terça-feira, 22 de março de 2011

A Igreja não é plural

Miguel Alvim, O Inimputavel

O centro universitário Manuel da Nóbrega (cumn) vai organizar em Coimbra (ver: http://www.cumn.pt/feecultura/ ), um dia de conferências, “Fé e Cultura”, como é seu uso anual.

Naturalmente, fé e cultura impõem-se como duas realidades essenciais que não têm de, nem devem, bem pelo contrário, andar de costas voltadas uma para a outra.

No sentido próprio, fé e cultura constituem e enformam a realidade constitutiva mais fulcral do ser do homem: o homem só o é verdadeiramente quando aberto à realidade da fé e da cultura.

Isso é uma coisa.

Outra coisa é a Igreja Católica.

A Igreja não é, propriamente, plural; antes, como no Credo, a Igreja é una, santa, católica e apostólica.

Daí que não se perceba, faça confusão, intitular uma conferência naquela niciativa de Igreja “Pensar a Igreja Plural” (subtítulo “A freira, o homossexual e os recasados”).

Dizer que a Igreja acolhe como Mãe toda a gente, todos os homens e mulheres do seu tempo é pura e eterna verdade.

É o seu serviço e o seu mistério, como o seu Mestre, Jesus Cristo, o indicou sem falhas.

Dizer que a Igreja é plural porque pode acolher indiferenciadamente e acriticamente todas as situações pessoais de escolha de vida, mormente, de mais ou menos grave pecado pessoal dos seus membros, não é verdade e é deprimente.

Jesus Cristo nunca foi fácil e nunca foi morno e, sobretudo, nunca confundiu o pecado com o pecador.

Numa palavra, e nesse sentido próprio, Jesus Cristo nunca foi plural, porque nunca quis agradar de maneira fácil.

Porque foi sempre e sem excepção Ele próprio, fez e continua a fazer chamamento universal a partir da unidade da Sua imparável virtude e obediência de amor.

E chega.

Um encontro de pouca Fé

( De O Inimputável)

No próximo dia 9 de Abril ocorrerá em Coimbra o XXVI Encontro Fé e Cultura. Deste encontro, organizado por um respeitável Centro Universitário da Igreja (CUMN), faz parte uma conferencia cujo subtítulo, “A freira, o homossexual e os recasados”, conduz a dois tipos de reacções entre os católicos: tristeza nos mais esclarecidos e confusão na mente dos mais vulneráveis.

Importa sublinhar que a Igreja não é uma democracia e a sua doutrina não se altera com base nas mudanças sociais. Actualmente, dentro da Igreja, instalou-se “a cultura da dúvida”, cuja agenda é gerida ao sabor da moda e do desejo de minorias. Mas, quando se pretende, com o desejo de não-discriminar, obrigar a Igreja a alterar a sua posição relativamente à homossexualidade e ao casamento indissolúvel entre homem e mulher, isso conduz à sua descaracterização; deixa de ser Igreja e passa a ser outra coisa qualquer, volátil e difusa.

Neste âmbito, convém recordar as palavras do Papa Bento XVI: “Manter o difícil como uma bitola que as pessoas possam sempre utilizar como referencia é uma tarefa necessária para não sucederem mais quedas”.

Afinal que Fé é esta quando o indivíduo se opõe a renunciar a si próprio?