Nuno Serras Pereira
Na história de Portugal nunca houve um chefe de estado formalmente responsável por tantos e tamanhos crimes hediondos como o actual presidente da república. Aníbal Cavaco Silva que nunca se retractou de ter promulgado as ignominiosas e abomináveis pseudo-leis que: 1. Dizimaram muito mais de 80. 000 (oitenta mil) crianças nascentes (contando com as produzidas e descartadas, experimentadas ou congeladas em laboratório) no espaço de 5 (cinco) anos; 2. Agrediram a essência da família concorrendo para a sua fragmentação e dissolução; 3. Contribuíram fortemente para a degeneração e depravação das mentalidades e consciências; 4. Perverteram a inocência das crianças, já nascidas, dos adolescentes e jovens. A tudo isto o Bem-aventurado João Paulo II chamava «cultura da morte», e o Papa Bento XVI abundando na mesma doutrina tem-no confirmado inumeráveis vezes.
Por todos estes gravíssimos crimes e pecados terá este irmão de responder perante o rigoroso Juízo de Deus. Todos os que cremos no amor infinito do Senhor que procura não a morte mas a conversão do pecador devemos rezar e sacrificar para que verdadeiramente arrependido faça penitência, e procure reparar o terrível mal praticado, e quando passar desta vida possa ser contado, não entre os réprobos, os malditos do Pai, mas sim entre os eleitos, os benditos do Pai do Céu. A Misericórdia de Deus não anula a Sua Justiça, por isso é indispensável viver na Sua Graça, durante esta vida, para, depois da morte, vir a participar na Sua Glória. Um cristão, que se conheça bem, sabendo que de si não é mais do que nada e pecado, nunca deve desistir da conversão nem dos maiores facínoras nem a dos maiores tiranos nem de ninguém, até à hora da sua, deles, morte. Se a Graça e a Misericórdia de Deus nos desamparassem seriamos capazes do mesmo e de muito pior.
Posto isto, podemos agora adiantar que são evidentes e copiosas as razões por que a Rádio Renascença, propriedade da Conferência Episcopal e do Patriarcado de Lisboa, que se anuncia a si própria como «emissora católica portuguesa», deve liminarmente recusar a condecoração que este presidente da república lhe vai conceder, na Segunda-feira de Páscoa, em virtude do seu septuagésimo quinto aniversário, como vem hoje anunciado na primeira página do semanário, do Patriarcado de Lisboa, Voz da Verdade.
De facto, como vimos acima, o presidente ao exercer as suas funções políticas fez exactamente o contrário daquilo que o Evangelho ensina, comportando-se como seguidor do «pai da mentira» (Jo 8, 44), daquele que é «assassino desde o princípio» (Idem). Pois não será verdade que dele se poderia dizer, para o fazer cair em si, com S. Paulo: «Ó criatura, cheia de todas as astúcias e de toda a iniquidade, filho do diabo, inimigo de toda a justiça, quando é que cessarás de perverter os rectos caminhos do Senhor?» (Act. 13, 10)? Reparemos que S. Paulo não recorre a nenhum excesso antes imita a linguagem de Jesus Cristo: «Vós tendes por pai o diabo, e quereis realizar os desejos do vosso pai.» (Jo 8, 44).
A segunda-feira de Páscoa, na verdade toda a oitava Pascal, é como que o Domingo de Páscoa estendido por toda a semana. É a celebração festiva e solene d’ Aquele que venceu o diabo, o pecado e a morte e que nos faz participantes da Seu triunfo de modo a que possamos também ser vitoriosos nesse combate. Ora o Episcopado e a emissora que se diz católica existem precisamente para anunciar e tornar presente esse poder da Ressurreição de Jesus Cristo. Não se entende pois que vão curvar a cabeça para receber uma condecoração de um político que actuou como um representante do Maligno. A mensagem que passará, independentemente das intenções subjectivas, será a de um rendimento e subjugação, ainda para mais agradecida, ao poder de Satanás.
Confesso que não me acabo de pasmar com a cegueira que ignora o « … escândalo, concebido como acção que move os outros ao mal. Tal escândalo subsiste mesmo se, lamentavelmente, um tal comportamento já não despertar admiração alguma: pelo contrário, é precisamente diante da deformação das consciências, que se torna mais necessária por parte dos Pastores, uma acção tão paciente quanto firme, que tutele (… a) defesa da moralidade cristã e da recta formação dos fiéis.»
À honra e glória de Cristo. Ámen.
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