domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Papa Bento XVI tem feito
uma «limpeza no episcopado», diz Núncio


O Núncio Apostólico no Cazaquistão, Tajiquistão e Quirguistão, o arcebispo espanhol Miguel Maury Buendía, destacou o que o Papa Bento XVI tem feito durante o seu Pontificado «uma limpeza no episcopado» convidando mais de um bispo por mês em todo mundo a demitir-se por razões de má administração de contas e faltas contra a disciplina ou a moral.

«Este Papa demitiu dois ou três bispos por mês em todo o mundo por razões como a confusão nas contas nas dioceses ou a disciplina era um desastre. Ele fez uma limpeza no episcopado. (...) 

O Núncio ia ao bispo e dizia-lhe «o Santo padre pede-lhe que pelo bem da Igreja renuncie ao seu cargo». Quase todos os bispos, ante o pedido do Papa, viam o desastre e aceitavam o convite.O Núncio explica que «houve dois ou três casos de bispos que disseram não, então o Papa demitiu-os sem mais explicações».

Assim referiu o prelado durante a conferência «O papel da diplomacia vaticana nas relações internacionais» dada na quarta-feira, dia 20, na Universidade CEU San Pablo, em Espanha.

Dom Maury Buendía assegurou que recebeu «com surpresa» a decisão do Papa Bento XVI de renunciar destacando que isto é um exemplo «para todos os políticos do mundo que se agarram ao poder com todas as forças» e alguma coisa que «os grandes homens sempre fizeram».

«Eu vi como o Papa se ia desgastando e pensei como seria a sua viagem ao Brasil, mas não pensei que tomaria a decisão que tomou», referiu o arcebispo, indicando que «a vida da Igreja continuará».

Quanto ao futuro, Dom Maury referiu que o facto de o Papa vir de um país ou de outro é importante «até certo ponto» e explicou que o centro ainda está na Europa.

«O que sucede é que a Igreja não evolui com saltos mas brandamente e o centro ainda está na Europa. Se nomearem um americano, isso não é relevante porque estará mais preocupado com os problemas da América», especificou.

Sobre o Colégio Cardinalício que deverá escolher um novo Papa, o Núncio referiu «que este parece ser o melhor sistema para escolher um Papa». Anteriormente, nos primeiros séculos da Igreja, conforme indicou, escolhia-se por aclamação do povo, passando-se logo ao sistema de reuniões entre os cardeais para eleger o pontífice.

A diplomacia vaticana

Sobre a diplomacia do Vaticano, o Núncio distinguiu que é «a mais antiga do mundo» pois teve início no século IV quando o imperador de Bizâncio começou a enviar embaixadores, e explicou que foi no século XVI que tomou o formato que tem agora. Concretamente, apontou que as primeiras nunciaturas que foram as de Veneza e Roma.

Além disso, precisou que, assim como ocorreu com as universidades impulsionadas pela Igreja Católica cujos modelos foram depois adoptados pelos Estados, assim aconteceu com a diplomacia, começou-se a estabelecer uma rede de contactos diplomáticos graças à Igreja, que chegaram até agora.

Dom Maury Buendía referiu que a diplomacia vaticana, conta com 105 núncios creditados perante 172 países, «não procura nenhum privilégio» para os fiéis mas «garantir a sua liberdade».


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