Numa nota pastoral, a presidência da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB) realizou uma advertência sobre algumas questões relativas ao uso indevido dos termos Católico, Igreja Católica, Clero e outros por parte de grupos que se auto-proclamam católicos enganando os fiéis.
«A CNBB, na defesa da verdade e da liberdade, considerou oportuno publicar a presente Nota Pastoral, destinada aos membros do episcopado, do clero, aos religiosos e a todos os fiéis leigos», destaca a missiva dos bispos brasileiros no seu primeiro parágrafo.
«O uso de nomes, termos, símbolos e instituições próprios da Igreja Católica Apostólica Romana, por outras denominações religiosas distintas da mesma, pode gerar equívocos e confusões entre os fiéis católicos. Nestes casos o uso da palavra "católico", "bispo diocesano", "vigário episcopal", "diocese", "clero", "catedral", "paróquia", "padre", "diácono", "frei", pode induzir a engano e erro».
«Pessoas de boa vontade podem ser levadas a frequentar tais templos, crendo que se tratam de comunidades da Igreja Católica Apostólica Romana, quando na verdade não o são. Por essa razão a Igreja tem a obrigação de esclarecer e alertar o Povo de Deus para evitar prováveis danos de ordem espiritual e pastoral», esclarece a nota.
«Assim, temos o dever de alertar os fiéis católicos para a existência de alguns grupos religiosos, como é o caso da auto-intitulada "igreja católica carismática de Belém" e outras denominações semelhantes, que apesar de se autodenominarem "católicas", não estão em comunhão com o Santo Padre, Papa Bento XVI, e não fazem parte da Igreja Católica Apostólica Romana».
A mencionada «igreja católica carismática de Belém» é um grupo que se apresenta no seu site oficial como «uma igreja fiel à Tradição, à Bíblia Sagrada e ao Magistério dos Padres da Igreja», e que se proclama «uma Igreja ecuménica pois sentimos-nos parte da Grande Igreja Católica» e ao mesmo tempo «uma Igreja unionista», que engana os fiéis ao dizer que «reconhece a autoridade do Patriarca de Roma, o Santo Padre o Papa, dos Patriarcas, dos cardeais, arcebispos, bispos, padres e diáconos da Grande Igreja Católica Apostólica, formada pelas Igrejas Católicas Romana, Ortodoxas, Anglicanas, Vetero-Católicas e Nacionais».
Este reconhecimento de um conjunto de autoridades contradiz inteiramente a doutrina da Igreja Católica, que na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, definiu que «a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica» subsiste «na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele».
Talvez a maior aberração que distancia a «igreja» carismática de Belém da sã doutrina e da disciplina da Igreja Católica seja o fato de que "ordenem" homens casados para o sacerdócio.
«Somos uma Igreja que não interfere na vida sentimental de seus padres. Casar ou ficar solteiro é uma decisão personalíssima deles. Não é assunto de competência da Igreja. Ordenamos homens casados, solteiros e viúvos», afirma outro parágrafo do site do auto-proclamado grupo católico que ademais «deseja o fim do monopólio dos cursos de filosofia e teologia para formação de sacerdotes».
A vigência da doutrina da Igreja sobre o requerimento do celibato para a ordenação sacerdotal encontra uma clara expressão nos ensinamentos de Bento XVI e nas palavras do Beato João Paulo II, quem na exortação pós-sinodal Pastore Dabo Vobis afirmava: «O Sínodo não quer deixar dúvidas na mente de ninguém sobre a firme vontade da Igreja de manter a lei que exige o celibato livremente escolhido e perpétuo para os candidatos à ordenação sacerdotal no rito latino».
«Por esta razão - prossegue a nota dos bispos brasileiros - todos os ritos e cerimónias religiosas por eles realizadas são ilícitos para os fiéis católicos. Assim sendo, recomenda-se vivamente aos féis que não frequentem os edifícios onde eles se reúnem e nem colaborem ou participem de qualquer celebração promovida por esses grupos. Rezemos para que a unidade desejada por Jesus Cristo, aconteça plenamente».
A nota leva a assinatura do Cardeal Raymundo Damasceno de Assis, presidente da CNBB, do vice-presidente, Dom José Belisário da Silva e do secretário-geral da entidade, Dom Leonardo Ulrich Steiner.
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