Marta
Gaspar
A
aprovação da lei da co-adopção com votos a favor, abstenções e até ausência de
inúmeros deputados da maioria PSD-CDS na Assembleia demonstra que, ao serviço
de interesses que pugnam pela destruição da célula familiar (pai, mãe e
filhos), foi dado mais um passo na instituição de uma pseudo-ética resultante
dos caprichos e das vontades de políticos ao serviço de lobbies da
minoria e não ao respeito pelo voto e pela consciência dos Portugueses.
Tal
como havia já resultado da aprovação da lei de despenalização do
aborto (cujas consequências são conhecidas e inclusive denunciadas pelos
especialistas intervenientes na sua execução), a perigosa
relativização dos valores e da essência da pessoa humana, também nesta
matéria, teve um avanço capital.
A
formatação das consciências é a principal arma dos políticos do sistema,
procurando tornar aceitáveis e dignas de crédito todas as medidas, leis e
critérios que desejam instituir nas sociedades, à luz de um projecto e de uma
nova ordem maquiavélica de estruturas que transcendem o território nacional.
A
Assembleia da República não está mandatada para votar matérias de consciência e
definir os valores essenciais da sociedade. Em matéria política fundamental,
rege a lei constitucional, boa ou má; em matéria de valores fundamentais sobre
os quais assenta e se organiza a sociedade, rege a lei natural.
Aqui regista-se a
primeira subversão de todo este processo, consistindo na captura da
sociedade e do pensamento colectivo segundo o qual a matéria agora sujeita a
legislação é matéria ordinária que visa eliminar uma fonte de
discriminação. Não é! É a defesa de um interesse minoritário, com prejuízo de
direitos que não constam de lei nem têm de constar, porque neles se funda a
ordem jurídica e os direitos constitucionais ou legalmente
consagrados, porque do domínio da ordem natural, isto é, direitos
inalienáveis das crianças e do ser humano.
A
despenalização do aborto e uma política totalmente alienada quanto a
incentivos económicos e sociais às famílias para poderem ter mais filhos,
aliadas ao apoio a uma cultura hedonista, são, para já, uma achega ao problema
demográfico, que regista uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo.
A aprovação do chamado «casamento» entre pessoas do mesmo sexo e da lei da
co-adopção é a cereja no bolo.
Chocante
e inaceitável é o reflexo destas irresponsabilidades, egoísmos e
espírito de destruição nos mais inocentes: as crianças. Não só as que tentam
sobreviver nos ventres das mães, bem como aquelas que são vítimas de um Estado
que, não resolvendo os problemas do bem comum, também no campo da família, quer
legislar e usurpar o papel desta instituição natural. A adopção não é um
direito dos pais nem um dever do Estado. A adopção é apenas a possibilidade de
encontrar para a criança uma resposta que a ajude a superar o seu eventual
infortúnio de orfandade, algo que naturalmente só é possível no quadro de uma
referência que inclua o pai e a mãe.
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