terça-feira, 3 de maio de 2016


Censuras


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán esteve em Portugal, onde no dia 15 de Abril, participou na conferência da Internacional Cristã Democrata. Que se saiba apenas o jornal «Expresso» noticiou o evento.

Entretanto quase todos os órgãos de comunicação social (OCS) verteram horas de imagens, som e resmas de escrita, sobre a multitude de jogos de futebol entretanto ocorridos.

As eleições presidenciais na Áustria deram, na 1.ª volta, o apuramento para o despique final, um candidato tido de extrema-direita, juntamente com outro de extrema-esquerda (camuflado com o rótulo de ecologista), com a «originalidade» da derrota clamorosa de todos os candidatos do «centrão».

Pois o país ficou a ignorar, praticamente tais resultados e o que se passou…

Ao mesmo tempo, porém, noticias, reportagens e comentários sobre a morte de estrelas do rock, normalmente ligadas a escândalos sexuais, droga, taras e vícios sociais vários (ou será que já não há vícios?), lograram amplo eco nas pantalhas, restante espectro electromagnético e em caracteres alfabéticos, impressos numa substância que teve a sua origem nos papiros egípcios.

Obama – o «entertainer» – veio à Europa interferir abusivamente no referendo inglês sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia; vai à Alemanha tentar condicionar a chanceler Merkel (que, por acaso, se chama «Kasner») sobre as opções a tomar por aquele país – que depois de vencido na II Guerra Mundial, até hoje não teve um tratado de paz – relativamente às suas opções na NATO, versus Rússia, ao mesmo tempo que tenta pressionar aquele grupo de políticos burocratas, não eleitos e principescamente pagos, sitos nas diferentes agências da desunião europeia, sem norte, a assinarem o Acordo de Parceria Transatlântica de Comercio e Investimento[1], que anda a ser negociado «por baixo da mesa» e que, a ir para a frente, irá soterrar de vez, a soberania dos estados europeus (e os EUA), sem que a esmagadora maioria dos OCS nacionais, tenha feito desta viagem a mais elementar cobertura jornalística.

Sem embargo, partem dois ou três carros com umas bugigangas – logo denominada de caravana – para oferecer aos refugiados/migrantes/emigrantes/etc., finalmente sustidos na Grécia (ou noutro ponto qualquer) e é um ver se te avias de notícias laudatórias.

Aqui deve fazer-se um parêntesis para dizer que as notícias devem ser apenas isso: noticias. Não têm, nem cabe aos jornalistas enquanto tal, adjectivá-las…

Por outro lado, a grande maioria das ocorrências – que são às centenas – de latrocínios, destruições, atentados à integridade física e moral de pessoas, exigências ridículas e despropositadas e os milhentos problemas e custos, causados por esta vaga de migração descontrolada – que está a fazer com que as populações dos países «assaltados» estejam a ficar prisioneiras e escravas no seu próprio território (ou o território agora, é comum a todos?) – são omissas em 95% dos «média» nacionais!

E quando alguns ditos refugiados – pois só conhecem de Portugal, alguns dos seus futebolistas – sendo inquiridos, não desejam vir para cá, é o próprio Presidente da República que se amofina com isso e quer é que eles venham…

Pergunta-se (os exemplos podiam continuar «ad nauseum»): se isto não representa a mais despudorada censura (incluindo a autocensura, que é a pior de todas) é o quê?

Se tal não se enquadra na mais inacreditável manipulação, enquadra-se em quê? Se o que pela rama se descreveu, não configura a maior falta de respeito pela liberdade de informação e de expressão, configura o quê, santo Deus?

Deus, eu disse Deus?

Será por isso que Sua Santidade o Papa levou refugiados muçulmanos (e, aparentemente, só esses) para o Vaticano?

Será que acampam na Capela Sistina ou irão construir uma mesquita (com minarete e tudo) para os albergar?

Será que a Santa Sé também irá pagar a transladação dos mártires cristãos, que andam a ser dizimados um pouco por todo o mundo maioritariamente muçulmano, só por o serem, para o local onde Pedro fundou a Igreja?

O prémio Carlos Magno 2016, entregue anualmente na cidade de Aachen, foi atribuído a Sua Santidade. Felizmente que o chefe espiritual dos católicos, apesar de o ter aceitado, não se deslocará àquela cidade alemã, sendo o prémio entregue em Roma.

Porventura não haverá ninguém em toda a Santa Madre Igreja, que possa alertar o Sumo Pontífice para o significado e envolventes, de tal distinção?

O mundo foi sempre um local perigoso. Convinha não andarmos confundidos.


[1] Conhecido pela sigla inglesa TTIP – «Transatlantic Trade and Investment Partnership»





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