sábado, 28 de novembro de 2015
Então «o coordenador» Eanes
não conseguiu proteger?
Da memória
Michael Seufert, Diário Expresso, 26 de Novembro de 2015
25 de Novembro de 1975, Mário Soares não jantou em casa. Nem sequer em Lisboa. Temendo pela vida, cito o site do Partido Socialista, foi com colegas da Comissão Permanente do PS pedir protecção ao brigadeiro Pires Veloso. No Norte, longe das mãos de Otelo Saraiva de Carvalho e de Mário Tomé, respirava-se uma calma que só chegaria à Região Militar de Lisboa depois da dissolução do COPCON e da prisão destes e de outros revolucionários que teimavam em não aceitar o jogo democrático. O Verão Quente terminaria e podia, finalmente, cumprir-se o mais importante desígnio do 25 de Abril: Democracia.
Que 40 anos depois seja o Partido Socialista, que
indicaria o primeiro primeiro-ministro constitucional uns meses depois, a
impedir que o Parlamento português – que exerce o seu mandato graças aos
militares que impediram o golpe a 25 de Novembro de 1975 – assinale esse dia, é
particularmente sintomático dos dias que vivemos. O país está de pernas para o
ar e são o Partido Comunista e o Bloco a ditar o que o PS pode e o que o PS não
pode fazer. Parece que está de facto instituído que são os menos votados a
impor-se aos mais votados.
O que fica por saber é até onde aceitará o PS ir para não
incomodar os seus novos parceiros. Renegou hoje um momento fundador da
democracia e fundamental na história do PS (que dias depois, em 1975, deu uma
violentíssima conferência de imprensa atacando Cunhal e o seu partido). Que
renegará amanhã?
Mas será assim tão importante, tão fundamental, tão
decisivo assinalar o 25 de Novembro? Provavelmente não. Mas é simbólico e
talvez por ser pouco decisivo mostre ainda mais o labirinto em que Costa meteu
o PS. Se a 25 de Novembro de 2015 o PS dá cobertura a Otelo por causa do PC e
ao Major Tomé por causa do Bloco, o que fará nos próximos meses?
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Pornografia:
A nossa maior ameaça espiritual
Pe. John C. McCloskey
Os bispos dos Estados Unidos reuniram-se a semana passada em Baltimore, para a sua reunião anual. Um dos tópicos que decidiram abordar este ano tem a ver com aquela que é talvez a maior e mais constante ameaça à saúde espiritual e física dos católicos americanos. Destrói casamentos, mata o estado de graça e, em muitos casos, acaba com possíveis vocações ao sacerdócio e à vida religiosa. É uma praga e chama-se pornografia.
A pornografia gera lucros gigantes para quem a produz e distribui comercialmente. Muita desta pornografia tem origem em Los Angeles e, infelizmente, espalhou-se não só por toda a nação mas por todo o mundo, dando credibilidade àqueles que, como os extremistas islâmicos, denunciam a decadência do Ocidente. Embora a pornografia seja sobretudo comercializada e vista por homens, um número considerável de mulheres também a vê por curiosidade e geralmente ficam enojadas, embora um pequeno número caia na armadilha de a usar também.
Escrevo este artigo enquanto padre que ouve milhares de confissões todos os anos. Quando fui ordenado, a maior parte da pornografia consumida era entregue em casa das pessoas na forma de revistas. Hoje em dia, praticamente toda a pornografia está na Internet, facilmente disponível para quem a quiser usar. Os homens viciados, só neste país, são aos milhões. Vivem num mundo de fantasia que é degradante tanto para eles como para as suas mulheres e namoradas.
O Catecismo da Igreja Católica diz-nos que os cristãos devem estar de prevenção contra a pornografia. Não só devemos evitar procurá-la e usá-la como devemos rejeitar qualquer imagem ou pensamento que nos possa surgir acidentalmente – por exemplo, quando vamos inocentemente ver um filme e somos apanhados de surpresa por uma cena de sexo explícita.
O que é que se pode fazer? Talvez os bispos tenham algumas recomendações «micro» para os indivíduos e outras «macro» para a sociedade em geral. A pornografia, como é evidente, e tal como outros tipos de pecado, não é nada de novo e provavelmente existirá até ao fim dos tempos. Contudo, a dimensão do problema e a dificuldade em evitar a contaminação, bem como a ameaça que coloca à inocência das crianças, é um produto sem precedentes do progresso tecnológico e da regressão moral do nosso tempo. É um bom sinal que a Igreja nos Estados Unidos esteja a debater esta matéria mortífera, que mata almas aos milhões tanto cá como no estrangeiro.
Estou ansioso para ver a forma como os nossos bispos vão lidar com este assunto no futuro. Utilizar pornografia não só fere a alma mas transforma o utilizador num criminoso, que rouba algo que não lhe pertence. O consumo de pornografia leva muitas pessoas a ficarem viciadas e, tal como na maioria dos vícios, este geralmente leva o consumidor a ir aumentando as doses para alcançar os mesmos efeitos. Não admira, por isso, que o uso de pornografia possa, em alguns casos, levar a situações de violação e abuso de crianças.
Uma vez que o consumo da pornografia é frequentemente um vício e um pecado, o consumidor desta doença mortal para a alma deve não só confessar o seu pecado como ainda procurar auxílio profissional que possa ajudá-lo a libertar-se desta praga.
No que diz respeito aos métodos gerais, combatemos este tipo de pecado como combatemos outros. Começamos por confessar os nossos pecados e depois, em estado de graça, podemos receber a presença fortalecedora de Cristo na Eucaristia. A devoção à Santíssima Mãe é também uma grande ajuda no combate a todos os tipos de impureza. Devemos ainda ter o cuidado de evitar as ocasiões de pecado, instalando um filtro nos nossos computadores ou telefones para evitar aceder a pornografia. Outra dica útil é nunca usar um computador a não ser que esteja acompanhado por alguém na sala.
Estas são apenas algumas ideias que podem ser úteis para quem estiver apanhado por este tipo de comportamento pecaminoso. Acima de tudo, à medida que nos aproximamos do Jubileu da Misericórdia anunciado pelo Papa Francisco, que começa na festa da Imaculada Conceição, os utilizadores de pornografia penitentes, tal como qualquer outro, nunca devem desesperar da misericórdia e do perdão de Deus. Nunca devem perder a esperança na possibilidade de se conseguirem libertar desta escravatura, recorrendo à ajuda continuada da graça de Deus.
A Europa é estúpida
se não sabe que o Islão utiliza a sua tolerância
para islamizar»
P. Samir Khalil
El jesuita e islamólogo
Samir Khalil Samir pide al Islam autocrítica, renuncia a la violencia,
capacidad de integrarse... y al Estado que controle las mezquitas
Khalil ofrece el punto de vista de un árabe cristiano
sobre las relaciones entre cristianos y musulmanes en los países árabes y en
Europa. «Los musulmanes han de aceptar vivir aquí con las condiciones de la
cultura europea», afirma analizando la situación del viejo continente ante las
exigencias islámicas en la sociedad.
Egipcio, jesuita, profesor
de Historia de la cultura árabe y de islamología en Beirut y en Roma, el padre
Samir Khalil es hoy en día uno de los mayores especialistas en relaciones entre cristianismo e islam.
Propone soluciones para llegar el entendimiento entre musulmanes y europeos
pero considera que el islam busca el poder político.
— ¿Cree que los musulmanes pueden cambiar el modo que tienen de vivir su
religión musulmana?
– Sí, siempre y cuando
Europa se afiance en defender su identidad, la carta universal de los derechos
humanos. Esa carta es universal, no como la que hace unos años hicieron algunos
países musulmanes, una carta musulmana de los derechos humanos. Con esa identidad,
Europa puede tener apertura. Y los musulmanes han de aceptar vivir
en una Europa con las condiciones de Europa, no viniendo a
promover en Europa un proyecto musulmán utilizando el esquema tolerante
europeo, que está muy extendido entre los musulmanes. Europa es estúpida si no
ve eso, si no se da cuenta de que pueden usar la tolerancia para islamizar Europa.
— «El Islam nunca retrocede» – ¿Cómo se islamiza una sociedad no islámica?
—
Cuando van adquiriendo fuerza social, los musulmanes exigen que las leyes les
reconozcan como minoría distinta, y cuando de una minoría de un cinco o diez
por ciento llegan a tener ya la presencia de un treinta por ciento, como el
caso de Malasia o de Mindanao en Filipinas, exigen la islamización de la
sociedad. Y cuando el islam ha ido adquiriendo zonas de poder e influencia,
nunca retrocede. España ha sido el único caso en la Historia. La única
posibilidad que yo veo de modernizar el islam es que cuando las siguientes
generaciones de inmigrantes en Europa vean que pueden vivir su fe sin modificar
el marco social y político, acepten esa posibilidad.
— ¿Cómo vive la minoría
cristiana en un país musulmán?
—
La religión islámica está pensada magníficamente como
control social y político. La convivencia es siempre como minoría y con la
tendencia a desaparecer, aunque algunos líderes islamistas están dándose cuenta
de que es negativo para ellos. Los cristianos árabes somos plenamente árabes,
aunque no compartamos la fe musulmana. Somos más libres que los musulmanes,
puesto que podemos aportar una mirada crítica sobre la realidad. Actualmente
nos ven como posibles aliados o espías de Occidente, y nos dirigen las mismas
acusaciones que dirigen al imperialismo occidental. La línea del entendimiento
con ellos, que es la de Juan Pablo II, es la de la defensa de los derechos
humanos, de la justicia social. En materia social hay un profundo entendimiento
entre musulmanes y cristianos, porque hay un visión del hombre coincidente en
muchos elementos.
— «España es un símbolo» ¿Qué significa España para
un árabe cristiano?
—
Para nosotros, España es un símbolo. Europa y
Occidente no tienen ya la experiencia de vivir con un grupo dominante de
presión constante en nombre de la religión. Además, el islam, históricamente,
nunca ha retrocedido en aquellos lugares en los que se ha ido asentando, a
excepción de España. España es el único caso en el que un pueblo cristiano
recuperó lo que los musulmanes le habían arrebatado. Además, la Reconquista no
fue una cruzada, los árabes – también
los musulmanes – nunca hablamos de
«cruzada», hablamos y hablan de las guerras de los francos, de los amalfitanos
y de los venecianos luego. Se ve como la sucesión normal de los acontecimientos
y de las relaciones entre los pueblos en aquel momento histórico. Para mí,
España representa la reacción católica de un pueblo, consciente de su
identidad, que pone los medios aptos para recuperarla.
— Entonces, ¿qué piensa
de las revisiones históricas que rechazan ese hecho?
Me sorprende que los
occidentales y sobre todo los españoles nieguen eso. La Historia está hecha de
flujos y reflujos. Hoy Europa no hace autocrítica, que es buena, sino que hace
autodestrucción porque no quiere asumir su historia. Asumir la propia historia
es distinguir lo bueno de lo malo pero sentirse orgulloso de que sea esa su
propia historia, sin rechazarla.
Holanda: Não ao multiculturalismo
A Holanda, em que 6% da população é muçulmana rejeita agora o multiculturalismo. O Governo holandês está cansado de ser pisado pelos muçulmanos e abandona o seu modelo de longa data de multiculturalismo, que não fez senão incentivar os imigrantes muçulmanos a criarem uma sociedade paralela e nociva dentro do país.
Um novo projecto de lei apresentado ao Parlamento pelo ministro do Interior holandês, Piet Hein Donner, em 16 de Junho, diz o seguinte:
«O Governo partilha a insatisfação do povo holandês face ao modelo de uma sociedade multicultural na Holanda e manifesta a sua intenção de agora concentrar as suas prioridades nos valores fundamentais do povo holandês. Sob o novo sistema de integração, os valores holandeses terão um papel fulcral e, portanto, o Governo ‘não adere mais ao modelo de uma sociedade multicultural.’»
A proposta continua:
«Uma integração mais rigorosa é perfeitamente justificada porque isso é o que é exigido pelo Governo e todo o seu povo. Esta orientação é agora absolutamente necessária porque a sociedade holandesa está a desintegrar-se, em termos de identidade e já ninguém se sente em sua casa na Holanda.» A nova política de integração será muito mais exigente para com os imigrantes. Por exemplo, os imigrantes devem necessariamente aprender holandês e o Governo holandês vai tomar medidas coercivas em relação aos imigrantes que ignoram os valores do país e desobedecem às leis holandesas.
Assim, o Governo holandês vai deixar de dar subsídios especiais aos muçulmanos para os integrar (até porque, de qualquer forma, eles não o fazem) porque, segundo Donner, «não compete ao Governo e aos fundos públicos a integração dos imigrantes.»
O projecto prevê também a criação de legislação proibindo os casamentos forçados, bem como legislação impondo medidas severas para esses imigrantes muçulmanos que, por sua livre vontade, reduzem as suas hipóteses de emprego pela maneira como se vestem. Especificamente, o Governo vai proibir, a partir de Janeiro 2016, o uso de roupas que cubram o rosto, como o véu, burca, hijab, etc.
A Holanda deu-se conta, talvez tardiamente, que o seu liberalismo multicultural está em vias de fazer do país um território de tribos do deserto que está prestes a matar as origens do país e a sua própria identidade.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Em Inglaterra, já não há agências
de adopção católicas
Filipe d'Avillez, Renascença, 20 de Novembro de 2015
Desde a legalização da adopção por homossexuais, todas as agências de adopção católicas do Reino Unido fecharam, com a excepção de uma, na Escócia.
A legalização da adopção por parte de homossexuais pode ter implicações muito mais abrangentes do que parece à primeira vista, como as agências de adopção católicas do Reino Unido e nalguns estados americanos descobriram da pior maneira.
Em 2002, no ano em que foi legalizada a adopção por homossexuais, existiam no Reino Unido 12 agências de adopção católicas. Hoje, só existe uma – na Escócia.
O advogado Neil Addison, especialista em assuntos legais ligados à liberdade religiosa, explica que o encerramento não foi consequência directa dessa legalização, mas de uma legislação posterior, aprovada em 2007, que proíbe a discriminação com base na orientação sexual por parte de organizações que recebam dinheiro público.
Como consequência, a maior parte delas acabou por se desvincular oficialmente das respectivas dioceses, para assim poder trabalhar dentro da lei, mas, na prática, a Igreja foi totalmente afastada do sector.
A única excepção, em todo o Reino Unido, foi uma agência da Escócia que conseguiu, após vários recursos, ver garantido o seu direito de continuar a agir de acordo com os princípios católicos que a orientam. A decisão não se aplica, contudo, às organizações inglesas, uma vez que a legislação é diferente na Escócia e na Inglaterra.
Nos Estados Unidos, passa-se uma situação em tudo idêntica em vários estados e pontos do país. Em Boston (Massachusetts), no Illinois e em São Francisco (Califórnia), pelo menos, as agências católicas tiveram de fechar portas, uma vez que o governo estatal só lhes permitia continuar a trabalhar se aceitassem considerar homossexuais como famílias de adopção. A situação levou Thomas J. Paprocki, arcebispo de Illinois, a afirmar: «Em nome da tolerância, não estamos a ser tolerados».
Muito recentemente, na Austrália, o Estado de Victória concedeu às agências católicas um regime de excepção. A adopção por homossexuais passou a ser legal naquela região, mas as instituições que invoquem objecção de consciência poderão continuar a trabalhar livremente, respeitando os seus princípios orientadores.
Sem paralelo
Os casos do Reino Unido e dos Estados Unidos não são exactamente comparáveis ao caso português, uma vez que naqueles países são as próprias agências que dirigem os processos de adopção, enquanto em Portugal os Centros de Acolhimento Temporário e os Lares de Infância e Juventude apenas cuidam das crianças, não tendo qualquer palavra a dizer em relação ao processo de adopção, que está totalmente a cargo da Segurança Social.
Ainda assim, pelo menos uma instituição cristã contactada pela Renascença diz que se recusará a permitir que uma criança ao seu cuidado seja colocada ao cuidado de «dois pais» ou «duas mães», embora outra, não obstante a objecção de princípio, diz que cumprirá as leis aprovadas pelo Parlamento.
Contactado pela Renascença, a Conferência Episcopal Portuguesa, que poderá ter uma palavra definitiva a dizer, pelo menos para as instituições católicas, que são cerca de metade de todas as que trabalham neste sector, não fez comentários.
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