável, em torno de 40%”.

Esses dados foram uma grande surpresa para mim. Pensei que os cientistas ateus fossem a esmagadora maioria. O Director do Projeto Genoma, Francis Collins, é cristão. Outro choque. Ele é considerado o maior biólogo vivo, e trabalha com o estudo do DNA, que é o código de hereditariedade da vida. Collins foi o responsável pelo mapeamento do corpo humano. Muitos outros exemplos de cientistas que acreditam em Deus estão no livro dos McGrath.

Aqueles que estiverem interessados em ver como ciência do mais alto nivel não exclui caminhar junto com a crença num Deus misericordioso, podem consultar O Delírio de Dawkins, Alister McGrath & Joanna McGrath, editora Mundo Cristão, 2007, A Linguagem de Deus, Francis Collins, editora Gente, 2007, Cristianismo Puro e Simples, C.S.Lewis, editora Martins Fontes, 2005



sexta-feira, 26 de março de 2010

Sofia Costa Guedes:

«Acredito na família constituída por um homem, uma mulher e uma descendência natural.»


Sofia Costa Guedes

Sofia Barbosa de Almeida Costa Guedes foi a mandatária nos pedidos de referendo para o Aborto e a PMA (procriação medicamente assistida) e voltou a sê-lo agora, lutando contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Já foi condecorada pelo seu empenho na causa da Vida, e distingue-se da maioria católica 'adormecida' por um discurso de Fé vigoroso e exaltante e um voluntariado infatigável junto das camadas mais ignoradas da população. Tomou um chá com Rita Ferro no Guincho, frente ao mar, convicta de que, do seu lado da barricada, haverá uma outra maioria silenciosa.

Rita Ferro - Diariamente contraria o egoísmo, ajudando causas e pessoas. Sente que as pessoas desconfiam de quem pratica o bem?

Sofia Costa Guedes - Muito do egoísmo deve-se ao desconhecimento, que gera falta de liberdade nas escolhas. A verdade é escondida à maior parte das pessoas, ou seja, só lhes é apresentada uma parte da realidade. Penso que as pessoas não desconfiam de quem pratica o Bem, quando sentem que resulta de uma convicção profunda.

- O 'Bem' é um impulso natural ou trabalhado?

- O Bem, tal como o Mal, está inscrito em cada ser humano. Se soubermos ler os Capítulos 1 e 2 dos Génesis encontramos essas duas forças. O Bem é um impulso que tem de ser trabalhado porque convive com o Mal, este sempre apresentado de uma forma aliciante e enganosa. Além disso, o Bem desperta no ser humano a sua integridade, equilibrando-nos e harmonizando-nos em todas as frentes: social, física, psíquica, racional, emocional. É mais fácil optar-se pelo Mal (e o Mal tem muitas faces) do que pelo Bem, mas o gozo e o resultado final são incomparáveis!

- Há registo do número de pessoas que, em torno da Igreja, prestam voluntariado?

- Não faço ideia, porque o voluntariado da Igreja é geralmente discreto, silencioso e natural. Logo, não 'marca pontos'. Não se mede em número de pessoas, mas no êxito das suas acções.

- Mudo então a pergunta: com tanta 'instituição de solidariedade social' a surgir todos os dias, pode dizer-se que a Igreja continua a 'liderar' a caridade no Mundo?

- Sem dúvida. As instituições da Igreja têm uma atitude corajosa e humilde. Basta ver o exemplo da Caritas, visitar as suas instalações, conversar com os seus colaboradores; logo aí se percebe que a ajuda procura ser total. Não se preocupa com o protagonismo ou em 'sair bem na fotografia'. Não gasta dinheiro em meios para se autopromover. E chega, geralmente, quando os outros saem de cena... A Igreja está em todos os cantos do Mundo e acolhe todos sem se impor!

- Sente, por parte da comunidade, gratidão pelos serviços que presta, ou, pelo contrário, lê nalguns olhares o desmotivante "estás armada em santinha"?

- Sou sincera: já tive essa preocupação. Mas cresci, cresci a amar as pessoas todas, mesmo as que me interpretam mal. Hoje sou completamente indiferente aos insultos. Cheguei à conclusão de que é sempre por ignorância, e a ignorância não é pecado, é apenas consequência de um outro, esse grave: não procurar libertar as pessoas dessa ignorância. É o que tento fazer diariamente: crescer ajudando os outros a valorizarem-se, a saberem-se úteis e capazes na vida que lhes foi dada.

- O povo português é maioritariamente cristão e baptizado, mas é preguiçoso nas práticas e relaxado na doutrina. A sensação que dá é a de que, em apenas uma geração, os católicos se desligaram da Igreja e entraram em autogestão, observando umas práticas e ignorando outras. Na sua opinião, o que pode ter contribuído para essa, chamemos-lhe assim, anarquia religiosa?

- O que me parece é que esta crise resulta da confusão clássica entre liberdade e libertinagem. Pôs-se Deus de lado e foi-se perdendo o respeito pelos outros, porque nos fomos tornando cada vez mais individualistas. O slogan passou a ser "Faz o que queres e eu faço o que quero". E a política, encontrando na desordem uma oportunidade para se impor, retirou a Igreja do caminho, forçando subtilmente as pessoas a perderem-se do princípio que ela sempre defendeu: liberdade na responsabilidade. Mas não podemos desanimar! Na História sempre houve situações de crise política, social e religiosa, mas, no fim, o Bem triunfa porque Cristo continua Vivo! A queda do Muro de Berlim é um exemplo!

- Em 2007, recebeu uma medalha de Mérito da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pelo empenho na Causa da Vida, declarando-se publicamente contra o aborto. Trata-se de um tema que desperta dúvidas tanto em crentes como em ateus responsáveis. Nunca teve dúvidas?

- Dúvidas? Posso dizer que estive a dormir e que o assunto quase me era indiferente. Mas a partir do momento em que reconheci no ser humano a legitimidade de viver para além da vontade ou da conveniência humanas, mudei radicalmente de posição, ou seja, passei da indiferença à 'paixão' pela Vida. E hoje, passados tantos anos de envolvimento nessa causa, vivendo tão de perto a realidade, prometi a mim mesma que onde quer que esteja uma grávida a querer abortar, tudo farei no sentido de lhe dar forças e apoio para não o fazer!

- Além de mandatária por essa causa, foi-o também agora, no pedido de referendo para o casamento entre pessoas do mesmo sexo...

- Quando nos movemos por uma cultura de família, uma cultura ecologicamente humana, e se vive essa dinâmica de vida e de 'eternidade', não se arrisca. Acredito na família constituída por um homem, uma mulher e uma descendência natural. Como católica, acredite que sinto a responsabilidade de rezar pelos nossos governantes e peço sempre que Deus aumente o meu amor por eles.

- E a PMA (procriação medicamente assistida), que pode representar a esperança para a esterilidade de tantas mulheres?

- Há muitas formas de viver a maternidade e a paternidade. Apesar do sofrimento de não se poder ter filhos biológicos, existem formas de amar os filhos, mesmo que não sejam 'naturais', sem que para isso se tenha de 'forçar' a Natureza. De outra forma, como serão as vidas daqueles que nascem por via dessas técnicas, sem poderem saber de onde vêm e conhecer os verdadeiros pais? E se porventura não correspondem às expectativas daqueles que os 'quiseram'? E os embriões que se congelam e acabam por não ser implantados? Estão ali vidas em potência! Que destino lhes dão? O caixote de lixo? Quem controla e legisla tudo isto? Enfim: tantas questões tão mal respondidas... Tudo tão contranatura... E a lei lá passou, com o sinal verde da ignorância de muitos sob o poder de alguns.

- Quem assume posições como as suas, contracorrente, é acusado de hipócrita, fundamentalista, cruel e até 'troglodita'. Como se defende?

- Não me defendo. Defendo a vida, mesmo a dos que me acusam. Não tenho medo, porque eu amo as pessoas. Todas! E amo profundamente este caminho por que optei. Todos os dias faço um balanço do meu dia, pedindo perdão pelo que não fiz ou fiz mal.

- Que argumentos usa?

- A minha própria vida!

- Coordena há dez anos o projecto Presépio na Cidade. Em que consiste exactamente?

- Fundamentalmente, é um projecto de evangelização de rua, exercida no contacto permanente com as pessoas, interpelando-as, convidando-as a participar em iniciativas que têm como objectivo ajudar os outros. Vamos às prisões e aos hospitais, onde as pessoas se sentem sós, desesperadas e frágeis. E nós falamos-lhes do amor de Jesus, dizemos-lhes como elas são amadas, queridas e importantes para o Mundo. Todos os 'missionários' deste projecto têm histórias lindas que viveram, que não aparecem nos jornais nem são notícia, mas que mudaram a vida de muita gente!

- É casada, tem três filhos e dois netos. Em que difere uma família católica de outra qualquer?

- O casamento católico tem um selo divino, que nos inflama com a Graça de Deus. Que torna possível aquilo que aparentemente parece impossível: uma fidelidade até à morte, apesar das dificuldades normais, próprias de todas as relações.

- Convive com muita gente boa e gratuita na sua relação com os outros. Que mensagem de esperança gostaria de nos deixar?

- Que, independentemente do que foi a nossa vida, temos o 'agora' para nos transformarmos em 'homens e mulheres novos'. Que essa certeza vem de um Deus que nos ama, apesar de tudo o que somos e não somos, e que só quer a nossa felicidade.






terça-feira, 23 de março de 2010

Delírios alucinantes

Nuno Serras Pereira
1. Todo aquele amontoado de gente e de instituições, de governos e legisladores, que há décadas reivindicava a pedofilia e a pederastia como iniciações saudáveis e recomendáveis, e que contribuíram ao longo dos anos para baixar a idade do consentimento nas legislações, no que diz respeito às “relações” sexuais, e que persistem em poluir e derrancar a infância e a juventude através da introdução da “educação” sexual nas escolas, da imoralidade impúdica e obscena na comunicação social, em particular nas televisões, da pornografia na Internet e da sua venda pública em tudo quanto é quiosque, é essa mesma turba que agora se levanta com ar acusador e de punho ameaçador invectivando e lapidando o Santo Padre e a Igreja, por alguns dos seus membros terem praticado aquilo que eles mesmos insistentemente aconselharam, contra a doutrina da mesma Igreja, baluarte da verdade.

A mesma malta que fornica, comete adultério, sodomiza inumeráveis jovens, se divorcia, deixando traumas permanentes na progenitura, é polígama em série, copula com animais, mata a seus filhos com a “contracepção” química, hormonal e mecânica, os esventra e decapita com o aborto cirúrgico, é essa mesma súcia que se amanta com uma toga, franze o sobrolho, pigarreia, bate com o martelo e profere a sentença: a Igreja é uma sentina, o Clero um esgoto nauseabundo e o Papa um promotor de imundícies tenebrosas. Salvemos a humanidade exterminando a besta infame!

Estes cegos e guias de cegos não vê que se ainda se indigna, apesar da falta de autoridade, é porque ainda lhe restam resquícios da salubridade que Deus infunde no mundo através da Sua Igreja.

2. Esta gente que ganha rios de dinheiro com a indústria da promiscuidade conclama com uma insistência singular, para não dizer pantalifúsia, que a medicina para os males que afligem a Igreja consiste na abolição do celibato e da virgindade consagrada. Como é que a continência e a castidade Religiosa e Sacerdotal podem constituir abusos sexuais é uma coisa que nem eles nem ninguém consegue explicar. Como é que a abstinência sexual é um abuso sexual!?

Acresce que em confissões religiosas cujo clero é casado os abusos sexuais de menores, pedofilia e pederastia, são mais numerosos do que no Clero Católico. Isto, claro está, para não falar daquelas religiões onde o abuso de menores não só não é condenado com é incentivado. Disso não falam, pois receiam que alguma bomba lhes rebente à porta. Mas a Igreja Católica que tem mártires que o foram por se recusarem a essas práticas com tiranos dessas religiões, tem autoridade para o denunciar.

O problema não está no celibato mas sim na infidelidade e no dissentimento doutrinal em relação à Verdade moral que a Igreja anuncia que contaminou muitos Prelados ou Pastores e formadores nos Seminários e nos conventos, isto é, numa traição à Igreja e à Fé que professam.

3. Não podemos, porém, deixar de reconhecer que estas insurreições mais ou menos gerais nos são favoráveis, embora a contra-gosto dos amotinados, uma vez que “ Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam”. É tempo de purificação e de reformação; é tempo de conversão e de pôr na ordem os piores inimigos da Igreja, que são aqueles que a minam a partir de dentro. Cantemos pois aleluias e hossanas a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos proporciona, através do Santo Padre e daqueles que lhe são fiéis, esta oportunidade de com Justiça e Misericórdia desempanar a Beleza da Sua Esposa Santa e Imaculada, cujos membros se prostituem pelo pecado.

Defesa da vida e da família
no centro das eleições na Itália

Movimento pela vida faz um apelo aos candidatos nestas eleições

Antonio Gaspari

O Movimento italiano pela Vida (MpV) fez um apelo a todos os candidatos a governador e a todos os conselheiros das 13 regiões onde serão realizadas as eleições nos dias 28 e 29 de Março para que a defesa da vida e da família seja objeto dos programas eleitorais e da aplicação de políticas para o bem comum.

Em particular, pede reconhecimento à vida desde a concepção até a morte natural e a reforma dos conselhos familiares, para que seu papel vá além de uma mera assinatura de autorização do aborto, em alguns casos.

O apelo foi dirigido aos candidatos de todas as listas. O MpV se comprometeu com os mesmos candidatos e especialmente com os eleitores a contabilizar os que aderirem ao apelo.

«A razão decisiva para não aderir ao aborto é, no geral, contra a destruição de seres humanos no estado embrionário» - começa a mensagem do MpV. É que se trata de «seres humanos», necessariamente, de sujeitos, de «pessoas» particularmente frágeis e pobres e devem ser tratadas como tal.

«Por isso a tutela do direito à vida desde a concepção é uma questão também política. O modo central é primário, porque o fundamento do Estado e da comunidade internacional é a proteção e a promoção da dignidade de cada ser humano».

Nas regiões há um estatuto modificador, integrador e, portanto, o Movimento pela Vida pede aos chefes dos partidos, aspirantes ao governo e a todos os candidatos que «assumam o compromisso de fazer todo o possível para inscrever nos estatutos regionais o reconhecimento do direito à vida de cada ser desde a concepção».

Depois de ter se referido também ao Manifesto apresentado pelo Fórum das Associações familiares, o MpV acrescentou um segundo pedido, «a restruturação dos conselhos familiares, para colocá-los em suas funções essenciais: ser instrumentos de forma límpida e única, obviamente protegendo o direito à vida das crianças, não contra, mas com as mães».

Um importante texto de Nuno Serras Pereira
publicado em 2002

Homossexuais Activos na Vida Religiosa
(Texto condensado)

Muito se tem falado nestes últimos meses dos escândalos provocados por abusos sexuais da parte de alguns sacerdotes, felizmente uma pequena minoria, nos EUA. A acusação passa ao lado da questão central porque denomina de pedofilia casos que o não são - de facto, 90 por cento das vítimas são jovens do sexo masculino, com 16/17 anos -, sendo certo, no entanto, que, percentualmente, o número de pedófilos é nos homossexuais activos três a cinco vezes superior ao dos heterossexuais; e, também, porque a generalidade da comunicação social somente apontou o dedo a uma categoria de casos reputados abusivos, isto é, de situações em que não houve consentimento de uma das partes ou em que esta é considerada incapaz de o conceder; no caso em apreço o menor de idade é, evidentemente, julgado incapaz de verdadeira anuência (assim também os casos esporádicos sucedidos com deficientes mentais).

O problema da homossexualidade activa é também, por várias razões, muito grave quando atinge a vida religiosa consagrada. E, por isso, nos EUA, a procura de resolução daquele não passa somente pelo clero diocesano, mas também pelos membros de Ordens e Congregações Religiosas.

1 – O facto de a vida religiosa exigir, por sua própria natureza, uma convivência intensa entre os seus membros proporciona uma ocasião de tentação e um ambiente favorável ao incremento das fragilidades do homossexual activo.

a) Este ao apaixonar-se facilmente pelos seus confrades, ou tão-somente porque experimenta a compulsão de desafogar as suas paixões desordenadas, torna-se um assediador e um sedutor. Daqui derivam parcialidades, ciúmes, possessividades, divisões, intrigas, discórdias, vinganças, calúnias, mentiras, etc.

b) Por vezes o cerco insistente tem como finalidade fazer cair o outro – um superior, um formador, alguém que está perto de ascender a cargos, etc. -, para o poder calar, chantagear e manipular.

c) Outras vezes o homossexual activo acha-se um apóstolo do evangelho do prazer, o verdadeiro evangelho que “a Igreja repressora persegue cruelmente”; chega a defender, em círculos fechados, que o próprio Cristo era homossexual e que a perseguição (todo aquele que deles discorda é um perseguidor homofóbico) a que, segundo eles, estão sujeitos é uma verdadeira crucifixão.

d) Com frequência invocam a terapia para justificarem diante de si mesmos e dos outros o assédio a que submetem terceiros. A “partilha de sentimentos com o corpo” teria uma função curativa e libertadora.

e) Os jovens constituem o alvo preferencial da sua predação. Por isso:

i) Procuram infiltrar-se na Pastoral juvenil e nos colégios para os assediar, e na Pastoral vocacional para recrutar os que lhes são semelhantes ou podem vir a sê-lo;

ii) Infiltram-se na formação para efeitos semelhantes ao que fica dito.

2 - Habilidosos, astutos e sonsos desabafam fazendo-se de vítimas, incompreendidos, discriminados e odiados por toda a gente, para ganhar simpatias, aliados e defensores. Mas entre eles e perante alguns de fora gabam-se das suas proezas e conquistas, que se contam pelas centenas ou mesmo milhares.

3 – Formam uma rede. Têm, entre eles, um código de “honra” e um pacto de silêncio, semelhante ao das sociedades secretas. Espiolham a vida alheia e trocam informações. Qualquer pecado de qualquer confrade, em qualquer fase da vida, é ou pode ser usado para o chantagear, para o ter atrelado, para alcançarem os seus objectivos.

4 – Conseguem que um considerável número de superiores façam desaparecer as provas que contra eles existem.

5 – Ascendem a cargos de responsabilidade em Seminários chegando a reitores, na formação chegando a Mestres, como superiores de conventos e mosteiros, e nos governos das Províncias. Com estes sinais que os formandos vão recebendo ao longo dos anos que se pode esperar deles no futuro?

7 – Uma vez que, segundo eles, o seu “estilo de vida” não só não tem mal nenhum, senão que é um bem - embora incompreendido pelos “homofóbicos”-, não se vê que problema haja em organizarem actividades apostólicas e missionárias que mascarem “encontros amorosos” e “caçadas” aos efebos.

8 – Padecendo de um forte complexo de inferioridade tornam-se exibicionistas, com uma excessiva preocupação pela imagem e pela publicitação de tudo o que fazem. Não suportam quem lhes faça sombra, são autoritários, possessivos, egoístas e egocêntricos, controladores, difamadores, sempre carentes de elogios, louvores e lisonjas.

9 – Alguns destes homossexuais activos são infiltrações do movimento “gay” na Igreja com a finalidade de a minar por dentro e vir a controlá-la, mas outros, que entraram para a vida Consagrada entusiasmados, castos e puros, cheios de ideal e de esperança, em busca de uma santidade verdadeira, foram pervertidos - no preciso lugar onde procuraram refúgio foram assaltados e devorados -, e, depois, apanhados pela tenebrosa ideologia “gay”.

10 – Alguns deles seropositivos nem por isso desistem das suas aventuras e, por isso, contagiam muitos com a sua doença mortal. Esta é uma das razões, juntamente com outras, entre as quais os ciúmes que provocam pela infidelidade constante, porque podem ser responsáveis por crimes de homicídio e ver as suas vidas ameaçadas de morte. Chegando mesmo alguns a ser assassinados.

11 – De entre aqueles que têm responsabilidades importantes nas Ordens e Congregações Religiosas são poucos, ainda, os que já se aperceberam da dimensão real do problema e que este, actualmente, não tem paralelo com os casos esporádicos que sempre, mais ou menos, terão existido.

12 – A generalidade dos religiosos viverá ingenuamente ignorante desta situação bem grave. De entre aqueles que a conhecem a maioria sente-se seriamente incomodada. Felizmente tem vindo a aumentar significativamente o número daqueles que se vão apercebendo da realidade e que compreendem que têm o dever grave de se empenhar para que as coisas não continuem assim. Nesse intuito de mudança são movidos por um triplo amor que brota do amor a Deus, a Cristo e à Sua Igreja, a saber:

i) Amor aos inocentes que têm absolutamente de ser protegidos. Nalgumas Províncias Religiosas gravemente corrompidas, alguns consagrados, positivamente, enxotam os candidatos que aspiram a nelas entrar, encaminhando-os para outras bem mais sãs. E fazem-no por que receiam que sejam pervertidos, quer doutrinalmente, quer sexualmente. No entanto, como nem todos passam pelas suas mãos, não são poucos os que entram e vêm a ser vítimas. Destes uns saem escandalizados, outros ficam, mas traumatizados, outros, ainda, são pervertidos, raros são os que permanecem incólumes. Mas aqueles religiosos consagrados vivem na esperança de que os tempos mudem e, assim, possam alegre e efusivamente acolher todos os que se sentem atraídos por uma verdadeira vocação. E se nos candidatos houver alguma vulnerabilidade, possam eles encontrar um ambiente que os ajude a superá-la e não a dilatá-la.

Importa, ainda, ad extra proteger as crianças e os jovens que se deixam enredar pela ascendência que um religioso, sacerdote ou não, exerce sobre eles.

ii) Amor às pessoas que praticam actos homossexuais. Estas são umas desgraçadas que desgraçam a vida de tantas outras. Infelizes, profundamente complexadas, compulsivas, escravizadas, inquietas, dúplices, ciumentas, vingativas, cobiçosas, com uma carência imensa de amor e afecto (que tanto mais cresce e se torna insaciável quanto mais são activos nas suas práticas), cercadas pelo medo, forjadas pela mentira, em contradição permanente com o seu verdadeiro Eu e com a vocação que abraçaram... - as suas vidas são um inferno. Sofrem horrores porque procuram a felicidade pelo exacto caminho que dela afasta.

O pérfido mito de que a homossexualidade não é uma doença, mas uma identidade, é um dos principais responsáveis da situação actual. Por isso um dos primeiros passos a dar consiste em ajudar esta gente a compreender que a sua identidade não é a homossexualidade. Esta, aliás, não é nenhuma orientação, mas sim uma desorientação sexual que distorce e deforma (ou inclina a, porque pode e deve ser resistida) o Eu verdadeiro – a atracção e a compulsão homossexual são sintomas de “disfunções” psíquicas e espirituais que precisam de ser tratadas. Eles são pessoas, criadas por Deus à Sua imagem e semelhança e feitos Seus filhos pelo Baptismo. Importa, pois, ajudá-los a reconhecerem a sua dignidade.

iii) Amor às próprias Ordens e Congregações Religiosas. Estas existem para serem escolas de santidade onde se possa aprender a melhor conhecer, amar e servir a Deus, trabalhando para Sua maior glória e para o maior bem de todos os homens. Não existem para si mesmas, mas para Cristo, para serem “lugares” que conduzam os seus membros a Ele, a fim de que conformem as suas vontades com a Sua vontade e configurem as suas vidas com a Sua. Estas obras de Deus (as Ordens e Congregações) não existem para que os que a elas pertencem se esgotem narcisicamente em planos, técnicas, projectos, dinâmicas, burocracias, organizações, obras “grandiosas” que mascaram o profundo vazio interior e servem de troféu para aqueles cuja preocupação obsessiva parece ser a procura obstinada da própria glória. Existem sim para a aprendizagem e cultivo da amizade com Cristo, da vivência na Sua graça, e, por Ele, com Ele e n’Ele, da amizade recíproca e universal. De outro modo, não servem para nada, a não ser para o esgoto e para serem espezinhadas pela comunicação social. Alinhar com ou ficar indiferente à bandalheira denota um profundo desprezo, uma intensa aversão, ultimamente um ódio, às Ordens e Congregações a que se pertence.

domingo, 21 de março de 2010

Pintando o retrato de Jesus Cristo

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Carta Pastoral de Bento XVI
aos católicos na Irlanda
sobre os abusos sexuais de menores

1. Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram.

Como sabeis, convidei recentemente os bispos irlandeses para um encontro aqui em Roma a fim de referir sobre o modo como trataram estas questões no passado e indicar os passos que empreenderam para responder a esta grave situação. Juntamente com alguns altos Prelados da Cúria Romana ouvi quanto tinham para dizer, quer individualmente quer em grupo, enquanto propunham uma análise dos erros cometidos e das lições aprendidas, e uma descrição dos programas e dos protocolos hoje existente. As nossas reflexões foram francas e construtivas. Alimento a confiança de que, como resultado, os bispos se encontrem agora numa posição mais forte para levar por diante a tarefa de reparar as injustiças do passado e para enfrentar as temáticas mais amplas relacionadas com o abuso dos menores segundo modalidades conformes com as exigências da justiça e com os ensinamentos do Evangelho.

2. Por meu lado, considerando a gravidade destas culpas e a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país,, decidi escrever esta Carta Pastoral para vos expressar a minha proximidade, e para vos propor um caminho de cura, de renovação e de reparação.

Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus.

Ao mesmo tempo, devo expressar também a minha convicção de que, para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a protecção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro.

Enquanto enfretais os desafios deste momento, peço-vos que vos recordeis da «rocha de que fostes talhados» (Is 51, 1). Reflecti sobre as contribuições generosas, com frequência heróicas, oferecidas à Igreja e à humanidade como tal pelas passadas gerações de homens e mulheres irlandeses, e deixai que isto gere impulso para um honesto auto-exame e um convicto programa de renovação eclesial e individual. A minha oração é por que, assistida pela intercessão dos seus muitos santos e purificada pela penitência, a Igreja na Irlanda supere a presente crise e volte a ser uma testemunha convincente da verdade e da bondade de Deus omnipotente, manifestadas no seu Filho Jesus Cristo.

3. Historicamente os católicos da Irlanda demonstraram-se uma grande força de bem quer na pátria quer fora. Monges célticos, como São Colombano, difundiram o Evangelho na Europa Ocidental lançando as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, de caridade e de sabedoria transcendente que derivam da fé cristã, encontraram expressão na construção de igrejas e mosteiros e na instituição de escolas, bibliotecas e hospitais que consolidaram a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses tiraram a sua força e inspiração da fé sólida, da guia forte e dos comportamentos morais rectos da Igreja na sua terra natal.

A partir do século XVI, os católicos na Irlanda sofreram um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias perigosas e difíceis. Santo Oliver Plunkett, o Arcebispo mártir de Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de corajosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja teve a liberdade de crescer de novo. Famílias e inúmeras pessoas que tinham preservado a fé durante os tempos das provações tornaram-se a centelha de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A Igreja forneceu escolarização, sobretudo aos pobres, e isto deu uma grande contribuição à sociedade irlandesa. Um dos frutos das novas escolas católicas foi um aumento de vocações: gerações de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários deixaram a pátria para servir em todos os continentes, sobretudo no mundo de língua inglesa. Foram admiráveis não só pela vastidão do seu número, mas também pela robustez da fé e pela solidez do seu empenho pastoral. Muitas dioceses, sobretudo em África, América e Austrália, beneficiaram da presença de clero e religiosos irlandeses que anunciaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, que serviram tanto os católicos, como a sociedade em geral, com atenção especial às necessidades dos pobres.E

Em quase todas as famílias da Irlanda houve alguém – um filho ou uma filha, uma tia ou um tio – que deu a própria vida à Igreja. Justamente as famílias irlandesas têm em grande estima e afecto os seus queridos, que ofereceram a própria vida a Cristo, partilhando o dom da fé com outros e actualizando-a num serviço amoroso a Deus e ao próximo.

4. Contudo, nos últimos decénios a Igreja no vosso país teve que se confrontar com novos e graves desafios à fé que surgiram da rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos. Com frequência as práticas sacramentais e devocionais que sustentam a fé e a tornam capaz de crescer, como por exemplo a confissão frequente, a oração quotidiana e os ritos anuais, não foram atendidas. Determinante foi também neste período a tendência, até da parte de sacerdotes e religiosos, para adoptar modos de pensamento e de juízo das realidades seculares sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II por vezes foi mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar. Em particular, houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos.

Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise actual é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os factores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa. É preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.

5. Em diversas ocasiões desde a minha eleição para a Sé de Pedro, encontrei vítimas de abusos sexuais, assim como estou disponível a fazê-lo no futuro. Detive-me com elas, ouvi as suas vicissitudes, tomei nota do seu sofrimento, rezei com e por elas. Precedentemente no meu pontificado, na preocupação por enfrentar este tema, pedi aos Bispos da Irlanda, por ocasião da visita ad limina de 2006, que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes» (Discurso aos Bispos da Irlanda, 28 de Outubro de 2006).

Com esta Carta, pretendo exortar todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a reflectir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial. Dirijo-me agora a vós com palavras que me vêm do coração, e desejo falar a cada um de vós individualmente e a todos como irmãos e irmãs no Senhor.

6. Às vítimas de abuso e às suas famílias

Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança – que traz a libertação e a promessa de um novo início. Dirigindo-me a vós como pastor, preocupado pelo bem de todos os filhos de Deus, peço-vos com humildade que reflictais sobre quanto vos disse. Rezo a fim de que, aproximando-vos de Cristo e participando na vida da sua Igreja – uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral – possais redescobrir o amor infinito de Cristo por todos vós. Tenho confiança em que deste modo sereis capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.

7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

8. Aos pais

Ficastes profundamente transtornados ao tomar conhecimento das coisas terríveis que tiveram lugar naquele que deveria ter sido o ambiente mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar doméstico e educar os filhos. Eles merecem crescer num ambiente seguro, amados e queridos, com um forte sentido da sua identidade e do seu valor. Têm direito a ser educados nos valores morais autênticos, radicados na dignidade da pessoa humana, a serem inspirados pela verdade da nossa fé católica e a aprender modos de comportamento e de acção que os levem a uma sadia estima de si e à felicidade duradoura. Esta tarefa nobre e exigente está confiada em primeiro lugar a vós, seus pais. Exorto-vos a fazer a vossa parte para garantir a melhor cura possível dos jovens, quer em casa quer na sociedade em geral, enquanto que a Igreja, por seu lado, continua a pôr em prática as medidas adoptadas nos últimos anos para tutelar os jovens nos ambientes paroquiais e educativos. Enquanto dais continuidade às vossas importantes responsabilidades, certifico-vos de que estou próximo de vós e que vos dou o apoio da minha oração.

9. Aos meninos e aos jovens da Irlanda

Desejo oferecer-vos uma particular palavra de encorajamento. A vossa experiência de Igreja é muito diversa da que fizeram os vossos pais e avós. O mundo mudou muito desde quando eles tinham a vossa idade. Não obstante, todos, em cada geração, estão chamados a percorrer o mesmo caminho da vida, sejam quais forem as circunstâncias. Todos estamos escandalizados com os pecados e as falências de alguns membros da Igreja, sobretudo de quantos foram escolhidos de modo especial para guiar e servir os jovens. Mas é na Igreja que encontrareis Jesus Cristo que é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele ama-vos e ofereceu-se a si próprio na Cruz por vós. Procurai uma relação pessoal com ele na comunhão da sua Igreja, porque ele nunca trairá a vossa confiança! Só ele pode satisfazer as vossas expectativas mais profundas e conferir às vossas vidas o seu significado mais pleno orientando-as para o serviço ao próximo. Mantende o olhar fixo em Jesus e na sua bondade e protegei no vosso coração a chama da fé. Juntamente com os vossos irmãos católicos na Irlanda olho para vós a fim de que sejais discípulos fiéis do nosso Deus e contribuais com o vosso entusiasmo e com o vosso idealismo tão necessários para a reconstrução e para o renovamento da nossa amada Igreja.

10. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda

Todos nós estamos a sofrer como consequência dos pecados dos nossos irmãos que traíram uma ordem sagrada ou não enfrentaram de modo justo e responsável as acusações de abuso. Perante o ultraje e a indignação que isto causou, não só entre os leigos mas também entre vós e as vossas comunidades religiosas, muitos de vós sentis-vos pessoalmente desanimados e também abandonados. Além disso, estou consciente de que aos olhos de alguns sois culpados por associação, e considerados como que de certo modo responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, desejo reconhecer-vos a dedicação da vossa vida de sacerdotes e de religiosos e dos vossos apostolados, e convido-vos a reafirmar a vossa fé em Cristo, o vosso amor à sua Igreja e a vossa confiança na promessa de redenção, de perdão e de renovação interior do Evangelho. Deste modo, demonstrareis a todos que onde abunda o pecado, superabunda a graça (cf. Rm 5, 20).

Sei que muitos de vós estais desiludidos, transtornados e encolerizados pelo modo como estas questões foram tratadas por alguns dos vossos superiores. Não obstante, é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Sobretudo, exorto-vos a tornar-vos cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, seguindo com coragem o caminho da conversão, da purificação e da reconciliação. Deste modo, a Igreja na Irlanda haurirá nova vida e vitalidade do vosso testemunho ao poder redentor do Senhor tornado visível na vossa vida.

11. Aos meus irmãos bispos

Não se pode negar que alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens. Foram cometidos sérios erros no tratamento das acusações. Compreendo como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Claramente, os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram em recentes encontros aqui em Roma destinados a estabelecer uma abordagem clara e coerente destas questões. É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico.

Só uma acção decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito e a benquerença dos Irlandeses em relação à Igreja à qual consagrámos a nossa vida. Isto deve brotar, antes de tudo, do exame de vós próprios, da purificação interior e da renovação espiritual. O povo da Irlanda espera justamente que sejais homens de Deus, que sejais santos, que vivais com simplicidade, que procureis todos os dias a conversão pessoal. Para ele, segundo a expressão de Santo Agostinho, sois bispos; contudo estais chamados a ser com eles seguidores de Cristo (cf. Discurso 340, 1). Exorto-vos portanto a renovar o vosso sentido de responsabilidade diante de Deus, a crescer em solidariedade com o vosso povo e a aprofundar a vossa solicitude pastoral por todos os membros da vossa grei. Em particular, sede sensíveis à vida espiritual e moral de cada um dos vossos sacerdotes. Sede um exemplo com as vossas próprias vidas, estai-lhes próximos, ouvi as suas preocupações, oferecei-lhes encorajamento neste tempo de dificuldades e alimentai a chama do seu amor a Cristo e o seu compromisso no serviço dos seus irmãos e irmãs.

Também os leigos devem ser encorajados a fazer a sua parte na vida da Igreja. Fazei com que sejam formados de modo que possam dizer a razão, de maneira articulada e convincente, do Evangelho na sociedade moderna (cf. 1 Pd 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e na missão da Igreja. Isto, por sua vez, ajudar-vos-á a ser de novo guias e testemunhas credíveis da verdade redentora de Cristo.

12. A todos os fiéis da Irlanda

A experiência que um jovem faz da Igreja deveria dar sempre fruto num encontro pessoal e vivificante com Jesus Cristo numa comunidade que ama e que oferece alimento. Neste ambiente, os jovens devem ser encorajados a crescer até à sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar por ideais nobres de santidade, de caridade e de verdade e a inspirar-se nas riquezas de uma grande tradição religiosa e cultural. Na nossa sociedade cada vez mais secularizada, na qual também nós critãos muitas vezes temos dificuldade em falar da dimensão transcendente da nossa existência, precisamos de encontrar novos caminhos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com Jesus Cristo na comunhão da sua Igreja. Ao enfrentar a presente crise, as medidas para se ocupar de modo justo de cada um dos crimes são essenciais, mas sozinhas não são suficientes: há necessidade de uma nova visão para inspirar a geração actual e as futuras a fazer tesouro do dom da nossa fé comum. Caminhando pela via indicada pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando a nossa vida de maneira cada vez mais próxima com a pessoa de Jesus Cristo, fareis a experiência da renovação profunda da qual hoje há uma urgente necessidade. Convido-vos a todos a perseverar neste caminho.

13. Amados irmãos e irmãs em Cristo, é com profunda preocupação por todos vós neste tempo de sofrimento, no qual a fragilidade da condição humana foi tão claramente revelada, que desejei oferecer-vos estas palavras de encorajamento e de apoio. Espero que as acolhais como um sinal da minha proximidade espiritual e da minha confiança na vossa capacidade de responder aos desafios do momento actual tirando renovada inspiração e força das nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, de perseverança na fé e de firmeza na consecução da santidade. Juntamente com todos vós, rezo com insistência para que, com a graça de Deus, as feridas que atingiram muitas pessoas e famílias possam ser curadas e que a Igreja na Irlanda possa conhecer uma época de renascimento e de renovação espiritual.

14. Desejo propor-vos algumas iniciativas concretas para enfrentar a situação. No final do meu encontro com os Bispos da Irlanda, pedi que a Quaresma deste ano fosse considerada como tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja no vosso país. Agora convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda. Encorajo-vos a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a valer-vos com mais frequência da força transformadora da sua graça.

Deve ser dedicada também particular atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deverão haver igrejas ou capelas reservadas especificamente para esta finalidade. Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles. Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.

Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32).Além disso, depois de me ter consultado e rezado sobre a questão, tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa. Os pormenores serão anunciados no devido momento.

Além disso proponho que se realize uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Alimento a esperança de que, haurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações, de modo a redescobrir as raízes da vossa fé em Jesus Cristo e a beber abundantemente nas fontes da água viva que ele vos oferece através da sua Igreja.

Neste Ano dedicado aos Sacerdotes, recomendo-vos de modo muito particular a figura de São João Maria Vianney, que teve uma compreensão tão rica do mistério do sacerdócio. «O sacerdote, escreveu, possui a chave dos tesouros do céu: é ele quem abre a porta, é ele o dispensador do bom Deus, o administrador dos seus bens». O cura d’Ars compreendeu bem como é grandemente abençoada uma comunidade quando é servida por um sacerdote bom e santo. «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o tesouro maior que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Por intercessão de São João Maria Vianney possa o sacerdócio na Irlanda retomar vida e a inteira Igreja na Irlanda crescer na estima do grande dom do ministério sacerdotal.

Aproveito esta ocasião para agradecer desde já a quantos se comprometerem no empenho de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como os tantos homens e mulheres que em toda a Irlanda já se comprometeram pela tutela dos jovens nos ambientes eclesiásticos. Desde quando a gravidade e a extensão do problema dos abusos sexuais dos jovens em instituições católicas começou a ser plenamente compreendido, a Igreja desempenhou uma grande quantidade de trabalho em muitas partes do mundo, a fim de o enfrentar e remediar. Enquanto não se deve poupar esforço algum para melhorar e actualizar procedimentos já existentes, encoraja-me o facto de que as práticas de tutela em vigor, adoptadas pelas Igrejas locais, são consideradas, nalgumas partes do mundo, um modelo que deve ser seguido por outras instituições.

Desejo concluir esta Carta com uma especial Oração pela Igreja na Irlanda, que vos envio com o cuidado que um pai tem pelos seus filhos e com o afecto de um cristão como vós, escandalizado e ferido por quanto aconteceu na nossa amada Igreja. Ao utilizardes esta oração nas vossas famílias, paróquias e comunidades, que a Bem-Aventurada Virgem Maria vos proteja e vos guie pelo caminho que conduz a uma união mais estreita com o seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afecto e firme confiança nas promessas de Deus, concedo de coração a todos vós a minha Bênção Apostólica em penhor de força e paz no Senhor.

Vaticano, 19 de Março de 2010, Solenidade de São José

Benedictus PP. XVI





ORAÇÃO PELA IGREJA NA IRLANDA



Deus dos nossos pais,

Renova-nos na fé que é para nós vida e salvação na esperança que promete perdão e renovação interior, na caridade que purifica e abre os nossos corações para te amar, e em ti, amar todos os nossos irmãos e irmãs.

Senhor Jesus Cristo possa a Igreja na Irlanda renovar o seu milenário compromisso na formação dos nossos jovens no caminho da verdade, da bondade, da santidade e do serviço generoso à sociedade.

Espírito Santo, consolador, advogado e guia, inspira uma nova primavera de santidade e de zelo apostólico para a Igreja na Irlanda.

Possa a nossa tristeza e as nossas lágrimas o nosso esforço sincero por corrigir os erros do passado, e o nosso firme propósito de correcção, dar abundantes frutos de graça para o aprofundamento da fé nas nossas famílias, paróquias, escolas e associações, e para o progresso espiritual da sociedade irlandesa, e para o crescimento da caridade, da justiça, da alegria e da paz, na inteira família humana.

A ti, Trindade, com plena confiança na amorosa protecção de Maria, Rainha da Irlanda, nossa Mãe, e de São Patrício, de Santa Brígida e de todos os santos, recomendamos a nós próprios, os nossos jovens, e as necessidades da Igreja na Irlanda.

Amen.