sábado, 3 de novembro de 2012

Promotores do aborto indignados com
derrota dos «direitos das mulheres»
na Rio+20


Timothy Herrmann e Stefano Gennarini


Admitindo que sofreram uma derrota dolorosa, líderes políticos juntaram-se aos promotores do aborto e do controle populacional para expressar indignação com a omissão do termo «direitos reprodutivos» do documento final produzido na conferência Rio+20 da ONU sobre desenvolvimento sustentável.

Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, dirigiu-se aos líderes políticos no último dia da conferência referindo-se ao facto. «Embora eu esteja muito contente que o documento final deste ano apoie a saúde sexual e reprodutiva e o acesso universal ao planeamento familiar», declarou ela, «para alcançar as nossas metas no desenvolvimento sustentável temos também de garantir os direitos reprodutivos das mulheres».

Embora a saúde reprodutiva seja mencionada seis vezes e em três parágrafos diferentes, muitos lamentaram que na sua opinião sem uma menção de direitos reprodutivos, um termo que os defensores do aborto usam como sinónimo de aborto, não daria para considerar o documento como uma vitória para os direitos das mulheres ou para a sustentabilidade.

A organização de mulheres que representa mais de 200 grupos diferentes na ONU chegou ao ponto de afirmar que a ausência de direitos reprodutivos significava que «dois anos de negociações culminaram num resultado de Rio+20 que não fez progresso nenhum para os direitos das mulheres e para os direitos das gerações futuras no desenvolvimento sustentável».

Durante a conferência de duas semanas, a Federação Internacional de Planeamento Familiar e outras organizações patrocinaram eventos que ligam explicitamente os direitos reprodutivos e o controle populacional, principalmente nos países em desenvolvimento.

Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-minista da Noruega, foi um dos criadores da noção do desenvolvimento sustentável há vinte e cinco anos e vem de forma despudorada a fazer a conexão, avisando que «a única maneira de responder ao crescente número de seres humanos e falta de recursos é por meio da concessão de mais direitos às mulheres».

Ela também disse: «A omissão de direitos reprodutivos é lamentável; é um retrocesso de acordos anteriores». E concluiu dizendo que «a declaração da Rio+20 não faz o suficiente para ajustar a humanidade num caminho sustentável».

Muitas delegações, com a Santa Sé, repercutiram o alarme sobre a ligação desses termos e com êxito excluíram-nos do documento final. Bruntland disse com frustração que «não podemos dar-nos ao luxo de permitir essa ultrajante omissão, impulsionada por tradições antiquadas, discriminação e pura ignorância», em referência directa à intervenção da Santa Sé.

Quem também criticou a exclusão dos termos foi Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e presidente do Conselho de Líderes Globais para a Saúde Reprodutiva do Instituto Aspen. Ela declarou: «Não pudemos integrar amplamente a questão do planeamento familiar nesta conferência no Rio de Janeiro. Isso é um engano. O crescimento populacional em países pobres tornou-se um problema global, com implicações de longo prazo para a saúde económica, ambiental e política do mundo inteiro».

A saúde materna é mencionada apenas indirectamente no documento, e só num parágrafo. Evidentemente a pressão para promover direitos reprodutivos na conferência não foi tanto sobre a saúde das mulheres quanto foi sobre colocar o aborto e o controle populacional no documento Rio+20 sob o pretexto de desenvolvimento sustentável.

Considerando que a Santa Sé chamou a atenção para essa agenda e várias nações puderam construir o consenso necessário para manter o termo polémico fora do documento, não é de pasmar que os defensores do aborto estejam irados e continuem a ridicularizar o Vaticano como se estivesse a travar uma guerra contra os direitos das mulheres. O lamento real deles é o desmascaramento da sua agenda para promover com pressão o aborto e o controle populacional e terem sido confrontados em flagrante.

domingo, 28 de outubro de 2012

As feridas da Igreja – XIV

José Augusto Santos

Com base na ideia generalizada de que não nos devemos prender a regras rígidas, aceitamos ser flexíveis. Mas como não possuímos uma chave que nos permita aferir em que situações ou momentos podemos ou devemos usar dessa flexibilidade, em eclesiologia corremos o sério risco de com isso abrirmos a porta ao liberalismo doutrinal e teológico.

A pessoa que não vigia atentamente nesse sentido, fica permeável ao erro daí decorrente. É o que acontece hoje com tantos membros da Igreja que, no âmbito do serviço que nela prestam, uma vez neles impressa a ideia da tolerância, seguem a via do facilitismo, fenómeno que parece ter-se institucionalizado e contra cujos erros daí resultantes já a Santa Sé se pronunciou mais do que uma vez, condenando-os.

No que diz respeito à liturgia da palavra, pode dizer-se que assistimos, numas paróquias mais do que noutras, a ensaios permanentes do que consta no guião do "masterplan". Tal como fora planeado, tende a dar-se visibilidade às pessoas e a esfumar-se o sagrado. Ou seja, a atenção acaba por centrar-se no modo como vai vestida a senhora ou a menina, na boa aptidão para a leitura ou completa falta dela, enfim, numa série de factores que acabam por secundarizar a Palavra de Deus, não sendo por isso criadas em nós as condições que nos permitam reter a mensagem.

Nos últimos tempos, parece que o auxílio espiritual para combatermos o pecado tem vindo a depender mais da ascese de cada um. A verificar-se essa lacuna por parte dos curadores de almas, os fiéis ficam praticamente entregues à sua sorte. Assim, ao não sermos fortalecidos contra o espírito do mundo, ficamos permeáveis à sua incisiva e cada vez mais agressiva influência em nós. Deste modo, sem que disso tenhamos clara consciência, determinados conceitos que na vida em sociedade temos como bons, transportamo-los para a forma como vivemos em Igreja. Um facto que não deixa de ser curioso é o de, nesta espécie de retorno, não entrarem as virtudes que a Igreja infundiu na sociedade ao longo dos séculos. Dito por outras palavras, na Igreja recebe-se a regra e o modo como viver em família e em sociedade segundo os valores Cristãos; mas porque nesta o peso dos católicos é cada vez mais diminuto, invisível, inconsequente, já não são os católicos a influenciarem a sociedade, mas a sociedade a influenciar os católicos, na forma como vivem em igreja.

Eis um exemplo simples: há umas décadas atrás, o relacionamento entre as pessoas pautava-se pela prática dos valores que na Igreja lhes eram infundidos. Então ninguém se coibia de demonstrar a um adolescente quão reprovável poderia ser uma sua acção ou comportamento. Estes, vendo-se constrangidos pelo sentimento de vergonha, até o simples acto de fumar um cigarro tinha que ser feito às escondidas de toda a gente. Hoje, ver crianças de onze ou doze anos com um cigarro na mão, e já nessa idade ou pouco mais, em actos de vergonhosa lascívia, tolera-se, ao ponto de termos que lhes pedir licença para nos permitirem a passagem nas escadas ou no passeio onde se encontram em trais preparos... Intervir hoje publicamente contra esta devassidão moral, dizem que colide com a liberdade de cada um, “valor” que compõe a bandeira de uma sociedade “democrática”.

Assim se compreende o teologicamente estranho fenómeno de o conceito de democracia entrar na Igreja, arrastando consigo o lado pernicioso da tolerância, a permissividade, o facilitismo. A crise de fé em que vivemos, tem como causa principal os factores que acabo de referir. Paradoxalmente porém, contra este mal, está a ser usado o remédio que em vez de o combater ainda o potencia... As preocupações de muitos párocos neste sentido, passam pelo uso deste hodierno remédio, adquirido na “feira dos métodos para o sucesso”, sem atender ao que o médico (o sagrado Magistério) tem prescrito para a doença.

Se as orientações nesse sentido lhes chegam dos bispos, então estes devem fazer um retiro a nível de toda a Conferência Episcopal, para redefinirem o itinerário pelo qual o povo é guiado; não um retiro para delinear estratégias, mas um RETIRO ao Coração de Cristo, composto apenas por silêncio e oração, para daí trazerem à Igreja a “Estratégia” do Espírito Santo para o Mundo. Estou certo que, se também os padres tivessem como disciplina este género de retiro aí umas duas vezes por ano, com uma duração mínima de duas ou três semanas, os Frutos do Espírito Santo começariam a surgir nas comunidades. Mas parece que só se preocupam em atraírem fiéis para as suas comunidades, ainda que isso implique ir contra as regras estabelecidas...

Na ausência destas potentes vitaminas do Céu, rápido começam a ser atacados ao nível da visão, até que a miopia se apodera de muitos. Com tal distorção de visão, por terem grande dificuldade em lerem os Documentos da Igreja para por eles se orientarem, assinam todos aqueles que a sociedade moderna vai redigindo em letras grandes e lhes propõe para a vida da Igreja, confiando que assim conseguirão evitar que as celebrações venham a “ficar às moscas”.

Por meio desta tão diferente visão das coisas, como ia dizendo ao início sobre a liturgia da Palavra, os membros do clero contradizem-se a todo o momento. Se por um lado nos falam da importância do alimento que é a Palavra de Deus e por outro a votam ao desprezo, onde está a coerência entre o que dizem e o que praticam?

Ora vejamos: Diz-nos a santa Igreja que os leitores, bem como os que têm outros serviços litúrgicos, devem desempenhar essas funções «com piedade autêntica e do modo que convêm a tão grande ministério e que o Povo de Deus tem o direito de exigir.»1 Diz ainda que é necessário imbuí-los de espírito litúrgico e que tenham a necessária formação para executarem de forma perfeita tão importante ministério (Cf. C. Vat. II, SC, 29).

Perante isto, e comparativamente ao que vemos nas nossas comunidades, não fujo um milímetro à verdade quando digo que os clérigos votam ao desprezo a Palavra de Deus, facto mais notório em determinadas celebrações. Como se constata, se numa Missa é destacado um qualquer acontecimento ao nível da catequese, nem que seja apenas a triste “Festa do Pai-nosso”, para agrado dos familiares, das crianças e dos iludidos catequistas, lá entra a tal regra da democracia e da sociedade moderna, sendo os miúdos a “fazerem as leituras”. Se os escuteiros ou membros de um outro qualquer grupo também gostam de ser vistos, passa então a assistir-se a um constante vaivém para o ambão, Domingo a Domingo. Se isto incomoda alguns leitores, sugiro que voltem a ler o penúltimo parágrafo e nele reflictam, reflexão igualmente proposta ao clero, e principalmente a ele.

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1 Aqueles que ainda pensam que nestes textos o que se destaca são as acusações, se depois desta citação ainda não entenderam as razões que me movem, dificilmente poderão vir ainda a entendê-las.



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lefevbristas expulsam bispo
que negou o holocausto judeu

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX, lefebvristas) decidiu expulsar o controvertido bispo britânico Richard Williamson, conhecido por negar o holocausto judeu, depois da sua reiterada falta de respeito e desobediência aos seus superiores nessa organização.

Num comunicado emitido pela Casa Geral da Fraternidade São Pio X informou-se que Williamson "foi declarado excluído da FSSPX por decisão do Superior-Geral e do Conselho, em 4 de Outubro de 2012".

A medida teve lugar depois do distanciamento de Williamson "da direcção da FSSPX há vários anos, negando-se a manifestar o respeito e a obediência devidos a seus superiores legítimos".

Williamson foi um dos bispos excomungados em 1988 depois de serem ordenados por Dom Marcel Lefebvre sem a autorização do Papa. Ele criticou duramente a FSSPX por se aproximar da Igreja Católica.

O Papa Bento XVI, num gesto magnânimo, havia levantado a excomunhão que pesava sobre os quatro bispos em 2009, entre eles Williamson e o actual Superior Geral da FSSPX, Dom Bernard Fellay.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cardeal Bertone: "O diabo não suporta
a clareza e a purificação
que caracterizam Bento XVI"

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, lamentou que muitos jornalistas brinquem "a imitar Dan Brown", o autor de O Código Da Vinci, criando intrigas sobre a Santa Sé, como está a acontecer com os casos de documentos privados conhecidos como Vatileaks.
Muitos jornalistas "inventam fábulas e lendas".
O Cardeal Bertone assinalou que isso vem do maligno e explicou que há uma tentativa de despertar "divisões ferozes entre o Santo Padre e seus colaboradores".

Bento XVI:
Desertificação espiritual
ameaça a humanidade

Ano da Fé e 50.º aniversário da abertura do Vaticano II
apelam à redescoberta do legado conciliar
face ao «vazio» da sociedade
Bento XVI desafiou os católicos a enfrentarem o avanço da desertificação espiritual que se espalhou pelo mundo, nas últimas décadas, e reafirmou a actualidade do trabalho realizado no Concílio Vaticano II (1962-1965), inaugurado há 50 anos.
“Qual seria o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, já se podia perceber no tempo do Concílio a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, vemo-lo todos os dias à nossa volta: é o vazio que se espalhou”, alertou o Papa, na homilia da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, para a inauguração do Ano da Fé, por ele proclamado no 50.º aniversário do Vaticano II.
A intervenção papal aludiu à necessidade de integrar, na acção da Igreja, essa experiência de deserto e vazio para “redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida”.
“No deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança”, acrescentou, destacando que a fé “liberta do pessimismo”.
O Papa falava perante alguns milhares de fiéis e 400 cardeais, arcebispos e bispos, os quais repetiram a procissão na Praça de São Pedro que foi umas das imagens históricas do dia 11 de Outubro de 1962, primeiro do último Concílio.
Bento XVI convidou os presentes a entrarem no “movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II” e disse que há 50 anos se vivia uma “tensão emocionante, em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé”.
Bento XVI, que participou na maior reunião de bispos da história da Igreja como perito teológico, enquanto jovem padre, convidou a Igreja a regressar à “«letra» do Concílio - ou seja, aos seus textos - para também encontrar o seu verdadeiro espírito”.
“A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrónicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade”.
Em relação ao Ano da Fé, o Papa disse que os católicos devem transmitir a sua mensagem “sem sacrificá-la frente às exigências do presente nem mantê-la presa ao passado”.
“Na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não volta a repetir-se”.
Depois do Ano da Fé convocado por Paulo VI em 1967 e do Grande Jubileu proclamado por João Paulo II em 2000, o actual Papa convida a uma nova iniciativa mundial, para reafirmar que “Jesus é o centro da fé cristã”.
O Papa defendeu, por isso, que a Igreja deve empreender também “uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial”, ou seja, “o evangelho e a fé”.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Passa a palavra

Pedro Santos Guerreiro, Jornal Negócios

(Ler o nosso comentário no fim)

Há momentos de descontinuidade na percepção da realidade. Como a perda de gravidade acima de uma certa altitude ou o silêncio sepulcral quando se passa a velocidade do som. O "enorme aumento de impostos" de ontem parece um desses momentos. O momento em que se pára. O momento em que já nada se percebe. O momento em que as mil perguntas já não atravessam a barreira dos dentes. Pedem-nos tudo, explicam-nos pouco, prometem-nos nada. E nós, vamos à luta?

É uma ironia cruel: Portugal está a vencer a batalha dos mercados no mesmo passo em que perde a batalha do país. Somos louvados, ganhámos um ano, temos as taxas de juro mais baixas desde o início da intervenção externa. E no entanto, estamos sobre um abismo em cima de cordões de sapatos.

O "aumento brutal de impostos" é uma resposta desesperada de um Governo cuja estratégia falhou e que não teve criatividade nem se preparou para outras medidas. Perante a derrapagem do défice, Passos Coelho perdeu o tino e anunciou a medida estupidamente inteligente da taxa social única, que aniquilou a paz política e arruinou a paz social. Agora, o País está na esquina perigosa entre ser sucesso ou fracasso, Irlanda ou Grécia, singrar ou afundar-se na espiral recessiva. Perante o abismo, o Governo abriu a gaveta das possibilidades e tirou tudo de lá de dentro. Tudo. Caça com cão, com gato, com gão e com cato.

Este aumento de impostos é um grito. Não tem lógica, não tem política, não tem justiça, não tem estudos, não tem regras, não tem sequer coerência ideológica. É uma arma que metralha contra uma selva escura. Impostos, impostos, impostos. E é também uma súplica. Aos portugueses. Porque se as hipóteses de salvação são exíguas, elas serão nulas se o país estiver indisponível. Está o País disponível? Vamos "manter a coesão", como pede Vítor Gaspar?

Eis a grande questão. Saber se estamos para isto. Mais que na falta de criatividade nas medidas, mais que na falta de negociação externa, o Governo falha quando propõe um contrato aos portugueses com base numa única premissa: porque o País é deles. Nosso.

O Governo destratou os portugueses quando criou uma tropa de elite para tratar dos mercados e deixou vazia a cadeira da política, onde se fala ao povo. Agora, o Governo precisa do povo. Mas falha-lhe, não lhe dá o que povo exige. Merece. Precisa.

A mobilização do povo exige premissas simples. Exige que além dos aumentos de impostos haja cortes de despesa no funcionamento do Estado - e o Governo está um ano e meio atrasado nisso. Exige equidade nos cortes, mas as medidas contra os lóbis são tíbias e tardias. Sobretudo: exige um propósito, luz no fundo do túnel, exige confiança. Exige verdade.

Não basta tocar o clarim para que os portugueses voltem para dentro do barco de que foram expulsos com a TSU. Não é possível fazer uma convocatória de um povo mantendo-o na insegurança perpétua e na ignorância permanente.

Como se faz a convocatória de um povo mantendo-o desinformado quanto à vida do seu País e de cada uma das vidas que o habitam? Vítor Gaspar fez anúncios negros repletos de espaços em branco. É preciso preencher esses espaços em branco, há dados fundamentais desconhecidos. Quais são os novos escalões de IRS? Quem vai pagar mais e quanto mais? O que é preciso poupar hoje para compensar mais tarde? Acima de que valor um trabalhador da iniciativa privada perde mais do que um salário em 2013? Qual é o máximo que um funcionário público pode perder? E o mínimo que um pensionista pagará? Quanto se vai pagar de IMI? Que valor de salário vai sobejar depois do fim das deduções fiscais? Em Maio de 2014, quando chegar o acerto do IRS, que surpresas haverá? Como podemos acreditar que há equidade sem dados para percebê-lo? Quanto vão pagar as concessionárias de PPP, se é que vão? Qual é a taxa sobre transacções financeiras? Que "grandes lucros" de empresas vão ser tributados? Qual a dimensão da economia paralela? Como será cortada despesa do Estado em quatro mil milhões de euros, como a troika obriga? Vão despedir militares, polícias? Vão cortar prestações sociais, subsídio de desemprego? Quanto? A quem? Não é uma falácia dizer que os portugueses vão ficar melhor em 2013 do que ficariam com a TSU, quando muitos vão ficar pior que em 2012? Como havemos de acreditar que a economia "só" decresce 1% no próximo ano? O que nos garante que não entramos em espiral recessiva? Por que razão a receita fiscal não quebrará no próximo ano se quebrou neste? Quando acaba afinal esta crise? Em 2014? Em 2018? Em dois mil e nunca? Que ambição podemos ter? Que gerações têm esperança? Que legado deixaremos? Sem respostas, os portugueses não sabem sequer quanto dinheiro vão ter daqui a três meses, quanto mais se acreditam no País.

Faltam cortes de despesa. Não há medidas de incentivo ao crescimento. O aumento do IRS é enorme. A julgar pela incidência, é preciso ganhar cada vez menos dinheiro para ter um "rendimento alto" para o fisco. Estamos mais pobres, mas há cada vez mais ricos.

Há um batalhão de gente neste momento a lutar pelo País mesmo que parte dele não saiba fazê-lo. Cada português tem de decidir se acredita nisto. Se desiste, se se rebela. Ou se acredita, tira o sangue das pedras, paga impostos, luta pela sua vida e pela dos outros. Sim, é uma decisão cada vez mais individual. Porque está a tornar-se uma decisão de fé. Para ocupar com palavras os milhões de espaços em branco.


O NOSSO COMENTÁRIO

Tudo certo. Mas o que poderão os Portugueses fazer se não estiverem organizados?

O derrube do sistema exige organização.

Mas não apenas organização. Para que ao sistema não suceda o mesmo, com outras moscas, é preciso que a organização se estabeleça em torno de princípios da Civilização cristã e de um programa que procure o bem comum.

Se, antes de estarem reunidas as condições para a verdadeira mudança, a classe política dominante for substituída por outra igualmente medíocre, tratar-se-á de mais uma nova mascarada e um novo adiamento da verdadeira solução para Portugal.

As feridas da Igreja - XIII

José Augusto Santos

Como no número anterior não cheguei a abordar a Instrução Inaestimabile Donum, vejamos agora alguns pontos desse documento da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, aprovado e confirmado que fora por João Paulo II.

A começar pelo N.º 17, com grande tristeza para alguns, constata-se hoje que é impossível encontrar em muitas igrejas o silêncio que nos é recomendado nesta Instrução. Toda a gente sabe que na casa de Deus, o silêncio é obrigatório sempre, em todos os momentos, mas sobre aquele que deve ser observado na santa Missa, diz este Documento no ponto 17: «Aos fiéis, recomenda-se que não se omitam em fazer uma apropriada acção de graças depois da Comunhão.» Mas para além desse momento, prejudicado muitas vezes pelo cântico completamente desapropriado e pela qualidade das próprias vozes, diz ainda que pode ser «também depois da celebração, se possível permanecendo em oração por um considerável espaço de tempo.»

Que bom seria, de facto, podermos saborear as graças recebidas pelo Mistério Eucarístico, num encontro pessoal com a Santíssima Trindade, presente na alma daquele que acaba de receber Jesus na Eucaristia!... Quão agradável, isso seria para Deus! Quanto Ele anseia por um momento de intimidade com a nossa alma! Não porque precise de um mimo nosso, mas porque, sendo a nascente de onde brota, luminoso, o Amor, alegra-Se com aquele filho, com aquela filha que nela vai dessedentar-se. Quem d’Ela quiser beber, deve descer suave e docemente à sua consciência, pórtico de entrada da alma, e isso só é possível na ausência de tudo o que impeça o sagrado silêncio.

Só entrando completamente no interior do silêncio se chega ao espaço onde habita a quietude, a serenidade e a paz, meios pelos quais se consegue alcançar a chave que abre o portão da alma. Mas havendo mais do que uma chave, como saber qual é a certa? É muito fácil: é aquela cujo material de que é composta é a oração que fora sujeitada a um banho de amor. Não há, portanto, que confundir com nenhuma outra, porque é feita dessa liga tão primária e tão especial... Mas dado que é uma chave já muito, muito antiga, primeiro tem que se lhe ganhar o jeito. Depois disso, imaginem só, dada a sua forma e composição, é tão eficaz que com ela se consegue ter acesso mesmo ao coração de Deus...

Se estiver atento, constatará que muito dificilmente chega a ter no decorrer da própria celebração um momento que favoreça particularmente esse exultante encontro do seu ser com o Espírito Santo. Até mesmo durante a liturgia eucarística, que seria o tempo por excelência, isso se torna muito difícil, porque até lá, várias “ocupações”, que para o efeito se pode dizer distrações, nos impedem de mergulharmos no grande Mistério eucarístico.

É um encontro com o Mistério de Deus, por isso inexplicável, através do qual se vislumbram espiritualmente os alvores Celestes. Por ele desce sobre nós um gozo, cuja descrição se revela difícil até para os poetas. Nele se sente o efeito daquilo que pedimos na oração ensinada por Jesus, quando dizemos «venha a nós o Vosso reino». Abro aqui um parêntesis para dizer que essa súplica dirigida ao Pai, não é propriamente e apenas para se chegar a esse estado de elevação, mas uma vez alcançado fica-se habilitado a ver o mundo, os outros, como Deus quer que os vejamos, daí resultando o Bem no nosso agir. É esse, e não outro, o sentido do que pedimos no Pai-nosso.

Quem numa tragédia perde todos os bens, não chega a perder tanto como aquele que fica privado da brisa de amor perfumado que o Espírito Santo sopra com divina suavidade na alma que se vê envolta na luz que emana da Sua presença.

Para saborear o sagrado, não bastará, pelo menos para a maioria, essa individual oração em silêncio, mas já seria muito fácil para essa mesma maioria, se nessa desejada elevação fossemos auxiliados por uma suave, belíssima e perfeita harmonia de vozes, ou pelo som magistral do órgão...

Compare agora, caríssimo leitor, uma celebração onde o próprio ar que se respira parece estar impregnado do odor do Espírito Santo, com aquelas que de sagrado só têm o ministro celebrante e a Eucaristia.

Compreende agora o que digo anteriormente sobre a resposta dos fiéis: «ele está no meio de nós»? Se assim fosse, no final da Missa não se verificava aquilo que já parece um ritual, que é o começarem logo os sorrisos, as conversas, os cumprimentos, com respectivos beijinhos e abraços, mal o padre deixa o altar. Se de facto Ele estivesse no meio de nós, ficando cada um em seu recolhimento, todos sentiríamos a irresistível vontade de O adorar, de Lhe agradecer as Graças recebidas. Nesse momento, a única coisa permitida a quebrar o silêncio só pode ser o canto ou as notas do órgão, desde que estejam à altura de nos ajudarem a louvar o Senhor.

Tragicamente, porém, para as nossas almas, tudo acontece em sentido contrário. A casa de Deus é logo transformada num espaço de convívio, e no tocante à beleza do canto, salvo raras excepções, os cantores prestariam um melhor serviço a Deus, se se calassem. Dessa forma ficaríamos, em termos de concentração, mais disponíveis para o Essencial. Mas parece que ninguém entende que a “animação” é um mero acessório e como tal dispensável… Digo mesmo, tão dispensável, que na maioria das paróquias deveria ser proibido. O menos conhecedor sabe que é de paupérrima qualidade aquilo que damos a Deus. Urge, por isso, que as autoridades eclesiásticas tomem as necessárias medidas para que ao Senhor, e só a Ele, seja dado o que de excelso existe no homem.

Em parte isso deixou de acontecer porque, ao nos contaminarem por meio das armas biológico-espirituais que são o relativismo e o modernismo, mal por meio do qual as células do corpo têm atacado a própria cabeça, os inimigos da Igreja planearam o seu desmoronamento contando que os católicos formassem um corpo acéfalo, razão pela qual lhes seria fácil fazerem de nós burros. E a verdade é que, com a conivência de alguns membros do clero e a displicência de outros, só não nos levaram a carregarmos com eles às costas, como bons asininos, porque preferem usar automóvel, caso contrário, em nome de um falso dever de obediência, até isso conseguiriam dos néscios…

Voltando à Inaestimabile Donum, podemos ver ainda na introdução: «Aquele que oferece culto a Deus em nome da Igreja, de modo contrário» às normas estabelecidas, «é culpado de falsificação». E relativamente a isso, diz que «as consequências são o prejuízo da unidade da Fé e Culto na Igreja, incerteza doutrinária, escândalo e confusão entre o Povo de Deus, e em alguns casos, inevitáveis reacções violentas». Em suma, diz a Santa Sé o que o Povo vê e sente...

No N.º 4, determina que «o Per Ipsum (por Cristo, com Cristo…) por si mesmo é reservado somente ao sacerdote», mas há padres que fazem publicamente questão de desobedecerem…

São estas e todas as outras feridas, que impedem cada vez mais baptizados de verem resplandecente o Corpo Místico, razão pela qual a maioria se deixa atrair pelo efémero e enganoso brilho do espírito do mundo, voltando as costas à Igreja. Em graus diferentes, todos somos culpados, daí a responsabilidade de testemunharmos Cristo tanto fora como dentro da própria Igreja.

domingo, 7 de outubro de 2012

De pernas para o ar

Fernanda Leitão

Os dias que desembocaram no 5 de Outubro de 2012 foram um verdadeiro fim de festa, com acontecimentos e pormenores que por muito tempo ficarão na memória do povo.

Começou com António Borges, um homem de mão do Goldman Sachs, a passar rodas de “ignorantes” aos empresários, com a desfaçatez de quem considera Miguel de Vasconcelos um menino de coro se comparado com a sua pessoa. Logo depois Victor Gaspar anunciou medidas de austeridade tais que pulverizam a classe média e empurram Portugal para o abismo. E fê-lo raivosamente, como quem atira pedras aos governados, a dar-se ares de pimpão, respaldado pelo Moedas do Goldman Sachs. Logo depois, no debate parlamentar, quando um deputado do PC lia a carta do líder do CDS aos seus militantes condenando a austeridade excessiva, Passos Coelho e Relvas, ao lado de um Paulo Portas calado e cabisbaixo, e de um Álvaro amarrotado como um papel sem préstimo, riam-se sem pudor nem maneiras. Foi uma cena de inacreditável baixeza.

Chegado o país à última celebração estadual da República, por decisão do governo bota-abaixo que o PSD e o CDS ofereceram a Portugal, a opinião pública ficou a saber que o primeiro-ministro trocava a celebração caseira por uma daquelas reuniões no estrangeiro onde é sempre um verbo de encher. E que o Presidente da República não queria a cerimónia no largo da Câmara de Lisboa, como sempre foi desde 1910, preferindo o escondido recato do Pátio da Galé, e mesmo ali só para convidados. Ao comprimento e à largura de Portugal, foi dito alto e bom som pelo “melhor povo do mundo” que o PR e o governo fugiam às garantidas vaias e apupos.

Umas imagens televisivas da Eslováquia mostraram Passos Coelho e Paulo Portas, caminhando apressados como quem foge da própria sombra, com o dirigente do CDS a declarar que a coligação está firme, “claro”. Não há que ter dúvidas: o país está entregue a uns garotões que mascaram a incompetência e o medo com a tosca desenvoltura da insolência.

Na varanda do município, o PR hasteou a bandeira de pernas para o ar. Pouca sorte a da bandeira verde-rubra: já foi pisada em Londres (1), numa manifestação contra a presença de Marcelo Caetano, já foi arrastada pelo chão em África, na hora derradeira da presença secular de Portugal. E agora, o azar quis que desse ao mundo a imagem de Portugal: virado do avesso. No Pátio da Galé, aconteceu o ponto final: António Costa fez um discurso de PR e o PR fez um discurso descolorido de representante de um governo partidário a desfazer-se em bocados. E, apesar da horda de seguranças, o “melhor povo do mundo”, na pessoa de duas bravas mulheres, deixou os convidados em silêncio atordoado e o PR a engolir em seco: uma senhora de meia -dade que gritava o seu desespero pelo desemprego e uma pensão de 200 euros, que era ali a voz de milhões, e uma jovem cantora lírica que entoou um cântico de resistência e foi ali o prolongamento de toda uma juventude prestes a explodir.

Haverá quem, não se revendo neste regime, se regozije com este descalabro. Eu não me regozijo. Amo demasiado Portugal para não sofrer com toda esta lama que o salpica e com a tremenda desgraça que atinge o povo a que pertenço.

Mas acredito que o “melhor povo do mundo” se levantará como uma só pessoa e salvará Portugal desta vergonha e de uma ditadura. Não há União Europeia nem Merkel, nem o grande raio que parta os que vivem da desgraça alheia, que possa impedir um povo de tomar em mãos o seu futuro.
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(1) Refere-se a um suposto e divulgado acto de Mário Soares em Londres. Isto não corresponde à realidade. Corresponde sim a «críticas» de quem não tem capacidade política para mais nem honestidade intelectual. É daquelas mentiras postas a circular por uma direita estúpida (sim, não é só a esquerda que é estupida!) que, repetidas que são, acabam por fazer fé. E muitas pessoas repetem a mesma história como se fosse verdade, como aqui neste artigo é o caso.
A uma direita consequente não será preciso inventar para criticar Mário Soares. Ou será? A verdade não será suficiente para criticar os socialistas?
É como aquela história de uma suposta carta de Rosa Coutinho a Agostinho Neto, que andou a circular na net. Para criticar esse traste seria preciso inventar? Só a direita estúpida o faria, e ainda por cima com o rabo de fora.
Mais uma vez, sobre o caso, é pena que um bom artigo contenha tal «voz corrente» que já enjoa ouvir.
(Nota da Redacção)


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Papiro sobre «esposa de Jesus»
não afecta o cristianismo,
destaca perito norte-americano

Há dias, os meios de comunicação informaram sobre um papiro que faz referência a uma suposta «esposa de Jesus», uma afirmação que segundo um destacado perito em Bíblia não afecta em nada o cristianismo e a fé católica, nem prova que Jesus tenha sido casado.

O texto em questão é um fragmento de um papiro escrito em idioma copto, no Egipto. O escrito tem 4,5 centímetros de altura por 9 centímetros de comprimento e contém as frases «Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa’...» e na seguinte linha supostamente diz «ela poderá ser minha discípula».

A origem do fragmento é desconhecida, mas foi examinado pela primeira vez em 1980. Parece ser do século IV. O seu dono permanece anónimo e tenta vender a colecção à Universidade de Harvard. A historiadora da Divinty School desta universidade norte-americana, Karen L. King, apresentou o papiro em Roma num congresso internacional de estudos coptos.

Mark Giszczak, um perito biblista do Augustine Institute de Denver (Estados Unidos) comentou que este tipo de papiros que são usados para tentar gerar controvérsia sobre se Jesus foi casado ou não «procuram na verdade reviver o fantasma do Código Da Vinci, o romance de Dan Brown».

O catedrático assinalou que o interesse neste tipo de fontes «nasce da obsessão de tentar ver Jesus como alguém que não foi especial, um simples professor humano em vez do próprio Filho de Deus».

«Jesus, o Verbo encarnado, confronta cada nova geração com as suas radicais afirmações sobre ser Deus e ter morrido pelo mundo. A história de sua vida não deve ser reescrita, e sim recebida e crida».

Giszczak explicou ainda que a Igreja Católica desde seus tempos mais remotos nunca ensinou que Jesus esteve casado e que em todo o Novo Testamento não se afirma uma só vez que Ele tenha tido uma esposa.

«Um texto do século IV que afirma que Jesus disse ‘minha esposa’ não muda o que sabemos sobre Jesus no Novo Testamento. Ao contrário, isto mostra-nos que alguns coptos do século IV acreditavam que Jesus era casado, uma crença que contradiz os Evangelhos».

O perito ressaltou que o profeta Jeremias e judeus do século I praticaram o celibato, enquanto o próprio Jesus, no capítulo 19 de Mateus, incentiva a sua prática.

Outros peritos coptos também questionaram a autenticidade do fragmento, informou a agência Associated Press. Criticam a sua aparência, a gramática, a falta de contexto e a sua origem ambígua.

Em declarações ao jornal americano The New York Times, a própria investigadora Karen L. King advertiu que o papiro não deveria ser usado como «prova» de que Jesus foi casado. Entretanto, esse mesmo jornal e outros meios afirmaram que a descoberta poderia «reavivar» o debate sobre se Ele realmente teve esposa ou discípulas.

Mark Giszczak refutou esta perspectiva e explicou que o Novo Testamento mostra que Jesus teve seguidoras que estiveram com ele na crucificação, incluindo Santa Maria Madalena, mas não menciona nenhuma esposa.

Giszczak disse que as pessoas devem estar alertadas perante estas novas descobertas e por isso «devem esperar que todos os factos sejam esclarecidos». Novos textos devem «ser examinados à luz do Novo Testamento e dos ensinamentos da Igreja».

Documentos não canónicos sobre Jesus já foram fonte de sensacionalismo no passado.

Um investigação na National Geographic Society sobre o evangelho de Judas, um texto escrito no século II por uma seita gnóstica herege, foi exibido no Domingo de Ramos de 2008.

O projecto afirmou que o texto mostrava Judas numa perspectiva positiva, mas proeminentes estudiosos criticaram o documentário por promover uma tradução errónea, e acusaram a produção de exploração comercial e imperícia académica.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os piores perseguidores da Igreja



«Os piores perseguidores da Igreja têm sido os seus bispos, padres e religiosos infiéis. A oposição que vem de fora é terrível; dá-nos muitos mártires. Mas os piores inimigos da Igreja são os seus traidores.»

Papa Pio XI (citado por James Schall, S. J.)

domingo, 1 de julho de 2012

As feridas da Igreja - XII



 José Augusto Santos

Caríssimo leitor: hoje vamos abordar alguns pontos do Código de Direito Canónico e da Instrução Inaestimabile Donum.

Sabendo que há leitores escandalizados com o que digo nestes escritos por entenderem que neles estou a criar cisões que ferem a desejada união, é importante que retenhamos o que nos diz a Santa Igreja, quando nos aconselha a evitarmos tudo quanto não esteja de acordo com a doutrina enunciada pelo Sumo Pontífice e pelo Colégio dos Bispos, doutrina à qual devemos prestar «obséquio religioso da inteligência e da vontade» (Cf. CDC, Cân. 752).

Se com isto estou a criar divisões, como interpretar então o que nos diz a Sagrada Escritura, onde o Senhor afirma que não veio estabelecer a paz na Terra, mas antes a divisão? (Cf. Lc 12, 51). Não nos diz Ele logo a seguir, no versíclo 53, que veio dividir os próprios membros de uma mesma família, ficando pai contra filho, filha contra mãe, e por aí adiante? Se é o próprio Senhor que nos alerta sobre o que iria acontecer por causa da Sua Lei mesmo num pequeno grupo como é uma família, só um tolo é que não veria o inevitável, que é o saber que este trabalho não seria inconsequente, tanto de uma como de outra forma.

Consciente da enorme dificuldade que é combater algo que já está muito enraizado, mantenho a esperança de, pelo menos, levar os de recta intenção a uma séria reflexão, esperando que esse seja o ponto de partida para a busca da verdade sobre quanto aqui tenho escrito. Sei que a dificuldade é maior para aqueles que passaram a militar na Igreja depois do início da década de setenta. E sinto, como era de esperar, que a resistência à necessária mudança aumenta gradualmente com o tempo. Ou seja, a pessoa que ainda há pouco tomou contacto com a Igreja, porque o que tem recebido lhe foi servido na bandeja do modernismo e do relativismo, bandejas onde estão sempre a ver gravadas em sua orla palavras como: “a Igreja tem que ser mais aberta”, é claro que lhe custa mais reconhecer que não vai no caminho certo…

Relativamente à questão da necessária mudança, o irónico de tudo isto é serem os modernos a acharem que os outros, os que defendem o Depósito da Fé, é que têm que mudar…

No que diz respeito ao dever de obediência dos fiéis para com os seus pastores, sou o primeiro a defender a lei, que diz textualmente no Cânone 753: «os fiéis têm obrigação de aderir com religioso obséquio de espírito ao magistério autêntico dos seus Bispos». Mas antes destas palavras, este mesmo Cânone diz-nos que «os Bispos que estão em comunhão com a cabeça e com os mem­bros do Colégio, quer individualmente considerados, quer reunidos em Conferên­cias episcopais ou em concílios particulares, ainda que não gozem da infalibilidade no ensino, são contudo doutores e mestres autênticos da fé dos fiéis confiados aos seus cuidados».

Pois é, caríssimo leitor, e agora o que se poderá dizer, nos casos em que não existe essa «comunhão com a cabeça»? Serão esses Bispos «doutores e mestres autênticos da fé dos fiéis confiados aos seus cuidados»? Responda o leitor.

Depois de já ter explicado em número anterior o que é o relativismo e o que é o modernismo, dirigindo-me agora àqueles leitores que, empenhados na vida da Igreja, nela vivem de acordo com seus próprios critérios, chamo à atenção para o que diz a lei no Cânone 754: «Todos os fiéis têm obrigação de observar as constituições e de­cretos que a legítima autoridade da Igreja promulgar para propor uma doutrina ou para proscrever opiniões erróneas, e com especial motivo as que publicar o Romano Pontífice ou o Colégio dos Bispos».

Será que é por falta de clareza que não conseguimos entender o que é determinado, e por isso a maioria dos que têm algum serviço na comunidade paroquial agem sem darem a mínima importância à lei canónica? Se não somos analfabetos, porque é que de entre nós há tantos que fazem questão de demonstrar que acompanham a literatura que vai estando em voga, mesmo sendo anti-católica, e não dedicam um décimo desse tempo a tomarem conhecimento dos documentos da Igreja? Para a maioria destes fiéis, como já disse anteriormente, bem pode «a legítima autoridade» esforçar-se em nos querer orientar no caminho recto...

Permitam-me ainda, principalmente os leitores que continuam a não aceitar o que venho escrevendo, a colocar a pergunta: estamos todos de acordo que é inquestionável tudo quanto Jesus nos diz na Sagrada Escritura? Porque seremos, com certeza, unânimes na resposta, então também não podemos duvidar do poder que Ele deu à Sua Igreja na pessoa de Pedro, quando lhe disse: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo quanto ligares na terra ficará ligado nos Céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos Céus»… (Mt 16, 18-19).

Sendo assim, e apelando agora à sua honestidade intelectual, caríssimo leitor, não lhe parece que andam por aí muitos padres e muitos bispos a guardarem na gaveta esta passagem da Sagrada Escritura, numa tentativa de ocultação do poder recebido por Pedro (agora Bento XVI) sobre toda a Igreja? Já viu esses senhores alertarem-nos para a importância do que fora prescrito no Cânone 754? Pois não, porque dessa forma ficariam eles incapazes de exercerem o poder ao seu modo… Claro que os bons Padres, os bons Bispos, não necessitam propriamente de nos falarem dos documentos da Igreja, porque a sua santidade nos basta para trilharmos o caminho que nos leva ao Coração do Pai.

Ainda sobre a obediência, será que Deus nos diz para obedecermos aos padres e aos bispos que contradizem o poder que o Senhor deu a Pedro, quando se constituem opositores aos anseios, às orientações e às determinações do Santo Padre? Se tem dúvidas quanto a este dever de obediência, penso que bastará uma séria reflexão (em oração) para encontrar a resposta.

Vendo que não há espaço para falar sobre o documento que refiro no início, partilho com o leitor um facto curioso ocorrido há dias:

No final de um momento de Adoração Eucarística, na qual participaram aqueles que iam receber o Crisma, sendo a maioria deles adultos, fazendo-me desconhecedor do assunto em causa, na presença de vários desses crismandos adultos, perguntei ao Diácono que expôs o Santíssimo porque é que pegam na sagrada custódia com o Véu de Ombros, sem lhe tocarem com as mãos. Respondeu-me que era por se tratar de algo tão sagrado, tão sagrado, que nem as mãos lhe devem tocar. Perguntei-lhe então de novo, se o objecto, que é o ostensório, é mais sagrado do que o próprio Senhor Jesus, uma vez que a Ele qualquer um O toca com suas mãos, ao recebe-l’O na Comunhão… Vendo o jovem Diácono embasbacado, afectuosamente confessei-lhe a rasteira que continha a pergunta.

À semelhança daqueles crismandos, espero que também o leitor fique esclarecido.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Apresentação de livro sobre Cristóvão Colon



Fernando Branco vai lançar o seu livro «Cristóvão Colon -- Nobre Português» no próximo dia 28 de Junho às 17,30h na Ordem dos Engenheiros.

Intervirão também o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, o Presidente da Associação Cristóvão Colon e a Presidente da Academia Portuguesa da História.

Entrada gratuita, sujeita a inscrição prévia, no link abaixo

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O crime dos partidos descarados


Nuno Serras Pereira









«A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da política. Um Estado, que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um grande bando de ladrões, como disse (Santo) Agostinho … A justiça é o objectivo e, consequentemente, também a medida intrínseca de toda a política. A política é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objectivo estão precisamente na justiça, e esta é de natureza ética.» (Bento XVI, Deus Caritas est, nº 28 a).

Impressiona a glacial desvergonha desaforada do psd e do cds com que publicitam, como se fora algo extraordinariamente audacioso e benigno, uma futura apresentação de propostas para cobrar «taxas moderadoras» para as mães grávidas, no caso do psd, que repitam o abortamento de um filho ou, no caso do cds, para toda e qualquer mãe grávida que queira abortar seus filhos, mesmo que se trate da primeira vez. Esta crueza da «maioria absoluta» que parece assim pretender ocultar a sua perversa identidade sinistra revela pelo contrário um maquiavelismo sádico.

(Extracto)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sacerdotes devem vestir-se como tal



Famoso exorcista Pe. Fortea:


O famoso sacerdote exorcista espanhol José Antonio Fortea assinalou a importância dos sacerdotes vistiremm a batina, como um sinal de consagração a Deus e de serviço aos fiéis.

Numa entrevista durante a sua visita ao Peru, onde participou na solenidade de Corpus Christi na cidade de Trujillo, na costa norte do país, o Pe. Fortea indicou que «os clérigos devem vestir-se da mesma forma que os sacerdotes mais exemplares se vestem nessas terras, porque ir identificado é um serviço».

Depois de destacar que é obrigação da Conferência Episcopal de cada país determinar qual é o melhor sinal sacerdotal, o Pe. Fortea indicou que «a minha recomendação a respeito deste tema é que o sacerdote se identifique como tal».

O Código de Direito Canónico, no artigo 284, indica que «os clérigos têm de vestir um traje eclesiástico digno, segundo as normas dadas pela Conferência Episcopal e segundo os costumes legítimos do lugar».

Por outra parte, a Congregação para o Clero expressou «que o clérigo que não use o traje eclesiástico pode manifestar um escasso sentido da própria identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja».

«Numa sociedade secularizada e tendencialmente materialista, onde tendem a desaparecer inclusive os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero, homem de Deus, dispensador de Seus mistérios, seja reconhecível aos olhos da comunidade, também pela roupa que leva, como sinal inequívoco da sua dedicação e da identidade de quem desempenha um ministério público», assinala o documento vaticano.

O Pe. Fortea destacou que «não vamos identificados porque gostamos. Pode ser que gostemos ou não. Vamos (identificados) porque é um serviço para os fiéis, é um sinal de consagração, ajuda a nós mesmos».

O presbítero reconheceu a dificuldade de que a um sacerdote a quem desde o seminário não lhe ensinou sobre o valor do hábito de usar a batina, mude depois. Entretanto precisou que nos últimos isto anos «foi mudando para melhor».

«É fácil mantê-lo (o hábito), é difícil começá-lo. Mas o sacerdote deve ir identificado», assinalou.

Ao ser consultado se o costume de não usar a batina guarda alguma relação com a teologia marxista da libertação, o Pe. Fortea assinalou que «agora as coisas já mudaram».

«Foi nos anos 70, 80, onde todos estes sacerdotes se viam a si mesmos mais como pessoas que ajudavam à justiça social. Ali não tinha sentido o hábito sacerdotal, o hábito sacerdotal tem sentido como sinal de consagração».

Para o famoso exorcista, «agora já passou isso, mas ficou o costume de não vestir-se como tal e claro, é difícil, eu entendo que é difícil. Mas estas coisas estão mudando pouco a pouco».

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Uma burla gigantesca


Uma burla gigantesca, diz José Gomes Ferreira

Para perceber melhor a displicência do PGR neste caso, denunciado por muitos há muito tempo, é melhor ver este vídeo da SICN, em que José Gomes Ferreira diz expressamente que houve um conluio entre várias pessoas para esta desgraça e esta hecatombe na economia nacional. E disse mais:

Que o destemido, ou seja a PGR já vem tarde de mais. E que o presidente da República ainda terá que explicar porque assinou de cruz os diplomas legais.

Esta é a história de um grande conluio...que tem coniventes.José Gomes Ferreira enunciou os conluiados: alguns políticos, bancos, construtoras, consultoras e grandes gabinetes de advogados. Atravessa e está no coração do regime.

Faltou enunciar outros importantes conluiados: os directores de informação das televisões. Os josés albertos carvalhos e assim outras anas lourenços. Estes são responsáveis no conluio porque sabendo do mesmo, tiveram medo de o denunciar. E trataram de se proteger dos tubarões tornando-se dóceis para o poder e o establishment. São jornalistas de terceira categoria, evidentemente.

Aliás, se alguém quiser saber quem são os conluiados basta desenrolar as páginas deste e doutros blogs, ao longo da última meia dúzia de anos. Estão lá todos, mas todos mesmo.

Ver mais aqui

terça-feira, 19 de junho de 2012

Actor porno gay mata e canibaliza amante


 Júlio Severo


Homossexual com história de tortura de animais mata e come partes do parceiro, faz sexo com cadáver e envia pé do morto para o Partido Conservador do Canadá

O Canadá, famoso pelas suas agressivas leis homossexualistas que ameaçam a sua população e cristãos que pregam a visão bíblica sobre a sodomia, está nas manchetes internacionais desta semana por outro motivo homossexual: O actor pornográfico gay Luka Rocco Magnotta, de 29 anos, torturou, matou e esquartejou o seu amante gay Jun Lin, de 21 anos.

De acordo com a polícia canadense, Luka amarrou Jun numa cama enquanto a sua câmara o filmava torturando, cortando o pescoço, decapitando e desmembrando o parceiro. Ele intitulou a sua filmagem macabra de «Lunático». No vídeo, que Luka colocou na internet, aparece fazendo sexo com o cadáver e depois comendo partes com uma faca e garfo.

Depois do assassinato, ele teve a inspiração de enviar ao Partido Conservador do Canadá um pacote contendo o pé apodrecido de seu amante, como manifestação pessoal gay a um partido que, palidamente, combate a agenda gay no Canadá. O jornal Daily Mail também informa que Luka chegou a ameaçar o primeiro-ministro do Canadá.

Se o Partido Conservador combatesse a supremacia gay de forma realmente vigorosa, o lunático» gay enviar- lhes-ia o cadáver inteiro.

Em contraste, se um pé tivesse sido enviado a um grupo gay, os supremacistas homossexuais acusariam imediatamente os cristãos de «homofóbicos» e exigiram leis especiais de «protecção» restringindo a liberdade de expressão dos cristãos e seu direito de pregar o que a Bíblia ensina sobre homossexualidade.

Luka tem um estilo de vida abertamente gay, e a sua profissão é a de um actor porno gay em muitos vídeos pornográficos na internet.

Contudo, a sua presença na internet não se restringe à pornografia. Há dois anos, Luka postou um vídeo onde aparece acariciando dois gatinhos. Em seguida, a filmagem mostra-o colocando os filhotes dentro de um saco plástico e usando um aspirador para sugar todo o ar. Através do saco transparente, o internauta podia ver os gatinhos desesperadamente tentando escapar. Depois, Luka mostra orgulhosamente na sua cama um dos gatos já morto.

No vídeo de tortura de animais, Luka aparece anónimo e com o rosto embaçado, e somente com a investigação policial por causa do assassinato do amante dele é que foi possível identifica-lo como o autor do vídeo na Internet.

Ele é também o autor de um vídeo onde um gato vivo é dado como alimento a uma cobra.

Nina Arsenault, um dos ex-amantes transexuais de Luka, que ele conheceu num bar de strip-tease há dez anos, disse à polícia que Luka tinha fantasias de matar animais e pessoas. Ele também fazia piadas sobre matar animais.

Embora use o nome profissional de Luka Rocco Magnotta, o nome verdadeiro dele é Eric Clinton Newman. Usa ainda outros nomes falsos.

Há seis meses, num email ao jornal The Sun, Luka supostamente disse: «Vocês vão de novo receber notícias minhas. Desta vez, porém, as vítimas não serão animais pequenos». Ele enviou um aviso semelhante para a BBC.

Luka encontra-se foragido no exterior disfarçado de mulher. Ele é agora um dos criminosos procurados pela Interpol, a polícia internacional, que está fazendo uma busca internacional do psicopata gay. A 3 de Junho, informações policiais indicavam que ele estava em Paris, onde passou duas noites com outro gay que havia conhecido num bar, mas há suspeita de ter fugido para outro país. Mais de 190 países estão em estado de alerta.

De acordo com o Daily Mail, Luka pode ter cometido outros assassinatos, o que o colocaria na categoria de «serial killer» — assassino em série.

No Brasil, onde predomina um dos mais fortes supremacismos gays do mundo, a imprensa teve o cuidado de mascarar a realidade do canibal gay. O jornal O Globo «noticiou» o caso cometendo várias omissões, apenas mencionando de passagem que Luka teria tido um «caso amoroso» com a sua vítima. O Globo não disse que ele era gay.

A imprensa brasileira é notória por alardear a identificação sexual de supostas «vítimas» homossexuais do que chamam de crimes de «homofobia». Atrocidades patentemente gays são camufladas, para não manchar a imagem do supremacismo gay disfarçado de vitimismo gay.

O resultado macabro do relacionamento entre Luka e seu parceiro é mais um episódio de «violência doméstica» gay, que supera os números inchados de «homofobia» criados pela propaganda homossexualista.

Quando tal violência sai das quatro paredes do «paraíso» sexual de uma dupla gay, a explosão de insanidade é maior.

O meu livro «O Movimento Homossexual», publicado pela Editora Betânia em 1998, já identificava que todos os seis maiores assassinos em série dos EUA eram homossexuais. Um dos assassinos gays mais famosos, Jeffrey Dahmer, era também canibal.

O maior assassino em série da Rússia, Andrei Chikatilo, também era gay e canibal.

Enquanto a propaganda esquerdista leva em direção à imagem do «gay bonzinho» como eterna vítima, a realidade nua e crua mostra uma sociedade proibida de enxergar os gays assassinos, psicopatas e canibais que não se encaixam no estereótipo celestial criado pelas elites sociais. Nos meios de comunicação do Brasil, Luka não é um homossexual. Ele é apenas, vagamente, um homem com um «caso amoroso» com a sua vítima.

Pior é que não só a sociedade mas também os próprios parceiros homossexuais acabam muitas vezes tornando-se vítimas dos actos macabros desses «gays bonzinhos».

Actualização: De acordo com o Daily Mail, a caça internacional ao assassino e actor porno gay Luka Rocco Magnotta terminou hoje com a sua prisão em Berlim, capital da Alemanha, no distrito de Neukoelln, conhecido pelos seus numerosos bares gays.