Giulio Meotti, Gatestone, 29 de Julho de 2018
Original em inglês: Mass Migration: «The Fatal Solvent of the EU»
Hoje, 510 milhões de europeus vivem na União Europeia, 1,3 biliões de africanos estão de olho nela. Se os africanos seguirem o exemplo de outras partes do mundo em desenvolvimento como os mexicanos nos EUA, «em trinta anos... a Europa terá entre 150 a 200 milhões de afro-europeus, em comparação com os 9 milhões de hoje». Smith chamou a este cenário «Euráfrica».
- O controverso sistema de quotas para migrantes já deu com os burros n'água. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Hungria devido à detenção de migrantes. Os governos europeus não podem conter, deportar, deter e repatriar os migrantes. O que sugerem as autoridades em Bruxelas? Trazer todos para a Europa?
- Os judeus franceses são vítimas de um tipo de limpeza étnica segundo um manifesto assinado entre outros pelo ex-presidente francês Nicholas Sarkozy e pelo ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls.
A
Europa não só continua a fragmentar-se à medida que o sentimento anti-imigração
arrebanha força política mas também, em consequência da crise migratória, a
zona interna sem fronteiras da UE, cereja do bolo mais apreciada da Europa
pós-guerra, já está «ameaçada» pelo governo italiano, entre outros, como por
exemplo, o governo da Áustria.
A
imigração também está redefinindo o contrato intra-UE.
O
assim chamado «Grupo de Visegrád» formado pela República Checa, Hungria, Polónia
e Eslováquia, recentemente contestou a
defesa das fronteiras da UE. «Temos que ter uma Europa capaz de nos defender».
O chanceler austríaco Sebastian Kurz destacou a mesma coisa, ao ser convidado a participar no
encontro de Visegrád.
O novo
governo populista da Itália também abraçou a política de linha dura, depois de
a Itália confirmar a chegada de mais de 700 mil migrantes ao seu litoral nos últimos cinco anos. O ministro do interior da
Itália Matteo Salvini recentemente
fechou os portos da Itália às embarcações com migrantes. Na Alemanha, após a
chanceler alemã trocar farpas, no tocante à imigração, com o ministro do
interior Horst Seehofer, a
política sobre os migrantes também poderá levar ao «fim do mandato de Merkel».
«O
novo governo populista da Itália assinala um enorme desafio ao status quo europeu, mas não no aspecto
que a maioria dos observadores previam no começo», comentou recentemente o
autor Walter Russell Mead no The Wall Street Journal. «O governo de coligação suspendeu o desafio à política
do euro. Optou por se voltar para uma matéria sobre a qual o establishment
europeu é mais vulnerável: a migração».
O
consenso político europeu, como um todo, está a fragmentar-se sob o impacto
sísmico da onda de migrantes. A migração para a Europa tornou-se um problema
político «delicado como sempre»,
conforme acaba de salientar o New York Times em relação ao debate
que está a ocorrer na União Europeia. O presente problema da UE aparenta vir de
uma dormência que tomou conta das elites políticas que se recusam a levar em
conta os problemas dos seus cidadãos que vieram na esteira da maciça imigração,
sem nenhum tipo de critério.
A
migração em massa dos últimos anos simplesmente criou gigantescos problemas
para a estabilidade interna da Europa. Primeiro houve a ameaça à segurança. De
acordo com um novo levantamento da Heritage Foundation:
«Virtualmente
mil pessoas foram feridas ou mortas em ataques terroristas concluidos por
candidatos a asilo ou por refugiados desde 2014. Nos últimos quatro anos, 16%
das conspirações islamistas na Europa tiveram como pivô candidatos a asilo ou
refugiados. O ISIS tem conexão directa com a maioria das conspirações», sendo a
Alemanha o maior alvo e os sírios os mais frequentemente envolvidos se
comparados a qualquer outra nacionalidade. Aproximadamente três quartos dos
conspiradores cometem os atentados ou têm os planos frustrados, isto nos dois
primeiros anos após a sua chegada à Europa.
*****
«Desde Janeiro de 2014,
44 refugiados ou candidatos a asilo estiveram envolvidos em 32 ataques
terroristas islamistas na Europa. Os ataques feriram 814 pessoas e mataram
outras 182».Há
também um grave desafio à coexistência étnica e religiosa proveniente da
imigração. Os judeus franceses são vítimas de um tipo de limpeza étnica segundo
um manifesto assinado, entre outros, pelo ex-presidente francês Nicholas
Sarkozy e pelo ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls. «Dez por cento dos
cidadãos judeus da região de Paris foram recentemente forçados a mudarem-se
porque não estavam mais seguros em determinados conjuntos habitacionais» assinalou o manifesto. «Esta
é uma limpeza étnica silenciosa».
A
ameaça que a Europa enfrenta e continuará a enfrentar caso se recuse a fechar e
controlar as fronteiras é examinada por Stephen Smith, especialista em África
e admirado pelo presidente francês Emmanuel Macron, no seu
novo livro, A Corrida para a Europa: a Jovem África a Caminho do Velho
Mundo. Hoje, observa ele, 510 milhões de europeus vivem na União Europeia,
1,3 biliões de africanos estão de olho nela. «Em trinta e cinco anos, 450
milhões de europeus estarão diante de cerca de 2,5 biliões de africanos de olho
nela, ou seja, cinco vezes mais», prevê Smith. Se os africanos seguirem
o exemplo de outras partes do mundo em desenvolvimento como os mexicanos nos
EUA, «em trinta anos», segundo Smith, «a Europa terá entre 150 a 200 milhões de
afro-europeus, em comparação com os 9 milhões de hoje». Smith chamou a esse
cenário «Euráfrica». A maior onda de migração da Europa desde a Segunda
Guerra Mundial também se tornou um problema cada vez mais urgente, à medida que
as populações autóctones da Europa continuam envelhecendo e encolhendo.
O
controverso sistema de quotas para
migrantes já deu com os burros n'água. Na realidade os governos europeus também
não têm condições de deportar os migrantes. Em 2012 o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (ECHR) condenou o governo italiano e ordenou o pagamento de
milhares de euros a um punhado de imigrantes deportados para a Líbia. As
autoridades italianas haviam interceptado os migrantes no Mar Mediterrâneo
quando tentavam chegar à ilha italiana de Lampedusa vindos da Líbia. Três anos
depois, o Tribunal Europeu novamente condenou o governo italiano por deportar migrantes. O
Tribunal Europeu de Direitos Humanos também condenou a Espanha num julgamento pela expulsão de um grupo de 75 a 80 migrantes
do enclave de Melilla. O ECHR então condenou a Hungria devido à detenção de migrantes. A Europa não
pode conter, deportar, deter e repatriar os migrantes. O que sugerem as
autoridades em Bruxelas? Trazer todos para a Europa?
Andrew
Michta, reitor do College of International and Security Studies do George C.
Marshall European Center for Security Studies, escreveu recentemente que diante
dessa migração em massa as democracias europeias arriscam as suas próprias «decomposições». Não veremos apenas a «divisão» da frágil União
Europeia, veremos também a da Civilização ocidental.
Tradução:
Joseph Skilnik
Sem comentários:
Enviar um comentário