domingo, 1 de maio de 2016
Pacheco Pereira
Jorge Costa, Insurgente
O que torna o Pacheco Pereira um traste não é as ideias que tem ou não tem. Passamos a semana inteira a ouvir coisas tão ou mais estúpidas do que aquelas que ele faz questão de repetir por todo lado em que lhe derem atenção, sem acharmos que quem as profere é, por isso, indigno.
O que faz dele um traste moral é não ter a coragem de sair do PSD, e ir para Associação 25 de Abril, para o Bloco, para a Bloca, ou para onde lhe der na realíssima gana.
Toda a gente tem o direito de mudar. O problema é que para sair civilizadamente do partido de que um dia fez parte teria de reconhecer que mudou (supondo que é disso que se trata e não de ressentimentos pessoais insusceptíveis de comentário), que já não faz parte daquilo, mas que nem por isso o grupo político a que pertenceu e as pessoas com quem partilhou posições deixam de ser respeitáveis, como eram antes, tal como é respeitável quem quer que jogue limpo no jogo da democracia, que é o jogo do pluralismo.
Teria, enfim, de se resolver. Ele não. Prefere ficar à espera de ser empurrado, para se converter num caso heróico, transformando os outros, os que ficaram onde estavam, em pulhas. Obviamente que isso não acontecerá nunca, até porque Pacheco Pereira, ao fim do dia, é insignificante, o mundo não está inteiramente preenchido pelos trastes, e toda a sua relevância se reduz agora a este rosnar permanente que parece, bem vistas as coisas, ser a sua verdadeira vocação. Sem isso, e resolvendo-se civilizadamente, ficava o quê?
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