segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Bento XVI:
A religião na vida pública

Papa convida à cooperação entre a Igreja e as autoridades públicas, lamentando «marginalização» do cristianismo

Ecclesia

Bento XVI defendeu esta Sexta-feira em Londres que a a religião não é "um problema a resolver", mas sim "um factor que contribui de modo vital para o debate público”, lamentando a “crescente marginalização” das religiões, em particular do cristianismo.

"Não posso deixar de declarar a minha preocupação perante a crescente marginalização da religião, particularmente do cristianismo, que está a acontecer em muitos espaços, mesmo em nações que dão grande destaque à tolerância", disse diante de representantes da sociedade civil, do mundo académico, cultural e do corpo diplomático, bem como de líderes religiosos do Reino Unido.

No discurso proferido no Westminster Hall, ponto alto deste dia 17 de Setembro, em Londres, o Papa falou sobre o lugar das convicções religiosas nas escolhas políticas e na aplicação de “princípios morais objectivos”.

“Se os princípios morais que sustentam o processo democrático não assentam sobre algo mais sólido do que o consenso social, então a fragilidade do processo revela-se em toda a sua evidência. Aqui se encontra o verdadeiro desafio para a democracia”.

Segundo a tradição católica, recordou, “as normas objectivas que governam o recto agir são acessíveis à razão, prescindindo do conteúdo da revelação”.

“O papel da religião no debate político não é, portanto, fornecer tais normas, nem muito menos propor soluções políticas concretas, absolutamente fora da sua competência, mas sim ajudar a purificar e lançar luz sobre a aplicação da razão na descoberta dos princípios morais objectivos”.

Bento XVI descreveu, assim, o que chamou de princípio “correctivo” da religião em relação à razão, alertando para o sectarismo e o fundamentalismo, “formas distorcidas da religião” que podem levar à sua exclusão da vida pública.

“O mundo da razão e o mundo da fé – o mundo da secularidade racional e o mundo do credo religioso – têm necessidade um do outro e não deveriam ter medo de entrar num diálogo profundo e contínuo, para o bem da nossa sociedade”.



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