domingo, 8 de maio de 2016


O que acontece quando um leigo

se veste de sacerdote?


Blog Senza Pagare, 8 de Maio de 2016


«O que acontece quando um leigo se veste de sacerdote?: Uma investigação sobre o poder do uniforme» é o título de uma reportagem fruto de uma experiência social de Tom Chiarella, que comprou uma batina e disfarçou-se de sacerdote para ver e provocar reacções nos transeuntes, enquanto passeava pelas ruas de Chicago nos Estados Unidos.

O artigo foi publicado pela revista Esquire Magazine, que não costuma apresentar conteúdo católico nas suas páginas, e que posteriormente foi também utilizado pelo site ChurchPop, o qual publicou 5 curiosas descobertas que Chiarella fez depois de estar vestido com o clássico uniforme católico: a batina.

A primeira parte do artigo descreve como foi a experiência de andar vestido de batina pelas ruas de Chicago e que conclusões tira a propósito desses momentos. Chiarella chega a afirmar: «Eu não tenho uniforme. […] Tenho uma camisola azul muito catita quando quero vestir algo que me caracterize. É a minha escolha. De facto, esta é uma liberdade muito entediante, adquirida a partir de uma mudança social numa ou outra onda populista do último século. As pessoas olham para isto como uma espécie de libertação.» E acrescenta também: «Um bom uniforme tem presença. Sem dúvida, faz com que não se passe despercebido. Todos reagem. E acima de tudo, mostra com simplicidade a sua missão.»

Para efeitos de esclarecimento, Chiarella durante a sua experiência nunca mentiu a nenhuma pessoa e quando alguém perguntava se ele era um padre ele respondia que não. Aqui estão os 5 aspectos desta experiência que mais se destacam:

1. As pessoas olhavam-no para onde fosse

«Uma hora com o uniforme e soube logo isto: Num dia radiante de Verão, numa grande cidade, um padre com batina é algo digno de observar. As pessoas estabelecem imediatamente contacto visual com o Sr. Padre, inclinando a cabeça em gesto de reverência, ainda que muito ligeiramente por vezes. Da mesma forma, ficam a assistir ao sacerdote a passar. Respeitosamente. De longe.»

«Ao caminhar acompanhados, os homens deixam de lado a sua forma habitual de estar para saudar repentinamente com um: ‘Bons dias, Senhor Padre’. O que provavelmente é um hábito apreendido nos seus tempos passados na escola secundária».

2. As pessoas queriam tocar-lhe

«Por norma, quando estás de uniforme, ninguém te quer tocar. Excepto, quando se trata de uma batina; nesse caso, as pessoas vão querer tocar no sacerdote. Na grande maioria das pessoas que encontrei, pretendiam basicamente agarrar-me a mão.»

«Ao contrário do que seria expectável, a veste sacerdotal é a que tem mais procura de acção física entre os uniformes que já vesti para o mesmo efeito social. Durante todo o dia tem que se dar abraços, ajoelhar-se para falar com os mais pequenos e até, por vezes, inclinar-se para as selfies».

3) Os sem-abrigo iam ao seu encontro para pedir ajuda

«Particularmente as pessoas mais carenciadas. Durante todo o dia deparava-me com homens e mulheres a viver nas ruas. Por vezes, chegavam até mim e seguravam a minha mão. Em duas ocasiões pediram-me a bênção, a qual eu não podia dar. Não podia da maneira que eles mais queriam. E isso criou em mim um desejo de ser capaz de realizar um serviço para o mundo, contudo, encontrei uma situação em que não podia fazer nada.»

«O uniforme vem com algo de responsabilidade, caso contrário, não passava de um mera indumentária. Comecei a ajoelhar-me, oferecendo uma nota de 10 dólares e dizendo: ‘Não sou um padre, mas percebo-te’. E não podia fazê-lo apenas uma vez sem continuar a fazer umas quantas vezes mais. Chicago é uma enorme cidade, com uma quantidade imensa de almas encurraladas. Fico ainda mais entristecido do que poderia alguma vez ter imaginado depois de ver tudo isto.»

4) Veio a ser parte da rota turística da cidade

Esgotado, o autor desta experiência ainda vestido como presbítero, dirigiu-se a uma carrinha de comida ambulante, comprou a sua refeição e cumprimentou um autocarro turístico, que devolveu essa saudação ao som das buzinas.

5) É difícil ser sacerdote

Dada a maneira como muita gente recorria à sua presença em busca de alguma esperança ou de auxílio, o autor conclui depois de todas as experiências que fez com diversos tipos de uniformes: «Estranhamente, a veste sacerdotal foi a mais exigente. [...] É fácil vestir uma batina, porém, não é fácil andar com ela, de forma alguma.»

in ACI Prensa

(Tradução: Manuel Portugal e Mello)




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