quarta-feira, 22 de outubro de 2014


Sínodo



Apesar da monstruosa manipulação deste sínodo preparatório, através da apresentação de um falso relatório intercalar, felizmente o documento final apresenta uma posição consideravelmente equilibrada entre Doutrina católica e pastoral.

Assembleia extraordinária falha consenso em pontos sobre divorciados e homossexuais

O Vaticano apresentou em conferência de imprensa o relatório final da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, que debateu os temas da família, o qual sublinha a «verdade» da indissolubilidade do casamento, recusando outros tipos de união.

O documento, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, refere que o único «vínculo nupcial» na Igreja católica é o sacramento do Matrimónio e que «qualquer ruptura do mesmo é contra a vontade de Deus».

O Sínodo assume a necessidade de «discernir os caminhos para renovar a Igreja e a sociedade no seu compromisso pela Igreja fundada sobre o matrimónio», a «união indissolúvel entre o homem e a mulher».

Os participantes sustentam que «os grandes valores do matrimónio e da família cristã» são a resposta aos anseios da existência humana face ao «individualismo» e «hedonismo».

O documento sintetiza as duas semanas de debate, com intervenções em sessões gerais e discussões em grupos linguísticos em que «a maior misericórdia é dizer a verdade com amor».

Na reflexão discutiu-se muito a relação entre Doutrina e Misericórdia.

Jesus, «colocou em prática a doutrina ensinada, manifestando assim o verdadeiro significado da misericórdia», pode ler-se, antes de se referir sobre casamentos civis, divorciados e recasados na Igreja deixa uma mensagem de «amor» para com a «pessoa pecadora» e diz que esta participa «de forma incompleta» na vida eclesial.

«Trata-se de acolher e acompanhar estas pessoas com paciência e delicadeza», pode ler-se.

O documento retoma as observações sobre a necessidade de fazer «escolhas pastorais corajosas» na acção da Igreja junto das «famílias feridas», em particular junto de quem «viveu injustamente» a separação e o divórcio.

O relatório final do Sínodo de 2014 foi votado ponto a ponto, em cada um dos seus 62 números, que reuniu 470 propostas dos chamados «círculos menores».

A 14.ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 25 de Outubro de 2015, com o tema «A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo».

As votações sobre cada número foram divulgadas pelo Vaticano, por decisão do Papa, revelando que os parágrafos 52 (acesso dos divorciados recasados à Comunhão), 53 (Comunhão Espiritual a divorciados) e 55 (homossexuais) não chegaram a uma maioria de dois terços dos 183 padres sinodais presentes; o parágrafo 41 (matrimónios civis e uniões de facto) mereceu 54 votos contra.

Em relação ao acesso à Comunhão e à Penitência pelos divorciados em segunda união, tema sobre o qual se gerou divisão entre os participantes, alguns «argumentaram em favor da disciplina actual [que impede o acesso aos sacramentos]» e outros propõem um «acolhimento não-generalizado».

Este foi o ponto em que houve mais votos contra (74), no qual se pede que seja aprofundada a questão, «tendo presente a distinção entre situação objectiva de pecado e circunstâncias atenuantes».

O texto apresenta dois números sobre a situação dos homossexuais, com críticas às «pressões» sobre os membros da Igreja por causa da sua doutrina nesta matéria e às leis que instituem uniões entre pessoas do mesmo sexo.

62 pessoas votaram contra um número no qual se afirma que «os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito e delicadeza».

O relatório do Sínodo alude ainda às propostas para tornar «mais acessíveis e ágeis», de preferência «gratuitos», os procedimentos para o reconhecimento de casos de nulidade matrimonial, realçando que alguns participantes se mostraram «contrários» a mudanças.

Os vários pontos apelam à valorização dos métodos naturais de planeamento natural e da adopção, condenando a mentalidade «antinatalista»; recordam a reflexão sobre a família nos documentos da Igreja e pedem liberdade de educação para os pais.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, sublinhou que este não é um documento «doutrinal» e que vai servir de base para a preparação para a assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com três semanas de trabalho, em Outubro de 2015.


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