quarta-feira, 25 de março de 2015


Sobre a homossexualidade


Padre Michael Rodríguez (sacerdote da Diocese de El Paso, Texas. Actualmente é o vigário paroquial da Paróquia Santa Teresa, em Presidio, Texas).

[Citado pela Congregação Mariana na Arquidiocese de Niterói (Rio de Janeiro), extraído do facebook de Aurélio Guimarães]

Eu como católico fico pasmado ao ver como os nossos bispos são omissos em ensinar a doutrina católica, preocupando-se antes em temas políticos com tendência de esquerda. Ao longo do ano passado, o esforço infernal para legalizar «o casamento de pessoas do mesmo sexo» cresceu grandemente a nível nacional, tornou-se mais vociferante e espalhou os seus tentáculos infames e ameaçadores até mesmo aos mais inocentes. Deparados com esta iminente catástrofe moral, qual tem sido a resposta dos bispos americanos até agora?


O Beato Abade Columba Marmion (1858-1923) em Cristo a Vida da Alma, escreve:

O baptismo, pelo seu simbolismo e pela graça que produz, como São Paulo nos mostra, marca toda a nossa vida cristã com a dupla marca de «morte ao pecado» e «vida para Deus». O cristianismo é propriamente falando uma vida: Veni ut vitam habeant. Nosso Salvador diz-nos que é a vida divina que flui em cada uma das nossas almas da humanidade de Cristo, onde ela se encontra na sua plenitude. Porém, esta vida não se desenvolve sem nós, sem esforço; a condição do seu desenvolvimento é a destruição daquilo que se lhe opõe, ou seja, o pecado. Esta «morte ao pecado», a princípio realizada no baptismo, torna-se então para nós uma condição de vida; devemos enfraquecer a acção da concupiscência em nós, tanto quanto possível; é a esse preço que a vida divina se irá desenvolver na nossa alma e isso se dará na mesma medida em que renunciarmos ao pecado, aos hábitos pecaminosos e a todo o apego ao pecado.

Sem dúvida, o precioso sangue do nosso Santíssimo Redentor marcou de maneira indelével a vida cristã com essa marca dupla: «morte ao pecado» e «vida para Deus». Para viver para Deus precisamos morrer para o pecado. Se tivermos que seguir Jesus Cristo, precisamos negar a nós mesmos e tomar a nossa cruz. É preciso renunciar à riqueza injusta se desejarmos servir a Deus. Ou vivemos pelo Espírito ou seremos arrastados pela carne. É preciso que nos afastemos do ruído e tagarelice do mundo para ouvir a voz de Deus no silêncio majestoso do santo sacrifício da Missa. A única maneira de «nos revestirmos de Cristo», o homem novo, primeiramente é preciso pôr de lado o velho homem. Ó alma cristã, deves deixar este mundo passageiro para trás, pois só então poderás ver a face de Deus e viver… num mundo que nunca morrerá.

De acordo com o Evangelho de São Mateus, já o início da pregação de Jesus está divinamente selado com esta «dupla marca». Jesus prega «morte ao pecado» em Mateus 4: 17, «fazei penitência», e «vida para Deus» imediatamente daí em diante, Mateus 4: 19, «Vinde atrás de mim e vos farei pescadores de homens». Além disso, logo no início do Seu ministério público (Mt 4:1-11), o próprio Jesus oferece a base para este «duplo aspecto» da vida cristã. Jesus é «levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demónio». O que Ele está fazendo? Jesus vence Satanás e desfere um golpe mortal no pecado. Em seguida, Ele traz «vida para Deus» em abundância através do seu ensinamento e cura. Finalmente, ao longo da sua obra redentora, que culmina no calvário, o Filho de Deus invariavelmente relaciona o perdão dos pecados («morte ao pecado») a curas milagrosas («vida para Deus»).

Uma vez que essa marca dupla de «morte ao pecado» e «vida para Deus» é inerente à vida cristã (ou seja, enraizado na graça do baptismo), como é possível que a vasta maioria da hierarquia do nosso país (tanto padres quanto bispos) parece ignorar o primeiro aspecto de maneira constante e pregar quase que exclusivamente o segundo aspecto? Sem dúvida, há pessoas que tentarão justificar a sua negligência de condenar o pecado alegando que eles estão adoptando «uma abordagem mais pastoral». Lembro a todos os clérigos a Carta sobre Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1.º de Outubro de 1986, «Uma abordagem verdadeiramente pastoral apreciará a necessidade das pessoas homossexuais de evitar ocasiões próximas do pecado. Desejamos deixar claro que o afastamento do ensinamento da Igreja ou o silêncio sobre esse ensinamento, num esforço para oferecer cuidado pastoral, nem é cuidado, nem é pastoral. Somente aquilo que é verdadeiro pode, em última análise, ser pastoral».

Ao longo do ano passado, o esforço infernal para legalizar «o casamento de pessoas do mesmo sexo» cresceu grandemente a nível nacional, tornou-se mais vociferante e espalhou os seus tentáculos infames e ameaçadores, até mesmo aos mais inocentes. Deparados com esta iminente catástrofe moral, qual tem sido a resposta dos bispos americanos até agora?

Graças a Deus, há alguns bispos americanos que, fiéis ao seu dever, têm apresentado o ensinamento da Igreja sobre o sacramento do santo matrimónio divinamente instituído como uma união exclusiva, vitalícia entre um homem e uma mulher. Entretanto, após um exame atento, o quadro é muito perturbador. Até onde estou ciente, nem um único bispo americano ensinou com autoridade sobre a homossexualidade como uma desordem objectiva e o pecado grave dos actos homossexuais. Num momento da história quando os católicos estão em extrema necessidade da Verdade de Cristo, não estou ciente de um único bispo americano que tenha instruído todos os seus padres para pregar o que a Igreja ensina sobre: (1) a santidade do matrimónio, (2) como o matrimónio, por lei divina, é uma união exclusiva, vitalícia de um homem e de uma mulher, (3) o mal intrínseco dos actos homossexuais, (4) o pecado grave de apoiar — de qualquer forma ou maneira — «o casamento de pessoas do mesmo sexo».

Considerem a seguinte analogia com o aborto, que também é um mal intrínseco. Como é que um bispo pode ser sincero ao conduzir o seu dever de ensinar a Verdade de Cristo sobre a santidade, maravilha e beleza do dom da vida («vida para Deus»), enquanto permanece silencioso sobre o horrendo pecado do aborto («morte ao pecado»)? Isso não faria qualquer sentido. Tal negligência culpável seria, verdadeiramente, uma traição da Verdade! De modo semelhante, mesmo em caso de bispos que estão pregando sobre a santidade do matrimónio e (correctamente) opondo esforços para a legalização do «casamento de pessoas do mesmo sexo», porque é que eles permanecem em silêncio sobre a abominação do «estilo de vida homossexual»? Onde está o nosso zelo por Deus e pela salvação das almas? Actualmente, estamos testemunhando milhões de almas jovens — ovelhas perdidas! — que estão sendo enganadas e conduzidas para a ruína pela agenda astuciosa da cultura de «direitos iguais de matrimónio», «tolerância», «não discriminação»… como é que um bom pastor não grita de cima dos telhados que os actos homossexuais são intrinsecamente maus, depravados e constituem uma abominação perante Deus e o homem?

O ensinamento de Jesus Cristo e da Igreja Católica Romana referente à homossexualidade é claro (CCC 2357-2359); pode ser resumido em três pontos básicos:

1.º Os actos homossexuais são actos gravemente depravados; são pecados mortais que clamam aos céus por vingança. Sob nenhuma circunstância eles podem ser aprovados.

2.º A homossexualidade é uma desordem objectiva.

3.º As pessoas homossexuais devem ser tratadas com respeito, compaixão e sensibilidade.

Os números 1 e 2 acima são ensinamentos morais infalíveis da Igreja católica em razão do seu magistério universal ordinário. Se alguém diz professar a fé católica, deve concordar com essas verdades morais e salvíficas. Se alguém rejeita qualquer uma dessas verdades, essa pessoa não é mais católica!

É imperativo que nós – padres e bispos, especialmente — examinemos as nossas consciências. Será que sentimos vergonha das verdades mencionadas acima? Como católicos romanos, os únicos portadores da Verdade que salva almas, vamos fugir da Verdade com medo da perseguição? Será que estamos com medo de sermos rotulados de «intolerantes»? Será que tememos aborrecer as pessoas ou «ofender» parentes ou paroquianos? Será que estamos preocupados em «nos indispormos» com grandes benfeitores e políticos influentes? Que as palavras luminosas do nosso amado Salvador nos confortem e fortaleçam: «No mundo tereis tristeza, mas coragem, Eu venci o mundo» (João 16:33); «E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará» (João 8:32).

Peço aos meus irmãos sacerdotes e aos bispos da nossa nação. Sim, precisamos tratar as pessoas homossexuais com genuíno amor cristão, respeito e compaixão. Creio que temos todos muito trabalho a fazer nesta importante área da caridade. Mas pelo amor e honra de Deus, e por amor das pobres almas, precisamos falar claramente contra a desordem da homossexualidade! Precisamos ser pacientes e compreensivos com as pessoas homossexuais, porém, como podemos, nós que fomos encarregados de cuidar das almas, ignorar o facto de que alma após alma está sendo escravizada pelo vício cruel de um «estilo de vida homossexual»? Como é possível limitarmos a nossa pregação a «amar e respeitar as pessoas», quando alma após alma está sendo aterrorizada e devorada por Satanás e os seus partidários?

Por volta do final do século XIX, o Papa Leão XIII escreveu uma Carta Encíclica sobre o matrimónio cristão, Arcanum Divinæ (10 de Fevereiro de 1880). Enquanto exaltava a dignidade e beleza do santo matrimónio («vida para Deus»),  também fulminava as tentativas desavergonhadas de um mundo secular de legalizar o divórcio («morte ao pecado»). É altamente instrutivo ler o que ele escreveu há mais de um século em relação ao grave pecado do divórcio. Ao ler a breve passagem que menciono abaixo, observe, por favor, duas coisas: a primeira, como as suas palavras se tornaram tão proféticas, e em segundo lugar, tente imaginar o que ele diria hoje em dia sobre a tentativa do mundo secular de legalizar o «casamento de pessoas do mesmo sexo».

Na verdade, é quase impossível descrever a enormidade dos males que resultam do divórcio. O divórcio torna os contractos matrimoniais volúveis, enfraquece a benevolência mútua, proporciona induzimentos deploráveis à infidelidade, prejudica a educação e a instrução das crianças, oferece a ocasião para a destruição de lares; as sementes da desavença são postas à vista entre as famílias, a dignidade das mulheres é diminuída e as mulheres correm o risco de serem abandonadas depois de se terem subjugado aos prazeres dos homens. Então, nada tem tanto poder de levar as famílias à ruína e destruir por completo os governos como a corrupção dos valores morais, facilmente se vê que os divórcios são ao mais alto grau hostis à prosperidade das famílias e estados, surgindo de valores morais depravados, e, conforme a experiência nos mostra, abrindo um caminho para todo tipo de maldade na vida pública e privada.

Além disso, se a questão for devidamente ponderada, veremos claramente esses males especialmente como os mais perigosos porque uma vez que o divórcio for tolerado, não haverá restrição suficientemente poderosa para mantê-lo dentro das fronteiras delimitadas ou previstas. Sem dúvida, a força do exemplo é grande, e maior ainda é a força da paixão. Com tais incentivos, podemos inferir que a sofreguidão pelo divórcio, se disseminando diariamente através de caminhos tortuosos, se apoderará de muitas pessoas como «uma doença contagiosa virulenta ou como uma inundação de água rompendo todas as barreiras». (nn. 29 e 30)

São Paulo, o grande apóstolo e missionário, nunca restringiu a sua pregação exclusivamente à «vida para Deus». Em Gal 5, 22-23, ele ensina de uma maneira magnífica sobre a vida do Espírito: «Porém, o fruto do Espírito é a caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência, castidade». Entretanto, nos versículos anteriores (Gal 5,19-21), ele faz uma advertência solene em relação à «morte ao pecado»: «Ora, as obras da carne são manifestas, a saber: a prostituição, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçarias, ódios, discórdias, ciúmes, iras, rixas, dissensões, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e outras como estas, pois quem praticar tais coisas não será herdeiro do reino de Deus».

Numa das passagens mais marcantes e comoventes de toda a sagrada escritura, Jesus Cristo fala à samaritana sobre a «vida para Deus»: «Porém, a água que eu lhe der será nele uma fonte que jorra para a vida eterna.» (João 4: 14) A mulher exclama, «Senhor, dá-me dessa água para que eu não sinta mais sede nem precise vir aqui buscar água». (João 4: 15) Nós padres e bispos deveríamos ter sempre nas nossas mentes e corações a resposta intempestiva do Filho de Deus. Ele prega «morte ao pecado,» sem excepção. Ele acusa-a e adverte-a «Respondestes bem, «não tenho marido». De facto, tiveste cinco e aquele que agora tens não é teu marido». (João 4: 17-18) Ao aceitar a Verdade da condenação do Filho de Deus do seu pecado, a mulher reconhece o Cristo… e a fonte da salvação é aberta a ela e ao seu povo.

Que a santíssima mãe de Deus interceda pelos nossos padres e bispos. Que ela os faça santos, fiéis, corajosos e puros. Ela carregou o Divino Infante nos seus braços maternais no mais doce e terno abraço («vida para Deus») e simultaneamente esmagou a cabeça da serpente com os seus pés virginais («morte ao pecado»).

Sancta Dei Génetrix, ora pro nobis.



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