sábado, 2 de julho de 2016


A ideologia do género é demoníaca?


Pe. Paul Scalia

Quando o cardeal Sarah esteve em Washington para um evento, há pouco tempo, referiu-se três vezes à ideologia do género como «demoníaca». Mais recentemente o arcebispo Coakley, da Cidade de Oklahoma, utilizou o mesmo termo em idêntico contexto e o mesmo fez o bispo Paprocki, de Springfield, em relação ao casamento homossexual. É uma palavra forte, certamente. Mas a maioria das pessoas não percebem bem o alcance. Alguns consideram que se trata meramente de hipérbole para descrever algo que não é apenas mau, mas muito, muito mau. Outros consideram que se trata de um juízo apressado dos adversários, diabolizando-os. E depois há aqueles que consideram que se trata de um exagero de fanáticos religiosos, que já não regulam bem de qualquer maneira.

Mas «demoníaco» é na verdade um juízo sóbrio e esclarecedor do pensamento por detrás da ideologia do género. Não é um juízo de intenções. Não significa que as pessoas que defendem a ideologia do género são demoníacas, ou estão possessas. Significa, antes, que o raciocínio e os resultados daquela filosofia – independentemente da inocência com que é defendida – estão em linha com os desejos, as tácticas e os ressentimentos do próprio Belzebu.

A ideologia do género repete uma mentira básica do demónio: «Sereis como Deuses» (Gen. 3, 5). Esta mentira está na verdade por detrás de todas as tentações. Todo o pecado deriva do desejo orgulhoso de suplantar Deus. Mas no campo da sexualidade humana tem uma gravidade maior.

Deus cria; o homem é criado. Deus dá existência; o homem recebe a existência. A ideologia do género propõe uma versão alternativa: Nós somos os nossos próprios criadores. Num dos seus últimos discursos, e talvez um dos mais importantes, o Papa Bento XVI disse:

Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn. 1, 27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza; agora, é só espírito e vontade. A manipulação da natureza, que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a respeito de si mesmo… Se, porém, não há a dualidade de homem e mulher como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade pré-estabelecida pela criação… Chega-se necessariamente a negar o próprio Criador; e, consequentemente, o próprio homem como criatura de Deus, como imagem de Deus, é degradado na essência do seu ser...

E se concluirmos que os nossos corpos não estão em linha com o que determinámos ser, então alteramo-los de acordo. É contra isto que o Papa Francisco aconselha: «Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos omnipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo somos chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de tudo, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada.» (AL, 56)

Existe também um ódio demoníaco pelo corpo. No livro «Vorazmente Teu», C.S. Lewis refere-se ao ressentimento do demónio pelo facto de Deus ter favorecido os «bípedes calvos… [animais] gerados numa cama». Porquê este ódio? Talvez porque o corpo e a alma humana são um só. A alma, tendo tanto em comum com a natureza angélica, está unida ao corpo, que tem tanto em comum com a natureza animal. O diabo considera isto pessoalmente ofensivo. Ele procura (tal como todos podemos verificar) desfazer esta união – dividir-nos da nossa carne, virar a alma e o corpo um contra o outro. Com grande perícia, leva-nos a adorar o corpo num instante e odiá-lo no minuto seguinte. A morte – a separação entre o corpo e a alma – foi, claro, a sua maior vitória.

Existe ainda o facto de a Palavra se ter tornado carne. O grande acto de generosidade de Deus para connosco apenas agrava a inveja do demónio. O Filho de Deus assumiu a natureza humana, incluindo o corpo humano. Ele salvou-nos não apenas nesse Corpo, mas através dele. Porque é que esta dignidade havia de nos ser dada a nós, tão inferiores aos serafins, e não a ele, o mais elevado dos anjos?

Adão e Eva depois de terem pecado
O homem caído nunca está em paz com o seu corpo. O cristianismo procura sarar essa divisão. Mas a ideologia do género procura codificá-la, com base no princípio de que não existe uma verdadeira relação entre o corpo e a alma. A divisão entre os dois é de tal forma absoluta que se pode ser uma coisa fisicamente e outra espiritualmente.

O ódio demoníaco contra a procriação está ligada de perto com isto. O demónio não pode procriar, mas o homem pode. O homem e a mulher cooperam com Deus, gerando uma nova pessoa. O demónio tem inveja disto porque Deus é generoso. Como é evidente, a ideologia do género rejeita a complementaridade entre masculino e feminino e aquilo que a sua união alcança.

O Senhor pega em verdades naturais – corpo, casamento e família – e usa-as como modelo e meio para a sua obra salvífica. Ele é a Palavra feita carne, o Esposo, filho de José e de Maria, que nos torna membros da família de Deus. Apercebemo-nos do significado da oferta que Jesus faz do seu corpo na Cruz e na Eucaristia, precisamente porque sabemos que o corpo tem significado. A união permanente, fiel e de vida oferecida entre marido e mulher permite-nos compreender o que significa dizer-se que Cristo é o esposo e a Igreja a sua esposa.

A perda destas verdades naturais inibe, por isso, a nossa capacidade de compreender o sobrenatural e compreender a salvação. Se o corpo humano não tem significado intrínseco – se não nos diz nada sobre nós e se pode ser ajustado ao nosso gosto – então como podemos apreciar as palavras «este é o meu Corpo»?

Se não temos qualquer experiência vivida da complementaridade entre homem e mulher, entre esposo e esposa, então não podemos compreender o facto de Cristo, o Esposo, ter dado a vida pela sua Esposa. E também não conseguimos compreender o significado de Deus enquanto Pai, Deus enquanto Filho, Igreja enquanto Mãe, etc. O Demónio tem todo o interesse em despojar-nos destes sinais naturais do sobrenatural.

Como é evidente, estas tendências não surgiram do nada. São as suas tácticas habituais. Vimo-las em acção durante a revolução sexual, na contracepção, aborto e fertilização in vitro. A ideologia do género assenta sobre estas fundações e promove-as como nunca.

O reconhecimento da dimensão demoníaca pode ser útil. Mas deve também levar-nos a um exame de consciência – para ver até que ponto caímos nas suas armadilhas, através dos nossos pequenos actos de auto-exaltação orgulhosa (que na verdade é uma forma de autocriação), pelo nosso desprezo e maus tratos do corpo (nosso e dos outros), pela falta de castidade (que ridiculariza o poder da procriação), pela forma como dificultamos a aproximação dos outros a Deus.

Alguns de nós podemos reconhecer a dimensão demoníaca da ideologia do género. Mas todos devemos arrepender-nos por termos cedido a ela.






O Brexit e o ocaso do Ocidente.


Roberto de Mattei

O referendo inglês de 23 de Junho (Brexit) chancela o colapso definitivo de um mito: o sonho de uma «Europa sem fronteiras», construída sobre a ruína dos Estados nacionais.

O projecto europeísta, lançado com o Tratado de Maastricht de 1992, continha as sementes da sua autodissolução. Era inteiramente ilusório pretender realizar uma união económica e monetária antes de uma união política. Ou, pior ainda, imaginar servir-se da integração monetária para impor a unificação política. Porém, tanto e ainda mais ilusório era o projecto de chegar a uma unidade política extirpando as raízes espirituais que unem os homens em torno de um destino comum.

Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, aprovada pelo Conselho Europeu em Nice, em Dezembro de 2000, não só elimina todas as referências às raízes religiosas da Europa como constitui uma negação visceral da ordem natural cristã. O seu artigo 21.º, introduzindo a proibição de discriminação relativa à «orientação sexual», contém, em germe, a legalização do pseudo-casamento sexual e a criminalização da «homofobia».

O projecto de «Constituição», elaborado entre 2002 e 2003 pela Convenção sobre o futuro da Europa, foi rejeitado por dois referendos populares, um na França, em 29 de Maio de 2005, e o outro nos Países Baixos, três dias depois. Mas os eurocratas não desistiram. Após dois anos de «reflexão», em 13 de Dezembro de 2007, foi aprovado pelos Chefes de Estado e de Governo da União Europeia o Tratado de Lisboa, que deveria ser ratificado exclusivamente por via parlamentar. A Irlanda, o único país obrigado a expressar-se por meio de referendo, rejeitou o Tratado em 13 de Junho de 2008. Mas como era necessária a unanimidade dos Estados signatários, foi imposto aos irlandeses um novo referendo, que graças à fortíssima pressão económica e mediática, deu finalmente resultado positivo.

Na sua curta vida, a União Europeia, incapaz de definir uma política externa e de segurança comum, transformou-se numa tribuna ideológica, produzindo resoluções e directrizes para compelir os governos nacionais a livrarem-se dos valores familiares e tradicionais. Dentro da UE, a Grã-Bretanha, em vez de pisar no freio para retardar o plano franco-alemão de um «superestado europeu», pisou pelo contrário no acelerador, a fim de difundir em escala europeia as suas «conquistas civis», do aborto à eutanásia, das adopções homossexuais às manipulações genéticas. Essa deriva moral foi acompanhada na Inglaterra por uma embriaguez multicultural, culminando com a eleição, em Maio de 2016, do primeiro prefeito muçulmano de Londres, Sadiq Khan.

Mas já em 2009, o então prefeito conservador, Boris Johnson, convidou todos os londrinos a participar, pelo menos por um dia, do jejum do Ramadão e entrar numa mesquita ao pôr-do-sol. Mais recentemente, o primeiro-ministro David Cameron, polemizando com o candidato à presidência americana Donald Trump, definiu-se como «orgulhoso por representar um dos países multirraciais, multirreligiosos e multiétnicos mais bem-sucedidos do mundo» («HuffPost Politics», 15 de Maio, 2016).

Brexit representa certamente um sobressalto de ufania de um povo com uma longa história e uma antiga tradição. Mas a identidade e a liberdade de um povo fundam-se no respeito à lei divina e natural, e nenhum gesto político pode restaurar a liberdade de um país que a perde por causa da sua decadência moral.

O «não» à União Europeia foi um protesto contra a arrogância de uma oligarquia que pretende decidir, sem o povo e contra o povo, quais são os interesses do povo. Mas os poderes fortes que impõem as regras burocráticas de Bruxelas são os mesmos que desfazem as regras morais do Ocidente. Quem aceita a ditadura LGBT, perde o direito de reivindicar o próprio Independence Day, porquanto já renunciou à sua identidade. Quem renuncia a defender as fronteiras morais de uma nação, perde o direito de defender as suas fronteiras, porque já aceitou o conceito «líquido» da sociedade global. Sob este aspecto, o itinerário de autodissolução da Grã-Bretanha segue uma dinâmica que o Brexit não pode parar, e da qual pode vir de facto a constituir mais uma etapa.

A Escócia já ameaça com um novo referendo para deixar o Reino Unido, seguida da Irlanda do Norte. Além disso, quando a rainha, que tem 90 anos, deixar o trono, não é de se excluir que alguns países da Commonwealth declarem a independência. Alguém disse que a rainha Elizabeth foi coroada imperatriz do British Empire e talvez morra à frente de uma Little England. Mas este itinerário de desunião política tem como resultado final a republicanização da Inglaterra.

O ano de 2017 marca o terceiro centenário da fundação da Grande Loja de Londres, a mãe da Maçonaria moderna. Mas a Maçonaria, que nos séculos XVIII e XIX se serviu da Inglaterra protestante e deísta para difundir no mundo o seu programa revolucionário, parece hoje determinada a afundar a monarquia britânica, na qual vê um dos últimos símbolos ainda sobreviventes da ordem medieval.

Após o Brexit, cenários de desintegração podem também abrir-se no resto da Europa. Na Grécia, pela explosão da crise económica e social; na França, onde as periferias urbanas estão ameaçadas por uma guerra civil jihadista; na Itália, pelas consequências de uma irrefreável invasão migratória; na Europa Oriental, onde Putin está pronto para aproveitar a fraqueza das instituições europeias para assumir o controle do território oriental da Ucrânia e exercer a sua pressão militar sobre os Estados Bálticos.

O general britânico Alexander Richard Shirreff, ex-vice-comandante da OTAN de 2011 a 2014, previu, na forma de romance (2017 War with Russia. An Urgent Warning From Senior Military Command – «Guerra em 2017 com a Rússia. Um aviso urgente do Alto Comando Militar» –  Coronet, Londres 2016), a explosão de uma guerra nuclear entre a Rússia e o Ocidente, em Maio de 2017, uma data que para os católicos lembra algo. Como podemos esquecer-nos, no primeiro centenário de Fátima, das palavras de Nossa Senhora, segundo as quais muitas nações serão aniquiladas e a Rússia será o instrumento do qual Deus se servirá para punir a humanidade impenitente?

Diante dessas perspectivas, os próprios partidos conservadores europeus estão divididos. Se Marine Le Pen na França, Geert Wilders na Holanda e Matteo Salvini na Itália, exigem a saída dos seus países da União Europeia e confiam em Putin, bem diversas são as posições do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban e do líder polonês Jaroslaw Kaczynski, que vêem na UE e na NATO uma barreira contra o expansionismo russo.

Em 1917 foi publicado Der Untergang des Abendlandes («O declínio do Ocidente»), de Oswald Spengler (1880-1936). Cem anos mais tarde, a profecia do escritor alemão parece começar a cumprir-se. ««Ocidente», mais do que um espaço geográfico, é o nome de uma civilização. Esta civilização é a Civilização Cristã, herdeira da cultura clássica greco-romana que a partir da Europa se difundiu para as Américas e para as ramificações longínquas da Ásia e África. Teve o seu baptismo na noite do sonho de São Paulo, quando Deus deu ao Apóstolo a ordem de virar as costas para a Ásia a fim de «ir para a Macedónia» anunciar a Boa Nova (Actos 16, 6-10). Roma foi o local do martírio de São Pedro e São Paulo e o centro da civilização que nascia.

Spengler, convencido do inexorável declínio do Ocidente, lembra uma frase de Séneca: Ducunt volentem fata, nolentem trahunt («O destino guia os que lhe obedecem e arrasta consigo os que se lhe opõem»). Mas à visão relativista e determinista de Spengler nós opomos aquela de Santo Agostinho que, enquanto os bárbaros sitiavam Hippona, anunciava a vitória da Cidade de Deus na história, sempre guiada pela Divina Providência. O homem é artífice do seu próprio destino e, com a ajuda de Deus, o ocaso de uma civilização pode transformar-se na aurora de uma ressurreição. As nações são mortais, mas Deus não morre, e a Igreja não tem ocaso.




terça-feira, 28 de junho de 2016


Os 47 juízes de Estrasburgo

por unanimidade:


«Não existe casamento gay»


Los 47 jueces, de los 47 países del Consejo de Europa, que integran el pleno del Tribunal de Estrasburgo, el tribunal de derechos humanos más importante del mundo ha dictado una sentencia sorprendente el pasado jueves 09 de junio.

Por unanimidad, todos los 47 jueces, han aprobado la sentencia que establece que no existe el derecho al matrimonio homosexual.

Sustentan su decisión en el artículo No. 12 del Convenio Europeo de Derechos Humanos. Dicho artículo equivale a los artículos de los tratados sobre derechos humanos firmados por México: No. 17 del Pacto de San José y al No. 23 del Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos.

Ahí se establece que «…el hombre y la mujer tienen derecho a casarse y a fundar una familia…».

Si los legisladores hubiera querido decir que el matrimonio es también para hombres gays o mujeres lesbianas habría escrito: las personas tienen derecho a casarse y a fundar una familia.

Pero no es así. Específicamente quisieron preservar la institución natural del matrimonio.

También han dicho que el Convenio Europeo de Derechos Humanos consagra «el concepto tradicional del matrimonio, a saber, la unión de un hombre y de una mujer» y que no impone a los gobiernos la «obligación de abrir el matrimonio a las personas de mismo sexo».

En cuanto al principio de no discriminación, el Tribunal de Estrasburgo también afirma que no hay tal discriminación y dice que «…los Estados son libres de reservar el matrimonio únicamente a parejas heterosexuales…»

La opinión unánime de 47 jueces de 47 diferentes países del Consejo de Europa dejan claro que hay un grave error por parte del Presidente Enrique Peña Nieto y de la Suprema Corte de Justicia de la Nación (SCJN), en su interpretación de lo que es el matrimonio y en el significado de lo que es discriminar.

Con su interpretación, el Presidente y la SCJN violentan la realidad y corrompen el lenguaje.








Conferência comemorativa


Olivença e o Tratado de Viena de 1815

Convite

A direcção do Grupo dos Amigos de Olivença tem a honra de o convidar a estar presente na Conferência Comemorativa Tratado de Viena de 1815, que organizará no próximo dia 5 de JULHO pelas 17h30 no auditório do novo edifício da Assembleia da República.

O evento assinalará os 200 anos do Tratado de Viena e contará com as intervenções da senhora professora Ana Leal de Faria e do senhor professor Braga da Cruz. Simultaneamente estará visitável uma exposição documental e bibliográfica com a mesma temática.

A direcção do Grupo dos Amigos de Olivença solicita-lhe o privilégio de nos conceder a sua presença, agradecendo antecipadamente confirmação até às 18h00 do próximo dia 3 de Julho.


A direcção do Grupo dos Amigos de Olivença

Grupo dos Amigos de Olivença
Rua Portas de S. Antão, 58 (Casa do Alentejo)
1150-268 LISBOA

Tlm. 914 172 525

www.olivenca.org – olivenca@olivenca.org





sexta-feira, 24 de junho de 2016


Ainda há bispos como deve ser...


«Podem encarcerar-nos, aplicar-nos sanções,

mas não nos calarão!»



O bispado de Alcalá de Henares denuncia o ataque à liberdade religiosa em Espanha: «sistemático, organizado, planificado e financiado».

El obispado de Alcalá de Henares, dirigido por Juan Antonio Reig Pla, ha hecho un llamamiento a la unión «en defensa de nuestros hijos» ante el acoso de los que pretenden imponer la ideología de género y el pensamiento único en los ámbitos social, político y educativo.

En los últimos meses, se han aprobado en distintas comunidades autónomas leyes que imponen la ideología de género y que han sido aprobadas en la mayoría de los casos con el beneplácito de todos los grupos políticos sin excepción.

Ante esta situación y ante los ataques a la libertad religiosa acontecidos en las últimas semanas en Valencia, el obispado de Alcalá de Henares ha emitido un comunicado en el que denuncia que el «ataque a la libertad religiosa es en España sistemático, organizado, planificado y financiado».

El obispado denuncia «la agresión promovida, jaleada, organizada contra los católicos» que tuvo una de sus manifestaciones más violentas en la profanación de la imagen de la Virgen difundida para convocar al «orgullo gay» en Valencia y en las denuncias, críticas y ataques que ha recibido el arzobispo de Valencia, Antonio Cañizares, en las últimas semanas.

«No nos callarán, no tenemos miedo».

«Pueden encarcelarnos, ponernos sanciones administrativas, reducirnos a guetos, pero no nos callarán ni dejaremos que nos roben el corazón de nuestros hijos», es el mensaje del obispado que termina afirmando: «¡No tenemos miedo!»

El obispo de Alcalá de Henares, al igual que Cañizares, ha sido víctima del acoso del lobby gay y la izquierda radical a causa de su carta sobre la ley de transexualidad aprobada en la Asamblea de Madrid. Reig Pla, junto al obispo de Getafe, condenaba en esta carta la ley de transexualidad madrileña al considerarla «injusta» y fruto de un «pensamiento totalitario» que trata de imponer la ideología de género en los ámbitos sanitario y educativo.

En el comunicado emitido tras la avalancha de críticas vertidas contra Cañizares y la aprobación de diversas leyes de transexualidad, el obispado de Alcalá recuerda que la familia es una «sociedad natural» que existe «antes que el Estado» y posee unos derechos propios inalienables que han sido ignorados o minados «no raras veces» por leyes e instituciones.

El obispado pide, asimismo, defender a la familia fundada sobre el matrimonio entre un hombre y una mujer y respetar el derecho a la libertad religiosa y a profesar públicamente la propia fe.


EN DEFENSA DE NUESTROS HIJOS

«El sensato actúa con reflexión,
el necio exhibe su ignorancia»
(Proverbios 13, 16)

Nota de la Delegación Diocesana de Pastoral Familiar (Alcalá de Henares) ante los ataques a la libertad religiosa ocurridos en Valencia y la promoción de leyes contra la familia.

De nuevo, ante la agresión promovida, jaleada, organizada contra los católicos, Nosotros, como esposos y padres, conscientes de que el bien de la persona, de la sociedad y de la Iglesia misma pasa por la familia, estamos obligados a proclamar a todos el plan de Dios intrínseco a la naturaleza humana sobre el matrimonio y la familia; promover estas dos instituciones y defenderlas de todo ataque dirigido contra ellas.

Recordamos a todas las familias españolas y personas de buena voluntad, la Carta de los derechos de la familia publicada el 22 de octubre de 1983 que establece:

1. La familia está fundada sobre el matrimonio, esa unión íntima de vida, complemento entre un hombre y una mujer, que está constituida por el vínculo indisoluble del matrimonio, libremente contraído, públicamente afirmado, y que está abierta a la transmisión de la vida;

2. Que el matrimonio es la institución natural a la que está exclusivamente confiada la misión de transmitir la vida;

3. Que la familia, sociedad natural, existe antes que el Estado o cualquier otra comunidad, y posee unos derechos propios que son inalienables;

4. Que la familia (fundada en la unión fiel, exclusiva, para siempre, fecunda de un varón y una mujer) constituye, más que una unidad jurídica, social y económica, una comunidad de amor y de solidaridad, insustituible para la enseñanza y transmisión de los valores culturales, éticos, sociales, espirituales y religiosos, esenciales para el desarrollo y bienestar de sus propios miembros y de la sociedad;

5. Que la familia es el lugar donde se encuentran diferentes generaciones y donde se ayudan mutuamente a crecer en sabiduría humana y a armonizar los derechos individuales con las demás exigencias de la vida social;

6. Que la familia y la sociedad, vinculadas mutuamente por lazos vitales y orgánicos, tienen una función complementaria en la defensa y promoción del bien de la humanidad y de cada persona;

7. Que la experiencia de diferentes culturas a través de la historia ha mostrado la necesidad que tiene la sociedad de reconocer y defender la institución de la familia;

8. Que la sociedad, y de modo particular el Estado y las Organizaciones Internacionales, deben proteger la familia con medidas de carácter político, económico, social y jurídico, que contribuyan a consolidar la unidad y la estabilidad de la familia para que pueda cumplir su función específica;

9. Que los derechos, las necesidades fundamentales, el bienestar y los valores de la familia, por más que se han ido salvaguardando progresivamente en muchos casos, con frecuencia son ignorados y no raras veces minados por leyes, instituciones y programas socio-económicos.

10. Que muchas familias se ven obligadas a vivir en situaciones de pobreza que les impiden cumplir su propia misión con dignidad.

La situación de ataque la libertad religiosa es, en España sistemática, organizada, planificada y financiada. Por ello, recordamos que el Artículo 7 de la citada carta establece: Cada familia tiene el derecho de vivir libremente su propia vida religiosa en el hogar, bajo la dirección de los padres, así como el derecho de profesar públicamente su fe y propagarla, participar en los actos de culto en público y en los programas de instrucción religiosa libremente elegidos, sin sufrir alguna discriminación.

Por tanto, Hacemos de nuevo un llamamiento para que nos unamos en defensa de nuestros hijos porque la familia tiene el derecho de ejercer su función social y política en la construcción de la sociedad.

Recordamos que:

a) Las familias tienen el derecho de formar asociaciones con otras familias e instituciones, con el fin de cumplir la tarea familiar de manera apropiada y eficaz, así como defender los derechos, fomentar el bien y representar los intereses de la familia.

b) En el orden económico, social, jurídico y cultural, las familias y las asociaciones familiares deben ver reconocido su propio papel en la planificación y el desarrollo de programas que afectan a la vida familiar. (Artículo 8)

c) La «fuente y síntesis de estos derechos es, en cierto sentido, la libertad religiosa, entendida como derecho a vivir en la verdad de la propia fe y en conformidad con la dignidad trascendente de la propia persona» (San Juan Pablo II,Centesimus annus, n. 47).

Asimismo, el «derecho a la libertad religiosa» es el derecho de «Todos los hombres deben estar inmunes de coacción, tanto por parte de personas particulares como de grupos sociales y de cualquier potestad humana, y ello de tal manera, que en materia religiosa ni se obligue a nadie a obrar contra su conciencia ni se le impida que actúe».

¡No tenemos miedo! Sabemos de Quien nos hemos fiado. Pueden encarcelarnos, ponernos sanciones administrativas, reducirnos a guetos, pero no nos callarán ni dejaremos que nos roben el corazón de nuestros hijos.

Nos unimos a las familias de la Archidiócesis de Valencia y sus pastores en la oración y en el corazón de la Santísima Trinidad.

Pastoral Familia y Vida de Alcalá de Henares





quinta-feira, 23 de junho de 2016


Os islamófilos


Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 19 de Junho de 2016

Na sua página do Twitter, a dona Catarina Martins recomendou um artigo do Público intitulado «Não sou Orlando, sou LGBT». O artigo, assinado por um «estudante» e «activista» (leia-se um rapaz do BE), fala em «ataque homo-bi-transfóbico» (caramba!) e termina a convocar as massas para uma marcha em Lisboa. Ao citá-lo, a dona Catarina Martins repete o cliché de outros grandes vultos da humanidade, incluindo a excelência que ocupa o cargo de primeiro-ministro: a matança naquela cidade da Florida reduz-se a um acto de homofobia, que segundo o dr. Costa «feriu de morte a Liberdade sic».


Apesar de a escrever com maiúscula, o dr. Costa tipicamente desconhece o significado da palavra. Liberdade é justamente permitir a existência de opiniões ou sentimentos distintos dos nossos, por patetas ou grotescos que os consideremos. A homofobia, enquanto pavor da homossexualidade ou ódio a homossexuais, é uma opinião ou um sentimento, matérias que só um espírito muito pouco livre pode achar criminosas. Numa sociedade decente, um indivíduo deve gozar do pleno direito de abominar gays, ciganos, brancos, banqueiros, esquimós, loiras, drogados, anões, políticos ou benfiquistas. Não pode é pôr as suas «convicções» (digamos) em prática a ponto de prejudicar alguém. Isso é que constitui um crime. O resto é, se assim o entendermos, mera estupidez.

E estúpido também é acreditar nas aflições de tantas almas perante os «ataques homo-bi-transfóbicos». Sobretudo quando essas almas defendem em simultâneo o exacto tipo de cultura que, em vez de ridicularizar a homofobia, incentiva-a. E que, em vez de punir as atrocidades cometidas a pretexto, legitima-as. Toda a versão «mediática» da discoteca Pulse ignora o elefante no meio da sala – e que partiu a louça por culpa de Newton e da gravidade.

A fim de evitar a demência terminal, convém reparar no elefante: Omar Mateen, o assassino, era muçulmano e afirmou agir em nome do islão. Os países subjugados ao islão condenam e perseguem legalmente os homossexuais. Os Estados Unidos, por exemplo, condenam e perseguem legalmente as criaturas que agridem homossexuais. Não me lembro de nenhuma ocasião em que, no «confronto de civilizações» ou no que lhe quiserem chamar, a maioria dos nossos alegados inimigos da discriminação estivesse do lado que costuma proteger as respectivas vítimas.

Será cisma minha, mas desconfio um bocadinho do «activista» que, mal termina a marcha contra a homofobia, corre a marchar pela Palestina (embora, concedo, sejam raríssimos os tiroteios nos clubes gay de Gaza). Para não fugir demasiado do imaginário, é uma figura tão credível quanto um entusiasta da Noite de Cristal que se afirmasse amigo dos judeus. Usar quem morre para alimentar uma «causa» sem nunca valorizar a causa confessa de quem mata é, no mínimo, um acto de oportunismo velhaco. No máximo, é patrocinar a chacina. Evidentemente, essa gente não é Orlando nem LGBT: é, como sempre foi, pela força que representar a maior ameaça ao Ocidente.

E, conforme se constata pelos alvos quotidianos dos terroristas islâmicos, organizados ou «espontâneos», o Ocidente não se esgota nos perversos sodomitas. Temos igualmente galdérias que exibem a pele na via pública, hereges que assistem a concertos de rock, tarados que aguardam aviões em aeroportos, infiéis que frequentam restaurantes, blasfemos que caminham pela rua, todos a pedir para que um mártir os rebente. As fobias, ao que se vê, são inúmeras, e se ousamos atribuir-lhes um padrão comum ganhamos mais uma: islamofóbicos.

As acusações de «islamofobia» são a tentativa de simular escândalo face aos triviais, e compreensíveis, receios do cidadão comum: lá por conter umas dúzias (ou uns milhões, não importa) de extremistas, o islão – homessa – é essencialmente moderado. Por mim, tenderia a crer piamente no islão moderado se este entregasse com regularidade os seus radicais filhos à polícia ou, na falta de esquadra próxima, os pendurasse no alto de um poste. A quantidade de desculpas prontas ou pesares tardios com que trata psicopatas faz-me duvidar ligeiramente do empenho do islão moderado em justificar a designação. É claro que muitos muçulmanos não sonham com a explosão de transeuntes. Porém, já que se pretende banir ou castigar opiniões, seria interessante questioná-los sobre o respeito que dedicam às mulheres, a certos grupos étnicos, a determinadas religiões e, se não for maçada, aos homossexuais. Aliás, eles respondem ainda que ninguém lhes pergunte. Os «activistas» é que fingem não ouvir.






A mensagem de Fátima na Rússia








1916

100 anos das aparições do Anjo


Sou o Anjo da Paz



D. Nuno Brás, Voz da Verdade, 5 de Junho de 2016


Tem passado particularmente despercebido o centenário das aparições do Anjo aos Pastorinhos. De facto, estas aparições tiveram lugar ao longo de 1916 e precederam as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria. No entanto, as aparições do Anjo são um prenúncio importante da mensagem e dos acontecimentos de Fátima, ajudando-nos a perceber o seu fio condutor.

Na primeira aparição, quando um forte vento sacode as árvores no meio de um dia sereno, aos Pastorinhos aparece a figura de «um jovem dos seus 14 a 15 anos, mais branco que se fora neve, que o Sol tornava transparente como se fora cristal, e duma grande beleza» (Memórias da Irmã Lúcia, I 62). Diz-se «Anjo da Paz» e convida à oração, ao reconhecimento de Deus, ligando desse modo a paz no mundo e a atitude de oração e de adoração.

Outra vez, no Verão e por entre brincadeiras, o Anjo mostra-se novamente a Jacinta, Francisco e Lúcia, identificando-se como «Anjo da Guarda, o Anjo de Portugal». Nesta altura, convida os Pastorinhos a uma das dimensões essenciais do serviço da fé: «De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores». E acrescenta:

«Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz».

E, finalmente, na terceira aparição, o Anjo dá a comunhão aos Pastorinhos, convidando à adoração eucarística, à comunhão com Cristo e com os seus sofrimentos.

A paz no mundo aparece deste modo ligada à oração, à adoração eucarística, ao reconhecimento do lugar de Deus na vida do ser humano e ao modo como nós, cristãos, no entendemos como membros de uma humanidade sofredora e onde a ausência de Deus faz sofrer.

Não creio que seja, de todo, um centenário a esquecer.






O rapaz que queria ser rapariga


Pe. Nuno Rosário Fernandes, Voz da Verdade, 12 de Junho de 2016

António e Joana são um casal feliz. Na sua meia-idade, apesar da instabilidade dos seus empregos, fruto da época em que estamos, vivem com alegria e testemunham essa mesma felicidade. Os seus dois filhos, a Sofia e o Tiago, frequentam a escola no 5.º e 7.º ano de escolaridade. Os dois vão à Catequese na sua Paróquia e o Tiago até gosta
de servir ao altar.

Recentemente, Tiago chegou a casa com muitas perguntas que deixaram os pais perplexos e preocupados. Na Escola, o Tiago ouviu um seu colega, rapaz, dizer que não gostava da sua sexualidade e queria, por isso, ser rapariga. Um seu professor, apoiando a causa, chegou mesmo a falar de uma teoria que Tiago já tinha ouvido falar na televisão mas que não percebia o que era: a ideologia do género.

O professor citou, então, uma frase que diz: «uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher». Esta frase, de autoria de Simone Beauvoir, explicou o professor, é ponto de partida para esta ideologia que considera que somos homens ou mulheres não na base da dimensão biológica em que nascemos, mas nos tornamos tais de acordo com o processo de socialização. Por conseguinte, o género deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza.

Tiago, mostrando os apontamentos daquela aula em que o seu professor defendia acerrimamente esta teoria, fez ver aos pais que para esta ideologia, o género é uma construção social, e por isso mesmo este pode ser desconstruído e reconstruído. Pelo que, se a diferença sexual entre homem e mulher está na base da opressão desta, então qualquer forma de definição de uma especificidade feminina é opressora para a mulher. Por isso, a maternidade como especificidade feminina é sempre uma discriminação injusta. Assim, para superar essa opressão, recusa-se a diferenciação sexual natural e reconduz-se o género à escolha individual. Ou seja, o género não tem de corresponder ao sexo, mas pertence a uma escolha subjectiva, ditada por instintos, impulsos, preferência e interesses, o que vai para além dos dados naturais e objectivos.

Deste modo, se é indiferente a escolha do género a nível individual, podendo escolher-se ser homem ou mulher independentemente dos dados naturais, também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo. Deixa-se assim de falar em família e passa a falar-se em famílias.

Com esta descrição no caderno de Tiago, os seus pais ficaram apavorados, sobretudo pelo que começavam a ensinar na Escola, levando a crer que privilegiar a união heterossexual afigura-se a esta teoria como uma forma de discriminação. Por outro lado, e isso então deixou Tiago muito angustiado, porque gosta muito de seu pai e de sua mãe e de os chamar assim mesmo (pai e mãe), deixa de se falar em paternidade e maternidade e passa a falar-se, exclusivamente, em parentalidade, criando um conceito abstrato, pois desligado da geração biológica. Tiago ficou mesmo confuso.

Depois de ler o caderno de Tiago, e de ouvir as suas lamentações, observações e perguntas, o pai de Tiago procura explicar que esta teoria, chamada ideologia do género, salientando que esta teoria opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade humanas. Conversando pacientemente com o seu filho, António referia que o corpo sexuado, como todas as criaturas do nosso Deus, é produto bom de um Deus bom e amoroso. Uma segunda verdade a considerar na visão cristã da sexualidade, diz, é a da pessoa humana como espírito encarnado e, por isso, sexuado: a diferenciação sexual correspondente ao desígnio divino sobre a criação, em toda a sua beleza e plenitude: «Ele os criou homem e mulher».

A pessoa humana, continuava António ao seu filho Tiago, é a totalidade unificada do corpo e da alma, existe necessariamente, como homem ou mulher. Por conseguinte, a dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da pessoa, é o seu modo de ser, não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade. A pessoa é, assim, chamada ao amor e à comunhão como homem ou como mulher.

Com o desenrolar da conversa o tempo foi passando e logo chegou a hora do descanso de Tiago para mais um dia de aulas. Mas António prometeu a Tiago continuar o assunto, até porque é importante conhecer e esclarecer o que normalmente na comunicação social não é devidamente explicado. Mas as férias estão à porta e Tiago vai ter mais tempo para ouvir as explicações de seus pais.

Este texto é fictício, e para ele recorri ao texto original do documento da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a ideologia do género, publicado em Novembro de 2013. Este documento, que convido vivamente a ler e que foi tema esta semana do Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa, já foi objecto de grandes elogios no Vaticano, e em algumas outras Conferências Episcopais. É, por isso, importante que o conheçamos para percebermos a cultura que nos querem impor e os valores que, enquanto cristãos, somos chamados a viver mas, acima de tudo a defender. Porque, «a ideologia do género não só contrasta com a visão bíblica e cristã, mas também com a verdade da pessoa e da sua vocação. Prejudica a realização pessoal e, a médio prazo, defrauda a sociedade. Não exprime a verdade da pessoa, mas distorce-a ideologicamente».

Documento «A propósito da ideologia do género»




segunda-feira, 20 de junho de 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016


Hoje celebra-se o Anjo de Portugal


Hoje celebra-se o Anjo de Portugal, que apareceu aos pastorinhos preparando a aparição de Nossa Senhora.

Tudo indica ter-se tratado de São Miguel Arcanjo.







Cristóvão Colon — Conferência em Coimbra







domingo, 12 de junho de 2016


Felicidade ou frustração?








Por acaso, um acaso sem acaso algum


Helena Matos, Observador, 9 de Junho de 2016

Alexandra Leitão, a secretária de Estado Adjunta e da Educação, declarou que as suas filhas «por acaso não estudam» numa escola pública. Mas qual acaso? Não vejo nisso acaso algum mas sim uma escolha.Alexandra Leitão, a secretária de Estado Adjunta e da Educação foi entrevistada pela Visão. A dado momento da entrevista afirma o jornalista a propósito das filhas de Alexandra Leitão: «Não lhe vou perguntar se elas estudam numa escola pública…»

Há anos que entre nós vigora este paradoxo jornalístico: sendo o jornalista por definição alguém que faz perguntas, em Portugal não se pergunta em que escolas estão inscritos os filhos de quem nos governa, sobretudo se esse alguém defender as causas queridas da comunicação social e disser aquelas coisas redondas sobre as maravilhas da escola pública. Contudo é aí que está o busílis da questão, como bem se percebe pela resposta da senhora secretária de Estado que, perante o interdito do jornalista, avança prontamente: «Mas eu respondo: por acaso não estudam (risos). As minhas filhas fizeram o jardim-de-infância e a primária numa escola pública. E agora estão na Escola Alemã.»

De que rirá a senhora secretária de Estado? Certamente da papalvice do país que não estranha aquele «por acaso». Mas qual acaso? Estarão as filhas da senhora secretária de Estado numa escola que sorteia vagas nos pacotes de cereais? Iam as filhas da senhora secretária de Estado pela Segunda Circular e aquele boneco que está plantado no telhado da Escola Alemã perguntou-lhes «Passaram aqui por acaso? Então saiam na primeira à direita porque ganharam o direito a frequentar esta escola!»Vai desculpar-me a senhora secretária de Estado mas não vejo aqui acaso algum. Vejo sim uma escolha, muito louvável até, de uma das mais reputadas escolas de Portugal. Mas detalhemos então o «acaso» que levou as filhas da senhora secretária de Estado Adjunta e da Educação a uma escola muito diferente daquela que o Ministério de que ela é secretária de Estado promove: «A opção pela Escola Alemã tem a ver com a opção por um currículo internacional. Para mim era importante que elas tivessem uma educação com duas línguas que funcionem quase como maternas, digamos assim. Se assim não fosse, andariam obviamente numa escola pública.»

Francamente, senhora secretária de Estado, há inúmeras escolas neste país em que se falam duas ou mais línguas. Por exemplo, em algumas escolas da Amadora fala-se português e crioulo. Eu percebo que a senhora secretária de Estado prefira o alemão ao crioulo como segunda língua para as suas filhas. Mas isto, sou eu a falar. Eu, cujos filhos frequentaram escolas públicas e privadas nada por acaso mas simplesmente porque em cada momento se procurou escolher o que seria melhor para eles. Por exemplo, se eu escolhesse a Escola Alemã para os meus filhos nunca o faria para que eles dominassem o alemão – a facilidade com que as crianças e os jovens aprendem línguas dispensava-me desse esforço financeiro – mas sim por causa do rigor, dos métodos de trabalho e da disciplina que ali são incutidos. Mas claro isto sou eu de novo a falar e eu como se sabe faço parte daquelas pessoas que acham que todos temos de ter o direito a escolher a escola dos nossos filhos sem termos de inventar moradas para que eles vão para uma boa escola pública ou argumentos politicamente correctos que justifiquem a opção por uma boa escola privada.

Este sistema escolar que a senhora secretária de Estado defende – com os filhos dos outros nas escolas públicas e os nossos numa escola privada por causa de uma circunstância que não suscita polémica como os horários ou a segunda língua – tornou-se em Portugal um mecanismo que não só reproduz como acentua as fragilidades e as vantagens comparativas do meio de origem dos alunos. E foi nesta engrenagem que, qual grão de areia, entraram os contratos de associação.

O que está em causa, o que irrita nos contratos de associação é que milhares de famílias viram naqueles contratos algo em que muitos já desistiram de acreditar na rede pública: a escola enquanto factor de inclusão e ascensão social. Por outras palavras, eles não podem colocar os filhos na Escola Alemã mas também não os querem nas madrassas do senhor Nogueira. Querem apenas, dentro de um reduzido lote de escolas, escolher aquela em que os seus filhos vão fazer a escolaridade obrigatória. Mas o que a senhora secretária de Estado diz é que, além da escolaridade obrigatória, os filhos dos outros, para mais devidamente arrumadinhos socio-geograficamente pelos critérios de matrícula nas escolas públicas (para quando a discussão sobre esses critérios?), têm ainda o dever de frequentar obrigatoriamente as escolas da rede pública. Pois, senhora secretária de Estado, aquelas escolas onde passar de uma má para uma boa é o que de mais difícil existe em Portugal para aquelas famílias que não têm contactos, nem são filhos de alguém…

A defesa da escola pública nos termos em que a secretária de Estado a faz é pura e simplesmente a defesa de uma escola para as élites e outra para os restantes: quem tem dinheiro põe os filhos no privado, no privado sem contratos de associação, aquele em que se paga a mensalidade no fim do mês e ponto final. Como a Escola Alemã. Os outros vão justificar os empregos, a importância, as modas, as verbas e as manias dos donos da 5 de Outubro. Sabe, senhora secretária de Estado, nada é por acaso neste assunto.






Mouraria ou Chinatown?


Maria João Marques, Observador, 8 de Junho de 2016

Já estamos em boa hora de começar a ver uma expropriação de propriedade privada como o último recurso de qualquer problema. E de fazermos t-shirts com o slogan «nem mais um metro quadrado para a CML».

Fernando Medina – presidente da Câmara de Lisboa em punição por todos os pecados da capital – é o político socialista exemplar. «Inimigo dos automobilistas e voraz com os recursos dos lisboetas» seria um bom mote para a sua campanha de 2017.

Fernando Medina – presidente da Câmara de Lisboa em punição por todos os pecados da capital – é o político socialista exemplar. «Inimigo dos automobilistas e voraz com os recursos dos lisboetas» seria um bom mote para a sua campanha de 2017.

Já muita gente escreveu sobre a mesquita que a CML entendeu por bem tomar as dores de construir e a hipocrisia flagrante de pretender defender o Estado laico radical, rasgando contratos de associação livremente estabelecidos pelo Estado para poupar as susceptíveis criancinhas à exposição ao ópio do povo por um lado, e, por outro, correr a substituir-se à comunidade islâmica na construção de uma mesquita. E se calhar atrás da mesquita vem a madrassa e a querida câmara socialista de Lisboa é bem capaz de decidir – para mostrar como somos tolerantes, multiculturais e essas virtudes teologais do credo esquerdista – contribuir financeiramente para a catequese muçulmana dos alunos da mesquita da Mouraria. Depois, claro, de ter protegido as crianças portuguesas – mesmo as das famílias ignaras que até queriam e gostavam – da exposição a essa praga maior da vida portuguesa que é o cristianismo.

Para os argumentos sobre laicidade dirijam-se se faz favor aos textos de João Miguel Tavares e Sebastião Bugalho. Eu gostava de acrescentar outro argumento: o Estado devia (como quase sempre) estar quieto. Ao contrário do que dizem os fãs do projecto – e até João Miguel Tavares – não faz qualquer sentido construir naquela zona uma mesquita. Porque há vários séculos aquela zona era habitada por islâmicos devemos agora lá construir uma mesquita? Porque se abriram lá lojas de proprietários paquistaneses e bangladechianos temos de lhes oferecer um local de culto? E a população chinesa da zona, que é pelo menos tão numerosa e visível? Está já em estudo pelos assessores dilectos de Medina a construção de um templo a Confúcio? Outro a Mêncio? Foi encomendada alguma estátua da bodhisattva Guanyin?

E que dizer da injustiçada população hindu que durante muitos anos habitou e trabalhou naquela mesmíssima zona? Nunca dei por nenhum canto – menos ainda construção de três milhões de euros a expensas do contribuinte da praxe – evocativo de Shiva. Ou – para ser visualmente ainda mais apelativo – um altar a Ganesh, o deus elefante. Mas devo estar a ser injusta: provavelmente foi algum temor de Kali, a destruidora, que impediu os socialistas lisboetas, tão amantes do culto alheio, de assim ignorarem os justos anseios religiosos dos muitos hindus que já passaram pela Rua da Palma.

Por várias razões conheço bem a zona de Lisboa onde se pretende construir a mesquita. Uma delas foi ter morado uns anos um bocado mais para cima na encosta e mais para o lado. Recuperei uma casa por lá quando ainda toda a gente me olhava com ar de «já tomaste os comprimidos?» quando lhes dizia que ia morar para o meio da Lisboa antiga – e, então, muito desmazelada.

Foi uma epopeia. Os vizinhos, uns velhotes reformados e outros possivelmente recebedores do RSI e permanentemente desocupados, tinham como entretenimento diário chamarem a polícia municipal para vasculharem as obras que fazia (isto depois de um tempo longo à espera da aprovação do projecto de arquitetura e das especialidades e da emissão da licença de obras). O gabinete técnico claramente via como missão civilizacional dificultar de formas imaginativas a recuperação de um apartamento. Havia que defender uma zona com população envelhecida e habitações degradadas da intromissão de pessoas de vinte anos que lá queriam residir. Que lata (a minha, obviamente).

Entretanto estes cenários persecutórios já se alteraram. O licenciamento ficou mais fácil – e as loucuras dos arquitectos camarários que pretendiam pôr as pessoas a viverem naqueles prédios como se vivia em 1795, a bem da pureza arquitectónica da zona, foram contidas. Eu, às tantas, mudei-me.

Vieram os paquistaneses e os chineses. Depois vieram os turistas e, também, mais gente nova que, como eu, aprecia casas antigas restauradas e as vistas deslumbrantes de Lisboa. Há mais jardins (aqui aplaude-se a CML) e os prédios têm vindo a ser recuperados – por privados. Os problemas de estacionamento continuam por resolver (assim vão ficar, que a prioridade do PS são ciclovias, que ninguém usa, espalhadas pela cidade) e, sobretudo, os prédios propriedade da CML estão sem obras, velhos, estragados.

Conto isto para mostrar que aquela zona é dinâmica – também graças aos imigrantes que lá se instalaram, que dão colorido, movimento e interesse. A população tem tido alterações nos últimos anos e não cabe à CML cristalizar o bairro com uma mesquita como se os muçulmanos que vivem em Lisboa lá fossem sempre ficar.

E se se fizer mesmo questão de fornecer um local para uma mesquita naquela zona? Há soluções muito melhores e mais baratas: é conceder à comunidade islâmica o uso por n anos de um dos prédios decrépitos da CML na zona. Já estamos em boa hora de começar a ver uma expropriação de propriedade privada como o último recurso de qualquer problema. E de fazermos t-shirts com o slogan «nem mais um metro quadrado para a CML».