sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida sobre as Alterações à Lei da PMA


Pedro Vaz Patto








O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) emitiu parecer sobre as propostas de alteração à lei da procriação medicamente assistida.  Nele se afirma que não há uma justificação eticamente válida para negar o acesso a essas técnicas a pessoas sós ou que vivam em união homossexual (sobretudo se o fazem com os seus próprios recursos). E nele se aceita a maternidade de substituição (aí designada por «gestação de substituição»), sob um conjunto de condições tendentes a eliminar ou reduzir os seus possíveis malefícios.
            
Invoca-se o direito à parentalidade de quaisquer candidatos, sem discriminação, e alega-se que não se justifica privilegiar uma forma de família em relação a outras e que o risco de instrumentalização do filho não depende do facto de os progenitores serem, ou não, um casal heterossexual.
            
Contra esta tese, há, porém, que invocar a primazia do bem do filho sobre as pretensões dos candidatos. De outro modo, o filho seria instrumentalizado como objecto de um direito que se reivindica (não há um «direito ao filho»). E o bem do filho exige, por um lado, que ele seja fruto de uma relação de amor, não de uma afirmação individual. E exige que tenha um pai e uma mãe (cada um deles único e os dois complementares), não só um pai, só uma mãe, dois pais ou duas mães.
            
Quanto à «gestação de substituição», o parecer reflecte o propósito (louvável) de acautelar uma série ampla de riscos que essa prática tem suscitado nos países onde foi legalizada. Um propósito que, pelo contrário, os proponentes das alterações em discussão parlamentar têm descurado. Mas as soluções indicadas (como outras que poderiam ser alvitradas) serão sempre insatisfatórias e não eliminam esses riscos, que só a efectiva proibição dessa prática elimina. Mesmo com todas essas (ou outras) cautelas, não deixamos de estar perante uma instrumentalização da criança que nasce e da mulher gestante. A esta continuará a ser sempre imposta por contrato a obrigação de abandonar o ser que acolheu dentro de si e com quem partilhou aquela que é talvez a experiência mais íntima, intensa e marcante da vida de uma mulher.
            
Indica o parecer que à mulher gestante deve ser reconhecida a faculdade de mudar de ideias e assumir a maternidade até ao início do parto. E porque não logo a seguir, ou enquanto amamenta (uma questão – a de saber quem amamenta - que o parecer também indica como necessário objecto do contrato)? E, se não o fizer, fica privada do direito de visitar a criança no futuro? E, nesse caso, em que a mulher gestante muda de ideias e assume a maternidade, ficam os pais genéticos privados de qualquer direito, sendo eles pais genéticos?. Quem será, nesse caso, o pai da criança (se é que o tem)? Mudando de ideias, a mulher fica obrigado a indemnizar os pais genéticos (qual o sentido da sua vinculação)?
            
Indica, por outro lado, o parecer que a mãe gestante deve ser saudável e o contrato deve conter disposições para o caso de malformação ou doença fetal. Mas em que sentido devem ser essas disposições (obrigação de abortar, possibilidade de o casal beneficiário se desvincular e abandonar a criança)? Se a mãe gestante não for, afinal, saudável, ou vier a revelar-se uma sua doença durante a gravidez, que responsabilidade tem perante o casal beneficiário? Este pode, por isso, desvincular-se e abandonar a criança?
            
Pretende o parecer que seja garantida a avaliação da motivação altruísta da mãe gestante e a impossibilidade de subordinação económica desta em relação ao casal beneficiário. Mas a realidade é o que é e o direito não pode ilusoriamente pretender modificá-la: só o desespero de graves carências económicas leva mulheres a sujeitar-se a tão traumatizante experiência (é assim na Índia e em muitos países). De forma oculta ou indirecta, as contrapartidas económicas hão-de verificar-se. E as pressões que tal situação de carência suscita tornam vãs quaisquer cautelas e garantias jurídicas. Com tais pressões, a mulher gestante pode acabar, na prática, por sujeitar-se àquilo que o parecer pretende afastar (como a imposição de regras de conduta durante a gravidez pelo casal beneficiário).
            
Talvez só a ligação familiar entre a mãe gestante e o casal beneficiário possa garantir a motivação altruísta daquela. Mas os problemas que essa ligação acarreta (porque muito mais difícil será que a mãe gestante se desligue da criança e mais fácil e mais complexa a possível «concorrência» entre as duas «mães») tornam-na desaconselhável a vários títulos. 
            
Todos estes riscos são inelimináveis se a prática não for proibida. Nenhuma das possíveis alternativas para as situações indicadas é isenta de malefícios e quase todas têm uma faceta chocante. É assim porque na «maternidade de substituição» («barriga de aluguer», «gestação de substituição» –chame-se o que se quiser), com todas as possíveis regulações jurídicas, a criança nunca deixa de ser tratada como um objecto de um contracto (uma mercadoria) e a gestação como uma qualquer prestação de serviços (como se a mulher gestante fosse uma máquina incubadora).

As feridas da Igreja IV


Para o leitor que possa não ter lido os textos anteriores, chamo à atenção do seguinte: para não cairmos no erro de tomarmos a parte pelo todo, quando aqui falo de judeus ou de judaísmo, forçoso se torna ter em conta a necessária depuração do conceito. Portanto, não é à religião judaica que me refiro, mas aos descendentes de Caifás, àqueles que foram herdando das gerações anteriores o ódio que ele e demais sinedritas conceberam pelo Nazareno e seus seguidores.

Alguns dos leitores que estão a acompanhar esta série de textos, por esta altura já se terão questionado: então o Papa não tem poder sobre toda a Igreja? Tem! Ou melhor, é suposto ter, mas como já terão depreendido, o seu Sacerdócio, o seu Sagrado Ministério, esbarra na acção do Inimigo que hage em tantos cardeais e bispos subversores da Palavra.

Astuto como é o Inimigo, trabalha em duas frentes. E uma delas, imaginem só, é explorando o dever de obediência a que os bons se vêem vinculados. Se pensarmos bem, o resultado é desastroso. Por um lado, há os bons Bispos que, ainda que muitas vezes constrangidos, ao reverenciarem a hierarquia obedecem aos membros do Colégio Cardinalício; e como os Bispos procedem os bons Padres, que devem obediência ao seu Bispo... Por outro lado, como se já não bastasse o mal que resulta da acção directa dos maus e que se repercute pela via hierárquica nos bons, ainda temos aqueles, e são muitos, que desobedecem aos bons descaradamente (como eu próprio presenciei, tanto de um padre em relação ao seu Bispo, com a agravante de o fazer publicamente na homilia, como de um Bispo em relação ao Santo Padre, num auditório cheio de gente…).

O que acabo de dizer, não contando com a alusão a estes dois casos a que assisti, foi a fórmula usada para se chegar à profanação generalizada com a comunhão na mão, assim como a muitos outros erros.

Voltando à questão do poder do Santo Padre, Ele fica muitas vezes de mãos atadas pelos membros do Cólégio Cardinalício, como ficam tantos párocos pelas dificuldades que lhe são criadas por alguns que com eles colaboram na acção pastoral e governativa da paróquia. Um amigo que há dias me interpelava sobre o papel do Papa, assim como a maioria daqueles que participam activamente na vida da Igreja, sabem bem o quanto sofrem muitos bons padres… Agora numa escala bem diferente, a todos os níveis, é só pensarmos no caso do Santo Padre…

Por ter falado em profanação, talvez valha a pena abrir aqui um parêntesis para vermos mais em detalhe o significado de sagrado e de profano.

A palavra «sagrado», em sua raiz etimológica (tanto em hebraico como em grego ou em latim) significa algo «separado»; isto é, algo que deve permanecer inacessível, em verdade, intocável. Pelo contrário, a palavra «profano» significa o oposto: algo que não sendo destinado ao Templo, ao culto Divino, serve para as coisas humanas, e por isso, ao alcance de qualquer um; portanto, manipulável. Por isso, o pôr o «sagrado» ao alcance das mãos de todos, é qualificável de profanação. E segundo o que a Santa Igreja ensina, profanar os Sacramentos, as coisas e os lugares consagrados a Deus, é sacrilégio, sendo neste caso mais grave por se tratar da sagrada Eucaristia, do Corpo Verdadeiro de Jesus.

Pense agora um pouco, caríssimo leitor, e veja se a comunhão na mão não é a profanação da sagrada Eucaristia, e por isso um pecado grave. Como disse no segundo artigo desta série, citando o Bispo Athanasius Schneider, são falsas as afirmações que procuram fundamentar a prática da comunhão na mão no passado longíncuo. Se é pessoa que se preocupa com a vida que está para além da morte do corpo e tem seguido a maioria recebendo a comunhão na mão, não o faça mais, porque isso, como também procurei demonstrar anteriormente, é uma armadilha do Malígno. É ele quem está por trás das modas que invadiram a Igreja de Cristo.

Se muitos santos voltassem à terra e quisessem assistir a uma Missa, ao entrarem numa igreja de certeza que iriam pensar: ups!, parece que me enganei na porta... mas, esperem lá! Querem ver que esta igreja, atendendo à crise em que esta gente vive agora, foi vendida a outra confissão religiosa parecida à Católica?

Sim, caríssimo leitor, acredito que eles sairiam à procura de outra igreja, por crerem que aquela não era a Missa da Igreja Católica.

Se ainda há almas que procuram ser fiéis e por isso sofrem inevitavelmente pelo actual estado de abandono do Sagrado, Cristo está a passar por um sofrimento indescritivelmente maior, ao ver que tão poucos reconhecem verdadeiramente o Seu divino Sacrifício. Bem procura o Bom Deus alertar-nos sobre o vazio em que vivemos, por meio de revelações particulares por esse mundo fora, mas, se nem aqueles que acorrem a esses lugares das aparições mudam as suas atitudes…

 No seu ódio contra a Igreja de Cristo, para tentar lograr os seus intentos, Satanás foi alterando a sua táctica ao longo dos tempos. Primeiro suscitou as terríveis e sangrentas perseguições aos Cristãos; depois criou as várias cisões na Igreja, levando a que os que dela se separaram se tornassem seus ferozes inimigos; mais tarde contaminou o clero e por meio dele os fiéis, com as correntes filosóficas do modernismo e do relativismo. Agora não precisa de a combater de fora, porque, corrompendo muitos e muitos consagrados, ao picá-los com o ferrão da concupiscência e neles incubar a soberba, seduzindo-os com o poder e a riqueza, numa só consegue logo duas coisas: o domínio sobre eles e a seca espiritual dos fiéis que lhes estão confiados.

É dessa seca que resulta a necessidade de procura pela água, e, perdidos, sem o pastor que os conduza à Nascente, aceitam a de algumas cisternas, sem se preocuparem em saber se são águas inquinadas, desde que se sintam minimamente aliviados da sua sede... Nesta situação se encontram tanto os que se ligam a outros «credos», como a maioria dos que na Igreja permanecem pensando que a água que lhes está a ser servida vem da Fonte da Verdade…

É de facto um golpe de mestre desferido contra a Igreja de Cristo.

Para melhor ilustrar o que digo ao início deste texto, o próprio Adolfo Jacob Franck, um alto dirigente do Judaísmo do séc. XIX, em sua interessante obra sobre a Cabala, desmascara aqueles que praticam a demonolatria (culto aos demónios), quando diz: «Se no Judaísmo se encontram restos da mais sombria perseguição, há que procurar sobretudo a causa do terror que inspira pela sua demonolatria». *1

No próximo número porei a descoberto outras coisas «ocultas».
____________
*1 Adolfo Jacob Franck, in A Cabala na Filosofia Religiosa dos Hebreus (traduzido do original francês), pg. 151

José Augusto Santos, As feridas da Igreja – IV, in Notícias de Chaves, Nº 3164, p.12 
(6-4-2012)

Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «Quem buscais?»



Naquele tempo, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron, onde havia um horto, e ali entrou com os seus discípulos. 

Judas, aquele que o ia entregar, conhecia bem o sítio, porque Jesus se reunia ali frequentemente com os discípulos. 

Judas, então, guiando o destacamento romano e os guardas ao serviço dos sumos sacerdotes e dos fariseus, munidos de lanternas, archotes e armas, entrou lá. 

Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «Quem buscais?» 

Responderam-lhe: «Jesus, o Nazareno.» Disse-lhes Ele: «Sou Eu!» E Judas, aquele que o ia entregar, também estava junto deles. 

Logo que Jesus lhes disse: «Sou Eu!», recuaram e caíram por terra. 

E perguntou-lhes segunda vez: «Quem buscais?» Disseram-lhe: «Jesus, o Nazareno!» 

Jesus replicou-lhes: «Já vos disse que sou Eu. Se é a mim que buscais, então deixai estes ir embora.»

Assim se cumpria o que dissera antes: «Dos que me deste, não perdi nenhum.» 

Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 

Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a espada na bainha. Não hei-de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?» 

Então, o destacamento, o comandante e os guardas das autoridades judaicas prenderam Jesus e manietaram-no. 

E levaram-no primeiro a Anás, porque era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 
Caifás era quem tinha dado aos judeus este conselho: «Convém que morra um só homem pelo povo». 

Entretanto, Simão Pedro e outro discípulo foram seguindo Jesus. Esse outro discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e pôde entrar no seu palácio ao mesmo tempo que Jesus. 

Mas Pedro ficou à porta, de fora. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou com a porteira e levou Pedro para dentro. 

Disse-lhe a porteira: «Tu não és um dos discípulos desse homem?» Ele respondeu: «Não sou.» 

Lá dentro estavam os servos e os guardas, de pé, aquecendo-se à volta de um braseiro que tinham acendido, porque fazia frio. Pedro ficou no meio deles, aquecendo-se também.

Então, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 

Jesus respondeu-lhe: «Eu tenho falado abertamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque me interrogas? Interroga os que ouviram o que Eu lhes disse. Eles bem sabem do que Eu lhes falei.» 

Quando Jesus disse isto, um dos guardas ali presente deu-lhe uma bofetada, dizendo: «É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?» 

Jesus replicou: «Se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque me bates?» 

Então, Anás mandou-o manietado ao Sumo Sacerdote Caifás. 

Entretanto, Simão Pedro estava de pé a aquecer-se. Disseram-lhe, então: «Não és tu também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo: «Não sou.» 

Mas um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe: «Não te vi eu no horto com Ele?» 

Pedro negou Jesus de novo; e nesse instante cantou um galo. 

De Caifás, levaram Jesus à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa.

Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: «Que acusações apresentais contra este homem?» 

Responderam-lhe: «Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos.» 

Retorquiu-lhes Pilatos: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei.» «Não nos é permitido dar a morte a ninguém», disseram-lhe os judeus, em cumprimento do que Jesus tinha dito, quando explicou de que espécie de morte havia de morrer. 

Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?» 

Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?» 

Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?» 

Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.» 

Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.» 

Pilatos replicou-lhe: «Que é a verdade?» Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: «Não vejo nele nenhum crime. Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 

Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: «Esse não, mas sim Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador. 

Então, Pilatos mandou levar Jesus e flagelá-lo. 

Depois, os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos, cravaram-lha na cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura; e, aproximando-se dele, diziam-lhe: «Salve! Ó Rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas. 

Pilatos saiu de novo e disse-lhes: «Vou trazê-lo cá fora para saberdes que eu não vejo nele nenhuma causa de condenação.» 

Então, saiu Jesus com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: «Eis o Homem!» 

Assim que viram Jesus, os sumos sacerdotes e os seus servidores gritaram: «Crucifica-o! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Levai-o vós e crucificai-o. Eu não descubro nele nenhum crime.» 

Os judeus replicaram-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer, porque disse ser Filho de Deus.»

Quando Pilatos ouviu estas palavras, mais assustado ficou.

Voltou a entrar no edifício da sede e perguntou a Jesus: «Donde és Tu?» Mas Jesus não lhe deu resposta.

Pilatos disse-lhe, então: «Não me dizes nada? Não sabes que tenho o poder de te libertar e o poder de te crucificar?» 

Respondeu-lhe Jesus: «Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.» 

A partir daí, Pilatos procurava libertá-lo, mas os judeus clamavam: «Se libertas este homem, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei declara-se contra César.» 

Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e fê-lo sentar numa tribuna, no lugar chamado Lajedo, ou Gabatá em hebraico. 

Era o dia da Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse, então, aos judeus: «Aqui está o vosso Rei!» 

E eles bradaram: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Então, hei-de crucificar o vosso Rei?» Replicaram os sumos sacerdotes: «Não temos outro rei, senão César.»

Então, entregou-o para ser crucificado. E eles tomaram conta de Jesus. 

Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio.

Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.» 

Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego.

Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas sim: 'Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.'» 

Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.»

Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. 

Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. E foi isto o que fizeram os soldados. 

Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 

Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» 

Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. 

Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!» 

Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. 

Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 

Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 

Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. 

Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. 

Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. 
Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também. 

É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso. 
E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram. 

Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente por medo das autoridades judaicas, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. E Pilatos permitiu-lho. Veio, pois, e retirou o corpo. 

Nicodemos, aquele que antes tinha ido ter com Jesus de noite, apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem libras de mirra e aloés. 

Tomaram então o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus. 

No sítio em que Ele tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado.

Como para os judeus era o dia da Preparação da Páscoa e o túmulo estava perto, foi ali que puseram Jesus.

Carta de membros do Conselho Nacional
do CDS a António Pires de Lima, Presidente do Conselho Nacional



O CDS do «fracturante» camuflado Paulo Portas e do liberalóide Pires de Lima…

Exmo. Senhor
Presidente do Conselho Nacional do CDS
Dr. António Pires de Lima
Largo Adelino Amaro da Costa, 5
1149-063 LISBOA
C/c ao Presidente do CDS
Dr. Paulo Portas

Lisboa, 29 de Fevereiro de 2012

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Nacional
Nos últimos tempos temos assistido, com estupefacção, a comportamentos inexplicáveis de deputados do CDS a propósito de votações parlamentares em matérias ditas «fracturantes», sobre as quais, é bom lembrar, o Partido tem posição definida, sustentada na sua carta de princípios e no seu programa político...

Ler mais aqui.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Símbolo de Pedofilia...Divulguem!!!

É  importante  divulgar e mostrar a crianças e  adolescentes.

António Cláudio Soares Bonsegno, Advogado e  jornalista
  
Divulgue e denuncie símbolos  da pedofilia!
       
IMPORTANTÍSSIMO CONHECER, MESMO QUE A  MAIORIA DAS PESSOAS POSSA ESTAR A USAR POR ACHAR  BONITO SÍMBOLOS DE PEDOFILIA

ATENÇÃO A ESTES SÍMBOLOS DE  PEDOFILIA  
O  FBI produziu um relatório em Janeiro sobre  pedofilia. Nele estão colocados uma série de  símbolos usados pelos pedófilos para se identificarem. Os símbolos são sempre compostos pela  união de 2 semelhantes, um dentro do outro. A forma  maior identifica o adulto, a menor a criança. A  diferença de tamanho entre elas demonstra a  preferência por crianças maiores ou  menores.  

Homens são triângulos, mulheres  corações. Os símbolos são encontrados em sites,  moedas, jóias (anéis, pingentes...) entre outros  objectos. 



Os triângulos representam homens que  adoram meninos (o detalhe cruel é o triângulo mais  fino, que representa homens que gostam de meninos  bem pequenos); o coração são homens (ou mulheres)  que gostam de meninas e a borboleta são aqueles que  gostam de ambos. De acordo com a revista, são informações recolhidas pelo FBI durantes as  investigações. A ideia dos triângulos e corações concêntricos é a da figura maior envolvendo a figura  menor, numa genialidade pervertida de um conceito  gráfico. Existe um requinte de crueldade, pois esses seres fazem questão de se exibir em código para  outros, fazendo desses símbolos bijuterias, moedas,  troféus, adesivo e o que mais se queira.  Infelizmente, é o design gráfico ao serviço do mal.  

SE VIR EM ALGUM LADO ,  DENUNCIE!!!  

«Não havia comunhão na mão na Igreja
dos inícios»


*D. Athanasius Schneider











* Bispo auxiliar de Karaganda (Casaquistão) e especialista em Patrística explicou à Radio Maria, como se comungava no início. 

Athanasius Schneider, 50 anos, é ucraniano. Em 2006 Bento XVI nomeou-o bispo auxiliar da diocese de Karaganda (Casaquistão), uma ex-república soviética com 26% de cristãos, maioritariamente ortodoxa mas com uma pujante comunidade católica.

Segundo D. Athanasius Schneider, o costume de comungar na mão é «completamente novo», posterior ao Concílio Vaticano II, e não tem raízes nos tempos dos primeiros cristãos, ao contrário do que se alega com frequência.

Na Igreja primitiva era necessário purificar as mãos antes e depois do rito, e a mão estava coberta com um corporal, de onde se tomava a forma directamente com a língua: «Era mais uma comunhão na boca do que na mão», afirmou Schneider. De facto, depois de comungar a Sagrada Hóstia o fiel devia recolher da mão, com a língua, qualquer pequena partícula consagrada. Um diácono supervisionava esta operação.

Nunca se tocava com os dedos: «O gesto da comunhão na mão tal como o conhecemos hoje era totalmente desconhecido» entre os primeiros cristãos.

 Origem calvinista

Aquele gesto foi substituído pela administração directa do sacerdote na boca, uma mudança que teve lugar «instintiva e pacificamente» em toda a Igreja. A partir do século V, no Oriente, e no Ocidente um pouco mais tarde. O Papa S. Gregório Magno no século VII já o fazia assim, e os sínodos franceses e espanhóis dos séculos VIII e IX sancionavam quem tocasse na Sagrada Forma.

Afirma ainda D. Athanasius Schneider que a prática que hoje conhecemos da comunhão na mão nasceu no século XVII em meios calvinistas, onde não se acreditava na presença real de Jesus Cristo na eucaristia.

«Nem Lutero», que acreditava nessa presença, embora não na transubstanciação, «o teria feito», disse o prelado. «De facto, até há relativamente pouco tempo os luteranos comungavam de joelhos e na boca, e ainda hoje alguns o fazem assim nos países escandinavos».

quarta-feira, 4 de abril de 2012

No dia da Ascensão, Jesus ordenou aos seus discípulos



No dia da Ascensão, Jesus ordenou aos seus discípulos que fossem e anunciassem a Boa Nova, o Evangelho – conforme a palavra grega que a Bíblia utiliza. Eis o que nós fazemos, com este serviço espalhado por todo o mundo e utilizando todos os meios que a tecnologia da informação põe ao nosso alcance.

Mas que Boa Nova é essa? Qual é o seu cerne?

O texto evangélico que será proclamado na vigília pascal dá-nos a resposta: «Ressuscitou: não está aqui!» (Mc 18,6). Com efeito, «se (como diz S. Paulo) Cristo não tivesse ressuscitado, então a nossa pregação seria vã, vã também a nossa fé… e nós seríamos falsas testemunhas de Deus» (1 Co 15,14-15).

Durante quarenta dias, preparámo-nos para viver mais uma vez esta «Boa Nova», não como uma proclamação litúrgica mas como uma verdadeira «novidade», capaz de mudar as nossas vidas. Os textos que escutamos durante o tríduo pascal mostram-nos um Jesus amando sem limites e sofrendo na sua carne até ao aniquilamento total. É esse mesmo Jesus que aparecerá a Maria Madalena e aos apóstolos, vitorioso, ressuscitado, Senhor.

«Disso nós somos testemunhas», dirão os apóstolos (At 3,15). Que Deus nos conceda a graça de o podermos dizer também a nós próprios, aos nossos parentes, aos nossos vizinhos, «a toda a criatura» (Mc 16.15).

Com os votos de uma Santa e Feliz Páscoa,
A Redacção do Moldar a Terra à Imagem do Céu

O CDS antifamília do «fracturante» camuflado Paulo Portas…e do liberalóide Pires de Lima



Proposta apresentada e rejeitada no Conselho Nacional do CDS…

Proposta apresentada e rejeitada no Conselho Nacional do CDS de 30 de Março em Leiria por doze conselheiros nacionais  subscritores da carta a propósito de votações parlamentares em matérias ditas «fracturantes», inéditas na história ao arrepio das posições definidas pelo partido, sustentada na sua carta de princípios e no seu programa político…

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O Real Madrid capitula perante o islão



O jornal desportivo Marca confirmou que o Real Madrid aceitou eliminar a pequena cruz que desde 1920 o clube de futebol exibe no seu emblema para evitar conflitos na multimilionária construção de um complexo turístico-desportivo na ilha de Ras Al Khaimah, uma das sete que formam os Emirados Árabes Unidos, onde o Islã é a religião oficial.

A decisão do Real Madrid despertou polémica entre seguidores e rivais. Nas redes sociais abundam os comentários contra a medida. Os usuários lamentam que o clube tenha cedido à pressão do mercado árabe e recordam que na Espanha os muçulmanos têm plena liberdade para usar e exibir seus símbolos religiosos. Alguns ironizam perguntando se o clube ia mudar de nome suas estrelas Cristiano (que em português significa Cristão) Ronaldo e Angel (Anjo em português) Di María.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vaticano: as cinzas dos defuntos não devem ser pulverizadas após a cremação


A Livraria Editora Vaticano apresentou recentemente a segunda edição do Rito de Exéquias, em que se sublinha que os católicos não devem pulverizar as cinzas de um defunto logo depois de ser cremado, já que essa prática, que está na moda actualmente, é contrária à fé cristã. As cinzas devem ser enterradas.

Neste documento em italiano foram revisitados todos os textos bíblicos e de oração, e é incluído um apêndice dedicado inteiramente às exéquias no caso da cremação.

Dom Angelo Lameri explicou que se colocou a cremação num apêndice à parte para sublinhar o facto de que a Igreja, embora não se oponha à cremação dos corpos quando não é feita «in odium fidei» (por ódio à fé), considera que a sepultura do corpo dos defuntos é a forma mais adequada para expressar a fé na ressurreição da carne, assim como para favorecer a lembrança e a oração de sufrágio por parte de familiares e amigos.

O texto também assinala que, excepcionalmente, os ritos previstos na capela do cemitério ou diante da tumba podem ser celebrados também no mesmo lugar da cremação.

Recomenda-se ademais o acompanhamento do féretro a este lugar. É de especial importância a afirmação que a cremação se considera concluída quando se deposita a urna no cemitério.

Tudo isto se deve porque embora algumas legislações permitam pulverizar as cinzas na natureza ou conservá-las em lugares diferentes do cemitério. Estas práticas produzem não poucas perplexidades sobre sua plena coerência com a fé cristã, sobretudo quando estas remetem a concepções panteístas ou naturalistas.


A Patriarcal e Episcopal RR negará o poder
da Ressurreição?


Nuno Serras Pereira









Na história de Portugal nunca houve um chefe de estado formalmente responsável por tantos e tamanhos crimes hediondos como o actual presidente da república. Aníbal Cavaco Silva que nunca se retractou de ter promulgado as ignominiosas e abomináveis pseudo-leis que: 1. Dizimaram muito mais de 80. 000 (oitenta mil) crianças nascentes (contando com as produzidas e descartadas, experimentadas ou congeladas em laboratório) no espaço de 5 (cinco) anos; 2. Agrediram a essência da família concorrendo para a sua fragmentação e dissolução; 3. Contribuíram fortemente para a degeneração e depravação das mentalidades e consciências; 4. Perverteram a inocência das crianças, já nascidas, dos adolescentes e jovens. A tudo isto o Bem-aventurado João Paulo II chamava «cultura da morte», e o Papa Bento XVI abundando na mesma doutrina tem-no confirmado inumeráveis vezes.

Por todos estes gravíssimos crimes e pecados terá este irmão de responder perante o rigoroso Juízo de Deus. Todos os que cremos no amor infinito do Senhor que procura não a morte mas a conversão do pecador devemos rezar e sacrificar para que verdadeiramente arrependido faça penitência, e procure reparar o terrível mal praticado, e quando passar desta vida possa ser contado, não entre os réprobos, os malditos do Pai, mas sim entre os eleitos, os benditos do Pai do Céu. A Misericórdia de Deus não anula a Sua Justiça, por isso é indispensável viver na Sua Graça, durante esta vida, para, depois da morte, vir a participar na Sua Glória. Um cristão, que se conheça bem, sabendo que de si não é mais do que nada e pecado, nunca deve desistir da conversão nem dos maiores facínoras nem a dos maiores tiranos nem de ninguém, até à hora da sua, deles, morte. Se a Graça e a Misericórdia de Deus nos desamparassem seriamos capazes do mesmo e de muito pior.

Posto isto, podemos agora adiantar que são evidentes e copiosas as razões por que a Rádio Renascença, propriedade da Conferência Episcopal e do Patriarcado de Lisboa, que se anuncia a si própria como «emissora católica portuguesa», deve liminarmente recusar a condecoração que este presidente da república lhe vai conceder, na Segunda-feira de Páscoa, em virtude do seu septuagésimo quinto aniversário, como vem hoje anunciado na primeira página do semanário, do Patriarcado de Lisboa, Voz da Verdade.

De facto, como vimos acima, o presidente ao exercer as suas funções políticas fez exactamente o contrário daquilo que o Evangelho ensina, comportando-se como seguidor do «pai da mentira» (Jo 8, 44), daquele que é «assassino desde o princípio» (Idem). Pois não será verdade que dele se poderia dizer, para o fazer cair em si, com S. Paulo: «Ó criatura, cheia de todas as astúcias e de toda a iniquidade, filho do diabo, inimigo de toda a justiça, quando é que cessarás de perverter os rectos caminhos do Senhor?» (Act. 13, 10)? Reparemos que S. Paulo não recorre a nenhum excesso antes imita a linguagem de Jesus Cristo: «Vós tendes por pai o diabo, e quereis realizar os desejos do vosso pai.» (Jo 8, 44).

A segunda-feira de Páscoa, na verdade toda a oitava Pascal, é como que o Domingo de Páscoa estendido por toda a semana. É a celebração festiva e solene d’ Aquele que venceu o diabo, o pecado e a morte e que nos faz participantes da Seu triunfo de modo a que possamos também ser vitoriosos nesse combate. Ora o Episcopado e a emissora que se diz católica existem precisamente para anunciar e tornar presente esse poder da Ressurreição de Jesus Cristo. Não se entende pois que vão curvar a cabeça para receber uma condecoração de um político que actuou como um representante do Maligno. A mensagem que passará, independentemente das intenções subjectivas, será a de um rendimento e subjugação, ainda para mais agradecida, ao poder de Satanás. 

Confesso que não me acabo de pasmar com a cegueira que ignora o « … escândalo, concebido como acção que move os outros ao mal. Tal escândalo subsiste mesmo se, lamentavelmente, um tal comportamento já não despertar admiração alguma: pelo contrário, é precisamente diante da deformação das consciências, que se torna mais necessária por parte dos Pastores, uma acção tão paciente quanto firme, que tutele (… a) defesa da moralidade cristã e da recta formação dos fiéis.»

À honra e glória de Cristo. Ámen.

Coisas de feriados


João Brandão Ferreira









Corre por aí alguma confusão sobre os dois feriados civis nacionais mais importantes, o 10 de Junho (de 1580) e o 1.º de Dezembro (de 1640).

Esta confusão ou discussão existe, fundamentalmente, por causa de saber qual deles deve representar o dia da Independência de Portugal.

Como se sabe, apesar de Portugal ser dos países mais antigos do mundo, de constituir o Estado – Nação mais perfeito da Humanidade (o Japão é um arquipélago e só ficou unido, em 1603), e de ter as fronteiras estáveis mais antigas (Tratado de Alcanizes, de 1297 – perturbado por causa da ocupação ilegal de Olivença, por parte de Espanha), nunca foi estabelecido uma data em que se comemorasse, especificamente, a sua Independência.

Possivelmente porque tal nunca foi preciso dada a fortaleza da nossa individualidade e identidade.

Também não era fácil estabelecer essa efeméride.

De facto se quisermos destacar o acto autonómico primordial, teremos que nos reportar ao dia 24 de Junho de 1128, data do combate de S. Mamede em que o Infante Afonso se rebelou, contra os barões galegos e a suserania leonesa.

Pode, pois, considerar-se essa data como «de facto», mas não «de jure». Esse reconhecimento demorou 51 anos a ser conseguido.

Começou com a elevação de Afonso Henriques a Rei, alçado a essa dignidade pelos seus guerreiros após a batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139; mas o primeiro documento existente em que Afonso I se assina como Rei é de 1140.

De seguida devemos considerar o dia 5 de Outubro de 1143, em que foi assinado o Tratado de Zamora, no qual O Rei de Leão, Afonso VII, reconheceu a independência do Condado Portucalense.

Este tratado era, porém, um tratado regional, faltava o reconhecimento internacional e esse só poderia ser concedido pelo Papa.

Tal reconhecimento obrigou a negociações morosas e complexas e só veio a acontecer através da Bula Manifestis Probatum, de 14 de Maio de 1179.

Esta Independência veio a ser interrompida, em 1580, com a ocupação militar de Lisboa pelo Duque D’Alba e o Marquês de Santa Cruz. Tal ocupação militar, teve o seu epílogo político nas Cortes de Tomar, de 16 de Abril de 1581, onde Filipe foi aclamado rei de Portugal (sem embargo dos Açores só terem sido subjugados em 1583).

É preciso dizer que, teoricamente, Portugal não perdia a sua individualidade, já que Filipe apenas cingia a coroa portuguesa à espanhola (a coroa dual), segundo os ditames sucessórios da época, ao passo que o consignado nas Cortes de Tomar estipulava a mais ampla autonomia e manutenção dos foros próprios dos portugueses. Só quase faltou a Filipe ter mudado a capital para Lisboa…

Porém esta nova situação encerrava uma questão dramática e insolúvel e que era esta: Portugal, como tal, estava impossibilitado de ter política externa própria e herdou automaticamente todos os inimigos da Espanha. Daqui resultava o seguinte paradoxo: Filipe, como rei de Espanha, não podia estar em guerra e, como rei de Portugal, gozar a paz…

Resultado: os portugueses passaram a ser atacados em todo o lado pelos inimigos da Espanha.

Com os sucessores de Filipe I, a nação portuguesa passou a ficar esmagada com impostos e requisições militares ao passo que se deixava de cumprir o estipulado em Tomar. A tirania atingiu o auge com o Conde-Duque Olivares e, aproveitando uma revolta na Catalunha, os três braços do reino (Clero, Nobreza e Povo), novamente unidos, revoltaram-se nessa luminosa manhã de 1 de Dezembro de 1640 e correram com os representantes de Madrid e com os traidores, voltando a colocar no trono português um português.

A assunção dos destinos portugueses por eles mesmos originou uma duríssima campanha política, diplomática e militar que durou 28 anos e se espalhou por quatro continentes e outros tantos mares e que envolveu não só a Espanha mas numerosas outras potências e potentados. No fim os portugueses saíram vitoriosos, apesar das imensas perdas em vidas e cabedais, e bem se pode considerar tal vitória um verdadeiro milagre!

A santa Sé só reconheceu a independência nacional dois anos após o tratado de paz que celebrámos com a Espanha…

Pois é esta gloriosa gesta – que não tem paralelo na História mundial – que um governo que se diz português, mas repleto de portugueses pequeninos – quer apagar da memória Pátria, acabando com a dignidade do feriado concedido há muito (e sempre foi comemorado no País antes de o ser), ao dia primeiro da Restauração.

Este termo também se pode prestar a confusões, já que para uns quer dizer a restauração da independência e, para outros, refere-se à restauração de uma dinastia portuguesa. Aliás, a «Restauração» começou por ser chamada de «Aclamação» (de D. João IV). E cremos que é mais neste sentido que o termo é usado até porque nunca verdadeiramente perdemos a independência (pelo que atrás dissemos).

Independentemente destas semânticas, não há dúvidas de que o 1.º de Dezembro é um grito de liberdade, de individualidade e de querer o retorno da soberania plena, que faz todo o sentido comemorar e, até, estabelecer como símbolo da nossa independência.

O 10 de Junho é diferente.

Nunca ninguém tinha ligado a morte de Camões à independência de Portugal, ou de algum modo a relacioná-lo com uma festa nacional até que o Partido Republicano resolveu aproveitar o tricentenário da sua morte, em 1880, para retirar dividendos políticos.

Desse modo fizeram de Camões, o vate que tinha exaltado e cantado em verso as glórias do apogeu nacional, confrontando-as com a decadência da época – o que, obviamente, se devia ao regime ser monárquico…

Quando ocorreu a tragédia do 5 de Outubro de 1910 (de facto de uma tragédia se trata), o novo governo, por decreto de 12 do mesmo mês, estabeleceu os feriados nacionais, onde constava o 1.º de Dezembro (já proposto, do anterior, pela Sociedade Histórica para a Independência Nacional – fundada em 1861) e, naturalmente, o 5 de Outubro, entre outros.

Mas não proclamou o 10 de Junho feriado nacional, ficando apenas como feriado municipal de Lisboa (na esperança que o mesmo destronasse o 13, dia de Santo António…). 

Foi verdadeiramente o Estado Novo que, a partir de 1933, tornou o 10 de Junho feriado nacional, promovendo comemorações em todo o País, chamando-lhe «Dia de Portugal e da Raça, ou dos portugueses».

Desde 1963 e por via das últimas campanhas ultramarinas, passou-se a homenagear os combatentes e as Forças Armadas, nessa data.

Depois do 25 de Abril de 1974, o feriado do 10 de Junho só voltou a ser comemorado em 1978, sendo rebaptizado como «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas». Porém, os novos poderes retiraram, inexplicavelmente, as FAs de todas as comemorações, o que só veio a ser emendado (!) no primeiro ano de Cavaco Silva como PR.

Uma humilhação funesta para com a FAs e todos os combatentes de todos os tempos, à qual a Instituição Militar não reagiu e a população – de cérebro lavado – nem deu conta…

Assim se passam as coisas no nosso País: ora quando somos Portugal, ora quando somos… portugalinho.