Encíclica de bispos da Ucrânia denuncia a absurda,
totalitária e pseudo-científica tese dos «ideólogos de género» como uma revolta contra a ordem estabelecida por Deus
quando criou o homem e a mulher
Uma
das mais nefastas ideologias inspiradas pelo demónio para perverter
especialmente a infância é a Ideologia de Género. Na loucura
generalizada dos nossos dias, não se podia conceber coisa mais absurda nem
contra o mais elementar bom senso.
Era
preciso que o mundo chegasse ao extremo da decadência e de amoralidade dos
nossos dias para que teoria tão nefasta pudesse surgir.
O que
é pior, é que a ideologia de género não encontra, mesmo da parte de pessoas
tidas como sensatas, a repulsa que deveria causar. Por isso é muito
reconfortante saber que os bispos do rito Greco-católico da Ucrânia se ergueram
numa só voz contra ela, numa «Carta Encíclica» dirigida a todo o clero daquele
sofrido país, àqueles responsáveis pela educação dos filhos e «aos que
trabalham na informação e nos currículos educativos, como também aos
cientistas, para que proporcionem uma informação real e completa sobre a
própria essência do ser humano».
O
documento é reproduzido e comentado pelo jornalista Raffaele Dicembrino no site
católico italiano La Croce Quotidiano[i], de 14 de Janeiro
último, e retransmitido em espanhol em ReligionenLibertad[ii]. É
dessas fontes que publicamos esta matéria.
De
onze páginas, muito categóricas e com forte linguagem, a «Carta Encíclica» é
assinada em nome do Sínodo dos bispos do rito Greco-católico ucraniano pelo
Arcebispo Maior desse rito em Kiev, Sviatoslav Shevchuk. [foto ao
lado]
Nova ideologia para destruir a fé e a moralidade cristãs
«Antes
havia o regime soviético, que impunha uma visão ateia do mundo — diz
Dicembrino, citando o documento —, apresentada como sendo ‘a
única científica, e que privava os homens do direito de professar livremente a
sua fé religiosa’». Os bispos afirmam que hoje os desafios são
similares, pelos «modos ideológicos de destruir a fé católica»,
pondo em discussão, de maneira escondida, «a fé
e a moralidade cristãs». Entre os novos desafios que enfrentamos, «tem
um lugar relevante a Ideologia de Género».
Segundo
os bispos, essa ideologia «procura destruir a percepção da sexualidade humana como dom de Deus
naturalmente vinculado às diferenças biológicas entre homem e mulher», tendo como consequência «introduzir perigosa desordem nas relações humanas».
Os
prelados alertam os fiéis ucranianos para que não reajam passivamente aos
sofismas desta ideologia, «aceitando como verdade, sem pensar, essas teorias atéias, cujo [falso]
fundamento é afirmar a dignidade humana, alcançar a igualdade entre as pessoas,
e defender o direito humano à liberdade».
Os bispos Greco-católicos recordam que o plano de Deus delineia a dignidade humana, e põem em evidência as passagens da Bíblia que acentuam e valorizam as diferenças entre o homem e a mulher. Eles recordam que a sexualidade «como dom de ser homem e mulher» cobre, «de maneira íntegra, todas as dimensões da existência da pessoa humana: corpo, alma e espírito». Além do que a pessoa humana, criada à imagem de Deus, «está chamada à eterna comunhão com o Criador», com «livre vontade» — termo amplamente esgrimido pelos que fomentam a Ideologia de Género — «que permite ao homem escolher tanto o bem quanto o mal».
Para
os bispos, a Ideologia de Género é um legado da «constante tentação de violar os estatutos de Deus neste âmbito», a qual vem «da queda dos nossos progenitores». Pois, a partir do
Pecado Original, o homem «abusa da possibilidade de uma escolha livre, quando tenta libertar-se dos
valores tradicionais na área da sexualidade e da vida matrimonial, ao que trata
falsamente como um arcaísmo e um obstáculo à igualdade, dignidade e à
liberdade». Para a Ideologia de Género, «a diferença entre os sexos seria uma condição prévia para a violência
sexual, na família e fora dela», enquanto que, na
realidade, a causa desses problemas «não é a sexualidade, mas precisamente a sua percepção distorcida».
Escolher
o próprio sexo: eleição pessoal?
O
documento torna saliente que, durante milénios, os seres humanos definiram-se
sempre com base nos sexos biológicos, varão e mulher, e que só recentemente «pontos
de vista mundanos, contrários à fé cristã, à realidade científica objectiva, e
à lei natural, passaram a ser difundidos e influentes», fazendo
com que a identidade de género «já não seja um dom de Deus», mas uma «escolha individual da pessoa».
Isso
a leva a «não compreender o seu profundo chamado ao amor eterno», mas antes a considerar a identidade de género, «uma
diversão temporal da existência».
Segundo
esta funesta ideologia, a pessoa humana possui uma como que «liberdade
incorpórea», da qual é criadora e a partir da qual
constrói a sua identidade. Desse modo, todos podem escolher o sexo que queiram,
porque à pessoa «oferece-se a possibilidade de não limitar o próprio sexo biológico ao
conceito de homem ou mulher, ou ao papel social de homem e mulher, mas antes em
escolher o próprio género dentre uma pluralidade de possibilidades». A
pessoa já não está determinada «por ser algo», mas antes por «actuar
no papel de alguém».
Querem
impor essa ideologia totalitária
Para
a «Carta Encíclica», o pior de tudo não são estas teorias aloucadas, mas que
elas sejam «impostas de maneira agressiva à opinião pública, introduzidas gradualmente
na legislação, forçando — e aumentando — a sua visibilidade em âmbitos
distintos da vida humana, sobretudo na educação e no crescimento» das
crianças.
Deste
modo, «as Ideologias de Género começam a adquirir as características de uma
ideologia totalitária, e são similares às teorias utópicas que, no século XX,
não só prometeram criar o paraíso na Terra, mas procuraram ao mesmo tempo
introduzir, mediante a força, o seu modo de pensar, erradicando qualquer outro
ponto de vista alternativo».
A
pessoa geralmente não se dá conta de que, «ao
apoiar a Ideologia de Género, está a repudiar a ideia de que o seu género
sexual foi criado por Deus. E, por conseguinte, põe em dúvida o facto de que
Deus criou o homem varão e mulher».
Sobretudo,
com a Ideologia de Género nega-se «a existência de um Criador», e «a
verdade de que os homens foram feitos à Sua imagem»,
pondo em discussão a complementariedade dos homens e mulheres, e mesmo a
instituição do matrimónio.
Ideologia
sem base científica
O
mais absurdo é que a Ideologia de Género «não corresponde sequer a dados científicos objectivos», mas baseia-se antes em «hipóteses subjectivas e declarações pseudo-científicas, feitas pelas partes
interessadas». Isto, além de fomentar muitas formas de «identidade
sexual ou comportamentos que não correspondem de todo à natureza humana», levam
melhor «à promiscuidade e à progressiva desmoralização da sociedade».
Os
bispos tornam saliente que as Ideologias de Género também «destroem o conceito de família como comunidade formada por pai e mãe, na
qual as crianças nascem e crescem», porque esta é
apresentada só como «uma forma possível de família».
O
último parágrafo da encíclica recomenda especialmente educação e estudo, porque
a sociedade «não conhece em profundidade as questões de género». Entretanto,
é necessário não sucumbir à pressão social, e trabalhar «juntos
para defender a dignidade de cada pessoa, reafirmando as características
próprias naturais dadas por Deus, e protegendo com firmeza o desenvolvimento da
comunidade da família como fundamento da revelação divina».
Para
isso é necessário informar-se, e compreender «o
verdadeiro objectivo de algumas propostas ou apelos», porque «o ser
humano não pode trair a sua vocação e destruir a dignidade humana em favor de
duvidosos projectos políticos e sociais, mesmo que estes sejam apresentados
como um sinal de progresso e modernidade».
Esperamos
que este lúcido apelo dos bispos Greco-católicos ucranianos encontre eco em
muitos outros episcopados, em particular aqui, nesta Terra de Santa Cruz.
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