José Filipe Sepúlveda da Fonseca, Arautos d’El-Rei
A menos de um ano da realização das eleições gerais em Espanha, é do conhecimento do público que o recém-criado partido de extrema-esquerda PODEMOS regista actualmente uma intenção de voto expressiva. A eventual vitória deste partido nas próximas eleições gerais poderia alterar radicalmente o panorama político, relegando para segundo plano os partidos tradicionais, ou seja, o Partido Popular e o PSOE.
Muito se tem falado da subida do PODEMOS nas intenções de voto, mas pouco se tem dito acerca das origens e da agenda deste partido que pertence à mesma família política do Syriza (Grécia), do Bloco de Esquerda e do Partido Livre.
Na imagem: Lenin (1870-1924), Stalin (1879-1953) e Pablo Iglesias. O líder do PODEMOS identifica-se com os líderes comunistas russos e com os seus métodos sanguinários, tendo já afirmado inclusivamente que a guilhotina é um «instrumento da justiça democrática» para neutralizar os opositores da ideologia socialista. Saiba mais aqui. |
A imagem que o PODEMOS tenta passar para a opinião pública é a de um partido que nasceu de forma natural em resultado do descontentamento de amplos sectores da sociedade espanhola com os partidos dominantes nas últimas três décadas.
Se dedicarmos algum tempo à leitura da imprensa internacional, apercebemo-nos que a realidade é bem diferente daquela que o PODEMOS quer transmitir.
No dia 26 de Fevereiro foi publicado na versão espanhola do Wall Street Journal um artigo sobre a ascensão do PODEMOS e o modelo que este partido quer aplicar em Espanha.
O artigo refere que os politólogos que lideram o PODEMOS, Monedero, Pablo Iglésias, e Iñigo Errejón, foram os três assessores do regime de Hugo Chávez, tendo aproveitado o que sobrou das manifestações ocorridas durante a crise financeira de 2011 em Espanha para criar a base de apoio e de actuação do PODEMOS.
Ou seja, a agenda do PODEMOS obedece à agenda da esquerda radical internacional, nomeadamente da América Latina.
Pode ler-se no artigo que Juan Carlos Monedero, um dos líderes do PODEMOS, afirmou há alguns anos, na presença de Hugo Chávez, que a Venezuela é uma referência de revolução socialista.
Ora, quatro anos após a morte de Hugo Chávez a Venezuela está imersa num profundo caos económico e social, a par de uma forte repressão aos opositores políticos do regime chavista.
É mencionada ainda uma afirmação do embaixador da Venezuela em Madrid, Mario Isea, perante os legisladores do seu país, e que reflecte bem as metas do PODEMOS: O PODEMOS poderia tornar a Espanha num «forte aliado da Venezuela» e «uma plataforma de difusão», na Europa, do chavismo, da ideologia socialista e antiamericana levada a cabo na Venezuela por Hugo Chávez e pelo seu sucessor Nicolas Maduro.
Antes de terminar, refiro alguns dos objectivos políticos do PODEMOS caso venha a formar governo em Espanha:
1) Fixação de um salário mínimo e máximo, não superior ao salário médio do país, tanto nas empresas públicas como privadas.
2) Proibição de despedimentos em empresas com lucros.
3) Participação dos trabalhadores nos conselhos de administração.
4) Não pagamento da dívida pública que considerem ilegítima.
5) Criação de uma banca pública e controlo público das empresas privadas, com mais de 50% do capital social, nos sectores estratégicos (telecomunicações, energia, alimentação, transportes, saúde, farmacêutico e educativo). Expropriação das grandes propriedades agrícolas que passarão para gestão colectiva.
6) Redução das despesas militares e referendo para a saída da Espanha da NATO.
7) Fim das políticas antiterroristas e de segurança dos cidadãos que violem a liberdade de expressão, manifestação e protesto.
8) Planeamento democrático de uma economia ecológica ao serviço da satisfação das necessidades básicas do conjunto da humanidade.
9) Suspensão dos acordos de comércio com os EUA e intensificação de acordos com países da América Latina, do Magrebe e do Sul da Europa.
Numa palavra, com a implementação desta agenda radical de esquerda em Espanha, não seriam apenas a sociedade e os empresários espanhóis a sofrer as graves consequências de um enorme retrocesso político, económico e social. Portugal iria sentir também e de forma muito grave, um forte retrocesso económico dadas as importantes relações económicas que tem com a vizinha Espanha.