quarta-feira, 15 de outubro de 2014


A inacreditável discriminação no sínodo!


Nuno Serras Pereira, 14. 10. 2014

O «relatório intercalar» foi fundamentalmente redigido por hierarcas escolhidos a dedo pelo Papa Francisco. Provocou estranheza que apesar de já ter dois relatores, Baldisseri e Bruno Forte, claramente partidários de uma «revolução» a que chamam «abertura» ou «desenvolvimento doutrinal» – mas que na verdade é uma inversão das verdades contidas na Sagrada Escritura e na Tradição, proclamadas e explicitadas constantemente pelo Magistério da Igreja – à última da hora, de supetão» tenha nomeado mais seis relatores, todos eles, com a mesma configuração ideológica dos já referidos.

Esse «relatório preliminar» lançado à comunicação social, sem conhecimento nem autorização dos Padres Sinodais, foi, objectivamente, redigido e publicitado com o propósito de condicionar os trabalhos sinodais. Entre outras coisas, podemos verificar que esse texto demonstra uma verdadeira obsessão que se exprime pelo empenho em inverter ou falsificar a verdade doutrinal em relação aos, como eles dizem, homossexuais, à contracepção, à não admissão dos adúlteros «divorciados recasados», e, pela sua eloquentíssima ausência, ao aborto.

Mas em relação a estas obsessões há uma que se destaca, porque já aparecia também no «Instrumento de trabalho», e me espanta grandissimamente, a saber: por que se trata, num sínodo sobre a família, o tema das pessoas com inclinações e/ou práticas intrinsecamente desordenadas em relação a outras do mesmo sexo? Quando me ponho a cogitar sobre isto, se é que eu tenho alguma capacidade de pensar, conjecturo que será, talvez, porque essas pessoas são filhos, irmãos, tios, sobrinhos, netos e, por vezes, pais. Mas estas hipóteses não me convencem, pois se assim fosse ter-se-ia igualmente que tratar de uma infinidade de situações, igualmente desordenadas. Por exemplo, os alcoólicos, os toxicodependentes, os ladrões, os mafiosos, os cleptomaníacos, os viciados no jogo, as prostitutas, os pedófilos, os hereges, os ateus, os maçons, os homicidas, os assassinos em série, os advogados da eutanásia, os abortistas, os polígamos, os poliamorosos, os neonazis, os ditadores, os terroristas, etc. É claro, ou alguém tem dúvidas?, que toda esta gente é pessoa. E como, dizia Bruno Forte, sendo pessoas, têm a dignidade de criaturas de Deus, criadas à Sua imagem e semelhança. Por isso, seguindo o mesmo raciocínio, a Igreja tem de os acolher, fazê-los participantes das actividades eclesiais, dando-lhes cargos como sucedeu com um «homossexual», vivendo em união de facto com outro, em Viena, por decisão, contra a do Pároco, do Cardeal da capital austríaca. Se aguçarmos as nossas mentes de modo a ficarmos tão sagazes como alguns dos prelados que agora discorrem sobre a família poderemos mesmo encontrar «elementos de santidade» em toda esta gente que o Sínodo clamorosa e escandalosamente discrimina. Abaixo a discriminação! Viva a igualdade!





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