sábado, 15 de junho de 2013

O Papa Francisco e o «lóbi gay»
no Vaticano
– 10 coisas para saber e partilhar

Jimmy Akin
É certo que o Papa Francisco admitiu a existência de um «lóbi gay» no Vaticano?

Se admitiu, o que é que vai fazer com ele?

O Papa Francisco foi recentemente notícia ao, aparentemente, reconhecer a existência de um «lóbi gay» no Vaticano.  O que foi que disse?

O que é que quis dizer? O que é que vai fazer no futuro?

Eis 10 coisas para saber e partilhar...


1. O que o Papa Francisco disse?

Segundo a imprensa, o Papa disse recentemente:

Na cúria há gente santa, é verdade, há gente santa.

Mas também há uma corrente de corrupção, também há, é verdade.

Fala-se do «lobby gay», e é verdade, está aí… temos de ver o que podemos fazer…

2. Quando e onde o disse?

De acordo com Rocco Palmo:

Estes comentários foram supostamente feitos durante a audiência de uma hora que o Papa concedeu na 5.ª Feira (6 de Junho) a responsáveis da «Confederación Latino Americana y Caribeña de Religiosas y Religiosos» (CLAR).

Uma síntese não assinada do encontro – coligindo uma selecção de citações fortes, mas sem ser uma transcrição integral – foi dada, em exclusivo, e publicada no Domingo à tarde por Reflexión y Liberación, um site dedicado a temas da Igreja e com uma abordagem próxima da teologia da libertação.

Não se tratou, pois, de declarações públicas, o que levanta a questão da sua autenticidade.

3. Mas terá mesmo dito o que dizem que disse?

A minha impressão é que sim. As citações têm muito o aspecto de serem do Papa Francisco, abordam os seus temas típicos, e mostram uma franqueza desarmante que é muito dele.

Além disso, a Sala Stampa do Vaticano fez aquilo que, na gíria do Watergate, se pode chamar uma «confirmação não-confirmativa». Rocco aponta:

Chamado a reagir e comentar, o porta-voz do Vaticano padre Federico Lombardi declarou à CNN que «foi uma reunião privada.

Não tenho comentário a fazer».

ACTUALIZAÇÃO

Está a ser noticiado que o site que originalmente publicou a conversa está a «demarcar-se» da parte relativa ao lóbi gay. Pode ler mais sobre isso aqui.

Com efeito foram acrescentadas algumas nuances, no entanto a demarcação não foi total. Alegadamente a conversa foi transcrita de memória e não a partir de qualquer gravação, por isso diz-se que as expressões «não se podem atribuir ao Santo Padre, com segurança» (o itálico é meu).

Isto não nega ou retira veracidade à história. Não dizem que ele não disse.

Dizem que se baseia na memória e, por tanto, não é 100% fiável (particularmente quanto às palavras exactas), mas não é a mesma coisa que dizer que a afirmação nunca foi feita.

Pessoalmente, sempre imaginei que o relato era baseado na memória e não numa gravação, e dado que a fonte é a memória de várias testemunhas que estiveram presentes, a minha convicção é que a afirmação foi feita, mesmo que persista a interrogação sobre quais as palavras exactas que empregou.

4. O que quis dizer com «lóbi gay»?

Não é claro.

Qualquer grupo considerável de pessoas pode ter pessoas que têm atracção pelo mesmo sexo (SSA – same sex attraction) e uns poucos dentre essas que actuam conduzidos por essa atracção.

Tais pessoas podem ter sabido da existência de outras nas mesmas condições e terem formado uma rede de algum tipo.

Mas uma rede assim não é a mesma coisa que um «lóbi».

Uma rede de conhecimentos só é um «lóbi» quando tenta influenciar decisões de algum modo. Se o que fizessem fosse usar o conhecimento recíproco para obter relacionamentos sexuais, isso não faria deles um «lóbi».

5. O que poderia um «lóbi» tentar fazer?

Um objectivo óbvio de longo prazo seria tentar influenciar o ensinamento da Igreja sobre o comportamento homossexual.

Se é esse o seu objectivo, então não estão a ter grande êxito. A Igreja tem sido muito firme sobre esse assunto.

A Congregação para a Doutrina da Fé publicou vários documentos que abordam o tema mantendo o ensinamento tradicional da Igreja, apesar da crescente oposição cultural.

Também podem tentar influenciar procedimentos como, por exemplo, os relativos à admissão ao sacerdócio de pessoas com orientação homossexual.

Se é isso que pretendem, também aí não tiveram grande êxito.

Pouco depois de ter sido eleito Bento XVI, a Santa Sé fixou como guia que pessoas com orientação homossexual estável e profundamente radicada não devem ser admitidas ao sacerdócio.

Um campo onde podem ter tido algum êxito é através da influência sobre a trajectória de casos individuais – p. ex. ajudando-se reciprocamente, procurando mutuamente a subida na carreira, procurando colocar os seus membros em posições de influência, procurando trazer pessoas que conhecem fora para dentro do Vaticano, e actuando para colocar homossexuais em posições influentes fora do Vaticano.

6. Que dimensão tem o «lóbi gay»

Como dissemos, qualquer grupo considerável de pessoas tem dentro de si pessoas que sentem atracção por pessoas do mesmo sexo (SSA), assim como qualquer grupo considerável de pessoas inclui uns poucos que serão alvo de alguma tentação.

Se o grupo for de tamanho suficientemente considerável, haverá sempre alguém que cede à tentação.

O Estado da Cidade do Vaticano emprega cerca de 2.000 pessoas, e num grupo com essa dimensão, é inevitável que haja pessoas com SSA, incluindo algumas que actuaram ou actuam nesse sentido.

«Quantos» é uma pergunta interessante, mas não há grande maneira de saber.

Em todo o caso, não devemos assumir que seja um número massivo.

Afinal, o Papa Francisco disse:«Na cúria há gente santa, é verdade, há gente santa.»

Depois, anotou:

Mas também há uma corrente de corrupção, também há, é verdade.

Esta «corrente de corrupção» é, aparentemente, na sua perspectiva, menor do que o grupo de pessoas santas.

Então, aparentemente dentro da «corrente da corrupção», acrescentou:

Fala-se do «lóbi gay», e é verdade, está aí…

Isto sugere que o «lóbi gay» pode ser apenas uma parte da «corrente de corrupção», que em si pode ser pequena em comparação com o grupo muito maior de pessoas santas que trabalha na cúria.

Portanto, não devemos entrar em pânico.

7. «Onde é que eu já ouvi isto antes?»

Um possível membro do «lóbi gay» foi tirado do armário pelos media italianos em 2007.

Foi rapidamente demitido das suas funções.

Mais recentemente, na esteira do escândalo VatiLeaks, o Papa Bento nomeou uma comissão de três cardeais para realizar uma investigação, e nas vésperas do recente conclave a imprensa italiana começou a relatar que a comissão tinha encontrado provas de «lóbi gay» dentro do Vaticano.

Na época, havia rumores de que este lóbi teve alguma coisa a ver com a renúncia do Papa Bento XVI.

Observadores do Vaticano pensam que é improvável que tenha tido qualquer papel directo.

O Papa Bento XVI indicou que a sua renúncia se devia à falta de energia necessária para governar a Igreja do modo que ele pensava justo, e não há razões para duvidar disso.

É possível, porém, que os resultados da investigação dos cardeais tenha sido um factor que contribuiu para a convicção de que fazia falta um Papa com maior vigor para enfrentar a magnitude dos desafios que se apresentam.

8. Onde teve o Papa Francisco informação sobre o «lóbi gay»?

Provavelmente, encontrou-a nas 300 páginas do relatório que se diz ter sido preparado pela comissão de cardeais criada por Bento XVI.

Antes do conclave, havia dúvidas sobre se os resultados do relatório seriam partilhados com os cardeais eleitores.

O relatório completo, ao que parece, não foi, mas o relatório foi aparentemente entregue ao Papa Francisco, após a sua eleição, e é sem dúvida uma das suas fontes de informação.

9. E agora, o que é que vai acontecer?

Estamos para ver. Segundo os comentários que ele próprio fez:

«temos de ver o que podemos fazer…»

O simples facto de ter feito estes comentários pode ser visto como um primeiro passo para resolver a situação.

Ao fazer estes comentários, o Papa Francisco pode ter previsto que acabariam por se tornar públicos, e pode ter pretendido que fosse como uma espécie de tiro de aviso ao «lóbi gay».

Por outras palavras: amigos, basta. Comecem a tirar o cavalo da chuva.

Isto pode ser entendido tanto quanto à actividade sexual ilícita por membros da rede como qualquer tentativa de influenciar a partir dela.

Mas há mais coisas que podem ser feitas.

10. Que mais se pode fazer?

Não é de esperar (em circunstâncias normais) que a Santa Sé venha publicamente demitir os membros desta rede, indicando a razão, tendo em conta a vaga de publicidade negativa que isso iria causar.

No entanto, pode bem decidir desmontar a rede removendo ou reafectando os seus membros, sem declarar publicamente as razões.

O facto de o Papa Francisco estar a preparar uma grande limpeza interna e provavelmente uma reestruturação da Cúria Romana (os departamentos que o ajudam a governar a Igreja) seria uma excelente oportunidade para executar esse plano.





sexta-feira, 14 de junho de 2013

A política de terra queimada
sobre a família

Marta Gaspar

A aprovação da lei da co-adopção com votos a favor, abstenções e até ausência de inúmeros deputados da maioria PSD-CDS na Assembleia demonstra que, ao serviço de interesses que pugnam pela destruição da célula familiar (pai, mãe e filhos), foi dado mais um passo na instituição de uma pseudo-ética resultante dos caprichos e das vontades de políticos ao serviço de lobbies da minoria e não ao respeito pelo voto e pela consciência dos Portugueses.

Tal como havia já resultado da aprovação da lei de despenalização do aborto (cujas consequências são conhecidas e inclusive denunciadas pelos especialistas intervenientes na sua execução), a perigosa relativização dos valores e da essência da pessoa humana, também nesta matéria, teve um avanço capital.

A formatação das consciências é a principal arma dos políticos do sistema, procurando tornar aceitáveis e dignas de crédito todas as medidas, leis e critérios que desejam instituir nas sociedades, à luz de um projecto e de uma nova ordem maquiavélica de estruturas que transcendem o território nacional.

A Assembleia da República não está mandatada para votar matérias de consciência e definir os valores essenciais da sociedade. Em matéria política fundamental, rege a lei constitucional, boa ou má; em matéria de valores fundamentais sobre os quais assenta e se organiza a sociedade, rege a lei natural.

Aqui regista-se a primeira subversão de todo este processo, consistindo na captura da sociedade e do pensamento colectivo segundo o qual a matéria agora sujeita a legislação é matéria ordinária que visa eliminar uma fonte de discriminação. Não é! É a defesa de um interesse minoritário, com prejuízo de direitos que não constam de lei nem têm de constar, porque neles se funda a ordem jurídica e os direitos constitucionais ou legalmente consagrados, porque do domínio da ordem natural, isto é, direitos inalienáveis das crianças e do ser humano.

A despenalização do aborto e uma política totalmente alienada quanto a incentivos económicos e sociais às famílias para poderem ter mais filhos, aliadas ao apoio a uma cultura hedonista, são, para já, uma achega ao problema demográfico, que regista uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo. A aprovação do chamado «casamento» entre pessoas do mesmo sexo e da lei da co-adopção é a cereja no bolo.

Chocante e inaceitável é o reflexo destas irresponsabilidades, egoísmos  e espírito de destruição nos mais inocentes: as crianças. Não só as que tentam sobreviver nos ventres das mães, bem como aquelas que são vítimas de um Estado que, não resolvendo os problemas do bem comum, também no campo da família, quer legislar e usurpar o papel desta instituição natural. A adopção não é um direito dos pais nem um dever do Estado. A adopção é apenas a possibilidade de encontrar para a criança uma resposta que a ajude a superar o seu eventual infortúnio de orfandade, algo que naturalmente só é possível no quadro de uma referência que inclua o pai e a mãe.





quarta-feira, 12 de junho de 2013

Papa Francisco:
É dever do cristão envolver-se na política
embora ela seja «muito suja»

O Papa Francisco, ao responder a uma das perguntas feitas por um dos jovens que recebeu na Sala Paulo VI, no encontro com alunos e ex-alunos dos colégios jesuítas da Itália e Albânia (7 de Junho), explicou que é um dever, uma obrigação do cristão, envolver-se na política embora ela seja «muito suja», porque aí se pode trabalhar pelo bem comum. «Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos».

«Devemos participar na vida política porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos devem trabalhar na política.»

«Alguém me dirá: ‘mas não é fácil’. Também não é fácil ser sacerdote. Não são coisas fáceis porque a vida não é fácil. A política é muito suja, mas eu pergunto-me: Porque será suja? Porque os cristãos não estão imbuídos do espírito evangélico».

O Santo Padre assinalou também que «é fácil dizer ‘a culpa é dos outros’... e eu, o que faço? É um dever! Trabalhar pelo bem comum é dever de um cristão! E, muitas vezes, para trabalhar, o caminho a seguir é a política».





terça-feira, 11 de junho de 2013

Papa Francisco:
A «linguagem socialmente educada»
é a da «hipocrisia» e «da corrupção»

Na Missa que presidiu na manhã de ontem (4 de Junho) na Casa de Santa Marta, o Papa Francisco assinalou que os cristãos não utilizam uma «linguagem socialmente educada», propensa à hipocrisia, mas são porta-vozes da verdade do Evangelho com a mesma transparência das crianças.

A hipocrisia é a linguagem preferida dos corruptos. A cena evangélica do tributo a César, e a pergunta trapaceira dos fariseus e dos partidários de Herodes a Cristo sobre a legitimidade daquele tributo, deu ao Papa motivo para a sua reflexão de hoje em continuidade com a homilia da segunda-feira.

A intenção com a que se aproximam de Jesus, afirmou, é a de fazê-lo «cair na armadilha». A pergunta se é lícito ou não pagar o imposto a Cesar é exposta «com palavras suaves, com palavras belas, com palavras ‘adocicadas’». «Pretendem – adicionou – mostrar-se amigáveis». Mas tudo é falso. Porque, explicou Francisco, «eles não amam a verdade, mas somente a si mesmos e assim tentam enganar, envolver os outros na mentira. Têm o coração mentiroso, não podem dizer a verdade».

«A hipocrisia é precisamente a linguagem da corrupção. Quando Jesus fala aos seus discípulos, diz que o seu modo de falar deve ser ‘sim, sim’ ou ‘não, não’».

«Estes querem uma verdade escrava dos próprios interesses. Podemos dizer que há um amor: mas é o amor de si mesmos, o amor a si mesmos. Aquela idolatria narcisista que os leva a trair os outros, os leva aos abusos da confiança».

«E a mansidão que Jesus quer de nós não tem nada a ver com esta adulação, nada a ver com esta forma ‘açucarada’ de avançar. Nada disso! A mansidão é simples; é como aquela de uma criança. E uma criança não é hipócrita, porque não é corrupta. Quando Jesus nos diz: Quando disserem ‘sim’, que seja sim, e quando disserem ‘não’, que seja não! com espírito de crianças, refere-se ao contrário da forma de falar destes».

A última consideração do Santo Padre referiu-se a uma «certa fraqueza interior», estimulada pela vaidade, que faz com que «gostemos que digam coisas boas de nós». Os «corruptos sabem disso e tentam enfraquecer-nos com essa linguagem».

«Pensemos bem: qual é a nossa linguagem hoje? Falamos com verdade, com amor, ou falamos um pouco com aquela linguagem social de seres educados, dizendo coisas belas, mas que não sentimos?»





domingo, 9 de junho de 2013

O Papa Francisco:
Pecadores sim, corruptos não!

Na Missa celebrada na manhã de 3 de Junho na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco reflectiu sobre «três modelos de cristãos na Igreja: os pecadores, os corruptos e os Santos», e exclamou «pecadores sim, corruptos não!».

Ao meditar sobre pecadores, corruptos e Santos, o Santo Padre assinalou que «não é necessário falar muito dos pecadores, porque todos o somos», indicando que conhecemos «o nosso interior e sabemos o que é um pecador. E se algum de nós não se sente pecador, procure um bom ‘médico espiritual’», porque «alguma coisa está errada».

O Papa indicou que os corruptos querem «apropriar-se da vinha e perderam o relacionamento com o dono dela», que «nos chamou com amor, que zela por nós e também nos dá a liberdade».

Estas pessoas, advertiu Francisco, «sentiram-se fortes, sentiram-se independentes de Deus».

«Estes, lentamente, escorregaram para a autonomia, a autonomia na relação com Deus: ‘Nós não temos necessidade daquele Dono, que não venha para nos incomodar!’. Estes são os corruptos! Aqueles que eram pecadores como todos nós, mas que deram um passo em frente, como se se tivessem consolidado no pecado: não têm necessidade de Deus!».

O Papa assinalou que esta falta de necessidade de Deus é «só aparência, porque no seu código genético está impressa esta relação com Deus». «E como não a podem negar, fazem para si um Deus especial: são Deus eles próprios. São os corruptos».

O Santo Padre assinalou que a presença dos corruptos «é também um perigo para nós», pois nas comunidades cristãs estes pensam apenas no seu próprio grupo.

«Judas começou como pecador avaro e terminou na corrupção. O caminho da autonomia é um caminho perigoso: os corruptos são grandes desmemoriados, esqueceram este amor, com o qual o Senhor plantou a vinha...».

Os corruptos, disse o Papa, «cortaram a relação com este amor! E converteram-se em adoradores de si mesmos. Quanto mal causaram os corruptos nas comunidades cristãs! Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção».

O Santo Padre recordou que «o apóstolo João disse que os corruptos são o anticristo, que estão no meio de nós, mas que não são parte de nós».