quinta-feira, 8 de junho de 2017

Mark Zuckerberg na intersecção entre capitalismo e socialismo


Nelson Ribeiro Fragelli, IPCO, 6 de Junho de 2017

O que terá levado o jornal «Le Monde» a estampar na primeira página da sua edição de 28-29 de Maio de 2017 uma grande foto de Mark Zuckerberg?

Não é fácil entender. O quotidiano francês é socialista e Zuckerberg, o criador do Facebook, é uma das estrelas do capitalismo mundial. O jornal é pelo nivelamento social completo enquanto a fortuna de Zuckerberg o coloca bem acima de todos os níveis. Qual a linha de intersecção na qual estas incongruências se juntam?

Zuckerberg foi patrono dos formandos 2017 da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Todo o patrono faz discurso. A prestidigitação jornalística apresenta o dele como portador de um ideal para a juventude a viver «num mundo que perdeu o seu sentido». Uma página inteira do jornal resume as suas palavras. Qual jovem Moisés, Zuckerberg é apresentado como capaz de levar a juventude a atravessar as águas estagnadas deste mundo sem ideal até à outra margem onde está o «sentido da vida». A sua filosofia equivale ao bastão de Moisés, a cujo toque os pântanos deste mundo estagnado se abrirão. Esta filosofia levou-o à fama e ao enriquecimento. Logo, seduzirá os que iniciam uma carreira.

Apoiado no seu sucesso, Zuckerberg passa à segunda parte da sua caminhada rumo à promissão. Explicita a sua filosofia, feita de conhecidos xaropes ideológicos alambicados pelos media. Trata-se de xaropada marxista, à qual se adicionaram novas ervas, bem mais tóxicas, de péssimo paladar. Eis uma pequena dose do seu enjoativo elixir filosófico: «O mundo perdeu o senso da sua existência; é preciso que todos encontrem a sua razão de ser; não se trata apenas de criar empregos, mas devemos procurar visões mais amplas; conheço tantos que abandonaram os seus sonhos sentindo-se desamparados em caso de fracasso etc.».

Após esta insípida grandiloquência, o orador reafirma velhas falácias da cartilha socialista, que nada mais são do que o velho marxismo com nova fantasia: «Lutemos contra o aquecimento global, contra os nacionalismos, contra aqueles que se opõem à imigração». Em determinado momento, volta-se para David Aznar, ali presente e que é convidado a levantar-se para ser aplaudido. Ex-vereador da cidade do México, David Aznar declarou a legalização das uniões homossexuais na sua cidade, aprovadas primeiro que em São Francisco.

Nestes erros encontra-se a linha de intersecção entre o capitalismo milionário e o socialismo pobretão. Mas, a que espécie de terra prometida Mark Zuckerberg leva a juventude?





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