Ricardo *
Desde 1789, praticamente todas as perseguições em massa, todos os genocídios do mundo seguiram o mesmo esquema, obsessivamente repetitivo e invariável: o sacrifício dos crentes pelos ateus militantes.
O quadro é aterrador. França, México, Espanha: matança dos católicos.
Rússia e países satélites: matança dos cristãos ortodoxos (católicos, na Polónia, na Croácia e na Hungria).
Alemanha: matança dos judeus.
China, Tibete, Indonésia etc.: matança dos budistas e muçulmanos.
Total: mais de cem milhões de mortos..
Em todos esses casos, a vítima é religiosa, o assassino é ateu, materialista, progressista, darwinista, portador do projeto de “um mundo melhor” em qualquer de suas inúmeras versões.
Esse é o facto mais constante e mais nítido da história moderna, e também o mais ignorado, omitido, disfarçado. O homem religioso é uma espécie em extinção, não porque as suas crenças tenham sido substituídas por outras melhores, mas porque está a ser extinto fisicamente.
Ainda há quem acredite que as religiões, e não as ideologias ateístas, cientificistas e materialistas, são responsáveis pela falta de liberdade no mundo.
Daí que a propaganda anti-religiosa, malgrado os efeitos devastadores que produziu, seja aceite não somente como actividade cultural elevada e digna, mas como um dos pilares do próprio sistema democrático e até como expressão suprema dos mais belos ideais humanos.
Quando milhões de jovens imbecilizados pelos meios de comuicação chegam às lágrimas de comoção idealística ao ouvir em “Imagine’’, de John Lennon, a descrição de uma sociedade paradisíaca, nem de longe percebem que o seu apelo à supressão de todas as religiões é, em essência, uma legitimação do maior dos genocídios.