I — A CIVILIZAÇÃO E A SUA DEFESA
A
superioridade da Civilização cristã
(1) A Civilização ocidental, ou europeia, ou cristã, ou
judaico-cristã, de matriz greco-latina e tomando como princípio director a
ética cristã, reúne um conjunto de valores religiosos, normas morais e
sociais, padrões estéticos e níveis científicos e técnicos que a tornam em
todos os campos indubitavelmente superior a todas as outras. Pela sua
superioridade material, ela atrai povos de todas as latitudes. Pela sua
superioridade espiritual, ela atrai a ira dos bárbaros internos e externos do
nosso tempo.
A
superioridade da ética cristã
(2) A ética cristã, como conjunto de valores que devem guiar o
comportamento humano, constitui a base da nossa Civilização. A superioridade
da Civilização cristã reside, antes de mais, na superioridade da sua ética. Os
valores fundamentais da ética cristã — o respeito, a responsabilidade, a fidelidade,
a verdade e a bondade — são universais e válidos para todas as pessoas, em
todos os lugares, em todas as circunstâncias e em todos os tempos. São valores
perenes, não de um lugar ou época histórica. A ética cristã opõe-se
frontalmente ao relativismo moral, cultural e histórico do modernismo e da
pretensa «religião universal».
A
família natural e a sua defesa
(3) A família é a célula fundamental da sociedade e a sua única e autêntica
forma é a família natural. As chamadas «outras formas de
família», ou «formas alternativas de família», são na
realidade construções ideológicas contra a família e a ordem natural. Estas
construções ideológicas, engendradas por centrais promotoras da decadência,
contribuem para a degradação da família, da sociedade e da Civilização e
constituem um atentado ao equilíbrio psíquico das pessoas — quer sejam
crianças, jovens ou adultos, em especial de crianças quando entregues a essas
ditas «formas alternativas de família».
(4) É aos pais e não ao Estado a quem compete decidir que educação e
desenvolvimento moral, afectivo e intelectual dar aos seus próprios filhos.
A
crise demográfica e a sua solução
(5) A crise demográfica que atinge o Ocidente ameaça-o na sua
vitalidade e na sua defesa e segurança. A crise demográfica da Civilização não
se resolve preenchendo o vazio de população de cultura ocidental com
população de outras culturas, criando assim uma «sociedade multicultural»,
com culturas manifestamente incompatíveis e mesmo antagónicas, sobretudo no
plano da ética. Tal sociedade é infalivelmente um poço de conflitos, geradora
de insegurança e violência que acabará por descambar em guerra dentro das próprias
fronteiras. O multiculturalismo não só não resolve o problema demográfico
do Ocidente como gera outros problemas, principalmente a dissolução dos
valores da Civilização, a instabilidade, a insegurança e a quebra do elemento
agregador religioso.
(6) A crise demográfica que atinge o Ocidente apenas pode ser
resolvida internamente, e por duas vias. Tratando-se sobretudo de uma questão
cultural, resolve-se, antes de mais, promovendo a cultura da maternidade e
combatendo as contraculturas do feminismo e do hedonismo. Em segundo lugar,
aplicando uma série de políticas de apoio à maternidade e uma política
integrada de família.
A
defesa da vida
(7) A defesa da vida desde a concepção até à morte natural é um dos
corolários da Civilização e da ética cristã. O combate à cultura da morte é um
dos principais imperativos actuais em defesa da Civilização.
A luta
contra a ditadura do pensamento único
(8) Em oposição frontal à Civilização cristã, os «senhores do mundo»
tentam impor o pensamento único «politicamente correcto», baseado
num conjunto de filosofias e ideologias corrosivas do ser humano. São elas,
fundamentalmente, o subjectivismo, o sincretismo, o naturalismo, o
relativismo, o liberalismo e o hedonismo. O próprio homossexualismo já
adquiriu estatuto de ideologia e de normalidade, nomeadamente com a «ideologia
do género».
(9) O pensamento único «politicamente correcto» é
a expressão contemporânea do sincretismo maçónico.
(10) O pensamento único «politicamente correcto» inunda
as mentes através das artes, da cultura, da propaganda, dos meios de comunicação,
da escola, das várias políticas, etc. Este pensamento já penetrou na própria
ordem jurídica, impondo também por aí a sua ditadura.
(11) Também em oposição à Civilização, e paralelamente ao «politicamente
correcto», e difundido pelos mesmos canais, se apresentam o marxismo, o
criptomarxismo e o anarquismo. Estas doutrinas, de características próprias,
confundem-se em muitos pontos com o «politicamente correcto», com
o qual formam uma amálgama de ideias falsas tendo como denominador comum a corrupção
do ser humano, a oposição à ética cristã, à natureza humana e à Civilização.
O alvo
principal dos inimigos da Civilização
(12) Foi a Igreja que gerou a Civilização europeia, depois expandida
para outros continentes. Ao longo de vinte séculos, a Igreja foi a depositária
dos valores éticos fundamentais que definem a Civilização ocidental. Assim
se compreende que a Igreja se tenha tornado, principalmente nos últimos séculos,
o alvo principal das forças que fomentam a decadência da Civilização.
Sobretudo hoje, por fora e até por dentro da Igreja, assistimos a cerrados
ataques à doutrina e à instituição geradora da nossa Civilização.
As
centrais inimigas da Civilização
(13) As actividades contra a Civilização são desenvolvidas através de
múltiplas organizações, partidos e instituições de diversas matizes ideológicas,
no entanto todos convergindo para o mesmo fim destruidor. Algumas dessas
actividades são espontâneas, ou de âmbito local, ou nacional, enquanto outras
são fomentadas e coordenadas por centrais mundiais e à escala global.
(14) As principais centrais mundiais contra a Civilização — algumas
delas invisíveis — são a maçónica, a homossexualista, a feminista e o que
resta da rede soviética de partidos comunistas e submarxistas a ela agregados
ou não.
(15) Para veicular as suas ideologias e exercer o seu poder, estas
centrais mundiais criam instituições internacionais ou infiltram e utilizam as
existentes, como a ONU, as suas agências ou a União Europeia, e também
partidos políticos, a escola, as instituições culturais, etc.
(16) A ofensiva ideológica e política das centrais contra a Civilização
incide nos seguintes pontos principais: infiltração da Igreja pela maçonaria,
visando o esvaziamento da sua doutrina e transformando-a em apêndice da
religião mundial; a promoção do mundialismo e do europeísmo antipátrias,
visando a implantação do governo mundial; e a promoção do hedonismo, do
feminismo, do sexualismo, do homossexualismo e da cultura da morte, visando a
destruição da família.
A grave
crise da Civilização e a sua solução
(17) A grave crise da Civilização é consequência do afastamento dos
valores que a fundamentam. Por isso, a sua regeneração só pode verificar-se
pelo regresso às origens, isto é, pela reposição dos seus valores fundamentais.
(18) Perante a grave crise de valores da Civilização, falsas soluções
ressurgem assumindo novas formas, sempre desviando-se ou opondo-se
frontalmente à Civilização cristã. Entre essas falsas soluções, podemos referir
as pragmatistas, as vanguardistas e as pagãs.
Falsas
alternativas pragmatistas
(19) As crises provocadas pela inoperância económica do socialismo e do
liberalismo e os seus impactos na vida das pessoas têm, de tempos a tempos,
permitido o ressurgimento da falsa alternativa do tecnocratismo. Esta corrente
apresenta-se como anti-ideologia mas de facto assenta no pragmatismo e no
amoralismo. Tomando como valor supremo e como critério da verdade o útil,
ignora totalmente a ética e qualquer sistema de ideias e valores, e opõe-se
assim à Civilização cristã. Ao contrário de outros políticos inimigos da
Civilização cristã, os tecnocratas são pessoas de formação técnica mas de baixa
cultura e impreparados para a política, residindo a diferença essencial entre
eles no facto dos primeiros preconizarem o caminho para a decadência da
Civilização e estes aceitarem inconscientes esse caminho. Ignorando os
problemas de natureza moral, social, e política, a tecnocracia não só não
resolve os problemas técnicos a que se propõe como ainda agrava os de
natureza civilizacional.
(20) Em socorro ideológico do já visto tecnocratismo, surgiu no
terceiro quartel do século XX a falsa ideologia do «fim das ideologias».
Esta ideologia pretende passar uma esponja sobre o antagonismo entre os valores
cristãos e os antivalores do liberalismo e do marxismo, entre outros, apontando
para uma «sociedade pòs-industrial» na qual a questão dos
princípios éticos é marginalizada. A ideologia do «fim das
ideologias» representa uma reformulação intelectual do primarismo
tecnocratista, e assim mais um modo de oposição à Civilização cristã.
Falsas
alternativas vanguardistas
(21) Nos anos 80 do século XX, surge em grande plano o pòs-modernismo,
que tem Nietzsche como uma das suas referências. Ao contrário do que alguns
pretendem, esta corrente não se opõe ao modernismo mas apenas pretende ultrapassá-lo,
isto é, refinar a oposição do modernismo à Civilização cristã. O pòs-modernismo
pretende «reinventar», «reinterpretar», «desconstruir» a
verdade, não lhe interessando a verdade objectiva, abrindo assim o caminho ao
subjectivismo e ao relativismo, e portanto a tudo o que se oponha à verdade dos
valores da Civilização cristã, da Nação e do bem comum.
(22) Tal como nos seus movimentos artísticos, em política, a
falsidade da alternativa pòs-modernista é evidente. A sua proximidade com o
liberalismo e o anarquismo ou o anarco-liberalismo reconhecem-se em movimentos
pacifistas, altermundistas, feministas, homossexualistas, etc. Alguns
sectores pòs-modernistas proclamam-se neoconservadores mas nesses movimentos a
ética cristã fica sempre de fora.
Falsas
alternativas pagãs
(23) Ao longo da história, têm ainda surgido falsas alternativas ao
liberalismo e ao marxismo inspiradas no nihilismo e no paganismo, como é o caso
do fascismo e do nazismo. Estas doutrinas pagãs, irracionais e bárbaras
opõem-se igualmente, tanto filosófica como politicamente, à natureza humana e
à Civilização cristã.
(24) As correntes do fascismo e do nazismo, pelo seu carácter violento
e opressor e oposição aos naturais sentimentos humanos de liberdade,
tornaram-se impopulares em todo o mundo, facilitando assim no campo cultural e
político a instrumentalização dos povos pelo marxismo, arvorado
em alternativa salvadora não só dessas correntes como também de todos os
males da humanidade.
(25) O aventureirismo militar do bloco nazi-fascista resultou na sua
derrota na II Guerra Mundial, provocando a catástrofe do avanço territorial do
comunismo na Europa e na Ásia e a criação de uma grande ameaça para o mundo.
(26) Entretanto, numa manobra de desinformação, os inimigos «politicamente
correctos» da Civilização cristã tentam hoje, muitas vezes, tirar
partido da impopularidade do nazismo e do fascismo conotando as políticas
cristãs com essas doutrinas anticristãs. Tanto as esquerdas como as «direitas»
autorizadas pelas esquerdas participam nesta desinformação, especialmente no
que diz respeito às necessárias medidas de defesa da ordem pública, da justiça
e dos costumes. A separação das águas e a desmontagem desta manobra de
desinformação é mais uma tarefa imprescindível dos combatentes da Civilização
cristã.
II — A NAÇÃO PORTUGUESA E A SUA GUARDA
A
degradação da sociedade
(27) Assistimos hoje à degradação da sociedade portuguesa nos campos
da moral, da família, da demografia, da educação, da economia, da política, da
ordem e segurança pública — de todos os sectores em geral da vida nacional.
Esta degradação generalizada, de natureza moral e material, tem graves
consequências directas e indirectas na vida quotidiana dos Portugueses. Ela tem
causas internas bem identificadas e também origem nas forças que, a nível
mundial, operam contra a Civilização, as nações e o bem das pessoas.
Uma
classe política ao serviço de si própria e do inimigo
(28) Dominado por uma classe política olhando apenas para si própria,
incompetente e obediente aos «senhores do mundo», o Estado, que deveria ser um
instrumento de defesa da Civilização, da Nação e do bem comum, tornou-se um
instrumento de poderes subterrâneos, um meio de servir essa classe política,
um meio de opressão do cidadão e de arrastamento da Nação para o plano
maçónico de instauração da «nova ordem mundial».
O
ataque à identidade e à soberania nacional
(29) A identidade e a soberania nacionais têm sido trocadas pelo europeísmo
antipátrias e pelo maçónico mundialismo, visando o estabelecimento da «nova
ordem mundial» ao serviço dos «senhores do mundo». O desfigurante
multiculturalismo, embora em menor escala do que noutras nações, também nos
afecta e ameaça ampliar-se. Aparentemente longínquas, tais políticas têm
graves reflexos na vida quotidiana das pessoas.
A
subversão das pessoas e das instituições
(30) Parte da sociedade civil, influenciada pelo comportamento da classe
política e pela contracultura importada de Hollywood ou de produção nacional,
segue os maus exemplos. Até algumas instituições que, pela tradição e pela
vocação, defenderiam os valores da Civilização, da Nação e do bem comum se
renderam aos «senhores do mundo».
A
Nação dos portugueses e a Civilização que a gerou
(31) São Portugueses aqueles que, independentemente em que lugar no
mundo, nasceram de sangue português ou que, provenientes de outras gerações,
abraçaram fielmente Portugal e a sua Civilização. A Nação portuguesa é a
grande casa das famílias portuguesas, dispondo de um território delimitado
pelas fronteiras mais antigas da Europa, com uma riquíssima história de nove
séculos que nos orgulha, falando a mesma expressiva e doce língua, em quase
total unidade religiosa, carregada de valiosas tradições e costumes idênticos.
Tudo isto faz de Portugal uma nação mais nação, das que mais
factores de identidade e unidade reúnem. É um bem que muitos povos não possuem
e que os Portugueses devem saber preservar.
(32) A Nação portuguesa nasceu e existe como expressão da Civilização
cristã. A ruína da Civilização nos seus princípios fundamentais arrasta para a
ruína as nações que a compõem. A ruína da Civilização implica a ruína da
Nação. O destino da Nação portuguesa, nos seus pilares, está, pois, intimamente
ligado ao destino da Civilização que a gerou.
A
identidade e a independência da Nação portuguesa
(33) Para além dos valores da Civilização cristã, comuns a todas as
nações que a compõem, existem os valores específicos da Nação portuguesa, que
formam a sua identidade e cuja preservação e promoção estão dependentes da
sua independência política e cultural.
O
mundialismo, inimigo das nações
(34) Em oposição à independência da nação portuguesa e de todas as
nações, os «senhores do mundo», procuram confundir um mundo global e as
naturais relações globais com o mundialismo. Esta manipulação de linguagem e de
conceitos visa arrastar para o seu campo os incautos, levando-os a apoiar
inconscientemente o seu projecto de governo mundial.
(35) A independência das nações é o maior obstáculo político ao
projecto dominador e corruptor dos «senhores do mundo». Por isso as centrais do
europeísmo e do mundialismo, a par da propaganda mundialista que desenvolvem,
minam as nações na sua independência transferindo a sua soberania para poderes
supra-nacionais.
Esta União Europeia, inimiga das nações
(36) Se tivesse sido concebida como aliança de estados-nação, a União Europeia poderia constituir um instrumento útil para todos e para a Civilização que lhe é própria. Contudo, o plano dos manipuladores foi estabelecer um aglomerado de estados dirigido por burocratas servindo os grandes da Europa e do mundo. A União Europeia é um instrumento contra as nações onde a Nação deixa de sê-lo, ficando reduzida a uma província do império. Passo a passo, a União Europeia tem caminhado para o plano mundialista arquitectado desde o início.
A ameaça do multiculturalismo
(37) O multiculturalismo é um dos pratos fortes da ideologia do «politicamente correcto» promovido pelas centrais mundialistas. O multiculturalismo é um grave atentado à identidade nacional, à paz, à segurança nacional, à Nação, aos Portugueses, à Civilização.
(38) Para implementar o multiculturalismo, as centrais mundialistas recrutam como seus instrumentos no terreno os membros do complexo social-industrial, o qual movimenta gigantescos interesses financeiros e de carreiras sob a capa da «bondade» e do «humanismo».
(39) Ao acolher pessoas de outras nações, Portugal deve ser criterioso. Deve acolher na proporção da sua população e segundo a sua própria necessidade. Deve fazê-lo preferindo originários de nações da Civilização cristã, isto é, pessoas formadas na ética cristã, condição para uma integração viável, natural e pacífica.
(40) A língua, a história, as tradições e a religião são elementos definidores e agregadores da Nação. Por isso são atacadas pelos mundialistas. O ensino deficiente da língua pátria ou decisões políticas nocivas como o «Acordo Ortográfico», o laicismo, o apagamento e falsificação da nossa história e o desprezo pelas boas tradições são meios de dissolução da identidade nacional. A dissolução da identidade nacional prepara a destruição da Nação. A guarda da Nação exige, pois, a defesa da língua, da história, das boas tradições, da religião cristã e da sua ética.
A necessária defesa nacional
(41) A defesa do espaço português de agressões e cobiças vindas do exterior ou do interior das suas fronteiras é um imperativo sempre presente na vida da Nação. Sob pressão do mundialismo, do europeísmo, do economicismo, do tecnocratismo, do populismo e do pacifismo, criou-se em certos meios a ideia ilusória de que hoje já não são necessárias Forças Armadas para defender a Nação. A realidade é que, mesmo integrado num sistema de segurança colectiva, Portugal, no quadro regional, necessitará sempre de defender por si próprio, com toda a autonomia, as suas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.
III — O BEM COMUM E A SUA PROMOÇÃO
O bem comum, a governação e a Civilização
(42) O bem comum é uma categoria superior ao bem individual na medida em que este apenas é possível no quadro do bem geral em que o indivíduo está inserido, isto é, a Nação e a Civilização. São, em conjunto, os valores da Civilização e a boa governação da Nação que podem proporcionar a todos o bem-estar. Apenas neste enquadramento é possível às pessoas singulares obterem o bem-estar. Ao mesmo tempo, o bem das pessoas é o bem da Nação e o bem da Civilização.
A boa governação da Nação
(43) A boa governação da Nação requer, antes de tudo — sublinhe-se —, a sua independência política.
(44) A boa governação da Nação consiste, em primeiro lugar, na defesa dos valores da Civilização. Depois, consiste em garantir a segurança das pessoas e bens, uma justiça eficaz, um ensino de qualidade e acessível a todos segundo as suas capacidades, um serviço nacional proporcionando a todo o povo os cuidados de saúde, uma segurança social satisfatória e sustentada, uma assistência acudindo aos necessitados e uma economia capaz de suportar todos estes encargos das pessoas, da sociedade e do Estado.
A necessária independência do Estado
(45) Para cuidar devidamente do bem comum, o Estado necessita de dispor de autonomia face a interesses externos ou internos privados. Alguns interesses em jogo são estranhos à Nação e até a ela antagónicos. Certas directivas emanadas dos burocratas instalados nas centrais de poder mundiais ou europeias atentam quer contra os valores morais da Civilização, quer contra a sobrevivência de muitos portugueses. A perda da soberania nacional significa, pois, ficar refém de terceiros e dos seus interesses.
(46) Igualmente, o domínio do Estado por interesses privados ilegítimos, mesmo ditos «nacionais», é outro obstáculo a uma governação que coloque acima de tudo o bem da Civilização, o bem da Nação e o bem do povo.
A necessária segurança interna
(47) A segurança interna é um factor capital para a paz e tranquilidade das pessoas. Promover o bem comum passa por defender a propriedade, a ordem pública e a segurança. A permissividade e o multiculturalismo de liberais e forças com ele coligadas são os maiores fautores de perturbação da ordem pública e da segurança interna.
A necessária rejeição de ideologias nefastas
(48) Para cuidar devidamente do bem comum, o Estado necessita de estar libertado dos espartilhos de ideologias nefastas, como o socialismo em qualquer das suas formas, ou o liberalismo, ou o tecnocratismo, desde a área da economia à cultura, dos costumes à educação ou à segurança. As ideologias contrárias à natureza humana e aos valores da Civilização atentam na prática contra o bem comum e individual das pessoas.
IV — A ESTRATÉGIA E A TÁCTICA
DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL
Primeiro os valores
(49) A noção clara dos valores da Civilização, da Nação e do bem comum, em primeiro lugar, e a definição da estratégia e da táctica para defendê-los, em segundo lugar, constituem a chave para a correcta avaliação de cada situação e para a acção política, cultural e social organizada capaz de enfrentar vitoriosamente o inimigo.
A identificação clara do inimigo
(50) São inimigos da Civilização, da Nação e do bem comum, e portanto da Milícia de São Miguel, todos aqueles que, tanto no pensamento como na acção política, cultural ou social, se oponham aos seus valores. Alguns desses inimigos, pelo carácter altamente corrosivo do seu pensamento, pela sua persistência, pela maior influência que exercem na sociedade ou no mundo, e até controlando importantes sectores do Estado ou organizações de relevo, merecem especial referência:
a) as centrais mundiais da contracultura, do relativismo, da decadência moral, do mundialismo e do europeísmo antipátrias, as suas agências e seus representantes locais;
b) os partidos de ideologias políticas socialistas ou liberais, ambas manifestamente opostas à produção de riqueza e ao bem comum;
c) os chefes dos partidos de base social não liberal, não socialista, não mundialista e não decadente mas que traem a Civilização, a Nação, o seu eleitorado e os próprios membros de base dos seus partidos.
O principal ponto forte do inimigo
(51) O principal ponto forte do inimigo tem sido a sua liberdade de semear ideias e agir sem oposição durante um largo período histórico. Neste tempo, o inimigo não teve de enfrentar qualquer oposição efectiva — uma oposição simultaneamente coerente, firme e organizada no terreno. Por esta razão, a marcha do inimigo para o poder tem sido um simples passeio. Afinal, o principal ponto forte do inimigo tem sido a nossa falta de comparência.
(52) A nossa estratégia, consequentemente, é:
a) dotarmo-nos de uma política global coerente;
b) dotarmo-nos de uma organização fortemente implantada na sociedade, disputando palmo a palmo o terreno ao inimigo.
O principal ponto fraco do inimigo
(53) O principal ponto fraco do inimigo, em qualquer das matizes em que se apresente, é o antagonismo entre o seu pensamento e a natureza humana. Um pensamento antagónico à natureza humana não consegue captar adesões conscientes em massa.
(54) Em conformidade com esta realidade, a nossa acção no campo da comunicação consiste em:
a) contornar os meios tradicionais de comunicação, dominados quase na totalidade pelo inimigo e recorrer às redes sociais e a outros novos meios de comunicação, com os quais podemos enfrentá-lo;
b) esclarecer a massa em grande escala e formar quadros nas áreas da política e da cultura.
O segundo ponto fraco do inimigo
(55) O segundo ponto fraco do inimigo é ele próprio constituir uma minoria. O inimigo assenta a sua acção em locais estratégicos que as suas minorias activas tomaram de assalto. Essas forças minoritárias na sociedade e opostas à natureza humana são facilmente neutralizáveis desde que travemos contra elas um combate coerente, frontal, firme e organizado.
(56) A nossa medida estratégica de nos dotarmos de uma linha política coerente e de organização permite desalojar dos locais de poder as minorias activas do inimigo. O alvo estratégico principal da nossa acção política é precisamente a sede do poder político do regime em vigor. Torna-se possível atingir o alvo ao reunirmos um exército consciente constituído por múltiplas pequenas unidades.
A aparente força da classe política
(57) A classe política ao serviço do inimigo manipula a grande massa do eleitorado e até os membros dos respectivos partidos políticos, muitos não se identificando com eles. A classe política central e local desses partidos reina na aparência de gozar do apoio incondicional dos membros de base. Na realidade, esses membros de base, não vislumbrando internamente uma alternativa positiva, limitam-se ciclicamente a optar pelo mal supostamente menor.
Disputar todo o terreno ao inimigo
(58) A existência dessa grande massa humana no seio de alguns partidos políticos que se identifica em grande parte com os nossos valores mas que é manipulada pelos seus dirigentes levanta inevitavelmente o problema de se saber como proceder em relação a ela. A Milícia de São Miguel não se dá por vencida nestes terrenos, mesmo que pantanosos. O poder reside nesses terrenos pantanosos, centro nervoso do sistema, e é a sua conquista que coloca directamente em causa o poder desta classe política.
O nosso combate no campo cultural
(59) O objectivo estratégico da nossa acção cultural é a promoção da cultura da Civilização, da Nação e do bem comum e combater a contracultura. A guerra política tem como pano de fundo a guerra cultural, a guerra pela conquista das consciências. É sobretudo pela cultura, de forma subliminar ou aberta, que o inimigo, ardilosa e gradualmente, conquista as mentes da grande massa e as prepara para aceitar as suas políticas. O poder cultural do inimigo reside nos meios de comunicação tradicionais, nas artes e em certos sectores de instituições e do Estado. A redução da contracultura à sua ínfima expressão só será viável após a resolução do problema político. Entretanto, usaremos todos os meios disponíveis nesta guerra cultural.
O nosso trabalho com a sociedade civil
(60) O objectivo estratégico da nossa acção nas organizações da sociedade civil é procurar que elas se tornem efectivos retransmissores dos valores da Civilização, da Nação e do bem comum. Em sintonia com estes valores, além do seu papel educativo, as organizações da sociedade civil também podem exercer sobre as forças políticas uma pressão positiva.
Outros princípios estratégicos
(61) A estratégia da Milícia de São Miguel integra ainda outros princípios.
Primeiro. Desenvolver a organização da Milícia seleccionando os seus membros com o critério de adesão fiel aos valores da Civilização, da Nação e do bem comum. É esta uma condição sine qua non para os milicianos agirem em sintonia com os objectivos a que se propõe a Milícia de São Miguel.
Segundo. Formar quadros, em especial jovens, proporcionando-lhes formação filosófica, política e cultural que, no terreno, os habilite a esgrimir razões contra o inimigo.
Terceiro. Desenvolver a implantação no terreno de baixo para cima, dando especial importância às forças vivas da sociedade, mais do que a personalidades mediáticas. Eventualmente descontentes com uma ou outra política, muitas dessas personalidades nem sempre se encontram disponíveis para enfrentar o sistema. Poderão eventualmente vir a opor-se-lhe de forma clara quando enquadradas num movimento político não vacilante e já entretanto hegemónico.
Quarto. Desenvolver a implantação prioritariamente nas periferias, avançando do interior para os centros. Porque os centros se encontram mais infiltrados e corrompidos pelo inimigo, torna-se mais fácil derrotá-lo cercando-o pelas periferias.
O necessário trabalho em unidade
(62) É sabido que um certo número de pessoas apoia apenas na generalidade ou pontualmente os valores da Milícia de São Miguel. Assim, torna-se necessário encontrar formas de integrar essas pessoas no movimento de reconstrução civilizacional e nacional. Por esta razão, a Milícia de São Miguel ajuda a criar, fomenta e apoia movimentos integradores dessas pessoas que, na acção, convirjam para objectivos comuns com a Milícia de São Miguel.
Firmeza na estratégia e flexibilidade na táctica
(63) A Milícia de São Miguel não é nem uma salada política, ecléctica, dita «consensual» ou «abrangente», visando apenas a quantidade de aderentes, mesmo que ignorando os valores da Civilização, ou os valores nacionais, ou o bem comum, nem uma seita ideológica, de «grandes princípios» mas isolada da sociedade civil e da política concreta. A certeza nos valores, a firmeza na estratégia e a flexibilidade na táctica são os princípios fundamentais na acção política da Milícia de São Miguel e de cada miliciano em todos os momentos e em todas as circunstâncias.
V — DA BARBÁRIE E DO CAOS À CIVILIZAÇÃO
E À ORDEM NATURAL
(64) Está em causa o futuro dos nossos filhos, das nossas famílias, da nossa Nação, da nossa Civilização. Mas com clareza programática e força de organização, e sabendo juntar-se à grande massa de pessoas que intuitivamente procuram a ordem natural e não se revêem nas falsas elites do sistema, a Milícia de São Miguel é uma força motora da acção política e cultural em defesa da Civilização, da Nação e do bem comum dos Portugueses.
(65) Para termos êxito no nosso combate, nunca podemos subestimar o inimigo. Ele encontra-se entrincheirado nos partidos, no aparelho de Estado, na comunicação, nas artes, na cultura e em muitas instituições da sociedade civil. É apenas persistindo na defesa intransigente dos nossos princípios e na multilateral e permanente acção militante que conseguimos isolá-lo da massa e desalojá-lo do poder.
(66) Se é verdade que não devemos subestimar o inimigo, também não o devemos sobrevalorizar. Na realidade, o inimigo não passa de uma minoria cujo poder tem provindo da ausência de oposição frontal e organizada por parte das forças da Civilização. Na realidade, o inimigo é bem mais fraco do que aparenta. Sabendo explorar os seus pontos fracos, poderemos vencê-lo.
(67) Não podendo permanecer indiferente perante tais ameaças, a Milícia de São Miguel propõe-se unir as pessoas de boa vontade e conscientes da situação para agirem em bloco, derrotarem o inimigo declarado ou oculto e contribuírem para defender a Civilização, a Nação e o bem comum. A Milícia de São Miguel e os seus milicianos estarão à altura de contribuir eficazmente para a clarificação da vida política, cultural e social que nos traga a esperança de uma ordem onde a Civilização e a ética cristã prevaleçam sobre a barbárie e a contracultura. Onde a Nação e a identidade nacional prevaleçam sobre o mundialismo e o desenraizamento. Onde o bem comum e a solidariedade social prevaleçam sobre o lucro selvagem e o egoísmo. Eis a aposta da Milícia de São Miguel.
Aprovado pelo Conselho Superior a 13 de Maio de 2017.
Promulgado em Fátima a 9 de Junho de 2017.
Esta União Europeia, inimiga das nações
(36) Se tivesse sido concebida como aliança de estados-nação, a União Europeia poderia constituir um instrumento útil para todos e para a Civilização que lhe é própria. Contudo, o plano dos manipuladores foi estabelecer um aglomerado de estados dirigido por burocratas servindo os grandes da Europa e do mundo. A União Europeia é um instrumento contra as nações onde a Nação deixa de sê-lo, ficando reduzida a uma província do império. Passo a passo, a União Europeia tem caminhado para o plano mundialista arquitectado desde o início.
A ameaça do multiculturalismo
(37) O multiculturalismo é um dos pratos fortes da ideologia do «politicamente correcto» promovido pelas centrais mundialistas. O multiculturalismo é um grave atentado à identidade nacional, à paz, à segurança nacional, à Nação, aos Portugueses, à Civilização.
(38) Para implementar o multiculturalismo, as centrais mundialistas recrutam como seus instrumentos no terreno os membros do complexo social-industrial, o qual movimenta gigantescos interesses financeiros e de carreiras sob a capa da «bondade» e do «humanismo».
(39) Ao acolher pessoas de outras nações, Portugal deve ser criterioso. Deve acolher na proporção da sua população e segundo a sua própria necessidade. Deve fazê-lo preferindo originários de nações da Civilização cristã, isto é, pessoas formadas na ética cristã, condição para uma integração viável, natural e pacífica.
(40) A língua, a história, as tradições e a religião são elementos definidores e agregadores da Nação. Por isso são atacadas pelos mundialistas. O ensino deficiente da língua pátria ou decisões políticas nocivas como o «Acordo Ortográfico», o laicismo, o apagamento e falsificação da nossa história e o desprezo pelas boas tradições são meios de dissolução da identidade nacional. A dissolução da identidade nacional prepara a destruição da Nação. A guarda da Nação exige, pois, a defesa da língua, da história, das boas tradições, da religião cristã e da sua ética.
A necessária defesa nacional
(41) A defesa do espaço português de agressões e cobiças vindas do exterior ou do interior das suas fronteiras é um imperativo sempre presente na vida da Nação. Sob pressão do mundialismo, do europeísmo, do economicismo, do tecnocratismo, do populismo e do pacifismo, criou-se em certos meios a ideia ilusória de que hoje já não são necessárias Forças Armadas para defender a Nação. A realidade é que, mesmo integrado num sistema de segurança colectiva, Portugal, no quadro regional, necessitará sempre de defender por si próprio, com toda a autonomia, as suas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.
III — O BEM COMUM E A SUA PROMOÇÃO
O bem comum, a governação e a Civilização
(42) O bem comum é uma categoria superior ao bem individual na medida em que este apenas é possível no quadro do bem geral em que o indivíduo está inserido, isto é, a Nação e a Civilização. São, em conjunto, os valores da Civilização e a boa governação da Nação que podem proporcionar a todos o bem-estar. Apenas neste enquadramento é possível às pessoas singulares obterem o bem-estar. Ao mesmo tempo, o bem das pessoas é o bem da Nação e o bem da Civilização.
A boa governação da Nação
(43) A boa governação da Nação requer, antes de tudo — sublinhe-se —, a sua independência política.
(44) A boa governação da Nação consiste, em primeiro lugar, na defesa dos valores da Civilização. Depois, consiste em garantir a segurança das pessoas e bens, uma justiça eficaz, um ensino de qualidade e acessível a todos segundo as suas capacidades, um serviço nacional proporcionando a todo o povo os cuidados de saúde, uma segurança social satisfatória e sustentada, uma assistência acudindo aos necessitados e uma economia capaz de suportar todos estes encargos das pessoas, da sociedade e do Estado.
A necessária independência do Estado
(45) Para cuidar devidamente do bem comum, o Estado necessita de dispor de autonomia face a interesses externos ou internos privados. Alguns interesses em jogo são estranhos à Nação e até a ela antagónicos. Certas directivas emanadas dos burocratas instalados nas centrais de poder mundiais ou europeias atentam quer contra os valores morais da Civilização, quer contra a sobrevivência de muitos portugueses. A perda da soberania nacional significa, pois, ficar refém de terceiros e dos seus interesses.
(46) Igualmente, o domínio do Estado por interesses privados ilegítimos, mesmo ditos «nacionais», é outro obstáculo a uma governação que coloque acima de tudo o bem da Civilização, o bem da Nação e o bem do povo.
A necessária segurança interna
(47) A segurança interna é um factor capital para a paz e tranquilidade das pessoas. Promover o bem comum passa por defender a propriedade, a ordem pública e a segurança. A permissividade e o multiculturalismo de liberais e forças com ele coligadas são os maiores fautores de perturbação da ordem pública e da segurança interna.
A necessária rejeição de ideologias nefastas
(48) Para cuidar devidamente do bem comum, o Estado necessita de estar libertado dos espartilhos de ideologias nefastas, como o socialismo em qualquer das suas formas, ou o liberalismo, ou o tecnocratismo, desde a área da economia à cultura, dos costumes à educação ou à segurança. As ideologias contrárias à natureza humana e aos valores da Civilização atentam na prática contra o bem comum e individual das pessoas.
IV — A ESTRATÉGIA E A TÁCTICA
DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL
Primeiro os valores
(49) A noção clara dos valores da Civilização, da Nação e do bem comum, em primeiro lugar, e a definição da estratégia e da táctica para defendê-los, em segundo lugar, constituem a chave para a correcta avaliação de cada situação e para a acção política, cultural e social organizada capaz de enfrentar vitoriosamente o inimigo.
A identificação clara do inimigo
(50) São inimigos da Civilização, da Nação e do bem comum, e portanto da Milícia de São Miguel, todos aqueles que, tanto no pensamento como na acção política, cultural ou social, se oponham aos seus valores. Alguns desses inimigos, pelo carácter altamente corrosivo do seu pensamento, pela sua persistência, pela maior influência que exercem na sociedade ou no mundo, e até controlando importantes sectores do Estado ou organizações de relevo, merecem especial referência:
a) as centrais mundiais da contracultura, do relativismo, da decadência moral, do mundialismo e do europeísmo antipátrias, as suas agências e seus representantes locais;
b) os partidos de ideologias políticas socialistas ou liberais, ambas manifestamente opostas à produção de riqueza e ao bem comum;
c) os chefes dos partidos de base social não liberal, não socialista, não mundialista e não decadente mas que traem a Civilização, a Nação, o seu eleitorado e os próprios membros de base dos seus partidos.
O principal ponto forte do inimigo
(51) O principal ponto forte do inimigo tem sido a sua liberdade de semear ideias e agir sem oposição durante um largo período histórico. Neste tempo, o inimigo não teve de enfrentar qualquer oposição efectiva — uma oposição simultaneamente coerente, firme e organizada no terreno. Por esta razão, a marcha do inimigo para o poder tem sido um simples passeio. Afinal, o principal ponto forte do inimigo tem sido a nossa falta de comparência.
(52) A nossa estratégia, consequentemente, é:
a) dotarmo-nos de uma política global coerente;
b) dotarmo-nos de uma organização fortemente implantada na sociedade, disputando palmo a palmo o terreno ao inimigo.
O principal ponto fraco do inimigo
(53) O principal ponto fraco do inimigo, em qualquer das matizes em que se apresente, é o antagonismo entre o seu pensamento e a natureza humana. Um pensamento antagónico à natureza humana não consegue captar adesões conscientes em massa.
(54) Em conformidade com esta realidade, a nossa acção no campo da comunicação consiste em:
a) contornar os meios tradicionais de comunicação, dominados quase na totalidade pelo inimigo e recorrer às redes sociais e a outros novos meios de comunicação, com os quais podemos enfrentá-lo;
b) esclarecer a massa em grande escala e formar quadros nas áreas da política e da cultura.
O segundo ponto fraco do inimigo
(55) O segundo ponto fraco do inimigo é ele próprio constituir uma minoria. O inimigo assenta a sua acção em locais estratégicos que as suas minorias activas tomaram de assalto. Essas forças minoritárias na sociedade e opostas à natureza humana são facilmente neutralizáveis desde que travemos contra elas um combate coerente, frontal, firme e organizado.
(56) A nossa medida estratégica de nos dotarmos de uma linha política coerente e de organização permite desalojar dos locais de poder as minorias activas do inimigo. O alvo estratégico principal da nossa acção política é precisamente a sede do poder político do regime em vigor. Torna-se possível atingir o alvo ao reunirmos um exército consciente constituído por múltiplas pequenas unidades.
A aparente força da classe política
(57) A classe política ao serviço do inimigo manipula a grande massa do eleitorado e até os membros dos respectivos partidos políticos, muitos não se identificando com eles. A classe política central e local desses partidos reina na aparência de gozar do apoio incondicional dos membros de base. Na realidade, esses membros de base, não vislumbrando internamente uma alternativa positiva, limitam-se ciclicamente a optar pelo mal supostamente menor.
Disputar todo o terreno ao inimigo
(58) A existência dessa grande massa humana no seio de alguns partidos políticos que se identifica em grande parte com os nossos valores mas que é manipulada pelos seus dirigentes levanta inevitavelmente o problema de se saber como proceder em relação a ela. A Milícia de São Miguel não se dá por vencida nestes terrenos, mesmo que pantanosos. O poder reside nesses terrenos pantanosos, centro nervoso do sistema, e é a sua conquista que coloca directamente em causa o poder desta classe política.
O nosso combate no campo cultural
(59) O objectivo estratégico da nossa acção cultural é a promoção da cultura da Civilização, da Nação e do bem comum e combater a contracultura. A guerra política tem como pano de fundo a guerra cultural, a guerra pela conquista das consciências. É sobretudo pela cultura, de forma subliminar ou aberta, que o inimigo, ardilosa e gradualmente, conquista as mentes da grande massa e as prepara para aceitar as suas políticas. O poder cultural do inimigo reside nos meios de comunicação tradicionais, nas artes e em certos sectores de instituições e do Estado. A redução da contracultura à sua ínfima expressão só será viável após a resolução do problema político. Entretanto, usaremos todos os meios disponíveis nesta guerra cultural.
O nosso trabalho com a sociedade civil
(60) O objectivo estratégico da nossa acção nas organizações da sociedade civil é procurar que elas se tornem efectivos retransmissores dos valores da Civilização, da Nação e do bem comum. Em sintonia com estes valores, além do seu papel educativo, as organizações da sociedade civil também podem exercer sobre as forças políticas uma pressão positiva.
Outros princípios estratégicos
(61) A estratégia da Milícia de São Miguel integra ainda outros princípios.
Primeiro. Desenvolver a organização da Milícia seleccionando os seus membros com o critério de adesão fiel aos valores da Civilização, da Nação e do bem comum. É esta uma condição sine qua non para os milicianos agirem em sintonia com os objectivos a que se propõe a Milícia de São Miguel.
Segundo. Formar quadros, em especial jovens, proporcionando-lhes formação filosófica, política e cultural que, no terreno, os habilite a esgrimir razões contra o inimigo.
Terceiro. Desenvolver a implantação no terreno de baixo para cima, dando especial importância às forças vivas da sociedade, mais do que a personalidades mediáticas. Eventualmente descontentes com uma ou outra política, muitas dessas personalidades nem sempre se encontram disponíveis para enfrentar o sistema. Poderão eventualmente vir a opor-se-lhe de forma clara quando enquadradas num movimento político não vacilante e já entretanto hegemónico.
Quarto. Desenvolver a implantação prioritariamente nas periferias, avançando do interior para os centros. Porque os centros se encontram mais infiltrados e corrompidos pelo inimigo, torna-se mais fácil derrotá-lo cercando-o pelas periferias.
O necessário trabalho em unidade
(62) É sabido que um certo número de pessoas apoia apenas na generalidade ou pontualmente os valores da Milícia de São Miguel. Assim, torna-se necessário encontrar formas de integrar essas pessoas no movimento de reconstrução civilizacional e nacional. Por esta razão, a Milícia de São Miguel ajuda a criar, fomenta e apoia movimentos integradores dessas pessoas que, na acção, convirjam para objectivos comuns com a Milícia de São Miguel.
Firmeza na estratégia e flexibilidade na táctica
(63) A Milícia de São Miguel não é nem uma salada política, ecléctica, dita «consensual» ou «abrangente», visando apenas a quantidade de aderentes, mesmo que ignorando os valores da Civilização, ou os valores nacionais, ou o bem comum, nem uma seita ideológica, de «grandes princípios» mas isolada da sociedade civil e da política concreta. A certeza nos valores, a firmeza na estratégia e a flexibilidade na táctica são os princípios fundamentais na acção política da Milícia de São Miguel e de cada miliciano em todos os momentos e em todas as circunstâncias.
V — DA BARBÁRIE E DO CAOS À CIVILIZAÇÃO
E À ORDEM NATURAL
(64) Está em causa o futuro dos nossos filhos, das nossas famílias, da nossa Nação, da nossa Civilização. Mas com clareza programática e força de organização, e sabendo juntar-se à grande massa de pessoas que intuitivamente procuram a ordem natural e não se revêem nas falsas elites do sistema, a Milícia de São Miguel é uma força motora da acção política e cultural em defesa da Civilização, da Nação e do bem comum dos Portugueses.
(65) Para termos êxito no nosso combate, nunca podemos subestimar o inimigo. Ele encontra-se entrincheirado nos partidos, no aparelho de Estado, na comunicação, nas artes, na cultura e em muitas instituições da sociedade civil. É apenas persistindo na defesa intransigente dos nossos princípios e na multilateral e permanente acção militante que conseguimos isolá-lo da massa e desalojá-lo do poder.
(66) Se é verdade que não devemos subestimar o inimigo, também não o devemos sobrevalorizar. Na realidade, o inimigo não passa de uma minoria cujo poder tem provindo da ausência de oposição frontal e organizada por parte das forças da Civilização. Na realidade, o inimigo é bem mais fraco do que aparenta. Sabendo explorar os seus pontos fracos, poderemos vencê-lo.
(67) Não podendo permanecer indiferente perante tais ameaças, a Milícia de São Miguel propõe-se unir as pessoas de boa vontade e conscientes da situação para agirem em bloco, derrotarem o inimigo declarado ou oculto e contribuírem para defender a Civilização, a Nação e o bem comum. A Milícia de São Miguel e os seus milicianos estarão à altura de contribuir eficazmente para a clarificação da vida política, cultural e social que nos traga a esperança de uma ordem onde a Civilização e a ética cristã prevaleçam sobre a barbárie e a contracultura. Onde a Nação e a identidade nacional prevaleçam sobre o mundialismo e o desenraizamento. Onde o bem comum e a solidariedade social prevaleçam sobre o lucro selvagem e o egoísmo. Eis a aposta da Milícia de São Miguel.
Aprovado pelo Conselho Superior a 13 de Maio de 2017.
Promulgado em Fátima a 9 de Junho de 2017.
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