segunda-feira, 25 de agosto de 2014


81 maçons «atacam»

cargos autárquicos em 43 municípios


Rui Pedro Antunes, Diário de Notícias, 17 de Setembro de 2013

Eleições. As duas maiores obediências maçónicas nacionais têm mais candidatos do que várias forças políticas inscritas no Tribunal Constitucional. Há 24 «candidatos irmãos» à presidência de autarquias, 20 a vereadores, 31 à assembleia municipal e 6 a juntas de freguesia.

Por muito que os grão-mestres insistam que a maçonaria não se intromete na política, o que é certo é que há forças políticas com menos candidatos às próximas eleições autárquicas do que as duas principais obediências nacionais. São mais de 80 os maçons que vão tentar conquistar cargos autárquicos em 43 autarquias um pouco por todo o País (incluindo ilhas) entre candidatos a presidentes de câmara, vereadores, deputados municipais e presidentes de junta. Há 24 maçons que concorrem mesmo à presidência de autarquias maioritariamente em listas do PS e do PSD, mas também como independentes. Existem igualmente casos em que «irmãos» da mesma loja se enfrentam em listas contrárias dos partidos do «centrão» e favoritas à vitória. Ou seja: PS e PSD podem não ter representantes na gestão da autarquia, mas é quase garantido que a loja maçónica local terá.

A solidariedade maçónica até já fez uma baixa, e logo ao mais alto nível, durante o período eleitoral: levou à demissão do presidente do Conselho Nacional de Eleições (CNE). Tudo começou com a tentativa de impugnação da candidatura de Francisco Moita Flores – que pertence à Loja Acácia do Grande Oriente Lusitano (GOL) – à Câmara Municipal de Oeiras. Os seus opositores alegavam que havia atingido o limite de mandatos e o caso foi – como muitos outros – parar a tribunal.

Até aqui tudo normal, não fosse Moita Flores contratar Nuno Godinho de Matos – advogado de profissão e «irmão» do GOL – para o defender, tendo este confidenciado ao DN que aceitou o pedido sem pensar duas vezes. O problema é que Godinho de Matos (Loja Liberdade e Justiça) era também presidente da CNE e, como não podia deixar de representar o seu amigo e cliente, demitiu-se da presidência da CNE. Godinho de Matos sofreu críticas do seu partido (o PS) por defender e pôr-se em xeque pelo candidato do PSD. Porém, a solidariedade maçónica e a amizade falaram mais forte. Ao DN, Godinho de Matos admite que «o facto de sermos os dois irmãos da maçonaria e sermos amigos há muitos anos pesou muito na minha decisão de o defender». Mas prontamente acrescenta: «A principal razão que me levou a representar Moita Flores foi ver que ele tinha carradas de razão e que alguém estava a querer ganhar eleições na secretaria. Achei incrível e reagi epidermicamente. Decidi defendê-lo sem pensar no problema ético que daí advinha.»

A candidatura à Câmara de Oeiras é, aliás, um campo de batalha entre as duas principais obediências nacionais, o GOL e a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP). Candidato do PSD, Moita Flores é do GOL e tem trocado tentativas de impugnação com a candidatura de Paulo Vistas (Isaltino Oeiras Mais à Frente), o delfim de Isaltino Morais, que é figura de proa da maçonaria regular e, embora detido, chegou ser indicado candidato à Assembleia Municipal (foi travado pelo Constitucional). A entourage da candidatura de Paulo Vistas conta até com um antigo adversário de Isaltino e «irmão» da GLLP: Emanuel Martins. O agora administrador de uma empresa municipal em Oeiras foi candidato do PS contra Isaltino, mas aliou-se ao adversário (e «irmão»), tendo perdido confiança dos socialistas.
O PS não fica, porém, sem maçons nas suas fileiras, equilibrando as contas com dois conceituados membros do GOL na disputa pela autarquia. O candidato do PS à Assembleia Municipal de Oeiras é nada mais nada menos que o antigo secretário-geral da UGT João Proença (Loja Montanha), e o mandatário da candidatura é o ex-ministro e figura de destaque do GOL Rui Pereira (Loja Luís Nunes de Almeida).

Estas guerras de forças vão-se repetindo por diversas câmaras. Estão em causa autarquias e lugares importantes. Se ganhassem a contenda, os maçons conseguiriam ter 24 presidentes de câmara, 20 vereadores (incluindo cinco «vices») e 31 deputados municipais (incluindo 10 presidentes). Só em Lisboa, os maçons do GOL e da GLLP tentam conquistar 12 lugares.

Viseu é um dos exemplos em que há dois «irmãos» da mesma loja em candidaturas distintas. Tanto o candidato do PSD à presidência da autarquia, Almeida Henriques, como o candidato do PS à Assembleia Municipal, Ribeiro de Carvalho pertencem à Alberto Sampaio, a loja maçónica do GOL instalada em terras de Viriato.

Na Figueira da Foz, a história das batalhas maçónicas repete-se. O candidato do PSD, Miguel Almeida (Loja Madrugada), enfrenta nas urnas Carlos Monteiro (Loja Coerência), que é o actual vice-presidente da autarquia e volta a ser o n.° 2 na lista do PS à autarquia. Os socialistas contam ainda com João Moura Portugal, que pertence à GLLP, e José Guedes Correia, do GOL, como candidatos a vereadores.


Além de Lisboa, existem ainda outras grandes autarquias «atacadas» por maçons. No Porto, Ricardo Almeida surge bem posicionado como candidato a vereador na lista de Luís Filipe Menezes, contando com o apoio do «irmão» de obediência e mandatário da candidatura: o ex-líder da JSD Pedro Duarte. Carlos Carreiras, em Cascais, João Nunes em Loures (GOL, Loja liberdade e Justiça), Manuel Machado, em Coimbra (GOL, Loja a Revolta), Almeida Henriques, em Viseu, Moita Flores, em Oeiras, Júlio Meirinhos (vice-grão-mestre da GLLP), em Bragança, Elísio Summavielle (GOL, Loja Sympatia e União), em Mafra, ou Fernando Anastácio (GOL, Loja Utopia) em Albufeira mostram que os candidatos da maçonaria concorrem em autarquias grandes e que, muitos deles, são os mais bem posicionados para vencer.

«Irmãos» concorrem a lugares na capital

São pelo menos 12 os maçons que concorrem a lugares autárquicos em Lisboa, que sempre teve uma tradição de ter «irmãos» na gestão. A cidade, que até já teve dois presidentes de câmara maçons (Aquilino Ribeiro Machado e João Soares), terá provavelmente agora pelo menos um vereador bem colocado. As candidaturas dos dois maiores partidos – António Costa, pelo PS, e Fernando Seara, pelo PSD – têm, curiosamente, maçons na mesma posição: o sexto lugar, que é perfeitamente elegível, pelo menos para quem vencer as eleições de 29 de Setembro.

Do lado da candidatura laranja trata-se de Cal Gonçalves, da Loja Prometeu (GLLP), que até já esteve na autarquia como chefe de gabinete de Carmona Rodrigues, que, embora «profano» (não-maçon), recebeu nessa altura uma distinção maçónica da maçonaria regular. Já do lado do PS, o «candidato da maçonaria» é Duarte Cordeiro, que, ao contrário da esmagadora maioria dos socialistas maçons, não é do GOL, pois pertence à mesma obediência de Cal Gonçalves: a GLLP.

Duarte Cordeiro é, aliás, da mesma loja de Rui Paulo Figueiredo, que é o venerável mestre da loja e vice-presidente da obediência, sendo também o primeiro nome do PS na lista à Assembleia Municipal de Lisboa (AML). Rui Paulo Figueiredo só fica atrás de Helena Roseta na lista à AML – primeira da lista que entra na «quota» da plataforma de cidadãos que a arquitecta dirige – tendo a companhia dos «irmãos» Diogo Campos Rodrigues, Manuel Lage, Miguel Teixeira, Ricardo Saldanha e José Manuel Rosa do Egipto, este último como suplente. O PSD aqui perde na contenda tendo apenas Rodrigo Gonçalves da Silva como candidato à AML, embora posicionado num relevante quarto lugar.


Há ainda quatro candidatos a presidentes de juntas de freguesia do concelho de Lisboa que são maçons. O social-democrata Nuno Jordão (Loja Nova Luz, da GLLP) é candidato a presidente da junta de freguesia da Ajuda. Por sua vez os golistas Miguel Coelho (Loja Liberdade e Cidadania) e Dimas Pestana (Loja Século XXI), candidatam-se às juntas de Santa Maria Maior e Santo António, respectivamente.

Também do Grande Oriente Lusitano é o músico Carlos Mendes, que, embora não seja candidato, é o mandatário da candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa, liderada por um dos líderes do partido: João Semedo. Independentemente de quem vença a corrida aos órgãos autárquicos na capital, é certo que haverá maçons nas sessões da assembleia e do executivo.





terça-feira, 19 de agosto de 2014


Portugal em contramão


José Maria C. S. André

Escrevo de Glasgow, nas latitudes frias e chuvosas da Escócia. Não é o círculo polar Ártico, mas em Agosto há sol até muito tarde: uma luz suave, a iluminar esta paisagem de relva e verdura, sulcada todo o ano por regatos. Com outra luminosidade e com menos vento, os Açores lembram este germinar de vida, que só é possível em terras onde escorre água em tanta abundância.

Passo as manhãs a assistir a umas conferências magistrais sobre história da Igreja na Grã-Bretanha. Além da biblioteca que nos rodeia, o professor trouxe dois caixotes de livros, que considerou «essenciais». Cada um começou por uma ponta, mas ninguém tem dúvidas de que vamos chegar ao fim do mês sem ter esgotado a colectânea do «indispensável». As aflições do Almada Negreiros!

Não vou contar numa página o que tão grandes autoridades académicas condensaram em dezenas de volumes, mas atrevo-me a partilhar impressões.

A principal é que o Reino Unido está a assistir a uma revolução cultural empolgante, que acelerou na última década. Há 200 anos, os católicos desta ilha eram uma minoria ínfima, à beira da mendicidade, considerados pela população como gente suja, com doenças e iletrada. De facto, eram geralmente imigrantes muito pobres. A lei proibia o acesso dos católicos ao funcionalismo público, à universidade e a outras instituições.

No século XIX, a Igreja católica voltou a ter bispos, vários deles recém-convertidos, por exemplo o Cardeal Manning, que tinha sido um pastor anglicano, casado e depois viúvo. Por volta de 1850, começou um conjunto de conversões de grandes intelectuais, artistas e escritores: Henry Benson, John H. Newman, G. Manley Hopkins, G. K. Chesterton, Ronald Knox, Siegfried Sassoon, Evelyn Waugh, Edith Sitwell, Graham Greene, Muriel Spark, além de outros que já nasceram em famílias católicas como o realizador Hitchcock, ou os escritores Hilaire Belloc e J.R.R. Tolkien, o célebre político Lord Acton, o compositor Edward Elgar.

No período até à Segunda Guerra Mundial, o número de católicos ingleses multiplicou-se por muito e começaram a notar-se na vida pública. Aos poucos, foram admitidos nalgumas repartições do Estado. O tempo do imediato pós-Guerra e do Concílio foi uma época atribulada, embora não tanto como para outras confissões religiosas.

Actualmente, está em curso uma transformação acelerada. Neste princípio do século XXI, já chegaram ao Governo alguns católicos, inclusive de Missa diária. As escolas católicas são consideradas as melhores do país. Nunca houve tantas conversões.

Ainda assim, o que chama a atenção é a reacção dos que não são católicos. Uma sacerdotisa anglicana declara que o seu principal livro é o Catecismo da Igreja Católica. As autoridades protestantes entusiasmam-se com as recentes Encíclicas papais. O Chefe da Igreja Anglicana anuncia publicamente que escolheu um director espiritual católico. A «speaker» do Parlamento (a Presidente do Parlamento) recebeu o Papa Bento XVI declarando que eles o consideravam a maior autoridade moral do mundo. Bastantes jornais, que há poucos anos criticavam duramente a Igreja católica, exprimem agora um respeito sem precedentes.

Isto não quer dizer que a população das ilhas britânicas tenha passado a ser católica ou compreenda bem a doutrina da Igreja, mas é algo que não se via desde há 400 anos.

Sobretudo, o que impressiona é a mudança na Universidade. Por exemplo, os maiores historiadores ingleses – de Cambridge, de Oxford, das outras universidades –, a maioria não católicos, são «revisionistas», isto é, ensinam a história da Reforma Católica exactamente ao contrário do que ensinaram até agora. Referindo-se a si próprio, um dos convertidos ingleses mais conhecidos dizia: «to deepen in history is to cease to be protestant» (aprofundar o conhecimento da história é deixar de ser protestante). De facto, é isso o que está a acontecer nestas ilhas.

Olho com pena para o nosso Portugal em contramão, alheio a este fenómeno de evolução no mundo britânico. Porque não é a cultura do Reino Unido que vai em contramão, apesar de aqui os carros andarem pela esquerda.





segunda-feira, 18 de agosto de 2014


SOS Iraque








A.J. Jardim, leviandades,

ou como não se deve fazer política em Portugal


João J. Brandão Ferreira Oficial Piloto Aviador

«Passámos a grande ilha da Madeira
Que do muito arvoredo assim se chama,
Das que nós povoámos a primeira,
Mais célebre por nome que por fama».

Camões, Canto V, 5.


O Dr. Alberto João Jardim (AJJ), usando da palavra na habitual «festa/comício» do Chão da Lagoa, no passado dia 30 de Julho, pariu uma catilinária contra o que ele definiu, sem explicar, de «Estado Português Unitário» e usou, mais uma vez, de demagogia barata sobre os «poderes» de Lisboa.[1]

Não demos conta que algum órgão do Estado ou força política lhe tenha respondido ou actuado e nenhum comentador, comentou…

Fazem-no, possivelmente, na esperança (vã) que ele se cale ou fique a falar sozinho. Outros porque julgarão que ele é tolo e não vale a pena gastar sebo com tão ruim defunto.

Fazem mal.

As razões são simples: há coisas por demais importantes que não devem ser deixadas passar em claro. É o caso, e AJJ também não é propriamente o 4.º secretário de uma agremiação de bairro.

Por outro lado AJJ está longe de ser tolo. Estamos até em crer, que mesmo debaixo da influência de umas quantas «ponchas», ele sabe perfeitamente o que diz e pensa o que diz.

A verdadeira razão porque não o criticam, porém, não é essa – note-se que a chamada «esquerda» está sempre na 1.ª fila do ataque a Jardim e sobre este âmbito aos costumes nada diz. A coisa é mais profunda e tem origem na herança «vinte cinco abrileira» e na agonia apóstata da «descolonização».

Até agora nenhum «filho d’algo» se demarcou publicamente do discurso oficial, nem tentou emendar o que mentirosamente vem escrito nos livros «oficiais», sobre os quais o Ministério da Educação (que nem instrução ministra…), obriga os nossos filhos e netos a fazer exame – só para referência claro!

De facto quando oficialmente está instituído que os povos das «colónias»[2]  tinham direito à autodeterminação (que nunca foi realizada) e à independência (que até hoje não lograram) – mesmo que soprada de fora – e a maioria dos portugueses que queriam manter a secular Nação incólume, não tinha o direito sequer a lutar por isso, está tudo dito!

Pior, quando alguns daqueles da «geração mais bem preparada» (deixa-me rir), que nos passaram a governar, ignoram por completo, ou fazem por ignorar, e confundem autodeterminação com substituição de soberanias e neocolonialismo, e não sabem destrinçar o termo «colonização» de «colonialismo», o que se pode esperar?

Como se podem opor a que um vicioso qualquer possa vir bolsar as baboseiras «jardínicas» quando a Madeira está na mesmíssima posição que S. Tomé e Príncipe antes da independência apenas com a diferença – para o caso irrelevante – de que a pigmentação da pele da maioria dos São Tomenses é substancialmente mais escura do que a dos conterrâneos do agora faltoso conselheiro de Estado (será que nem ao menos aí o criticam?).

Sim, sim, AJJ é conselheiro de Estado, mas acha que não tem direito a nada nem lhe ligamos nenhuma…

AJJ queixa-se da Constituição? Também eu e muitos mais. De facto a CR está errada e mal escrita, em muitos aspectos, mas naquilo de que agora se queixa o político há mais tempo em exercício, está até escorreita!


Bom, mas o coitado não quer pertencer a um estado unitário, quererá pertencer a quê, então?

A um estado «partido»? Um estado «fragmentado»? Um estado «assim-assim», ou apenas a um estado patético que é o estado da figura triste, apesar de florida, a que AJJ aparenta ter chegado?

Vejamos, o Estado é a Nação politicamente organizada; e unitário refere-se à unidade política de um país. Ora é evidente que AJJ ao dizer que não quer pertencer a um estado unitário está a dizer que não quer pertencer à mesma Nação.

Ou será que AJJ como presidente de um órgão que não serve em rigor para nada – a não ser para arranjar clientelas e esbanjar dinheiros públicos – quer simplesmente fazer o que lhe der na realíssima gana e não ter responsabilidades ou ser criticado; e que as consequências negativas do que faz sejam pagas pelos outros, leia-se Açorianos e Continentais?

Não lhe chega uma boa descentralização?

E o arquipélago da Madeira também quer ser unitário? Os de Porto Santo querem aturar o «colonialismo» dos «cubanos» da Madeira? E as Selvagens que estão quase tão longe do Funchal como Lisboa, também não terão direito a uma delegação da Assembleia Regional?

O que é que AJJ quererá fazer que o governo «unitário» não deixa? Quer que a gente lhe compre a banana a cinco euros e lhe revenda o gasóleo a 20 cêntimos?

Quer impedir a GNR de actuar na sua terra, por razões que só podemos imaginar?

Ou quer que seja o governo regional a mandar no central?

Diga-me Dr. AJJ, o que é que o faz pensar que tem mais direitos do que os habitantes do Minho?

Veja se atina!

Estamos cheios de aturar desconchavos políticos e também de iluminados muito democráticos que defendem que todas as opiniões são respeitáveis.

É mentira, muitas não o são – defender a pedofilia, por ex., não é respeitável (embora não esteja longe de vir a ser legal…) – e algumas merecem, quando não exigem, umas bengaladas!

AJJ já devia, há muito tempo, ter sido objecto de um processo, ao abrigo do artigo 308 do Código Penal. Mas parece que a PGR não está para aí virada.

Tão pouco os restantes órgãos do Estado com maiores responsabilidades.

O PR assiste a tudo assobiando para o lado – parece até ter medo do personagem; os governos, cheios de telhados de vidro e conivências de ofício partidário, evitam pisar-lhe os calos; os políticos de um modo geral são farinha do mesmo saco e da manjedoura comum; os chefes militares há muito que não existem e já nem as tropas os conhecem; os diplomatas andam escondidos no receio da própria sombra, alegando discrição; a Universidade virou negócio e campo de lutas ideológicas e de influência, onde a maioria dos alunos anda ao «Deus dará» tirocinando em muito álcool, sexo e rock e pouco estudo pelo meio (fora o que designam por «praxes»), etc..

Os comentadores esfregam as mãos, pois são casos destes que lhes mantêm o filão inesgotável e as notícias são sempre bem-vindas, pois ajudam ao negócio da venda de papel, som e imagem dos «média».

Assim vamos vivendo.

Parece restar apenas ser um cidadão ou grupo de cidadãos, a fazer queixa das atitudes antipatrióticas e seccionistas de AJJ.

A cena carnavalesca, também ocorrida no Funchal, com os encapuzados a imitarem a «ETA», é bem o retrato de como a vida política e social se degenerou no nosso país.

O João G. Zarco, o Tristão V. Teixeira e o Bartolomeu Perestrelo, descobridores e povoadores do arquipélago, que Camões cantou, bem mereciam melhores descendentes.

Dr. AJJ não vou ser tão radical como o seu colega de Partido (lá está outra coisa que não é unitária…) – e que rico Partido, sim senhor – que por um acaso do destino ocupa temporariamente o cargo de PM, e sugerir-lhe que emigre.

Limito-me apenas a mandá-lo cavar semelhas para o Pico do Areeiro. Sempre lhe refrescava as ideias.



[1] Presume-se que se estivesse a querer referir ao artigo 6.º da Constituição.

[2] Que, por acaso, só se chamaram colónias entre 1920 a 1926 e entre 1930 a 1951, por modismo da época, tendo sido ao longo dos séculos conhecidos também, como «Praças», «Fortalezas», «Estabelecimentos», «Feitorias», «Presídios», «Capitanias», «Domínios», «Conquistas», «Províncias», «Estados» e até, «Reinos»…





quinta-feira, 14 de agosto de 2014


BES

A tragédia menor


Alberto Gonçalves

A propósito da solução para o BES, António José Seguro teme que os contribuintes venham a assumir os erros dos privados, António Costa lamenta que os pequenos accionistas se afundem com o «banco mau», a menina Catarina do BE disse umas coisas naturalmente desvairadas e o PCP, que ainda há semanas pedia a nacionalização do banco, acusa o Governo de resgatar o banco com dinheiros públicos. Eu, que acho misteriosa qualquer operação financeira acima dos cem mil euros, tenho uma única certeza: com ou sem BES, o «novo» ou o «velho», o fisco continuará a aliviar-me com regularidade.

Se o caso BES serve de alguma coisa, é de lição. O arranjinho encontrado é uma desgraça? Talvez, mas talvez não pudesse ser melhor, ou talvez, a julgar pelas assarapantadas reacções da esquerda, pudesse ser bastante pior. E este falso paradoxo é, afinal, uma educação acerca do máximo que se deve esperar da acção governativa, que nunca é a arte de procurar a resposta ideal, e sim a de tentar fugir à resposta catastrófica. Décadas de recorrentes desilusões democráticas teriam sido evitadas se os cidadãos – e os políticos – observassem esse simples preceito.

Esqueçam o pormenor (desculpem o eufemismo) do BES e pensem no «quadro geral»: o Governo é lamentável? Das indecisões às péssimas decisões, da retórica reformista à incapacidade de reformar, da fama «neoliberal» ao proveito dos impostos, do folclore de Relvas aos amigos na Santa Casa, claro que sim. Só que a questão é outra: descontados os fiéis e os oportunistas, alguém encontra nas oposições o esboço de um governo preferível? Dito de maneira diferente, o País estaria menos sufocado com o dr. Seguro ou o dr. Costa (a fim de evitar embaraços, nem menciono o PCP e as setenta agremiações destinadas a unir a esquerda)?

Semanalmente, diversos exaltados acusam-me, nas «caixas» de comentários do DN online, de escrever a expensas do poder ou de sonhar em alcançá-lo. Para mal da minha conta bancária, a primeira acusação é falsa; para bem da nação, a segunda é delirante: antes de irromper no fascinante universo partidário, tentaria a sorte como chofer de praça, carpinteiro de limpos ou pequeno traficante de analgésicos. A dignidade acima de tudo. Se pareço tolerar um Governo atroz é apenas porque as alternativas me parecem intoleráveis. Parece absurdo? Eis a política, sobre a qual toda a repulsa peca por escassa.





quarta-feira, 13 de agosto de 2014


A minha felicidade


    Alegro-me mais em seguir as tuas ordens,
      do que em possuir qualquer riqueza.
      Os vossos preceitos são as minhas delícias;
      são eles os meus conselheiros.

      Prezo mais a lei da tua boca
      do que milhões em ouro e prata.
      Como são doces, ao meu paladar, as tuas palavras!
      Mais doces do que o mel para a minha boca.

      As tuas ordens são a minha herança para sempre,
      porque elas alegram o meu coração.
      Abro, com avidez, a minha boca,
      porque tenho fome dos teus mandamentos.

                                        Salmos 119(118),14.24.72.103.111.131.





domingo, 10 de agosto de 2014


Clube centenário de Lisboa

cobiçado pela maçonaria


O que está em causa: fazer negociatas com os terrenos onde está instalado o Clube em questão, deixando-o na penúria. Isto é, palmar os terrenos do Palmense.

Leiam este artigo de José António Cerejo no Público e depois digam que a maçonaria é boa gente, idealista, patriota e tal... (exceptuando sempre uns idealistas totós que por lá andam).


Sport Futebol Palmense



José António Cerejo, Público

O que é que num clube de bairro, centenário mas endividado, pode interessar a um grão-mestre da maçonaria e a autarcas do PSD?

A pergunta anda há meses na cabeça de centenas de sócios do Sport Futebol Palmense, uma associação criada em 1910 na Palma de Baixo, entre a Estrada da Luz e a Universidade Católica de Lisboa. A resposta, contudo, não se lhes afigura fácil.

Na síntese de alguns velhos sócios, que alegam recear pala sua segurança para não dar o nome, o clube está a assistir desde há uns dois anos a «um assalto» protagonizado por pessoas acabadas de chegar e com intuitos que não compreendem.

O confronto entre a tradição Palmense e os novos sócios tem-se vindo a agudizar e na quarta-feira à noite chegou a haver gritos e seguranças privados em frente ao clube. Dezenas de novos sócios, com raros apoios entre os antigos, apareceram no local para promoverem uma candidatura aos órgão sociais, sem que os nomes dos candidatos sejam conhecidos. Mas os do bairro não estiveram pelos ajustes.

A sessão, que não chegou a realizar-se, tinha sido marcada pela direcção  — cujo presidente está a cumprir uma pena de prisão desde Março e da qual já se demitiu uma grande parte dos membros  — e a convocatória das eleições, a realizar na próxima segunda-feira, tinha sido feita pelo presidente da Assembleia Geral sem o conhecimento dos restantes elementos da mesa.

Entre os novos sócios presentes encontrava-se Rodrigo Gonçalves, anterior presidente da junta de freguesia local  — a de São Domingos de Benfica — e actual deputado municipal. O autarca, que é também vice-presidente do PSD de Lisboa e membro do Conselho Nacional do mesmo partido, está a ser julgado por agressão a um outro presidente de junta do PSD e foi recentemente acusado de corrupção passiva pelo Ministério Público. (ver o nosso texto http://moldaraterra.blogspot.pt/2014/07/ex-autarca-e-vice-presidente-do-psd.html)

Ricardo Crespo, o cabeça de lista pelo PSD à junta local nas eleições de Setembro, a cuja lista derrotada pertencia também o presidente do clube que está na cadeia, também lá se encontrava, garantem várias testemunhas.

Quem lá não estava era o presidente da Assembleia Geral, o advogado José Francisco Moreno, que ocupa desde 2010 o lugar de grão-mestre da Grande Loja Legal de Portugal e fez parte do gabinete de Manuela Ferreia Leite, quando esta era ministra.

Ontem mesmo os outros três membros da mesa da assembleia mandaram-lhe uma carta a pedir uma reunião urgente por não terem sido vistos nem achados na convocatória das eleições e para pedirem explicações sobre o processo de adesão de novos sócios, que tem sido conduzido por um colaborador de José Moreno não pertencente  aos órgãos sociais.

Para os que se consideram filhos do bairro, nados e criados no clube, a ofensa maior traduziu-se entretanto na convocação da assembleia geral eleitoral de segunda-feira. Esta não se fará na sede, como sempre, mas no Hotel Ibis, na Av. José Malhoa.

À porta da sala deverá haver agentes da PSP e só poderão entrar os sócios com quotas em dia. Nelson Martins, um dos membros da anterior direcção que está do lado de José Moreno e Rodrigo Gonçalves, disse ao PÚBLICO que a reunião se fará no hotel e terá polícia à porta «porque vai haver muita gente e há pessoas que têm atitudes menos próprias». Nelson Martins recusa motivações políticas na adesão dos novos sócios. Diz que «são cerca de 300 e alguns até são da oposição».

Os nomes dos candidatos aos órgão sociais, explica, só serão conhecidos na assembleia «porque a oposição não quis que se fizesse a sessão de quarta-feira». Quanto à legalidade da convocação do acto eleitoral, Nelson Martins está confiante: «Eu não estou a ver o dr. Moreno a ser parvo. Ele sabe o que está a fazer. Ele não vai meter o pé na argola.»

Da parte dos adversários do grupo dos novos sócios, Carlos Gonçalves, um dos vice-presidentes que se demitiu logo no início do mandato «por ver o rumo ilegal que as coisas estavam a levar», é um dos que não entende o que está a acontecer no Palmense. «Isto é tudo muito estranho. Não percebo porque é que há um grupo de pessoas que nunca teve nada a ver com o clube e querer tomar o poder, custe o que custar», afirma.

O PÚBLICO tentou falar durante a tarde desta sexta-feira com Rodrigo Gonçalves e com José Moreno, mas não obteve resposta.





sexta-feira, 8 de agosto de 2014


O aborto e o cancro da mama


Matthew Hanley

Frequentemente aparecem estudos que contradizem aquilo que se pensava – até há pouco tempo – ser mais benéfico para a saúde. Quem é que consegue acompanhar as indicações sobre a quantidade ideal de café, colesterol e exercício? Chegámos a uma situação em que mais vale a atitude de Santo Inácio de Loyola, de indiferença para com os bens deste mundo, como a saúde e a riqueza. Mas a indiferença para com a saúde por parte das autoridades de saúde não é desse género.

Numa edição recente do New England Journal of Medicine encontra-se um artigo que vem no seguimento de vários num caso já conhecido como «as guerras das mamografias». Essencialmente, conclui que os programas de rastreio mamográficos fazem mais mal que bem e que mais vale acabar com eles do que manter o status quo. Um conselho médico na Suíça analisou as provas e chegou a esta conclusão.

A primeira coisa que notaram foi que os estudos actualmente usados estão ultrapassados. O tratamento também melhorou imenso ao longo das últimas décadas, eliminando as vantagens modestas que se pensava que as mamografias ofereciam.

Depois, há efeitos secundários do procedimento, sobretudo os que se devem ao sobre-diagnóstico. O termo técnico é cancro «dormente», que é detectado pelas mamografias mas que na verdade não constituem ameaça.

Um estudo canadiano recentemente publicado, com casos seguidos ao longo de 25 anos, descobriu que quase 22% dos cancros detectados por mamografias eram sobre-diagnósticos, que deram origem a tratamento desnecessário, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia, ou combinações dos mesmos. Os académicos canadianos concluíram também que as mamografias anuais não reduzem os índices de mortalidade.

Estas conclusões serão surpreendentes para muitos, sobretudo porque as mulheres, no geral, tendem a sobrestimar radicalmente os benefícios dos rastreios mamográficos. Um estudo em larga escala determinou que as mulheres sobrestimavam oito vezes as vantagens dos rastreios e achavam que as mortes devidas à ausência de rastreio são 32 vezes superiores ao que realmente são.

A equipa suíça confessou que as suas conclusões têm sido recebidas com alguma hostilidade, mas contrapõem que sim, «é verdade que as conclusões alarmam as mulheres, mas tendo em conta as provas que encontrámos, não sabemos como é que podemos deixar de as alarmar».

Nem toda a gente concorda e o debate prossegue. Mas parece justo concluir que as vantagens das mamografias parecem ser, actualmente, marginais. Para as mulheres de certas idades e para os seus médicos, compreende-se que seja um dilema complicado. É preciso avaliar os prós e contras e nem toda a gente chegará às mesmas conclusões.

Mas há uma coisa sobre a qual todos concordam, porque todos defendem os seus pontos de vista com base na ideia de que as mulheres merecem a informação mais rigorosa. Mas há uma excepção a este princípio, ainda por cima num tema que, ao contrário das mamografias, tem o potencial de diminuir os casos de cancro: a relação entre o aborto induzido e o cancro da mama.


Que bases é que existem para esta ligação? A esmagadora maioria dos estudos, desde 1957, indicam uma relação de causa-efeito. Todos os estudos estatisticamente significativos indicam uma ligação positiva e todos os que sugerem uma associação negativa são estatisticamente insignificantes.

Uma meta-análise, composta por 36 estudos efectuados em 14 províncias da China até 2012, revelou conclusões muito significativas. As mulheres com um historial de aborto provocado tinham um risco 44% superior de desenvolver cancro da mama em comparação com mulheres que não tinham esse factor de risco. Isto é, se o risco de se desenvolver um cancro da mama ao longo da vida toda for, digamos, de 10%, a realização de um aborto provocado faz aumentar o risco para 14,4%.

O estudo chinês confirma uma outra meta-análise que revelou um aumento de 30%. Mas é ainda mais grave. Não só existe um risco moderadamente maior como emergiu uma clara relação de «dose-efeito». Isto significa que os riscos aumentam na medida em que aumenta a exposição à ameaça. A existência da relação de «dose-efeito» é tida como dando mais peso a uma teoria plausível. Esses estudos determinaram que o risco aumenta para 76% em mulheres que tenham feito dois abortos provocados e 89% em mulheres com três.

São dados significativos, mas não chegam para provar nada. Para isso precisamos de determinar um mecanismo fisiológico de acção. Mas também o temos. No fundo tudo se resume à exposição a estrogénio: quanto mais houver, maior o risco. Nas primeiras fases de uma gravidez a mulher está exposta a doses maciças de estrogénio, que espoletam a proliferação de um tipo de lóbulo mamário que é mais susceptível ao cancro. É por isso que as mulheres que dão à luz prematuramente, antes das 32 semanas, têm duas vezes maior risco de desenvolver cancro do peito. É só nas últimas semanas de uma gravidez típica que as outras hormonas começam a ajudar a transformar esses lóbulos vulneráveis em lóbulos resistentes ao cancro. Dar à luz, e isto ninguém contesta, é benéfico para a saúde.

Qualquer epidemiologista sério dirá que esta combinação de factores merece ser levado a sério. Mas em detrimento da honestidade intelectual as autoridades têm-se desdobrado em esforços para esconder a relação. Uma das formas de o fazer é misturar os abortos provocados com os espontâneos, que não são um factor de risco.

Em vez de esconder a verdade para não «alarmar» as mulheres, seria muito melhor corrigir este escândalo. As autoridades estão a enganar as mulheres quando dizem que, de acordo com os números, o aborto provocado não acarreta um risco acrescido de adoecer.


Matthew Hanley é investigador sénior no Centro Nacional de Bioética Católica. Matthew Hanley é autor, juntamente com Jokin de Irala, de «Affirming Love, Avoiding AIDS: What Africa Can Teach the West», que foi recentemente premiado como melhor livro pelo Catholic Press Association. As opiniões expressas são próprias, e não da NCBC.



(Publicado pela primeira vez em The Catholic Thing)





quinta-feira, 7 de agosto de 2014

quarta-feira, 6 de agosto de 2014


Bispo católico mais novo do mundo tem 37 anos


Igreja Greco-Católica da Ucrânia já contava com o líder mais novo de uma Igreja Católica de Rito Oriental, Sviatoslav Schevchuk, de apenas 44 anos.

Yosafat Moschych tornou-se, neste domingo, o bispo mais novo da Igreja Católica em todo o mundo.

O novo bispo, ao centro, na cerimónia de ordenação
Com apenas 37 anos, Moschych foi designado pelo sínodo da Igreja Greco-Católica da Ucrânia e torna-se, assim, bispo auxiliar da Diocese de Ivano-Frankivsk, na Ucrânia.

A Igreja Greco-Católica da Ucrânia é uma igreja de rito oriental, em comunhão com Roma. Para além da Igreja Católica Romana, que é, de longe, a maior e à qual pertencem a esmagadora maioria dos portugueses, existem mais de 20 igrejas católicas que têm as suas próprias tradições litúrgicas e pastorais, mas que reconhecem a primazia do Papa e estão em plena comunhão com Roma. No plano da administração, gozam, contudo, de uma significativa autonomia. Ao contrário das dioceses da Igreja Católica Romana, os bispos das igrejas orientais tendem a ser nomeados pelos seus próprios sínodos, sendo a escolha, depois, confirmada por Roma.

A Igreja Ucrânia é a maior das igrejas orientais e é, actualmente, chefiada pelo Patriarca Sviatoslav Schevchuk, que é também o mais novo líder de uma Igreja Oriental, com apenas 44 anos.





terça-feira, 5 de agosto de 2014


Carne de porco na cantina

para os muçulmanos...



Jean Leonetti, presidente do município de Antibes, território francês situado no departamento dos Alpes Marítimos, no Mediterrâneo, recusa suprimir a carne de porco nas escolas.

Os pais de alunos muçulmanos haviam pedido a eliminação da carne de porco nas cantinas das escolas de Antibes. O presidente recusou liminarmente o pedido e o município enviou uma nota a todos os pais a explicar a razão da recusa. Eis o essencial dessa nota.


Os  muçulmanos devem adaptar-se à França, aos seus costumes, às suas tradições, ao seu modo de vida, pois foi para aí que decidiram emigrar.

Para que compreendam que devem integrar-se e aprender a viver em França.

Para que compreendam que são eles próprios que devem modificar o seu modo de vida e não os Franceses, que os acolheram generosamente.

Para que compreendam que os Franceses não são nem xenófobos nem racistas, que aceitaram numerosos imigrantes, sobretudo muçulmanos, enquanto os muçulmanos não aceitam estrangeiros não-muçulmanos nos seus territórios.

Que, tal como os outros povos, os Franceses  não estão dispostos a renunciar à sua identidade, à sua cultura, apesar dos golpes baixos dos internacionalistas.

E que, se a França é uma terra de acolhimento, não são as «políticas» que acolhem os estrangeiros mas o povo francês no seu conjunto.

Para que compreendam, finalmente, que em França, com, e não apesar de, as suas raízes judaico-cristãs, as suas árvores de Natal, as suas igrejas, e as suas festas religiosas, a religião deve ficar no domínio privado. E por isso o município tem razão ao recusar toda a concessão ao islão e à charia.

Lembramos aos muçulmanos a quem a laicidade incomoda e que não se sentem bem em França que existem no mundo 57 magníficos países muçulmanos, na maioria sub-habitados, e disponíveis para recebê-los de braços abertos no respeito pela charia.

Se deixaram os vossos países para vir para França e não para outros países muçulmanos é porque consideraram que a vida é melhor em França do que nesses países.

Coloquem a vocês próprios a questão: porque estarão melhor em França do que de onde vocês vieram?

A cantina com carne de porco faz parte da resposta.








segunda-feira, 4 de agosto de 2014


Será que se aumenta

a natalidade por decreto-lei?


Pedro Afonso

O Estado deve criar um sistema fiscal verdadeiramente «amigo da família».

É conhecido por todos que Portugal tem um grave problema de natalidade. Com cerca de 1,2 filhos por casal, o nosso país apresenta uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo, colocando problemas de sustentabilidade a vários níveis na sociedade. O PSD, que já deveria ter consciência desta realidade há mais tempo, decidiu finalmente nomear uma comissão para estudar o assunto e que propôs recentemente um conjunto de medidas legislativas de modo a incentivar o aumento da natalidade.

Já se adivinhavam quais seriam algumas dessas  medidas propostas: maior justiça fiscal face ao número de filhos, alargar o acesso a creches e aumentar as actividades de tempos livres (ATL), flexibilizar os horários laborais para os pais, etc.  Apesar do sinal positivo de algumas destas propostas, a pergunta que se coloca é a seguinte: Será que é possível aumentar a natalidade por decreto-lei?

Como psiquiatra, profissionalmente contacto diariamente com dezenas de pessoas de diversas idades e em fases diferentes do ciclo da vida. Quando pergunto a um jovem que tem uma relação amorosa estável se está a pensar casar, a resposta que ouço como mais frequência é: «para quê?» Depois, se questiono se existem planos para terem filhos, muitas vezes o rosto desse jovem transfigura-se, adoptando uma expressão de perplexidade e de indignação, face ao despropósito daquela pergunta. A resposta habitual é um «não» peremptório.

Se for feito um inquérito aos casais jovens sobre quais os motivos que os levam a ter poucos filhos, a principal razão evocada será invariavelmente a falta de dinheiro. Mas como é que se explica que há vários anos (já com abundantes opções contraceptivas disponíveis), o rendimento per capita dos portugueses era mais baixo e ainda assim os casais tinham mais filhos? O problema da baixa natalidade não é totalmente explicado pela falta de condições económicas, mas acima de tudo pela mudança das prioridades nas opções de vida das pessoas; ou seja, por uma profunda mudança de atitudes e valores.

Há algumas semanas, a revista Sábado fez capa com o título: Há cada vez mais casais «felizes» que têm mais dinheiro e tempo para tudo... Não têm crianças por opção e são cada vez mais em Portugal». O título era reforçado pela imagem de dois jovens  fisicamente atraentes, deitados na relva e com sorrisos abertos. Este é um excelente resumo do modelo de sociedade que foi sendo criado nos últimos anos entre nós; este é um modelo actual de felicidade no qual os filhos não fazem parte.

Vivemos numa sociedade de consumo, materialista, individualista, que não compreende a renúncia e que tem alguma aversão ao compromisso, pois considera-o incompatível com a liberdade. Sabemos que ter filhos é, na verdade, um compromisso que obriga a muitas renúncias e sacrifícios que se vão tornando cada vez mais difíceis na actual sociedade de hiperconsumo. Perante estas prioridades, facilmente se compreende que seja difícil, senão mesmo impossível, conciliá-las com o nascimento de filhos.

Do meu ponto de vista, o problema da natalidade não se resolve por decreto-lei. Trata-se antes de um problema social com raízes mais profundas, relacionadas com uma sociedade emersa na cultura do efémero, hedonista e desvinculada da família como instituição social que garante a coesão social e a renovação da sociedade. Seja como for, o Estado deve ter dois papéis importantes: ser um «facilitador», e não um obstáculo para todos aqueles que querem ter filhos, e ser um defensor da justiça fiscal, criando um sistema fiscal verdadeiramente «amigo da família».

É provável que a natalidade só aumente significativamente daqui a umas décadas, quando as revistas mostrarem nas suas capas que afinal aquele casal sem filhos, outrora feliz, há muito que está separado. Ambos estão envelhecidos, talvez medicados com antidepressivos, e dominados por um enorme sentimento de solidão.





domingo, 3 de agosto de 2014


Devorou-me o zelo pela vossa casa


   São mais que os cabelos da minha cabeça
      aqueles que injustamente me odeiam;
      são mais fortes que os meus ossos
      os que me detestam sem motivo.

      Por Vós tenho suportado afrontas,
      cobrindo-se meu rosto de confusão.
      Devorou-me o zelo pela vossa casa
      e recaíram sobre mim os insultos contra Vós

      Mas eu dirijo a ti a minha oração, ó Senhor,
      no tempo favorável; ó Deus,
      responde-me, pelo teu grande amor,
      como prova da vossa salvação.

                   Salmos 69(68),5.8-10.14