William Kilpatrick, The Catholica Thing, 9 de Março de 2017
É
lamentável que o tenente-general
William McMaster, o novo Conselheiro do Presidente Trump para
assuntos de Segurança Nacional, tenha dito que o Estado Islâmico é «não
islâmico». Insistiu também que organizações como o Estado Islâmico «utilizam
cinicamente interpretações perversas da religião para incitar ao ódio e
justificar crueldade horrenda contra inocentes». Em suma, ao que parece, o
general considera que o terrorismo não tem nada a ver com o Islão.
Este
era o pensamento dominante durante a administração de Obama. E ao longo desses
oito anos a ameaça islâmica aumentou exponencialmente. Seria uma pena se uma
figura chave da nova equipa de Segurança Nacional perpetuasse tais visões
simplistas do terrorismo islâmico.
Muitos
dos líderes eclesiais têm visões semelhantes. Ao longo dos últimos quatro anos
temos ouvido uma série de pronunciamentos que indicam que existe um sólido muro
que separa o Islão da violência.
Aparentemente
há quem acredite nestas balelas. Outros talvez as vejam como uma boa
estratégia, uma forma de fortalecer o «Islão moderado». Os estrategas gostam de
afirmar que a crítica do Islão acaba por conduzir os moderados para o campo dos
radicais. Deste ponto de vista, a única forma de promover a mudança no Islão é
elogiando-o, na esperança de que isso leve a bom porto.
Mas
não é uma grande estratégia. Na realidade, dá vantagem aos radicais. É que se
toda a gente, desde os conselheiros para a segurança nacional até ao Papa, diz
que o Islão está lindamente como está, então não há qualquer incentivo para
mudar. Se não existe qualquer problema com o Islão, mas apenas com grupos extremistas
«não islâmicos», estamos a cortar as pernas aos reformadores muçulmanos. Ser um
muçulmano moderado já é difícil, porque é que os reformadores hão-de arriscar a
pele, sabendo que não terão qualquer apoio de não muçulmanos proeminentes? E
porque é que os restantes muçulmanos os hão-de escutar, se tudo está bem como
está? Esta estratégia é que afasta os muçulmanos dos moderados e dos
reformadores e os conduz para os braços dos imãs radicais.
Partimos
do princípio que as mesquitas, as escolas islâmicas e os imãs terão um efeito
moderador sobre os muçulmanos, mas a verdade é outra. Cinco estudos
independentes (quatro nos Estados Unidos e um no Canadá) revelam que cerca de
80% das mesquitas promovem posições extremistas. A maioria mal pode ser
considerada moderada. Por exemplo, quando o Movimento de Reforma Muçulmana
enviou uma carta a mais de três mil mesquitas americanas em busca de apoio,
receberam apenas quarenta respostas e dessas apenas nove eram positivas, segundo o seu líder
Zuhdi Jasser. Talvez tenham visto Jasser na televisão, é
a encarnação da moderação e da razoabilidade. Mas a maioria dos líderes
muçulmanos não quer ter nada com ele. Aparentemente, eles não acham que exista
qualquer razão para reforma.
Noutros
países, como já sabemos, as mesquitas são frequentemente locais de recrutamento
e radicalização. Às vezes até servem como depósitos de armas. Quando acontece
um ataque terrorista em solo islâmico as autoridades respondem fazendo rusgas e
fechando mesquitas. Até alguns países ocidentais «iluminados» adoptaram a
política de «cherchez la mosquée». Depois de ataques terroristas tanto França
como a Alemanha têm
levado a cabo numerosas rusgas a mesquitas.
Por
isso quando os líderes católicos afirmam existir uma equivalência entre o cristianismo
e o Islão – como fazem frequentemente – estão a encorajar os muçulmanos a
buscar sentido numa fé que encontra o seu sentido na jihad. O Papa Francisco
chegou a dizer a um grupo de migrantes que poderiam encontrar orientações nos
seus textos sagrados – a Bíblia para os cristãos e o Alcorão para os
muçulmanos. Mas este tipo de conselhos apenas empurra os muçulmanos para os
braços de um fundamentalismo que o Papa acredita que é defendido por poucos.
De
acordo com a definição ocidental de «fundamentalismo», o Islão é uma religião
fundamentalista. A maioria dos muçulmanos lê o Alcorão de forma literal e é
assim mesmo que os seus imãs dizem que deve ser feito.
Mas
se estamos verdadeiramente interessados em ver o Islão virar-se para um caminho
moderado, então temos de deixar de o mimar e começar a criticar. Como escreve a
ex-muçulmana Nonie Darwish, «o Ocidente não está a fazer favor algum aos
muçulmanos, tratando-os como crianças que devem ser escudadas da realidade.»
A
realidade é que há mesmo algo de errado com as duríssimas leis islâmicas contra
a blasfémia e a apostasia, o tratamento das mulheres, crianças e minorias,
entre muitas outras coisas, incluindo o apelo à jihad.
Chegou
a hora de deixar de brincar ao «faz de conta». As nações islâmicas não vão
resolver estes problemas enquanto as nações não-islâmicas e os líderes das
igrejas não as pressionarem. A Arábia Saudita só aboliu formalmente a
escravatura em 1962 por causa da intensa pressão ocidental.
Porquê?
Porque, como muitos observadores já afirmaram, as sociedades islâmicas não são
dadas à introspecção. Raphael Patai, autor do livro «A
Mente Árabe», sugere que a crença islâmica no destino ou na
predestinação leva a uma «desinclinação para fazer esforços para mudar ou
melhorar as coisas».
Quando
os líderes ocidentais dizem aos muçulmanos que a sua religião merece muito
respeito isso pode ser bom para a auto-estima e fazer com que os ocidentais se
sintam tolerantes, mas não os encoraja a ver que há algo de errado. Em vez
disso devíamos estar a dizer aos muçulmanos, da forma mais diplomática
possível, que muitos dos aspectos da sua fé são profundamente perturbadores e
que enquanto não fizerem nada sobre o assunto teremos de considerar medidas
severas, como interromper o diálogo (no que diz respeito à Igreja) ou retirar
ajuda externa, aplicar sanções ou desinvestir (no que diz respeito a governos e
empresas).
No
mínimo, devíamos fechar as nossas portas à imigração dos estados islâmicos mais
problemáticos. Algumas pessoas advertem que tal proibição apenas aumentará o
ódio dos muçulmanos pelo Ocidente. Talvez isso aconteça com alguns muçulmanos.
Mas uma posição firme e decisiva poderá também levar muitos a pensar duas vezes
sobre o Islão.
O
menino mimado só começa a questionar-se quando os outros meninos deixam de
brincar com ele. Depois do 11 de Setembro muitos americanos perguntaram «Porque
é que nos odeiam?». Por outras palavras, «O que é que fizemos de errado?».
Chegou a altura de o mundo muçulmano começar a fazer a mesma pergunta. Mas nunca
o fará enquanto o Ocidente mantiver a sua posição de que está tudo bem com o
Islão.
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