Brad Miner
Fala também de sodomia, um comportamento claramente
antinatural e que, como Reilly comprova meticulosamente, sempre foi visto como
tal. Veja-se Sócrates, Platão e Aristóteles – todos gregos, claro, cuja cultura
é frequentemente (e erradamente) descrita como homofílica – todos eles
criticaram a sodomia como desordenada.
A prova do homossexualismo emergente na América tem
estado diante dos nossos olhos há décadas, mas a maioria, tendo visto os
sinais, simplesmente partiu do princípio que o objectivo final não seria muito
mais do que a tolerância. Quem diria, há vinte anos sequer, que o movimento
pelos direitos homossexuais procurava uma autêntica transformação cultural?
Aliás, há apenas dois anos podia-se dizer – com o
que hoje parece um optimismo absurdo – que afinal de contas, sempre que os
cidadãos tinham sido chamados a decidir sobre a questão do «casamento» entre
pessoas do mesmo sexo, a iniciativa tinha sido chumbada. Mas depois vieram os
tribunais, na sua sabedoria, para corrigir a vontade torta do povo. Como é que
chegámos a isto?
A filosofia política ocidental dividiu-se em dois
ramos distintos no século XVIII: Um radica em Edmund Burke e William Blackstone
e atravessa a fundação dos Estados Unidos, desembocando no conservadorismo
moderno; outro, com origem em Jean-Jacques Rousseau e a Revolução Francesa,
levou ao liberalismo contemporâneo. Este segundo ramo, o liberal, continua sob
a influência da visão antiteleológica de Rousseau e foi reforçada pelo
existencialismo, multiculturalismo e outros entusiasmos de esquerda. O primeiro
ramo, o conservador, que manteve a teleologia, tem passado grande parte dos
últimos dois séculos a tentar encontrar uma forma, que não o totalitarismo, de
subjugar as paixões pagãs soltas pelo segundo.
Porque se o Homem é a última fonte do sentido, se a
humanidade não discerne os fins morais inerentes à Natureza, fixados pelo Deus
da Natureza, então, como escreve Reilly, encontramo-nos diante de um paradoxo,
sobretudo para os que defendem os «direitos homossexuais», isto porque...
… os proponentes da homossexualidade estão a
defender uma causa que apenas pode vingar se obliterar a própria compreensão de
Natureza da qual depende a nossa existência enquanto povo livre... A sua
reivindicação de direitos subverte os direitos que reivindicam. Porquê? «Se
a Natureza for negada, então a justiça reduzir-se-á necessariamente a aquilo
que é desejado o que, por sua vez, se transforma na lei do mais forte».
Dizer que as uniões homossexuais são normais, após milhares de anos a acreditar no contrário, implica «pôr de lado Sócrates, Platão, Aristóteles, o Antigo Testamento e o Novo, Agostinho e Aquino». Reilly cita exemplos de mudança de normas culturais e de decisões judiciais recentes, através dos quais este pôr de lado já começou.
Claro que não é só a sodomia que tem sido libertada
por este determinismo anti-teleológico, mas a contracepção e o aborto também,
bem como o divórcio, sexo pré-matrimonial e em breve, quiçá, a pedofilia e o
bestialismo.
Escrevendo sobre Lawrence v. Texas, a decisão do
Supremo Tribunal de 2003 que considerou inconstitucional uma lei que bania o
sexo «gay», Reilly pergunta: «Porque é que levou mais de dois séculos
para que o tribunal descobrisse um direito à sodomia?» Responde que
foi porque o Tribunal considerou que os fundadores simplesmente não tinham
compreendido a liberdade e «as suas múltiplas possibilidades».
Pelos vistos o próprio tribunal também não o tinha
compreendido no caso de Bowers v. Hardwick, 17 anos antes, quando declarou que
não existia qualquer direito constitucional à sodomia.
Os juízes e os seus apoiantes nos media decidiram
que a tradição é, frequentemente, um sinónimo de opressão. Quanto aos que se
mantêm agarrados «aos nossos deuses e às nossas armas», as elites vêem-nos como
perdidos naquilo a que Engels chamou «falsa consciência».
O Governo tem sido movido a agir não tanto por
compaixão, mas mais por pressão dos media e dos lobbies. O mesmo tem acontecido
através da cultura.
Foram essas pressões que levaram a uma campanha
bem-sucedida, em 1973, para retirar a homossexualidade do Manual de Diagnóstico
e Estatística, a bíblia de desordens mentais da Associação Psiquiátrica
Americana, onde constava desde 1952.
A indústria do entretenimento tem feito todos os
esforços para povoar os filmes, comédias e séries de personagens homossexuais,
com o objectivo de nos dessensibilizar para o «amor que não ousa
manifestar-se», agora conhecido como o «amor que não nos dá um minuto de
descanso».
Making Gay Okay inclui
capítulos curtos sobre o impacto e as consequências de parentalidade
homossexual, «estudos» homossexuais e a influência do homossexualismo nas
Forças Armadas, política externa e o movimento dos escuteiros.
Nos anos 80 estava num jantar em que um activista
homossexual disse a umas feministas que os homens gay apoiavam absolutamente o
aborto. Questionei-me na altura sobre a coincidência de interesses. Era
demasiado bronco, ou ingénuo, para compreender a forma como partilham esta
inversão da realidade.
Talvez porque, em mais novo, abracei brevemente
(mas com vigor) a moda da «liberdade sexual», quem sabe, a primeira das
inversões da verdade. Há muitos na minha geração que sentem relutância em
criticar as escolhas sexuais dos outros, tendo tomado decisões tão erradas
quando eram mais novos.
Chegou a hora de crescer.
Making Gay Okay é
uma lição em filosofia, psicologia, história, direito, política e ciência. Para
dizer a verdade, até vai aprender coisas que preferia não saber, como o
significado de bug chasing, por exemplo. Mas para isso vai ter
de comprar o livro.
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