Para o leitor que possa não ter lido os textos anteriores, chamo à atenção do seguinte: para não cairmos no erro de tomarmos a parte pelo todo, quando aqui falo de judeus ou de judaísmo, forçoso se torna ter em conta a necessária depuração do conceito. Portanto, não é à religião judaica que me refiro, mas aos descendentes de Caifás, àqueles que foram herdando das gerações anteriores o ódio que ele e demais sinedritas conceberam pelo Nazareno e seus seguidores.
Alguns dos leitores que estão a acompanhar esta série de textos, por esta altura já se terão questionado: então o Papa não tem poder sobre toda a Igreja? Tem! Ou melhor, é suposto ter, mas como já terão depreendido, o seu Sacerdócio, o seu Sagrado Ministério, esbarra na acção do Inimigo que hage em tantos cardeais e bispos subversores da Palavra.
Astuto como é o Inimigo, trabalha em duas frentes. E uma delas, imaginem só, é explorando o dever de obediência a que os bons se vêem vinculados. Se pensarmos bem, o resultado é desastroso. Por um lado, há os bons Bispos que, ainda que muitas vezes constrangidos, ao reverenciarem a hierarquia obedecem aos membros do Colégio Cardinalício; e como os Bispos procedem os bons Padres, que devem obediência ao seu Bispo... Por outro lado, como se já não bastasse o mal que resulta da acção directa dos maus e que se repercute pela via hierárquica nos bons, ainda temos aqueles, e são muitos, que desobedecem aos bons descaradamente (como eu próprio presenciei, tanto de um padre em relação ao seu Bispo, com a agravante de o fazer publicamente na homilia, como de um Bispo em relação ao Santo Padre, num auditório cheio de gente…).
O que acabo de dizer, não contando com a alusão a estes dois casos a que assisti, foi a fórmula usada para se chegar à profanação generalizada com a comunhão na mão, assim como a muitos outros erros.
Voltando à questão do poder do Santo Padre, Ele fica muitas vezes de mãos atadas pelos membros do Cólégio Cardinalício, como ficam tantos párocos pelas dificuldades que lhe são criadas por alguns que com eles colaboram na acção pastoral e governativa da paróquia. Um amigo que há dias me interpelava sobre o papel do Papa, assim como a maioria daqueles que participam activamente na vida da Igreja, sabem bem o quanto sofrem muitos bons padres… Agora numa escala bem diferente, a todos os níveis, é só pensarmos no caso do Santo Padre…
Por ter falado em profanação, talvez valha a pena abrir aqui um parêntesis para vermos mais em detalhe o significado de sagrado e de profano.
A palavra «sagrado», em sua raiz etimológica (tanto em hebraico como em grego ou em latim) significa algo «separado»; isto é, algo que deve permanecer inacessível, em verdade, intocável. Pelo contrário, a palavra «profano» significa o oposto: algo que não sendo destinado ao Templo, ao culto Divino, serve para as coisas humanas, e por isso, ao alcance de qualquer um; portanto, manipulável. Por isso, o pôr o «sagrado» ao alcance das mãos de todos, é qualificável de profanação. E segundo o que a Santa Igreja ensina, profanar os Sacramentos, as coisas e os lugares consagrados a Deus, é sacrilégio, sendo neste caso mais grave por se tratar da sagrada Eucaristia, do Corpo Verdadeiro de Jesus.
Pense agora um pouco, caríssimo leitor, e veja se a comunhão na mão não é a profanação da sagrada Eucaristia, e por isso um pecado grave. Como disse no segundo artigo desta série, citando o Bispo Athanasius Schneider, são falsas as afirmações que procuram fundamentar a prática da comunhão na mão no passado longíncuo. Se é pessoa que se preocupa com a vida que está para além da morte do corpo e tem seguido a maioria recebendo a comunhão na mão, não o faça mais, porque isso, como também procurei demonstrar anteriormente, é uma armadilha do Malígno. É ele quem está por trás das modas que invadiram a Igreja de Cristo.
Se muitos santos voltassem à terra e quisessem assistir a uma Missa, ao entrarem numa igreja de certeza que iriam pensar: ups!, parece que me enganei na porta... mas, esperem lá! Querem ver que esta igreja, atendendo à crise em que esta gente vive agora, foi vendida a outra confissão religiosa parecida à Católica?
Sim, caríssimo leitor, acredito que eles sairiam à procura de outra igreja, por crerem que aquela não era a Missa da Igreja Católica.
Se ainda há almas que procuram ser fiéis e por isso sofrem inevitavelmente pelo actual estado de abandono do Sagrado, Cristo está a passar por um sofrimento indescritivelmente maior, ao ver que tão poucos reconhecem verdadeiramente o Seu divino Sacrifício. Bem procura o Bom Deus alertar-nos sobre o vazio em que vivemos, por meio de revelações particulares por esse mundo fora, mas, se nem aqueles que acorrem a esses lugares das aparições mudam as suas atitudes…
No seu ódio contra a Igreja de Cristo, para tentar lograr os seus intentos, Satanás foi alterando a sua táctica ao longo dos tempos. Primeiro suscitou as terríveis e sangrentas perseguições aos Cristãos; depois criou as várias cisões na Igreja, levando a que os que dela se separaram se tornassem seus ferozes inimigos; mais tarde contaminou o clero e por meio dele os fiéis, com as correntes filosóficas do modernismo e do relativismo. Agora não precisa de a combater de fora, porque, corrompendo muitos e muitos consagrados, ao picá-los com o ferrão da concupiscência e neles incubar a soberba, seduzindo-os com o poder e a riqueza, numa só consegue logo duas coisas: o domínio sobre eles e a seca espiritual dos fiéis que lhes estão confiados.
É dessa seca que resulta a necessidade de procura pela água, e, perdidos, sem o pastor que os conduza à Nascente, aceitam a de algumas cisternas, sem se preocuparem em saber se são águas inquinadas, desde que se sintam minimamente aliviados da sua sede... Nesta situação se encontram tanto os que se ligam a outros «credos», como a maioria dos que na Igreja permanecem pensando que a água que lhes está a ser servida vem da Fonte da Verdade…
É de facto um golpe de mestre desferido contra a Igreja de Cristo.
Para melhor ilustrar o que digo ao início deste texto, o próprio Adolfo Jacob Franck, um alto dirigente do Judaísmo do séc. XIX, em sua interessante obra sobre a Cabala, desmascara aqueles que praticam a demonolatria (culto aos demónios), quando diz: «Se no Judaísmo se encontram restos da mais sombria perseguição, há que procurar sobretudo a causa do terror que inspira pela sua demonolatria». *1
No próximo número porei a descoberto outras coisas «ocultas».
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*1 Adolfo Jacob Franck, in A Cabala na Filosofia Religiosa dos Hebreus (traduzido do original francês), pg. 151
José Augusto Santos, As feridas da Igreja – IV, in Notícias de Chaves, Nº 3164, p.12
(6-4-2012)
(6-4-2012)
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