quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Crises de ontem e de hoje


Declarações  de Mário Soares há 30 anos

Na sequência do descalabro financeiro provocado pelos governos despesistas e eleitoralistas de Sá Carneiro e Balsemão, o Governo do bloco central PS-PSD, em Agosto de 1983, viu-se obrigado a assinar um memorando de entendimento com o Fundo Monetário Internacional. Os impostos subiram, os preços dispararam, a moeda desvalorizou, o crédito acabou, o desemprego e os salários em atraso tornaram-se numa chaga social e havia bolsas de fome por todo o País.

Era a única maneira de recompor as finanças de Portugal. O Primeiro-Ministro era Mário Soares.

Vejamos as suas correctas declarações de então, comparando-as com as que profere hoje, na situação de idêntica crise financeira, desta vez provocada não apenas pelos governos PSD (Cavaco e seguintes) mas também pelos governos do PS (Guterres e Sócrates).


—  «Os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto».
DN, 27 de Maio de 1984

— «Não se fazem omeletas sem ovos. Evidentemente teremos de partir alguns».
DN, 01 de Maio de 1984

— «Quem vê, do estrangeiro, este esforço e a coragem com que estamos a aplicar as medidas impopulares aprecia e louva o esforço feito por este governo».
JN, 28 de Abril de 1984

— «Quando nos reunimos com os macro economistas, todos reconhecem com gradações subtis ou simples nuances que a política que está a ser seguida é a necessária para Portugal».
JN, 28 de Abril de 1984

— «Fomos obrigados a fazer, sem contemplações, o diagnóstico dos nossos males colectivos e a indicar a terapêutica possível».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «A terapêutica de choque não é diferente, aliás, da que estão a aplicar outros países da Europa bem mais ricos do que nós».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «Portugal habituara-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «O importante é saber se invertemos ou não a corrida para o abismo em que nos instalámos irresponsavelmente».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «[O desemprego e os salário em atraso], isso é uma questão das empresas e não do Estado. Isso é uma questão que faz parte do livre jogo das empresas e dos trabalhadores (…). O Estado só deve garantir o subsídio de desemprego».
JN, 28 de Abril de 1984

— «O que sucede é que uma empresa quando entra em falência… deve pura e simplesmente falir. (…) Só uma concepção estatal e colectivista da sociedade é que atribui ao Estado essa responsabilidade».
JN, 28 de Abril de 1984

— «Anunciámos medidas de rigor e dissemos em que consistia a política de austeridade, dura mas necessária, para readquirirmos o controlo da situação financeira, reduzirmos os défices e nos pormos ao abrigo de humilhantes dependências exteriores, sem que o pais
caminharia, necessariamente para a bancarrota e o desastre».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «Pedi que com imaginação e capacidade criadora o Ministério das Finanças criasse um novo tipo de receitas, daí surgiram estes novos impostos».
1.ª Página, 6 de Dezembro de 1983

— «Posso garantir que não irá faltar aos portugueses nem trabalho nem salários».
DN, 19 de Fevereiro de 1984

— «A CGTP concentra-se em reivindicações políticas com menosprezo dos interesses dos trabalhadores que pretende representar».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «A imprensa portuguesa ainda não se habituou suficientemente à democracia e é completamente irresponsável. Ela dá uma imagem completamente falsa».
Der Spiegel, 21 de Abril de 1984

— «Basta circular pelo País e atentar nas inscrições nas paredes. Uma verdadeira agressão quotidiana que é intolerável que não seja punida na lei. Sê-lo-á».
RTP, 31 de Maio de 1984

— «A Associação 25 de Abril é qualquer coisa que não devia ser permitida a militares em serviço».
La Republica, 28 de Abril de 1984

— «As finanças públicas são como uma manta que, puxada para a cabeça deixa os pés de fora e, puxada para os pés deixa a cabeça descoberta».
Correio da Manhã, 29 de Outubro de 1984

— «Não foi, de facto, com alegria no coração que aceitei ser primeiro-ministro. Não é agradável para a imagem de um politico sê-lo nas condições actuais».
JN, 28 de Abril de 1984

— «Temos pronta a Lei das Rendas, já depois de submetida a discussão pública, devidamente corrigida».
RTP, 1 de Junho de 1984

— «Dentro de seis meses o país vai considerar-me um herói».
6 de Junho de 1984





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