sexta-feira, 23 de setembro de 2016


Criança é morta por eutanásia na Bélgica




Jurandir Dias

A eutanásia é, a seu modo, uma consequência do aborto. O aborto trouxe um enfraquecimento da família e é praticado pelas mesmas razões, ou seja, o casal não quer ter filhos para poder gozar mais a vida, divertir-se livremente, ir à praia etc. sem ter o trabalho de cuidar de crianças.

Morreu na Bélgica a primeira criança por eutanásia. A notícia não poderia ser mais estarrecedora. A informação foi prestada pelo presidente da Comissão Federal para a Eutanásia, Wim Distelmans.[i]

Em 2014, o Parlamento Socialista da Bélgica aprovou uma lei iníqua que permite que os médicos pratiquem a eutanásia – eufemismo para não dizer assassinar – em crianças com doenças ditas incuráveis e que causam muito sofrimento. A lei permite que os menores procurem a eutanásia. Mas as crianças que serão sacrificadas teriam que «possuir a capacidade de discernimento». Que criança, nos tormentos das dores, será capaz de discernir se quererá ou não ser morta?

A eutanásia existe na Bélgica desde 2002, quando o governo socialista daquele país a aprovou para os anciãos.

O número de mortes por eutanásia na Bélgica está a subir rapidamente, com um aumento de 25% em 2012. Estudos recentes indicam que até 47% de todas as mortes assistidas não foram descritas; 32% de todas as mortes assistidas foram feitas sem pedido e os enfermeiros estão a matar os seus doentes sem o conhecimento dos médicos.[ii]

Alguns especialistas belgas estão a apoiar a extensão da eutanásia para crianças com deficiência, porque dizem que isso já está a ser feito. Os mesmos médicos especialistas sugerem que a extensão da eutanásia vai resultar num aumento de 10 a 100 mortes por ano.

Tudo isto causa uma enorme insegurança entre as pessoas. Na Holanda, um dos primeiros países a aprovar a eutanásia, os idosos cruzam a fronteira e vão tratar-se na Alemanha onde a lei da eutanásia não é tão radical. Agora, também a criança doente se sentirá gravemente ameaçada. E pensará se a sua existência não será um peso para a família e que os seus pais, mediante conselho pernicioso de um médico, não venham a terminar com a sua vida.

*    *     *

A eutanásia é, a seu modo, uma consequência do aborto. O aborto trouxe um enfraquecimento da família e é praticado pelas mesmas razões, ou seja, o casal não quer ter filhos para poder gozar mais a vida, divertir-se livremente, ir à praia etc. sem ter o trabalho de cuidar de crianças.

A criança executada pela eutanásia «alivia» a família de gastos com hospitais e do trabalho de acompanhamento familiar naquele momento crucial. Por isso se mata o filho ou a filha e depois vai divertir-se.

Como isto é diferente daquela mãe ou pai que passam noites sem dormir, rezando pela recuperação da saúde do seu filho ou filha, ao lado do seu leito de dor, consolando-a, dando forças para suportar os sofrimentos!

Os outros filhos olharão para os pais e dirão: como os meus pais são maravilhosos, como eles são dedicados. A minha mãe é uma heroína, acompanhou o meu irmãozinho até o fim. Que exemplo!

É neste momento de sofrimento que a família se une melhor; há maior solidariedade entre as pessoas.

Contudo, não são assim os pais que matam os seus filhos. Eles procuram principalmente o prazer, o gozo da vida. Procuram eliminar qualquer forma de sofrimento. Eles são o fruto de uma sociedade descristianizada. Para eles não importa o quinto mandamento que diz «não matarás», assim como os demais.

Prevendo a eutanásia para crianças, em 1936…

Na coluna «7 dias em revista» do Legionário, n.º 212, de 4 de Outubro de 1936Plinio Corrêa de Oliveira comentava um facto então pioneiro: em Perth (Austrália) um pai matou o próprio filho por motivos de saúde. Transcrevemos a seguir o texto na íntegra:

«Pela primeira vez, desde que o mundo se governa pelos princípios da civilização de Jesus Cristo, um pai mata o seu filho por motivos de saúde.

Trata-se do Sr. Sullivan, de Perth, na Austrália, que levou a passear o seu filho de três anos matando-o inesperadamente com um tiro. O próprio infanticida conduziu depois o pequeno cadáver à polícia, e declarou que a razão do crime que praticara era que o seu menino sofria de doença incurável.

Não era lícito a esse pai desnaturado, matar o seu filho, qualquer que fosse o pretexto por ele invocado. Mas façamos abstração disto, e consideremos a questão sobre outro aspecto. O Sr. Sullivan é «chauffeur», portanto pessoa relativamente desprovida de recursos. Será tão seguro que autorize o infanticídio o diagnóstico do médico de 2.ª classe, a quem provavelmente o Sr. Sullivan consultou? Será realmente incurável essa moléstia? Com os progressos que a medicina vem fazendo, não é bem possível que, daqui a alguns anos, o menino pudesse ser curado?

Em nada disto refletiu o Sr. Sullivan.

*   *   *

O Sr. Sullivan, em si, não interessa. A sua atitude vale apenas como sintoma de uma civilização.

A tal ponto o mundo descristianizado está perdendo o senso da caridade, que diversos escritores europeus já sustentam a inutilidade e, mais do que isso, a nocividade dos estabelecimentos de assistência à doença na infância.

Se a criança doente é um ser inferior, por que razão há-de o Estado sobrecarregar-se com a sua educação? Não seria melhor deixar morrer esses galhos quase secos, para que a seiva afluísse mais abundante, para os galhos sãos?

Se algum dia esse pensamento conquistar o mundo, os casos como o do Sr. Sullivan serão numerosíssimos.»

Nesse dia, a Igreja certamente já terá voltado para as catacumbas. E, no Brasil, as pessoas do povo matarão os seus filhos, nunca a conselho médico, mas por indicação de (satanistas)…»



[ii] http://www.lifenews.com/2016/09/19/first-child-dies-after-belgium-approves-measure-allowing-doctors-to-euthanize-children/ – acessado em 20 de Setembro de 2016.






A cruz e a laicidade do Estado


José Maria Sardinha

Em recente entrevista do D.r Vera Jardim ao Diário de Notícias, foi referida a possibilidade de eliminar das escolas públicas o mais simples de todos os símbolos da religião cristã: a cruz.


Parece desconhecer-se que esse símbolo representa também uma sociedade e mesmo uma civilização que floresce há cerca de dois milénios. Aceita-se no entanto que um sistema político que estabelece a laicidade do Estado queira eliminar todos os vestígios de qualquer subordinação ou simplesmente discreta benevolência com algum credo, mesmo quando ele é seguido e venerado por uma expressiva parte da população de Portugal. Nesta perspectiva, a pequena cruz  pendurada na parede de uma sala de aula não tem sentido até porque poderá ofender a sensibilidade de um agnóstico ou a crença de um muçulmano. Mas este afã de respeitar intransigentemente o carácter laico do Estado deverá ser complementado por medidas mais enérgicas que levem a eliminar todos os sinais directamente relacionados com a religião cristã.


Assim, como medida de aplicação imediata, o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) deverá ordenar a retirada da cruz de Cristo das opulentas velas do navio-escola Sagres, que tão brilhantemente tem representado Portugal em muitos mares por onde tem navegado. De igual forma e pelas mesmas razões, o Chefe do Estado-Maior da FAP deverá mandar retirar com uns bons litros de aguarrás a cruz de Cristo pintada nas asas de todos os aviões da nossa força aérea.

Mas estas medidas não chegarão para atestar, sem sombra de dúvida, o absoluto carácter de um Portugal laico. Haverá que ir mais longe. Terá sentido que um cidadão agnóstico procure o alívio dos seus males num hospital com um nome de tão profunda reminiscência cristã como São José, São João, Santa Maria, São Bernardo, São Francisco, Santo André, Santo António e tantos outros espalhados por cidades portuguesas?

Será portanto necessário proceder à substituição do nome de dezenas de hospitais, por respeito aos melhores princípios da laicidade do Estado.

Estas medidas não se esgotam porém com as acções que se apontam. Há que ir mais longe alterando radicalmente o nome de dezenas de freguesias identificadas com um nome inscrito nos registos dos canonizados da Igreja: Santa Luzia, Santa Isabel, Santo António, Santo Estêvão, São Mateus, etc.


Haverá que fazer uma profunda alteração da toponímia de muitas aldeias, vilas e cidades portuguesas, eliminando todos os sinais, símbolos e invocações das nossas raízes cristãs. Será talvez oportuno inscrever no OGE para 2017 uma avantajada verba para realizar a revolução toponímica que venha a garantir assim a laicidade do Estado. Na óptica estreita dos governantes da Nação, isto será talvez mais importante do que promover o desenvolvimento económico do País e preservar as suas raízes culturais.





terça-feira, 20 de setembro de 2016


Uma semana em Portugal


Alberto GonçalvesDiário de Notícias, 18 de Setembro de 2016

Uma das gémeas Mortágua, família cuja notoriedade define o país, mostrou quem realmente governa isto e anunciou um novo imposto sobre o património imobiliário («para apanhar quem escapa ao IRS»).

O PCP, que em matéria de assaltos não gosta de ficar à porta e invade furioso a horta, quer alargar o imposto ao património mobiliário, ou seja colocar a mão literalmente na massa.

A CGTP, que lutou pela «escola pública» (?), luta agora pelos trabalhadores despedidos dos colégios privados que se empenhou em fechar.

O secretário de Estado que viajou à conta da GALP não se demite do cargo mas demite-se de tutelar a GALP.

O Presidente dos «afectos» ouviu um par de «homólogos» estrangeiros jurarem-lhe pela pujança da economia indígena e não percebeu o sarcasmo.

O — passe a expressão — primeiro-ministro exibiu o imaginário que lhe habita a cabecinha e, em momento de típica erudição, sugeriu a Pedro Passos Coelho que vá caçar Pokémons.

O — desculpem o termo — ministro das Finanças, que cá dentro compete em boa disposição com o dr. Costa, andou lá fora a jurar que trabalha imenso para evitar um segundo «resgate», que na verdade seria o quarto.

Os portugueses que ainda não enlouqueceram já nem duvidam da necessidade do resgate, mas duvidam que o tenhamos quando precisarmos dele. O problema é que os portugueses que ainda não enlouqueceram são uma minoria de resistentes. E um problema maior é que, aos poucos, a resistência perde razão de ser: a cada semana, o ambiente em curso convida à resignação e ao abandono. De acordo com as sondagens, cinquenta e tal por cento dos cidadãos registam os sinais e acham que a coisa vai no bom caminho.

No meio da desagregação geral, a opinião publicada aflige-se com a entrevista de um juiz (pretexto para exaltar o eng. Sócrates), as memórias de um antigo assessor (pretexto para criticar Cavaco) e os mexericos do arq. Saraiva (pretexto para demolir Passos Coelho). Portugal é uma casa em chamas onde os moradores só se preocupam com a fechadura que range. Não tarda, estamos a olear a porta reduzida a cinzas. E a culpar a «direita», a «Europa» e a Via Láctea pelos estragos. A Via Láctea não é nossa amiga.






Pró ou contra o moderno:

questão de palavras ou de princípios?


Plinio Corrêa de Oliveira

Se moderno é sinónimo de materialista, revolucionário, pagão, somos contra o moderno. Se quer dizer hodierno, distinguimos: somos pelo hodierno sadio e honesto, contra o hodierno pagão.

Insistimos na ideia expressa em números anteriores. Se por «moderno» se entende tudo quanto é contemporâneo, só um estúpido pode condenar em bloco as coisas modernas só porque modernas. Mas se por «moderno» entendemos as manifestações incontáveis e triunfantes de certo espírito materialista, nivelador e pagão que chegou hoje ao seu paroxismo, então somos contra tudo quanto é moderno, em bloco e por princípio.

Não nos retardemos na questão de palavras, que consistiria em saber se moderno é sinónimo de hodierno, ou se indica apenas uma faceta – a faceta materialista e revolucionária – do contemporâneo. É melhor ir directamente aos exemplos, que elucidam a distinção entre o bom e o mau moderno, entre o hodierno e o moderno.


* * *
O desporto está profundamente radicado nos costumes actuais. Somos a favor dele, ou contra ele?

Cumpre distinguir. Ninguém pode ser contra o exercício físico enquanto tal, isto é, enquanto meio de conservar a saúde, e honesta distracção.

Porém, daí até certo desportivismo dos nossos dias, que diferença! O ambiente desportivo tomou – muito frequentemente – aspectos francamente condenáveis. Em primeiro lugar, porque dá pretexto a toda a espécie de exibições nudistas. Em segundo lugar, porque degenerou numa idolatria do corpo, com inteiro desprezo da virtude, da inteligência, da cultura, que são as riquezas da alma. Em terceiro lugar, porque nesta idolatria do corpo o desportismo actual não ficou no nível dos clássicos, mas degradou-se até ao culto do murro e do pontapé, da brutalidade enfim, com inteiro desprezo da nobreza do corpo humano. Típico disto é o tratamento que o homem sofre na cabeça, a parte mais nobre do seu corpo, no jogo de boxe. Em quarto lugar, o ambiente desportivo tomou algo de delirante e brutal, com as suas «claques» exageradas, a trivialidade degradante das maneiras e dos trajes ditos «desportivos», etc., etc.

* * *

Mas há desportos e desportos.

Considere-se o estado da face do boxeur cuja fotografia aqui estampamos. É licito, é justo, é digno pôr-se em tais condições um rosto humano, só para divertir uma multidão? Se um servo da Idade Média tivesse sido posto neste estado num jogo, para divertir algum senhor feudal, quanta declamação lacrimejante daí se originaria. Este boxeur, com o fito de ganhar a vida e fazer carreira, sujeitou-se a ficar assim para divertir o grande senhor dos nossos dias, que é a multidão. E quase ninguém vê nisto algo de censurável.

* * *

Neste pobre boxeur, dir-se-ia que a força bruta reduziu ao mínimo as manifestações da alma, a matéria comprime, oprime, deprime o espírito.

Considere-se por outro lado o alpinismo, desporto também hoje apreciado. O corpo trabalha intensamente. Não menos, porém, a alma. Há riscos a correr, que exigem coragem; há ocasiões em que não basta a força, mas é necessária a agilidade. E situações em que a escalada só não redunda num desastre devido à presença de espírito, à fortaleza de ânimo, ao engenho e à capacidade inventiva dos alpinistas. Vendo-os pois, como no cliché, no alto de um píncaro que pareceria inacessível, triunfando por todos os obstáculos da natureza, tem-se muito acentuadamente a sensação da vitória do espírito sobre a matéria. Pois se o homem, fisicamente tão frágil mesmo quando corpulento, domina a rudeza dos penhascos, não é bem verdade que o deve sobretudo ao facto de ter audácia, espírito de iniciativa e capacidade inventiva?

* * *

De tudo isto, o nosso terceiro cliché dá uma demonstração quase emocionante. Na Alemanha, são numerosos os mutilados de guerra que praticam desporto na neve. Suprindo pelo vigor da alma as deficiências dos seus corpos estropiados, deslizam céleres pelas superfícies geladas e vencem precipícios. Quem não sente respeito diante de tal força de ânimo e simpatia por um exercício físico tão dignificante?

Somos pelo desporto ou contra o desporto? Pelo moderno ou contra o moderno? Questões confusas e capciosas.

Se moderno é sinónimo de materialista, revolucionário, pagão, somos contra o moderno. Se quer dizer hodierno, distinguimos: somos pelo hodierno sadio e honesto, contra o hodierno pagão.

E mutatis mutandis o mesmo dizemos do desporto. Se por desporto se entende todo o exercício físico, distinguimos: há desportos bons e maus, há até maneiras boas e más de praticar os desportos bons. A natação, por exemplo, é em si um desporto bom. Mas numa piscina mista é mau. Se porém o desporto autêntico e por antonomásia é o desporto embrutecedor, aviltante, sensual, demagógico, vulgarizador, e se o resto são formas antiquadas de desporto, em vias de desaparecimento, dizemos com coragem que o antiquado é bom e o novo é mau.






Eu acho!

A propósito da eutanásia do jovem de 17 anos

na Bélgica


Sofia Guedes

Hoje, neste Século XXI, decide-se pelo «eu acho». O verbo achar, também já não significa o que de verdade deveria significar. Achar é procurar a razão. É fundamentar com profundidade. E pelos vistos não é o que acontece.

Em nome de uma falsa compaixão, mata-se. A ciência já nem precisa de «achar» meios para aliviar a dor. O coração do homem não precisa de amar sofrendo com o outro, dando-lhe sempre uma razão para viver.

Hoje sabemos que existem muitos meios para aliviar a dor, sem para isso ter que dizer à pessoa que sofre: «olha, o melhor é morreres, eu mato-te ou mando-te matar»!, claro isto sempre com uma linguagem cheia de «paninhos quentes».

Devíamos ter vergonha de nos assumirmos uma geração de cobardes, insensíveis, egoístas e irracionais.

Eu não alinho neste fútil «achar» e por isso não «acho» porque já me decidi e no próximo domingo dia 25 e no domingo dia 2 de Outubro, estarei com dezenas de jovens à saída das missas das igrejas do Estoril e Cascais a recolher assinaturas para a petição TODA A VIDA TEM DIGNIDADE. Assinem também online e divulguem. Já temos mais do que a petição a favor da eutanásia que já foi entregue na AR!

Há muito para fazer e já!





segunda-feira, 19 de setembro de 2016


As perseguições mafiosas

ao juiz Carlos Alexandre


António José Vilela e Fernando Esteves,
Sábado, 26 de Março de 2015


O juiz de instrução Carlos Alexandre não tem tido uma vida fácil. Nos últimos 10 anos, já o ameaçaram, invadiram-lhe a casa, tentaram atropelar-lhe a mulher e agora envenenaram-lhe o cão.

O animal de nome Bart, que lhe tinha sido oferecido pelo procurador João de Melo, morreu envenenado com remédio dos ratos. Durante semanas, o cão agonizou e acabou por morrer na semana passada. Suspeita-se que alguém tenha atirado para o quintal da casa do juiz um alimento misturado com veneno para ratos.

Estes casos já não são estranhos para o magistrado judicial que há mais de 10 anos lida com os processos mais complexos relacionados com criminalidade violenta e económico financeira. Quando estava colocado na Polícia Judiciária Militar, Carlos Alexandre chegou a ser ameaçado e temeu até ser agredido dentro das instalações daquela força policial que dependia hierarquicamente do ministro da Defesa Nacional. Na altura, Paulo Portas era o titular do cargo e o juiz tinha ordenado que o seu chefe de gabinete fosse colocado sob escuta por causa de um alegado negócio de compra de material militar.

Mais tarde, já colocado no Tribunal Central de Instrução Criminal,  invadiram-lhe a residência e deixaram-lhe uma velha pistola à vista que estava guardada numa gaveta. O juiz achou que se tratava de um aviso. Apesar de ter segurança 24 horas por dia, outros dois acontecimentos viriam a deixá-lo bastante preocupado, sobretudo porque em causa esteve a mulher Felisbela, que terá sido objecto de duas tentativas de atropelamento quando passava numa passadeira para peões.

Agora foi a vez do cão da família.






PETIÇÃO



Rogério de Moura enviou-lhe a seguinte Petição.

Caros Amigos,

Acabei de ler e assinar a petição: «APOIO AO JUIZ CARLOS ALEXANDRE » no endereço http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT82973

Pessoalmente concordo com esta petição e cumpro com o dever de a fazer chegar ao maior número de pessoas, que certamente saberão avaliar da sua pertinência e actualidade.

Agradeço que subscrevam a petição e que ajudem na sua divulgação através de um email para os vossos contactos.

Obrigado.

Rogério de Moura

Esta mensagem foi-lhe enviada por Rogério de Moura (rdemoura007@gmail.com), através do serviço http://peticaopublica.com em relação à Petição http://peticaopublica.com/?pi=PT82973







Carlos Alexandre incomoda


A folha de serviço


Eduardo Dâmaso, Sábado, 15 de Setembro de 2016

O juiz Carlos Alexandre já foi alvo de denúncias anónimas sobre contactos com jornalistas que nunca teve. Foi obrigado a um striptease salarial e a relatar a inspectores judiciais todos os rendimentos da família. Foi vasculhado por causa de um empréstimo de 4 mil euros num programa de TV dirigido por Sandra Felgueiras, filha da famosa arguida Fátima Felgueiras, que fez outro programa onde explorava alegadas «coincidências» entre as decisões do juiz e as notícias de um jornalista.

Foi «aconselhado», por superiores, a suavizar decisões sobre o crime de branqueamento em processos relacionados com Angola. Viu processos de obras em casa espiolhados e decisões suas achincalhadas por desembargadores da Relação de Lisboa que passaram mais de uma década em comissões de serviço nomeados pelos amigos políticos, com base em opiniões e não em argumentação jurídica. Viu os filhos ameaçados com pistolas deixadas em cima das respectivas fotografias.

Nunca teve uma repreensão do Conselho Superior de Magistratura. Tem quase trinta anos de serviço público, centenas de decisões acolhidas pelo direito e uma folha de serviço impecável. Tudo isso é indiferente aos pregadores evangélicos como Louçã e a outros que o macaqueiam, que reduzem tudo ao interesse indisfarçável que prosseguem e que não é outro senão safar Sócrates, mesmo que isso leve Ricardo Salgado, Oliveira e Costa e Duarte Lima na mesma água do mesmo banho a deitar fora. Todos vítimas do malandro Carlos Alexandre e do iníquo Estado de direito em que vivemos… Grandes democratas!






O «caso» Carlos Alexandre


Elogio dos vermes


José Mendonça da CruzCorta-Fitas, 14 de Setembro de 2016


O juiz Carlos Alexandre deu uma entrevista em que explicou quem era, e tudo o que disse de si está solidamente comprovado pela sua vida, a sua carreira, e o testemunho de quem o conhece ou com ele trabalhou. Mas o juiz Carlos Alexandre cometeu um erro grosseiro de avaliação: avaliou mal o país e o tempo em que vive, incomensuravelmente mais rascas do que julga ou desejaria. Compreende-se, pois, que logo lhe tenham caído em cima os barões do país pardo e da corrupção, obviamente acolhidos e aclamados na comunicação social avençada, e inevitavelmente acompanhados daqueles idiotas úteis que seguem qualquer carroça de pruridos politicamente correctos, na ilusão de mostrar equilíbrio e equidistância.

O juiz Carlos Alexandre avaliou mal.

Declarou-se católico praticante, e disse que a fé o estrutura e fortalece. Ofendeu o credo «laico» da redutora acepção socialista, menosprezou jacobinos e maçons.

Contou com alegria que tem uma família sólida e tradicional, com a qual se sente feliz. Desconsiderou, pois, as virtudes fracturantes.

Revelou serenamente que trabalha muito, ganha pouco, e vive uma vida de austeridade e contenção. Mostrou-se, portanto, displicente com uma governação que virou a página da austeridade, que defende a redução do horário de expediente para os trabalhadores (desde que do sector público), e celebra o fausto, (desde que reservado a quem tem políticas para as pessoas). E, pior, desprezou as nobres carreiras daqueles defensores da coisa pública que, à força do seu dinâmico optimismo, saltaram do Clio para o Mercedes S, do apartamento para o palacete e a casa de férias, da mediania para o enriquecimento sem causa ou explicação, do anonimato para a gloriosa inutilidade de algum observatório ou fundação.

O juiz Carlos Alexandre apresentou-se, em resumo, (e a sua vida e carreira, repete-se, parecem confirmar que é assim) como um homem sério e bom, incorruptível, estranho ao deslumbramento das mordomias, do dinheiro a rodos, dos pied à terre em Paris. Mais grave ainda: o juiz pareceu manifestar uma inabalável fé na Justiça, mesmo naqueles casos a que o programa do PS chama perseguição a políticos (seus).

Eis, pois, em pormenor e por extenso, o mais álacre manifesto contra o tempo novo português.

Que juiz deve servir, então, se Carlos Alexandre, que vai tão ao arrepio do miasma, não serve?

É fácil. Algum magistrado fiel como Santos Silva ou Silva Pereira; impoluto como Rocha Andrade; sensato, contido e escrupuloso como Costa; intocável como Ferro Rodrigues; polido como Galamba; sério como César; equidistante como Rangel; insuspeito como Nascimento; trabalhador como Nogueira; crível como Centeno; e que, no entanto, fosse frugal... como Sócrates.