quinta-feira, 28 de julho de 2016


(Des)Culpa Ateia


Maria João Marques, Observador, 27 de Julho de 2016

Sem surpresa, o atentado de Rouen causou uma reacção pavloviana da nossa esquerda jacobina. Até o primeiro-ministro entendeu não reagir mesmo depois de o ISIS reivindicar a bela acção durante uma missa.

Que semana atroz. A degolação de um padre católico ontem em França introduziu na Europa aquilo que tem sido uma característica do extremismo islâmicos nos últimos tempos: perseguir os cristãos. Um dos primeiros raptos do ISIS, ainda grupelho desconhecido, foi de um padre jesuíta. Ora, sem surpresa, ontem o atentado de Rouen causou uma reacção pavloviana da nossa esquerda jacobina.

Ou falta de reacção, em alguns casos, e igualmente sintomática. Por exemplo o primeiro-ministro, que não reagiu mesmo depois de o ISIS reivindicar a bela acção durante uma missa. Um ataque directo à religião maioritária dos seus governados não lhe mereceu comentário oficial. Nem no twitter, onde se embaraça com frequência a propósito de demasiados assuntos: durante a noite do atentado de Nice perorou em francês; disse a correr umas banalidades sobre amor inspiradas em Corín Tellado depois do atentado de Orlando; e – a mais estonteante – escreveu do atentado de Munique que o terror veio «do nada».

(Se faz favor ninguém informe António Costa do avião que explodiu por cima de Lockerbie. Ou que a 11 de Setembro de 2001 morreram quase três mil pessoas nas Torres Gémeas. Porque, por um lado, Costa tem todo o ar de ser pessoa para apreciar viver feliz na ignorância. E, por outro, está muito calor, e a notícia assim de chofre do terror islâmico não surgir do nada em 2016, pelo contrário, já matou muitos milhares de pessoas, ainda lhe provocava uma indisposição. O que, em calhando, o poderia levar a tornar-se ainda mais emocionalmente carente do que o habitual, e o senhor já nos envergonha o suficiente em estado normal a pedir «palavras de carinho», em vez de sanções, à instituição hiper-burocrática que é a União Europeia, habituada a que os políticos discutam impostos, fundos e indicadores económicos em vez dos seus devaneios emocionais.)

Já Fernanda Câncio, que funciona como uma espécie de definidora de tendências da esquerda socialista (por quem é absolutamente reverenciada, talvez pela sua destemida defesa das mais absurdas e ruinosas políticas socráticas), reagiu. Dizendo no twitter que uma notícia, dando conta do reconhecimento de que os atacantes de Rouen eram tropa do ISIS, era «fazer a propaganda do Daesh». Como se trata de uma jornalista – pelo que se pode presumir que vê como um bem as populações estarem informadas do que de relevante se passa no país e no mundo – que, tanto quanto sei, não sugeriu a sonegação de informações sobre os atentados de Orlando, Nice, Paris ou Bruxelas, ficamos desconfiados que o desconforto repentino com as notícias da brutalidade do ISIS se deve à qualidade de religioso católico do degolado e não à seita de assassinos islâmicos.

De facto, em certos meios um padre brutalmente assassinado por islâmicos é algo que mais vale ficar nas gavetas da polícia, não vamos incomodar as pessoas com estes assuntos tão sem importância. Ainda se fosse ao contrário, imaginem lá bem a comoção que seria por toda a comunicação social, os êxtases que teria a facção jacobina de esquerda, se um católico ultra-conservador assassinasse um clérigo muçulmano numa mesquita europeia. Isso sim, mereceria ser noticiado até à exaustão. Agora apresentar os católicos como vítimas? Era o que faltava. O jornalismo (jacobino) não foi feito para isso.

Na semana passada teci umas considerações sobre os europeus que se tornam cúmplices dos islâmicos violentos ao tão obcecadamente denunciarem quem enumera os perigos para a Europa da imigração muçulmana, ao mesmo tempo que encontram as justificações mais alucinadas para os actos dos terroristas islâmicos e pregam. Esta semana houve acrescentos. Agora, pelos vistos, a culpa dos atentados é das notícias sobre os atentados. Pessoas (por acaso islâmicas) perfeitamente normais, integradas, amigas do seu amigo e amantes de fotografias de gatinhos ouvem na TV que um maluco muçulmano disparou sobre este e aquele. Vai daí, são tomadas – assim com Ben Gazzara num dos meus filmes preferidos, Anatomia de um Crime, de Otto Preminger – por um «impulso irresistível» e quando dão por elas mataram meia dúzia a eito. É uma explicação perfeitamente plausível para o terrorismo islâmico.

Peguemos no degolador de Rouen. Estava referenciado como extremista islâmico perigoso e em prisão domiciliária com pulseira eletrónica. Já tinha tentado juntar-se ao ISIS na Síria. Donde: é evidente que assassinou um senhor de 86 anos por causa das notícias que leu no tablet.

A morte do padre católico também nos lembra que para a esquerda jacobina não interessa se existem tribunais da sharia na grande Londres, dispensando justiça (muita tosse) à margem da lei britânica. O que lhes dá ataques de nervos é, por exemplo, usarem dinheiro dos contribuintes para pagarem um bom projecto educativo que uma ordem religiosa disponibiliza a uma população de miúdos carenciados. Se os islâmicos ajudarem a escaqueirar o que sobra da cultura judaico-cristã (ou greco-cristã, como alguns preferem) – que é a nossa e que não por acaso permitiu a emergência da sociedade mais livre e tolerante de todos os tempos – em boa verdade então são companheiros de armas da esquerda jacobina. Que, de resto, adora abusar da alegada necessidade de não ofender o islão (no seu pedestal) para atacar, até, as celebrações católicas de Páscoa e Natal.

Duas coisas são certas. Uma: para responder ao terrorismo não podemos confiar nos líderes políticos que escancararam as portas aos refugiados (Merkel), ou que diziam que os terroristas viajavam de avião (Guterres). (O bombista do festival de Ansbach foi um migrante que supostamente fugia da guerra). Duas: a falta de garra na oposição às barbaridades islâmicas várias na Europa – por exemplo as burqas, símbolo da mulher-que-vale-menos-que-gado – é filha do desprezo jacobino pela cultura europeia, que inclui a herança cristã.






O cardeal Burke adverte

que o Islão quer governar o mundo



Ante el aumento de ataques islamistas en suelo occidental, el cardenal Raymond Burke, patrono de la Soberana Orden de Malta, ha advertido que el Islam «quiere gobernar el mundo» y ha hecho un llamamiento a las naciones occidentales a reafirmar su origen cristiano para frenar su avance.

(La Gaceta) En declaraciones a Religion News Service, previas al atentado de ayer en Francia, el cardenal Burke ha criticado a quienes, con el buen propósito de ser tolerantes, tienden a pensar que el Islam es una religión como la fe católica o la fe judía, sin comprender que el Islam es «fundamentalmente una forma de gobierno».

«El Islam es una religión que, según su propia interpretación, también debe convertirse en el Estado», explica Burke en su libro Esperanza para el mundo. La diferencia entre Islam y cristianismo radica en que la primera tiene una clara ambición de gobernar, según este cardenal.

«Cuando se convierten en una mayoría en cualquier país, entonces tienen la obligación religiosa de gobernar ese país», ha sostenido este cardenal, al tiempo que ha defendido que si lo que quieren los ciudadanos occidentales es ser gobernados por musulmanes, sólo deben continuar actuando como lo han hecho hasta el momento.

Burke también ha señalado el grave problema que afrontan países como Bélgica o Francia, donde «hay pequeños estados musulmanes» que constituyen zonas prohibidas para las autoridades gubernamentales. Ha advertido, además, que quienes no estén de acuerdo con ser sometidos por un gobierno islámico, tienen razones para tener miedo ante esta perspectiva.

Asimismo, este cardenal ha hecho referencia a enfrentamientos históricos como la batalla de Lepanto y la batalla de Viena, en los que las naciones cristianas lograron derrotar a las fuerzas musulmanas. «Estos hechos históricos se relacionan directamente con la situación de hoy en día. No hay duda de que el Islam quiere gobernar el mundo», ha reflexionado Burke.

Como respuesta ante esta situación, Burke propone a las naciones occidentales reafirmar su origen y fundamentos cristianos, sin que suponga una limitación de la libertad religiosa. «Tenemos que decir que no, que nuestro país no debe convertirse en un estado musulmán», ha defendido el purpurado.






Sermão da Primeira Cruzada



Beato Papa Urbano II, 27 de Novembro de 1095.

Povo dos Francos, povo de além Alpes, povo – como reluz em muitas de vossas acções – eleito e amado por Deus, distinguido entre todas as nações pela posição do vosso país, pela observância da fé católica e pela honra que presta à Santa Igreja, a vós se dirige o nosso discurso e a nossa exortação.

Queremos que vós saibais do lúgubre motivo que nos conduziu até às vossas terras; da necessidade – para vós e para todos os fiéis – de conhecerem o motivo que nos impeliu até aqui.

Desde Jerusalém e desde Constantinopla chegou até nós, mais de uma vez, uma dolorosa notícia: os turcos, povo muito diverso do nosso, povo de facto afastado de Deus, estirpe de coração inconstante e cujo espírito não foi fiel ao Senhor, invadiu as terras daqueles cristãos, as devastou com o ferro, a rapina e o fogo.

Levou parte dos habitantes como prisioneiros até ao seu país, outra parte matou com infames estragos, e as igrejas de Deus, ou as destruiu até aos fundamentos, ou as entregou ao culto da religião deles.

Derrubam os altares após profaná-los imundamente, circuncidam os cristãos e espalham o sangue da circuncisão sobre os altares ou jogam-no nas pias baptismais; e àqueles que querem condenar a uma morte vergonhosa, perfuram o umbigo, arrancam os genitais, os amarram a um pau e, chicoteando-os, levam-nos pelas ruas, para que com as vísceras de fora, acabem caindo mortos prostrados por terra.

Outros se servem deles como alvo de flechas após amarrá-los a um pelourinho; a outros, após obrigá-los a dobrar a cabeça, atacam-nos com espadas e tentam decapitá-los de um só golpe.

O que dizer da violência nefanda praticada com as mulheres, sobre a qual é pior falar do que calar?

O reino dos gregos já foi atingido tão gravemente por eles e tão perturbado na sua vida diária, que não pode ser atravessado sequer numa viagem de dois meses.

A quem, pois, cabe o ónus de vingá-lo e de reconquistá-lo se não a vós a quem Deus, mais de que aos outros povos, concedeu a insigne glória das armas, grandeza de alma, agilidade de corpo, força para humilhar a fundo aqueles que a vós resistem?

Que a gesta dos vossos antepassados vos mova, que excite as vossas almas a actos dignos dela, a probidade e a grandeza do vosso rei Carlos Magno e de Luís, seu filho, e de outros soberanos vossos que destruíram o reino dos pagãos e até eles estenderam os confins da Igreja.

Sobretudo que vos incite o Santo Sepulcro do Senhor, nosso Salvador, que está nas mãos de gentes imundas, e os lugares santos, que agora estão por eles vergonhosamente possuídos e irreverentemente profanados com a sua imundície.

Ó soldados fortíssimos, filhos de pais invictos, não vos mostreis decadentes, mas lembrai-vos da coragem dos vossos predecessores; e se vos segura o doce afecto dos filhos, dos pais e das consortes, atentai para o que diz o Senhor no Evangelho: «Quem ama o pai ou a mãe mais que a Mim, não é digno de Mim. Todo aquele que deixar seu pai ou sua mãe, ou a mulher ou os filhos ou as terras por amor de Meu Nome receberá o cêntuplo nesta terra e terá a vida eterna».

Não vos detenha o pensamento de alguma propriedade, nenhuma preocupação pelas coisas domésticas, pois esta terra que vós habitais, circundada por todo lado pelo mar ou pelas montanhas, ficou estreita para a vossa multidão, não é exuberante de riquezas e apenas fornece do que viver a quem a cultiva.

Por isso vós vos ofendeis e vos hostilizais reciprocamente, vós vos fazeis guerra e com frequência vos matais entre vós mesmos.

Cessem, pois os ódios intestinos, apaguem-se os contenciosos, aplaquem-se as guerras e sossegue toda a discórdia e inimizade.

Empreendei o caminho do Santo Sepulcro, arrancai aquela terra àquele povo celerado e submetei-la a vós: ela foi dada por Deus em propriedade aos filhos de Israel [=cristãos]; como diz a Escritura, nela correm rios de leite e de mel.

Jerusalém é o centro do mundo, terra feraz por cima de qualquer outra quase como um paraíso de delícias; o Redentor do género humano a tornou ilustre com a Sua vinda, a honrou com a Sua passagem, a consagrou com a Sua Paixão, a redimiu com a Sua morte, e a tornou insigne com a Sua sepultura.

Exactamente esta cidade real posta no centro do mundo, agora é tida em sujeição pelos próprios inimigos e pelos infiéis, feita serva do rito pagão.

Ela eleva a sua lamentação e deseja ser libertada, e não cessa de implorar que vós andeis no seu socorro.

De vós mais do que qualquer outro povo ela exige ajuda, pois vos tem sido concedida por Deus, por sobre todas as estirpes, a glória das armas.

Empreendei, pois, este caminho em remissão dos vossos pecados, certos da imarcescível glória do reino dos Céus.

Ó irmãos amadíssimos, hoje em nós manifestou-se o que o Senhor diz no Evangelho: «Onde dois ou três estarão reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles».

Se o Senhor Deus não tivesse inspirado os vossos pensamentos, a vossa voz não teria sido unânime; e ainda que tenha ressoado com timbres diversos, foi única, entretanto a sua origem: foi Deus que a suscitou, foi Deus que a inspirou em vossos corações.

Seja, pois, esta vossa voz, o vosso grito de guerra, posto que ele vem de Deus.

Quando fores ao ataque dos bélicos inimigos, seja este o grito unânime de todos os soldados de Deus: «Deus o quer! Deus o quer!»

Nós não convidamos a empreender este caminho aos velhos ou àqueles que não são aptos para portar armas, nem às mulheres; que as mulheres não partam sem os seus maridos, ou sem irmãos, ou sem representantes legítimos: todos estes são mais um impedimento do que uma ajuda, mais um peso do que uma vantagem.

Que os ricos sustentem os pobres e levem a seu custo homens prestes para combater.

Aos sacerdotes e clérigos de qualquer ordem não seja lícito partir sem licença do seu bispo, porque esta viagem lhes seria inútil sem esse assentimento; e nem sequer aos leigos seja permitido partir sem a bênção do seu sacerdote.

Todo aquele que queira cumprir esta santa peregrinação e que faça promessa a Deus e a Ele se tenha consagrado como vítima viva, santa e aceitável, leve sobre o seu peito o sinal da Cruz do Senhor.

Aquele que, após ter cumprido o seu voto, queira retornar, dê meia-volta.

Cumprirão assim o preceito que o Senhor dá no Evangelho: «Quem não carrega sua cruz e não vem detrás de Mim, não é digno de Mim».





segunda-feira, 25 de julho de 2016


Cantão suíço de Ticino

Burqa proibida e sujeita a pesada multa



O parlamento do Cantão de Ticino, na Suíça, aprovou uma lei que pune as mulheres que usem burqa ou niqab com multas que variam entre os 92 e os nove mil euros.

A decisão foi tomada depois de um referendo ter provado que a proibição de cobrir a cara em espaços públicos é defendida por dois em cada três eleitores.

A lei, que entra em vigor nas próximas semanas, aplica-se também a turistas, pelo que a informação vai ser difundida em estações rodoviárias e ferroviárias e em aeroportos.

Desta forma – inspirada na lei francesa – pretende-se promover a integração social naquela região da Suíça, onde 2% dos 350 mil emigrantes é muçulmano.