Nelson
Ribeiro Fragelli, IPCO, 6
de Junho de 2017
O que
terá levado o jornal «Le Monde» a estampar na primeira página da sua edição de
28-29 de Maio de 2017 uma grande foto de Mark Zuckerberg?
Não é fácil
entender. O quotidiano francês é socialista e Zuckerberg, o criador do Facebook,
é uma das estrelas do capitalismo mundial. O jornal é pelo nivelamento social
completo enquanto a fortuna de Zuckerberg o coloca bem acima de todos os
níveis. Qual a linha de intersecção na qual estas incongruências se
juntam?
Zuckerberg foi
patrono dos formandos 2017 da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Todo o
patrono faz discurso. A prestidigitação jornalística apresenta o dele como
portador de um ideal para a juventude a viver «num mundo que perdeu o seu sentido». Uma
página inteira do jornal resume as suas palavras. Qual jovem Moisés, Zuckerberg
é apresentado como capaz de levar a juventude a atravessar as águas estagnadas
deste mundo sem ideal até à outra margem onde está o «sentido da vida». A sua
filosofia equivale ao bastão de Moisés, a cujo toque os pântanos deste mundo
estagnado se abrirão. Esta filosofia levou-o à fama e ao enriquecimento. Logo,
seduzirá os que iniciam uma carreira.
Apoiado no seu
sucesso, Zuckerberg passa à segunda parte da sua caminhada rumo à promissão.
Explicita a sua filosofia, feita de conhecidos xaropes ideológicos alambicados
pelos media. Trata-se de xaropada marxista, à qual se adicionaram
novas ervas, bem mais tóxicas, de péssimo paladar. Eis uma pequena dose do seu
enjoativo elixir filosófico: «O mundo perdeu o senso da sua existência; é
preciso que todos encontrem a sua razão de ser; não se trata apenas de criar
empregos, mas devemos procurar visões mais amplas; conheço tantos que
abandonaram os seus sonhos sentindo-se desamparados em caso de fracasso etc.».
Após esta
insípida grandiloquência, o orador reafirma velhas falácias da cartilha
socialista, que nada mais são do que o velho marxismo com nova fantasia: «Lutemos
contra o aquecimento global, contra os nacionalismos, contra aqueles que se
opõem à imigração». Em determinado momento, volta-se para David Aznar,
ali presente e que é convidado a levantar-se para ser aplaudido. Ex-vereador da
cidade do México, David Aznar declarou a legalização das uniões homossexuais na
sua cidade, aprovadas primeiro que em São Francisco.
Nestes erros encontra-se a linha de intersecção
entre o capitalismo milionário e o socialismo pobretão. Mas, a que espécie de
terra prometida Mark Zuckerberg leva a juventude?