sexta-feira, 31 de julho de 2015
O Estado social segundo Bagão Félix
J. Lemos
Na televisão, em análise ao Programa da coligação PSD-CDS, Bagão Félix revela ou talvez confirme o seu conceito de Estado social. Estando ou não de acordo com a política de Passos Coelho, há conceitos políticos que são inquestionáveis. É o caso da sustentabilidade das pensões. Ora vejamos.
O Programa de Governo defende o normal para as pensões: que, no futuro, cada um receba de pensão aquilo que capitalizou. Haverá dúvidas sobre isto? Parece que sim na cabeça do abonado Bagão.
Quando se fala em Estado social, estamos a falar do Estado cuidar dos incapazes e não de distribuição à fartazana, à custa dos impostos ou do endividamento do Estado. Haverá dúvidas sobre isto? Parece que sim na cabeça do abonado Bagão.
O católico progressista Bagão Félix — sempre, sempre, ao lado dos pobrezinhos —, tal como o BE e semelhantes, são pela distribuição à fartazana. E se cada reformado receber segundo o que capitalizou, para ele é o fim do Estado social!
Céus!
São pessoas com este pensamento piegas pseudo-católico que definem a seu modo a chamada «doutrina social da Igreja» e que, em Portugal, têm assento na canhota Comissão Nacional Justiça e Paz, de que Bagão Félix foi Presidente, e onde esteve também o mui católico bloquista José Manuel Pureza.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Juízes donos dos filhos dos outros...
Portugueses desde pequeninos
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 21 de Julho de 2015
Permitam-me uma declaração de interesses ou, melhor dizendo, de completo desinteresse: não consigo imaginar porque é que alguém publica fotografias dos filhos no Facebook. Nenhuma criatura razoavelmente saudável está interessada na fisionomia dos rebentos alheios. Ninguém, salvo eventuais maluquinhos, sente curiosidade por retratos de crianças a tentarem uma pose «gira» ou a enfardarem um Cornetto. E só um caso perdido apreciaria acompanhar reportagens informais e ilustradas sobre as aulas de bailado de petizes que mal conhece ou desconhece de todo. Quem disser o contrário é mentiroso e, até pelos padrões do Facebook, falso amigo.
Dito isto, custa perceber a recente decisão dos tribunais de Setúbal e Évora, que proibiram um casal de exibir a filha nas «redes sociais». As razões avançadas foram sobretudo duas. A primeira prende-se com a ameaça de «predadores e pedófilos», os quais pelos vistos usam as ditas «redes» para descobrir que uma criança existe e espantosamente possui um par de olhos e um nariz.
A segunda razão é um primor: «os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu belo sic prazer». No acórdão, fica lindo. No mundo real, fica a dúvida: os pais mandam ou não mandam nos filhos? Têm ou não têm legitimidade para obrigá-los a estudar ou a comer a sopa? Falta muito para as autoridades reservarem para si os encantos da amamentação? Goste-se ou não, a verdade é que nada prepara para a vida adulta tanto quanto a nacionalização precoce: tornar as crianças dependentes do Estado por lei é apenas antecipar aquilo que, crescidas, farão por vocação. Tudo está mal quando começa mal.
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 21 de Julho de 2015
Permitam-me uma declaração de interesses ou, melhor dizendo, de completo desinteresse: não consigo imaginar porque é que alguém publica fotografias dos filhos no Facebook. Nenhuma criatura razoavelmente saudável está interessada na fisionomia dos rebentos alheios. Ninguém, salvo eventuais maluquinhos, sente curiosidade por retratos de crianças a tentarem uma pose «gira» ou a enfardarem um Cornetto. E só um caso perdido apreciaria acompanhar reportagens informais e ilustradas sobre as aulas de bailado de petizes que mal conhece ou desconhece de todo. Quem disser o contrário é mentiroso e, até pelos padrões do Facebook, falso amigo.
Dito isto, custa perceber a recente decisão dos tribunais de Setúbal e Évora, que proibiram um casal de exibir a filha nas «redes sociais». As razões avançadas foram sobretudo duas. A primeira prende-se com a ameaça de «predadores e pedófilos», os quais pelos vistos usam as ditas «redes» para descobrir que uma criança existe e espantosamente possui um par de olhos e um nariz.
A segunda razão é um primor: «os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais e de que estes podem dispor a seu belo sic prazer». No acórdão, fica lindo. No mundo real, fica a dúvida: os pais mandam ou não mandam nos filhos? Têm ou não têm legitimidade para obrigá-los a estudar ou a comer a sopa? Falta muito para as autoridades reservarem para si os encantos da amamentação? Goste-se ou não, a verdade é que nada prepara para a vida adulta tanto quanto a nacionalização precoce: tornar as crianças dependentes do Estado por lei é apenas antecipar aquilo que, crescidas, farão por vocação. Tudo está mal quando começa mal.
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