quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Filmes para parvos


Eram filmes que enchiam a alma dos pais e ajudavam a educar os filhos, a despertar a sua sensibilidade e a desenhar o retrato dos heróis.



Inês Teotónio Pereira


Na infância dos meus filhos mais velhos eu adorava ir ao cinema com eles. Aliás, gostava mais de ir ao cinema do que eles. Vi os filmes todos que eram para ver e dava graças a Deus por ter filhos porque assim tinha a desculpa de ir às sessões da tarde ver filmes para 4 e 6 anos. Dos «Incríveis», ao «Shrek», passando pelo «Toy Story», pelo «Spirit», pelo «Rei Leão» ou pela «Mulan», vi tudo. Ri-me e em alguns filmes até chorei (quando o Andy abandonou o Woody ou quando o Spirit se perdeu do Índio as lágrimas correram-me pela cara a baixo e os meus filhos ficaram petrificados a olhar para mim). Os filmes da infância dos meus filhos mais velhos eram melhores que os meus filmes de infância. Tinham mais graça eram mais bem feitos e também nos faziam chorar com os seus actos de heroísmo, de desespero, com as perdas e as conquistas. Eram filmes que enchiam a alma dos pais e ajudavam a educar os filhos, a despertar a sua sensibilidade e a desenhar o retrato dos heróis, das características que forjam os heróis. Filmes com as mesmas lições de moral dos clássicos da nossa infância, como o «Super-Homem», «A Bela Adormecida», «A Gata Borralheira», «O Homem-Aranha», «O Zorro» ou «O Bambi», mas em melhor. A mensagem era sempre a mesma: a humildade, a coragem e a generosidade movem montanhas. Filmes em que os maus são mesmo péssimos e os bons sofrem horrores, mas no final o Bem vence.

Os meus filhos cresceram e estreou a saga de Nárnia. C. S. Lewis veio em socorro da pré-adolescência dos meus filhos e os desenhos animados tornaram-se actores em carne e osso. O Leão, a Feiticeira, o Príncipe Caspian e os quatro irmãos fizeram as maravilhas de muitos domingos à tarde em minha casa.

Mas foi só. Com os meus filhos mais novos já não tive a mesma sorte. Apesar de aparecerem cada vez mais filmes por ano, de as produtoras se multiplicarem, já não é a mesma coisa. Já não há épicos. Nos filmes actuais eu já não choro, durmo. Também já não me rio, chateio-me. Ir ao cinema com os meus filhos mais novos é uma verdadeira seca. Os filmes são vazios, as histórias são infantis de mais para as crianças de 4 anos para quem o filme é indicado e os bons, os maus e os heróis já não existem. Só existem patetas.

A produção infantil, meus senhores, já não é infantil, é só parva. Tudo começa na televisão, que está cheia de séries transmitidas non-stop absolutamente patetas. As crianças ficam petrificadas a olhar para estas coisas que têm o poder de as hipnotizar. É uma espécie de magia negra que lhes desliga metade do cérebro e as deixa meio patetas. Uma história que tenha princípio, meio e fim, ou seja, uma narrativa, já passou de moda. Agora produzem-se «cenas», já não se produzem filmes. E quanto mais absurdas forem as cenas melhor. São programas e filmes que não têm qualquer mensagem, em que não se distinguem as personagens pela personalidade, pelos defeitos e qualidades, mas sim por uma qualquer particularidade absurda.

O mundo em geral, e a indústria cinematográfica em particular, tem um grande problema em relação às crianças: acha que elas são parvas. E à força de tanto insistirem nesta tese as crianças estão de facto a ficar parvinhas. O seu cérebro está direccionado para responder a estímulos e não a sentimentos. São poucas as crianças que têm hoje paciência para ficar uma hora e meia a ver a «Música no Coração», como são poucos os adultos que têm paciência para ver «E Tudo o Vento Levou». Os tempos são outros. Os tempos são da «Casa dos Segredos» e de histórias infantis sobre uma esponja que vive debaixo do mar e que, pronto, vive debaixo do mar.





terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Convite


Promovida pelo Clube Militar de Oficiais de Mafra vai ter lugar, no dia 18 de Janeiro com início às 15:00 horas uma tertúlia sobre o tema

«Cristóvão Colon na História: incongruências e factualidade»


Representando a Associação Cristóvão Colon participam,
o Eng.º Carlos Calado (Presidente), o Ten.-Cor. Brandão Ferreira (Vice-Presidente) e o Coronel Carlos Paiva Neves (Secretário).

A sessão é aberta ao público e decorre
na sede do Clube Militar:





CMEFD (Edifício D. Maria),
Largo General Conde São Januário,
Mafra (ao lado do Palácio).









O verdadeiro Obama



Saiba como o Obamacare ameaça
a acção social católica na América

Filipe Avillez

Desde o dia 1 de Janeiro milhares de instituições católicas estão sujeitas a pagar multas astronómicas por se recusarem a fornecer seguros de saúde aos seus funcionários que cubram também serviços abortivos ou contraceptivos.

O Centro Médico da Universidade de Pittsburgh (CMUP) é um hospital católico que emprega mais de 60 mil pessoas. O hospital presta cuidados indispensáveis à população de Pittsburgh, mas se fosse feita a vontade da administração de Barack Obama, só nestes primeiros três dias do ano, o CMUP deveria já cerca de 13 mil milhões de euros em multas ao Estado. Em causa está a recusa em fornecer seguros de saúde aos seus funcionários que cubram serviços contraceptivos e abortivos. O valor da multa aumentaria em 4,4 mil milhões por dia, cerca de 73 euros por funcionário, por dia, o que é naturalmente incomportável para qualquer instituição.

Em causa está um mandato da plano Obamacare, do actual presidente, como explica à Renascença Kim Daniels, a porta-voz do presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos: «O mandato HHS obriga-nos a fornecer seguros que cubram serviços abortivos, contraceptivos e de esterilização, contra as nossas crenças. Viola a nossa liberdade religiosa e impõe multas incapacitantes a quem opta por não fornecer essa cobertura. Apenas estamos a pedir uma isenção.» Ou seja, as instituição não tem nada contra os seguros, simplesmente não aceita esta cláusula em particular.

A discussão não é nova. Apesar de o Obamacare ter sido aprovado em Março de 2010, sempre com o apoio dos bispos católicos, o mandato HHS apenas se tornou parte da lei em Fevereiro de 2012. O governo anunciou uma isenção para instituições religiosas mas definiu-as de tal forma que todas as organizações católicas que prestam serviços que não são estritamente religiosos ficam de fora, como hospitais, serviços sociais, escolas e universidades.

Os bispos católicos, juntamente com algumas outras organizações religiosas e seculares, contestaram imediatamente, mas tudo o que conseguiram foi um adiamento até 1 de Janeiro de 2014. Nos últimos dias do ano algumas ordens, instituições ou dioceses, como a de Pittsburgh, conseguiram providências cautelares. As outras estão actualmente sem saber qual será o seu futuro e Kim Daniels realça que os bispos estão todos unidos neste esforço.

«O mais impressionante é que os bispos mantiveram-se unidos durante toda esta controvérsia, na sua qualidade de pastores encarregados de proclamar um Evangelho na sua inteireza. Estão unidos também na sua decisão de resistir a este fardo pesado que estão a impor aos nossos ministérios e a proteger a nossa liberdade religiosa. Enquanto cada bispo procura resolver a questão na sua diocese, estão todos, juntos, a procurar desenvolver alternativas de resposta a esta situação difícil. Os bispos, as dioceses e os serviços sociais católicos estão a tentar perceber como responder».

Uma questão de liberdade religiosa

No limite, a Igreja admite encerrar os seus serviços em vez de comprometer as suas crenças: «Certamente alguns grupos poderão ter de fechar, outros terão de diminuir os serviços prestados e quem mais vai sofrer são os que dependem desses serviços. Se tivermos de cortar com serviços por causa de multas incapacitantes impostas pelo Governo, então deixa-se de poder servir a mesma quantidade de pessoas.»

Algumas decisões recentes dos tribunais dão alento à Igreja, mas a não ser que o Governo ceda, a questão apenas será decidida no Supremo Tribunal, e não antes de Junho. Até lá ninguém sabe muito bem o que se vai passar, mas Obama já se mostrou inflexível em relação a mais diálogo: «Ainda esta semana o arcebispo Kurtz, presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, escreveu ao presidente, pedindo-lhe que isente temporariamente as instituições atingidas por estas multas [enquanto os tribunais não decidem o assunto]. Mas ele diz que acredita que a sua política está certa. Por isso o presidente Obama poderia resolver a situação, mas optou por não o fazer».

Para a Conferência Episcopal, esta questão é sobre muito mais que o direito à vida e a oposição à contracepção. Está em causa a liberdade religiosa: «A liberdade religiosa é uma prioridade para os bispos. Isto faz parte de um ataque a uma visão apartidária da liberdade religiosa nos Estados Unidos baseada no bom senso, de que as pessoas têm o direito a viver e a testemunhar a sua fé sem que o Governo coloque entraves significativos.»

Com os bispos a prometer não desarmar e a administração pouco disposta a ceder, mantém-se um braço de ferro entre o Governo e a Igreja nos Estados Unidos sobre a questão do Obamacare.





segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eusébio



Morreu um opositor ao aborto.




domingo, 5 de janeiro de 2014

Um buda no Canal Q


Heduíno Gomes

O Canal Q entrevistou o padre-poeta Tolentino (3.1.2014), a actual coqueluche intelectual dos católicos progressistas e da maçonaria, que anda com ele nas palminhas.

O homem fala como um profundo poço de sabedoria. Pronuncia frases imperceptíveis, ocas, sem sentido, mas não faz mal: supõe-se ser poesia. E quando se consegue descortinar uma ideia no que diz, então aí é de arrepiar.

O tema da conversa foi o seu propósito de «diluir as oposições entre o sagrado e o profano»Vindo isto de quem vem, já sabemos o que significa este seu esforço:  sagrar o profano e dessacralizar o sagrado.



O padre-poeta é um autêntico charco de relativismo. Pensamento que seria normal num irmão de avental, coisa estranhíssima num padre. E ainda por cima com a mania de que é intelectual. É a «modernidade» e a «fraternidade» que nos invade. O próprio entrevistador, admirado com a avançada conversa do padre-poeta, ou então a puxar-lhe pela língua, lhe perguntou se não receava ser «tratado como relativista».

E aí, o padre-poeta dá mais um passo (compreensível…) em frente. Respondendo à observação do entrevistador, diz o padre-poeta que «o Evangelho é mais um livro de perguntas do que de resposta».

Isto significa que, para o padre-poeta, as coisas se passam ao contrário do que qualquer cristão esperaria. Jesus, o ignorante, perguntaria. Ou então, Jesus, o desagradado com os espartilhos de Moisés, sugeriria a dúvida, poria em causa esses espartilhos. E depois estariam cá os Tolentinos sábios para responder às «perguntas» do ignorante ou desagradado Jesus no Evangelho. E então, como se exige no pensamento subjectivista e relativista, cada Tolentino poderia responder à sua maneira. Por outras palavras, cada Tolentino criararia as suas próprias regras de vida, as suas próprias normas morais.

Já sabíamos que o padre-poeta preconiza tal doutrina anticristã. Aqui o temos a confirmá-la. O que não podemos deixar de notar é que tal pensador é, nada mais, nada menos, o responsável da Igreja portuguesa pela culturaParabéns a quem lá o mantém com tais responsabilidades.