Pe. John C. McCloskey
Os bispos dos Estados Unidos reuniram-se a semana passada em Baltimore, para a sua reunião anual. Um dos tópicos que decidiram abordar este ano tem a ver com aquela que é talvez a maior e mais constante ameaça à saúde espiritual e física dos católicos americanos. Destrói casamentos, mata o estado de graça e, em muitos casos, acaba com possíveis vocações ao sacerdócio e à vida religiosa. É uma praga e chama-se pornografia.
A pornografia gera lucros gigantes para quem a produz e distribui comercialmente. Muita desta pornografia tem origem em Los Angeles e, infelizmente, espalhou-se não só por toda a nação mas por todo o mundo, dando credibilidade àqueles que, como os extremistas islâmicos, denunciam a decadência do Ocidente. Embora a pornografia seja sobretudo comercializada e vista por homens, um número considerável de mulheres também a vê por curiosidade e geralmente ficam enojadas, embora um pequeno número caia na armadilha de a usar também.
Escrevo este artigo enquanto padre que ouve milhares de confissões todos os anos. Quando fui ordenado, a maior parte da pornografia consumida era entregue em casa das pessoas na forma de revistas. Hoje em dia, praticamente toda a pornografia está na Internet, facilmente disponível para quem a quiser usar. Os homens viciados, só neste país, são aos milhões. Vivem num mundo de fantasia que é degradante tanto para eles como para as suas mulheres e namoradas.
O Catecismo da Igreja Católica diz-nos que os cristãos devem estar de prevenção contra a pornografia. Não só devemos evitar procurá-la e usá-la como devemos rejeitar qualquer imagem ou pensamento que nos possa surgir acidentalmente – por exemplo, quando vamos inocentemente ver um filme e somos apanhados de surpresa por uma cena de sexo explícita.
O que é que se pode fazer? Talvez os bispos tenham algumas recomendações «micro» para os indivíduos e outras «macro» para a sociedade em geral. A pornografia, como é evidente, e tal como outros tipos de pecado, não é nada de novo e provavelmente existirá até ao fim dos tempos. Contudo, a dimensão do problema e a dificuldade em evitar a contaminação, bem como a ameaça que coloca à inocência das crianças, é um produto sem precedentes do progresso tecnológico e da regressão moral do nosso tempo. É um bom sinal que a Igreja nos Estados Unidos esteja a debater esta matéria mortífera, que mata almas aos milhões tanto cá como no estrangeiro.
Estou ansioso para ver a forma como os nossos bispos vão lidar com este assunto no futuro. Utilizar pornografia não só fere a alma mas transforma o utilizador num criminoso, que rouba algo que não lhe pertence. O consumo de pornografia leva muitas pessoas a ficarem viciadas e, tal como na maioria dos vícios, este geralmente leva o consumidor a ir aumentando as doses para alcançar os mesmos efeitos. Não admira, por isso, que o uso de pornografia possa, em alguns casos, levar a situações de violação e abuso de crianças.
Uma vez que o consumo da pornografia é frequentemente um vício e um pecado, o consumidor desta doença mortal para a alma deve não só confessar o seu pecado como ainda procurar auxílio profissional que possa ajudá-lo a libertar-se desta praga.
No que diz respeito aos métodos gerais, combatemos este tipo de pecado como combatemos outros. Começamos por confessar os nossos pecados e depois, em estado de graça, podemos receber a presença fortalecedora de Cristo na Eucaristia. A devoção à Santíssima Mãe é também uma grande ajuda no combate a todos os tipos de impureza. Devemos ainda ter o cuidado de evitar as ocasiões de pecado, instalando um filtro nos nossos computadores ou telefones para evitar aceder a pornografia. Outra dica útil é nunca usar um computador a não ser que esteja acompanhado por alguém na sala.
Estas são apenas algumas ideias que podem ser úteis para quem estiver apanhado por este tipo de comportamento pecaminoso. Acima de tudo, à medida que nos aproximamos do Jubileu da Misericórdia anunciado pelo Papa Francisco, que começa na festa da Imaculada Conceição, os utilizadores de pornografia penitentes, tal como qualquer outro, nunca devem desesperar da misericórdia e do perdão de Deus. Nunca devem perder a esperança na possibilidade de se conseguirem libertar desta escravatura, recorrendo à ajuda continuada da graça de Deus.
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