O Núncio Apostólico no
Cazaquistão, Tajiquistão e Quirguistão, o arcebispo espanhol Miguel Maury
Buendía, destacou o que o Papa Bento XVI tem feito durante o seu Pontificado «uma
limpeza no episcopado» convidando mais de um bispo por mês em todo mundo a
demitir-se por razões de má administração de contas e faltas contra a
disciplina ou a moral.
«Este Papa demitiu dois ou três bispos por mês em todo o mundo por razões como
a confusão nas contas nas dioceses ou a disciplina era um desastre. Ele fez uma
limpeza no episcopado. (...)
O Núncio ia ao bispo e dizia-lhe «o Santo padre pede-lhe
que pelo bem da Igreja renuncie ao seu cargo». Quase todos os bispos, ante o
pedido do Papa, viam o desastre e aceitavam o convite.O Núncio explica que «houve dois ou três casos de bispos que disseram não,
então o Papa demitiu-os sem mais explicações».
Assim referiu o prelado durante a conferência «O papel da diplomacia vaticana
nas relações internacionais» dada na quarta-feira, dia 20, na Universidade CEU
San Pablo, em Espanha.
Dom Maury Buendía assegurou que recebeu «com surpresa» a decisão do Papa Bento
XVI de renunciar destacando que isto é um exemplo «para todos os políticos do
mundo que se agarram ao poder com todas as forças» e alguma coisa que «os
grandes homens sempre fizeram».
«Eu vi como o Papa se ia desgastando e pensei como seria a sua viagem ao
Brasil, mas não pensei que tomaria a decisão que tomou», referiu o arcebispo, indicando
que «a vida da Igreja continuará».
Quanto ao futuro, Dom Maury referiu que o facto de o Papa vir de um país ou de
outro é importante «até certo ponto» e explicou que o centro ainda está na
Europa.
«O que sucede é que a Igreja não evolui com saltos mas brandamente e o centro
ainda está na Europa. Se nomearem um americano, isso não é relevante porque
estará mais preocupado com os problemas da América», especificou.
Sobre o Colégio Cardinalício que deverá escolher um novo Papa, o Núncio referiu
«que este parece ser o melhor sistema para escolher um Papa». Anteriormente,
nos primeiros séculos da Igreja, conforme indicou, escolhia-se por aclamação do
povo, passando-se logo ao sistema de reuniões entre os cardeais para eleger o
pontífice.
A diplomacia vaticana
Sobre a diplomacia do Vaticano, o Núncio distinguiu que é «a mais antiga do
mundo» pois teve início no século IV quando o imperador de Bizâncio começou a
enviar embaixadores, e explicou que foi no século XVI que tomou o formato que
tem agora. Concretamente, apontou que as primeiras nunciaturas que foram as de
Veneza e Roma.
Além disso, precisou que, assim como ocorreu com as universidades impulsionadas
pela Igreja Católica cujos modelos foram depois adoptados pelos Estados, assim
aconteceu com a diplomacia, começou-se a estabelecer uma rede de contactos
diplomáticos graças à Igreja, que chegaram até agora.
Dom Maury Buendía referiu que a diplomacia vaticana, conta com 105 núncios
creditados perante 172 países, «não procura nenhum privilégio» para os fiéis
mas «garantir a sua liberdade».
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