sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A pastoral da união deve ser fundada
sobre a verdade

O jornal L'Osservatore Romano publica em sua edição de hoje um ensaio do então Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, no qual explica que esse Magistério se apoia nas Escrituras, na tradição e na razão.
Em 1998 o agora Papa Bento XVI dizia que «certamente a palavra da verdade pode ser dolorosa e incómoda, mas é o caminho para a santidade, a paz e a liberdade interior».
O artigo foi publicado logo que alguns líderes eclesiásticos na Alemanha solicitassem que a Igreja revise o seu ensinamento sobre o matrimónio, junto com a proibição vigente de negar a Eucaristia ou comunhão aos católicos divorciados que voltaram a casar-se.
Em seu trabalho em 1998 à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, o agora Papa Bento – então Prefeito deste dicastério – explicou que os documentos da Igreja sobre o tema «respondem às exigências da verdade e do amor de maneira muito equilibrada».
A publicação foi feita em seis idiomas com o subtítulo «a propósito de algumas objeções contra a doutrina da Igreja sobre a recepção da Comunhão eucarística por parte dos fiéis divorciados que voltaram a casar-se».
O texto reaparece dois meses depois que o presidente da Conferência Episcopal Alemã questionasse publicamente o ensinamento da Igreja sobre o matrimônio em uma entrevista a um jornal.
No dia 5 de setembro, algumas semanas antes da chegada do Santo Padre a Alemanha, Dom Zollitsch disse que «todos nós enfrentamos o problema de como podemos ajudar as pessoas em cujas vidas algumas coisas saíram mau, entre as quais encontram um matrimônio naufragado».
«Este é um assunto de misericórdia e nós discutiremos este problema intensivamente no futuro próximo», disse o Prelado ao jornal alemão Die Zeit.
O jornal perguntou ao Arcebispo especificamente sobre a situação do presidente da Alemanha, Christian Wullf, que é um católico e tornou a casar-se e que se abstém de receber a Comunhão.
Ao ser perguntado logo sobre Klaus Wowereit, católico e com uma relação homossexual pública, o Prelado disse que «devemos ver como podemos dar respostas com bases teológicas às perguntas sobre os estilos de vida».
No texto publicado hoje o agora Papa Bento XVI explica que o ensinamento da Igreja sobre o matrimónio está apoiado nas Sagradas Escrituras, na tradição e na razão.
Das Escrituras ressalta detalhadamente como «o ensinamento da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimónio é fiel às palavras de Jesus».
Quanto à tradição, o Papa indica que sempre existiu um «consenso claro» entre os Padres da Igreja primitiva «sobre a indissolubilidade do matrimónio», algo que aparta o Cristianismo da sociedade romana.
Nesse então, recorda, "os divorciados que voltaram a casar-se entre os fiéis jamais foram admitidos oficialmente à Santa Comunhão logo de um tempo de penitência".
Seguidamente Bento XVI afirma que «se o matrimónio anterior de dois fiéis divorciados e que voltaram a casar-se era válido, então sob nenhuma circunstância sua nova união pode ser considerada válida e portanto a recepção dos sacramentos é intrinsecamente impossível».
O Papa também se referiu à sugestão de que seja o Papa quem «potencialmente dissolva um matrimónio sacramental consumado, que foi irremediavelmente quebrado».
Sobre isso ele mesmo responde que «se a Igreja aceitasse a teoria de que um matrimónio está morto quando dois esposos já não se amam mais, então Ela deveria sancionar o divórcio e a indissolubilidade do matrimónio ficaria apenas na letra, e já não nos factos».
Para aqueles que afirmam que a Igreja Católica é «muito legalista e não pastoral» nestes assuntos, o Santo Padre também responde que a forma de expressar-se da Igreja «parece não ser muito fácil de entender às vezes» e que por isso «precisa ser traduzida por pregadores e catequistas a uma linguagem que relacione às pessoas com seus respectivos ambientes culturais».
«O conteúdo essencial do ensino da Igreja –precisou– deve ser defendido neste processo. Não pode ser diluído alegando questões pastorais, já que comunica a verdade revelada».
Para ler o texto do LOR na íntegra:

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